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Adriano Menino de Macêdo Júnior comenta a narrativa presente no conto “A cartomante”, de Machado de Assis.

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MACÊDO JÚNIOR, Adriano Menino de. Um conto para se deleitar. Machado de Assis e a narrativa do conto “A cartomante”. Resenhas Online, São Paulo, ano 21, n. 245.03, Vitruvius, maio 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/21.245/8511>.


Em 21 de junho de 1839, o casal, Francisco de Assis e sua esposa Maria Leopoldina Machado de Assis, testemunham o nascimento daquele que se transformaria no brilhante escritor Joaquim Maria Machado de Assis. Ainda pequeno, ele estudou na Chácara do livramento, sob a tutela da sua madrinha, dona do lugar. Machado de Assis, que era mulato e poderia não ter tido acesso ao ensino, foi jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo nasceu no Rio de Janeiro, RJ, e faleceu na mesma cidade, que tomou como palco das suas histórias, em 29 de setembro de 1908. O escritor é o fundador da cadeira n. 23 da Academia Brasileira de Letras e a sua obra romanesca se divide em duas fases, sendo a primeira composta pelos livros Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) e a segunda por Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), que inaugura o Realismo no Brasil, Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899/1900), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Além dessas obras, Machado – que ainda hoje é consagrado por muitos estudiosos, escritores, leitores e pela crítica especializada, como um dos maiores nomes da literatura brasileira – escreveu uma infinidade de contos e crônicas, entre os quais podemos citar alguns muito conhecidos como “Missa do galo”, “Pai contra mãe” e “A cartomante”. Este último compõe o livro Várias histórias, uma das principais coletâneas do escritor, publicada em 1896. Quando falamos em narrativa um dos primeiros escritores que me veem a mente é ele, sobretudo a obra aqui em questão, que foi uma pela qual me encantei. Essa obra de dezesseis contos diferentes escritos por Machado de Assis, e que deveriam ser lidos por todos os discentes do curso de letras, para ampliarem o seu repertorio cultural.

Todos os contos, escritos de forma sucinta, surpreendem os leitores, expondo a história de personagens, de maneira peculiar ao escritor, que é um sábio no momento de compor o enredo de suas tramas. A obra é toda estruturada em narrativas e o que chama a atenção é a maneira incrível de o escritor descrever seus personagens com ótima precisão, sem fazer com que o leitor perca o foco na leitura. Podemos ver essa descrição em todos os contos do livro, mas nos referiremos ao conto “A cartomante”.

A trama do conto prende o leitor à medida que vai sendo lido, e a história se refere a um triangulo amoroso proibido, no qual os personagens são conhecidos como Vilela, Camilo e Rita. Esse tema da traição conjugal é, inclusive, recorrente na literatura de Machado de Assis. Em A cartomante, em parte da narrativa, após a perda da sua mãe, vemos Camilo sendo muito abraçado pelos seus amigos, e recebendo um carinho e atenção especial de Rita que, nas palavras do narrador, desempenhava o papel de enfermeira moral, irmã e mulher atraente. Esses dois personagens passam a manter uma relação afetiva fruto das muitas qualidades que o homem admirava em Rita, bem como pelo gosto em comum que os dois tinham: gostavam de ler as mesmas coisas e frequentar os mesmos lugares, eram predestinados a serem amantes, pois Rita era casada com Vilela. Os elementos para uma tragédia estavam colocados em cena.

Na sequência da história, o casal presenteia Camilo, mas ele só dá atenção aos versos íntimos escritos à mão pela sua amada Rita. Mesmo Camilo tentando resistir ao desejo carnal, são inúteis todas as suas tentativas e logo ele está mais que envolvido, enquanto Vilela não desconfia de nada. Todavia, a certa altura do campeonato, a traição secreta logo viria à tona, quando o amante é chantageado por cartas anônimas. Camilo logo então se vê numa situação angustiante e deixa de frequentar o casal, que logo sente a sua ausência, mas ele se desculpa alegando está vivendo uma mera paixão frívola por uma outra pessoa.

O conto representa a confiança nas crendices da cartomancia, em que os personagens Rita e Camilo consultam a sorte com a cartomante, deixando a trama ainda mais envolvente. O narrador também delimita o espaço geográfico do conto, podemos ver que o encontro dos amantes ocorria na casa de uma amiga de Rita que ficava na antiga Rua dos Barbonos. Rita residia com Vilela na Rua das Mangueiras, próximo a Guarda Velha. O narrador também descreve o espaço da cartomante: um sótão, onde para se chegar teria de se subir escadas escuras, até uma sala pequena mal iluminada por uma janela, que dava acesso ao telhado dos fundos. Descreve o cômodo ainda como tendo paredes sombrias, velhos trastes e ar de pobreza.

Machado de Assis se aprofunda muito na descrição dos seus personagens mais marcantes. No que tange à cartomante, a personagem é descrita como “era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos”.

O conto já se inicia com uma parábola “Hamlet observa a Horácio, que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”. Essa mensagem aparece como uma espécie de alegoria do que vai acontecer, pois o casal contou com a sorte do destino e mesmo assim estavam fadados a um único final trágico. A Trama se encerra com as mãos de Vilela cheias de sangue, podemos concluir que o mesmo era o autor dos bilhetes que tanto angustiaram o amante apaixonado Camilo. Para os leitores iniciantes de Machado de Assis, esse é um ótimo conto para começar a conhecer a obra do autor, pois é envolvente, muito bem redigido e prende a atenção do interlocutor.

sobre o autor

Adriano Menino de Macêdo Júnior é farmacêutico-generalista, discente do curso de Letras Português na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN.

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