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ROSSO DEL BRENNA, Giovanna. Como viveremos juntos? XVII Bienal de Arquitetura, Veneza, 2020. Resenhas Online, São Paulo, ano 20, n. 238.02, Vitruvius, out. 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/20.238/8296>.


A pergunta que devia abrir a XVII Biennale di Architettura em 2020, adiada pelo Covid-19, tornou-se ainda mais intrigante e angustiante um ano depois.

O maior desafio do futuro estará no viver juntos, com as novas tecnologias, a natureza e seus sobressaltos e sobretudo com os outros seres humanos: eis a questão que o curador Hashim Sarkis – libanês, titular do escritório HSS sediado em Boston e Beirute, e reitor da School of Architecture and Planning do MIT – vem colocando em Veneza, até 21 de novembro. Sarkis declarou numa entrevista de almejar “um mundo mais acolhedor, aonde o mix de culturas seja irresistível”. E o desafio, pelo visto, foi aceito.

2038 – The New Serenity, Pavilhão da Alemanha, Giardini
Foto divulgação [Biennale di Architettura]

As nações participantes e os convidados – entre eles nenhuma “arquistar”, poucos arquitetos de renome mas muitas equipes de pesquisadores, cientistas e artistas – enfrentam a questão How will we live together? ("Como viveremos juntos?") em formas variadas, entre reflexão sobre passados recentes, levantamento do presente e projeto inquieto do futuro; pragmatismo e utopia; realidade e ficção. As vezes contramão, como no caso do pavilhão da Alemanha – completamente vazio, com conteúdos acessíveis apenas por código QR –, mas sempre estimuladoras.

Beehive Architecture, Studio Libertiny, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

Investigam possíveis processos de comunicação entre natureza e tecnologia estudando a adaptação das abelhas à introdução de novas estruturas na colmeia (Beehive Architecture, Studio Libertiny, Arsenale), e por outro lado o desafio enfrentado pelo design na concepção de luvas para astronautas e de outros adereços para corpos humanos que são “profundamente inadequados” para atuar no espaço (Modem, Space Suit, Arsenale).

Modem, Space Suit, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

 

Superflux, Refuge for Resurgence, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

Nos convidam após o fim do mundo para um “banquete multiespécie”, onde seres humanos, animais, plantas e musgos compartilham a esperança de sobreviver e conviver em uma forma diferente (Refuge for Resurgence, Superflux, Arsenale). Nos levam a navegar pela cidade de São Paulo ao longo dos rios desenhados na FAU USP pelo grupo Metrópole Fluvial de Alexandre Delijaicov (Utopias of Common Life, Pavilhão Brasileiro, Giardini).

Metrópole Fluvial, Pavilhão Brasileiro, Giardini
Foto Francesco Del Brenna

Three British Mosques, Victoria &Albert Museum, Padiglione delle Arti Applicate
Foto Francesco Del Brenna

Nos contam histórias de velhos pubs de Londres transformados cuidadosamente – no respeito mútuo – em mesquitas (Three British Mosques, Victoria & Albert Museum, Padiglione delle Arti Applicate, Arsenale), da beleza frágil e ameaçada dos interiores dos velhos bairros de Tashkent e Bukhara e das formas de convivência de seus moradores (Mahalla, Pavilhão do Uszbekistan – pela primeira vez em Veneza – Arsenale).

Mahalla, Pavilhão do Uszbekistan, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

In Our Home, Pavilhão da Albânia, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

Nos envolvem na intensa vida de boa vizinhança de um condomínio albanês, onde “até 20 anos atrás, os vizinhos eram frequentemente mais unidos do que os próprios parentes” (In Our Home, Pavilhão da Albânia, Arsenale); ou, ao vivo, em uma tentativa de salvar vidas de migrantes ao largo da costa da Líbia (Forensic Oceanography Aestethic Borders, Giardini).

Forensic Oceanography, Aestethic Borders, Giardini
Foto Francesco Del Brenna

 

New Standards, Pavilhão da Finlândia, Giardini
Foto Francesco Del Brenna

Exploram novos tipos de coexistência e diferentes concepções de privacidade dentro dos condomínios (Living Apart Together, na área temática As New Householders, Arsenale). Questionam o papel dos arquitetos frente às necessidades de migrantes, refugiados, comunidades vulneráveis, lembrando os milhares de casas pré-fabricadas de madeira produzidas pela firma finlandês Puutalo após a Segunda Guerra Mundial, inicialmente destinadas aos refugiados da Carélia e depois exportadas ao redor do mundo – New Standards, Pavilhão da Finlândia, Giardini –, apresentando os abrigos de emergência construídos em Ivry sur Seine numa área industrial abandonada (Emergency Shelter for Refugees and Roma Community, Atelier RITA, Arsenale), trazendo do campo de Al Azraq na Jordânia um “Palácio móvel” realizado por refugiados sírios com tecidos artesanais e roupas recicladas (Displaced Empire, 2016-2019, MIT, Future Heritage Lab).

Emergency Shelter for Refugees and Roma Community, Atelier RITA, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

 

Displaced Empire, 2016-2019, MIT, Future Heritage Lab, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

Procurando, o que mais importa, entender e enfrentar a condição do refugiado a ponto de reconhecer uma "cultura do exílio" (Stateless Heritage: Dheisheh Refugee Camp World Heritage Nomination, DAAR, áudio-video, Giardini).

Comunità Resilienti, Pavilhão da Itália, instalação
Foto Francesco Del Brenna

Na XVII Biennale “há pouca arquitetura”, reclamam os arquitetos; mas “há muito pensamento e reflexão”, retrucam os não arquitetos. É o que sugere uma instalação do redundante, mas interessante, Pavilhão da Itália dedicado ao tema das Comunità resilienti: ao pisar num gramado virtual ao longo do engarrafado percurso, flores multicoloridas brotam sob nossos pés e logo desaparecem assim que a pressão para. Mas a maioria dos visitantes cansados nem percebe.


Comunità Resilienti, Pavilhão da Itália, instalação. Vídeo Giovanna Rosso del Brenna

Seria preciso voltar, voltar inúmeras vezes, olhar e olhar melhor, ler e reler de novo. Os viajantes apressados têm, porém (até 21 de novembro), uma linda alternativa ou escape para chegar emocionalmente ao amago da questão.

Chileans and Mapuche, Building places to get to know each other (KUNU), Building places to parley (KOYAU-WE), Elemental, Arsenale
Foto Francesco Del Brenna

Ir direto rumo à grande obra em madeira que o escritório chileno Elemental (Alejandro Aravena, Gonzalo Arteaga, Victor Oddo, Diego Torres, Juan Cerda) levantou no Arsenale ao lado do guindaste histórico de ferro: e ficar aí, deixando seu olhar e seus pensamentos fluírem.

Chileans and Mapuche, Elemental, detalhes do interior com pôsteres
Foto Francesco Del Brenna

A instalação, projetada a pedido de uma organização Mapuche, tem como referência um espaço cerimonial antigo que os indígenas criaram para se encontrar, se conhecer e em seguida conversar numa situação de igualdade com os invasores, hoje representados por uma empresa florestal chilena.

Chileans and Mapuche, Elemental, detalhes do interior com pôsteres
Foto Francesco Del Brenna

Chileans and Mapuche, Elemental, detalhes do interior com pôsteres
Foto Francesco Del Brenna

“Imaginamos – contam os arquitetos com simplicidade num diário em papel afixado nos paus da cerca – algo circular seguindo as pegadas dos espaços cerimoniais mapuche, orientado a leste (elemento crucial para o mundo mapuche), feito de árvores (para durar) e vertical (para torná-lo visível de longe). Estávamos nervosos. Esse gesto simbólico teria sido aceito como parte da identidade Mapuche? Eles teriam confiado em um não-Mapuche para projetar um local Mapuche? A resposta foi positiva. Os Mapuche disseram que este gesto interpretou o que estavam procurando e chamaram este lugar para se conhecer KUNU”.

Chileans and Mapuche, Elemental, detalhes do interior com pôsteres
Foto Francesco Del Brenna

Chileans and Mapuche, Elemental, detalhes do interior com pôsteres
Foto Francesco Del Brenna

Após a Biennale a instalação voltará ao Chile para tentar cumprir a tarefa almejada.

sobre a autora

Giovanna Rosso Del Brenna, italiana, é historiadora da arte. É docente da Università degli Studi di Genova, desde 2000. Foi Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) entre 1978 e 1990, e da Università Cattolica del Sacro Cuore, em Milão, de 2001 a 2018.

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