No debate internacional, os questionamentos recentes sobre a evolução da profissão e da formação do arquiteto nos diversos países evidenciam uma nova relação entre teoria e prática neste campo (1). Como principais sintomas, poderiam ser destacados: a) uma crescente valorização atribuída pelos profissionais ao projeto realizado, independentemente de sua eventual edificação posterior; b) o desenvolvimento da pesquisa na área de projeto, como atestam os diversos encontros recentes sobre o assunto.
Questões como a especificidade do conhecimento em arquitetura e a “ensinabilidade” do projeto (2) estiveram recentemente em pauta na agenda nacional (como, por exemplo, nos Seminários Projetar 2003 e 2005 realizados em Natal e no Rio de Janeiro) e internacional (cf. encontro de Princeton e o EURAU em Marselha, ambos no primeiro semestre de 2004). Num plano geral, o tratamento destas questões remete à tradicional e recorrente discussão sobre o conceito de arquitetura: arte e/ou ciência, disciplina autônoma ou campo interdisciplinar? (3). Nos termos do debate, no entanto, pode-se dizer que estamos assistindo ao desenvolvimento de uma nova cultura do projeto, onde este é o foco central de um campo de investigação e atuação cada vez mais profícuo. Seguindo esta nova cultura, como vem enfatizando a literatura especializada, o ensino do projeto requer, cada vez mais, um perfil profissional distinto e distante dos mestres modernistas do passado (4). O que pressupõe também o afastamento da tradição do aprendizado “por osmose” no grande escritório, atualmente por demais atarefado. Hoje, o professor de projeto deve ser necessariamente também um pesquisador.
Reconhecendo esta necessidade, a literatura tende, no entanto, a privilegiar o papel do professor como educador bem como as dimensões pedagógicas, didáticas e metodológicas do ensino (5) ou, ainda, os processos de cognição (6). No conjunto, seja quando se trata do projeto, seja quando se trata do ensino do projeto, o enfoque metodológico tem prevalecido. Assim, os métodos de avaliação de ambientes construídos (como os pós-ocupacionais), os de desempenho espacial (sintaxe) ou de conforto, têm se multiplicado. Geralmente, abordam-se aspectos específicos, muitos dos quais, mesmo quando justapostos ou integrados, têm sido insuficientes para definir o que seria uma epistemologia própria ao projeto de arquitetura, a essência do fazer, do aluno e do arquiteto.
O valor do projeto como fonte de conhecimento permanece, deste modo, uma questão ainda pouco estudada.
Acreditando neste conhecimento como a essência do ensino e do aprendizado em arquitetura, as autoras do presente texto empreendem aqui uma breve revisão crítica da literatura sobre o assunto e apresentam os eixos temáticos e analíticos de suas pesquisas específicas, desenvolvidas no âmbito do Grupo Projetar de Pesquisa da UFRN (7), voltadas para conceitos e formas de representação do projeto e métodos e técnicas de análise de avaliação de projetos (8).
Uma nova cultura do projeto?
No seu já clássico livro, Pérez-Gomes (9) destacava como a teoria da arquitetura afastou-se progressivamente da prática desde o Renascimento. Ao longo do século XVIII e na medida em que os arquitetos perdiam campo nas decisões do canteiro, o debate teórico-acadêmico foi revigorado. Mas certamente quem compreendeu a essência do fazer arquitetônico foi Etienne Boullée ao afirmar o privilégio da concepção sobre a edificação. Segundo Castro Oliveira (10), o filão acadêmico esgotou-se e não foi substituído por nada além de experimentações como a da Bauhaus e de alguns construtivistas, tentativas que, apesar de provocantes, permanecem isoladas e estéreis. No plano do ensino, nos anos sessenta, a preocupação centrou-se na educação e nos métodos de ensino. Por outro lado, até recentemente, quase toda investigação sobre a arquitetura partia de outra perspectiva disciplinar.
No entanto, recentes encontros – Marselha (2004), Princeton (2004), Dublin (2004), Edimburgo (2006) – parecem atestar uma tendência nacional e internacional – pelo menos ocidental – da pesquisa da arquitetura, tendo como objeto central de investigação o projeto, e, deste modo, inaugurar um novo momento da cultura arquitetural.
É possível relacionar o atual interesse, no caso norte-americano, com uma avaliação dos doutorados e com a tradição “hospitaleira” da arquitetura, ou seja, a de abrigar outras disciplinas: história, sociologia, filosofia. No caso europeu, e particularmente nos países onde ainda não há doutorados na área, como a França, este interesse correlaciona-se com os problemas oriundos do acordo de Bolonha (11). No Brasil, os fóruns sobre a questão se multiplicam, como provam as discussões ocorridas nas duas primeiras edições do Seminário Projetar no Brasil (2003/UFRN e 2005/UFRJ), do Seminário Arquitetura e Conceito (2003 e 2005/UFMG), e em outros eventos específicos, como aquele realizado na USP em 2005 (sobre gestão e avaliação de projetos), além do EREG (Salvador, 2006) e pesquisas como a do ArqBahia (12).
Este movimento se faz paralelo a uma nova postura profissional, da qual um dos traços mais evidentes é o novo valor atribuído ao projeto, como afirmou recentemente a revista veiculada na Arcoweb: “Projeto mesmo, não obra pronta. [...] a grande maioria dos profissionais mal consegue disfarçar a satisfação de mostrar aos leitores – muitos deles seus pares – a última criação. Não raro, revelam mais satisfação em exibir croquis, desenhos e perspectivas do que, mais tarde, a obra concluída, edificada”. As razões desta postura residiriam, segundo a revista, no fato de que, cada vez mais, o destino dos projetos se torna incerto e muitos não chegam a acontecer; muitos não viram obra (13). O interesse pelos projetos cresce na medida em que muitos deles não “vingam” e mesmo os que vingam afastam-se muito frequentemente da idéia original. A cultura arquitetônica começa, assim, a atentar cada vez mais para o fato de que é no projeto onde se materializa a idéia arquitetural. Ao mesmo tempo em que se constata que, face à ação devastadora da concorrência fundiária urbana, contrariamente ao que se costumava pensar, o “papel” é mais durável que o imóvel. De fato, não é incomum que, durante o período de realização de uma dissertação de mestrado, obras documentadas para a análise de edificações ainda em uso, sejam demolidas antes mesmo da defesa do trabalho, como ocorreu, recentemente, com dissertações orientadas pelos professores do Grupo Projetar/UFRN (14) (figuras 1 e 2). A obra se revela mais efêmera do que o projeto, sobretudo com o desenvolvimento dos meios virtuais de registro e documentação. O edifício pode se degradar, até cair, mas o projeto, digitalizado e devidamente armazenado, fica como seu testemunho.
Além disso, a análise e avaliação de projetos é um dos pontos nevrálgicos/mais polêmicos tanto no contexto acadêmico (no julgamento e atribuição de notas) como no profissional (na classificação de concursos), não havendo muita clareza nem consenso quanto a critérios utilizados nem quanto ao que seria um projeto de qualidade. Assim, fazem-se necessários estudos mais aprofundados sobre esta questão, principalmente na medida em que grande parte do ambiente urbano – ao menos a cidade “formal” – resulta de projetos. Em tempos ditos “pós-modernos”, a justificativa dos projetos com base em (novos) conceitos de arquitetura e em técnicas sofisticadas de representação gráfica, facilitadas pelo avanço rápido dos recursos informacionais, tornam-se também elementos importantes a serem considerados nas análises.
Estado da Arte
Da arquitetura edificada à arquitetura de papel: o projeto como documento
A cultura arquitetônica, tradicionalmente prática e intervencionista, tendeu durante muito tempo a associar arquitetura à obra construída e à experiência arquitetônica, a vivência do espaço edificado. Esta é, de uma maneira geral, a concepção dominante entre os teóricos desde os primeiros tratados, e que, de certo modo, ainda persiste em tempos recentes. Para uma geração que bebeu na leitura de Bruno Zevi (15) “saber ver a arquitetura” era antes de tudo saber percorrê-la, estando seu valor majoritariamente em seu espaço interno. No Brasil, a concepção de certo modo fundadora de Lúcio Costa, embora não desmerecesse o valor do projeto, destacava sobretudo a obra ao apontar o diferencial entre arquitetura e espaço construído quando dizia que havia “muita construção e pouca arquitetura”. Concepção que adotará Carlos Lemos, explicitamente no livro destinado a explicar o que é arquitetura a um público iniciante. Arquitetura como espaço a ser vivido e percorrido é também a concepção enfatizada nos escritos de Evaldo Coutinho (16). Na experiência do espaço construído também reside a essência da arquitetura para Rasmussen (17). O privilégio da experiência espacial acompanhou uma cultura profissional que, durante muito tempo, apenas valorizava a obra construída, conforme acima assinalado. Nesta perspectiva, o interesse pelo projeto resgatado pela pesquisa historiográfica tinha, em grande parte, como objetivo amparar uma ação interventora, como uma atividade de restauro. Fonte de conhecimento, a arquitetura de papel, o projeto era visto apenas como um testemunho, um registro de obras construídas, vitimadas por alguma ação corrosiva. Atualmente, a efemeridade da obra construída, face à crescente demolição de edificações recentes, coloca a arquitetura de papel como mais perene que a edificação dela resultante e aumenta a importância do projeto como documento.
Do projeto como chave de acesso às intenções e aspirações
No entanto, a mesma historiografia que privilegiou a experiência espacial, muito cedo entendeu a diferença entre esta e o projeto, percebendo a importância deste último não apenas como documento da obra construída, mas, sobretudo, como materialização da idéia arquitetural. Seguindo este raciocínio, os historiadores da arquitetura – e, sobretudo da arquitetura moderna e contemporânea – documentaram desde as suas primeiras publicações os projetos não realizados, mostrando como foram muitas vezes mais influentes que os construídos à época, como evidenciam resultados de vários concursos polêmicos.
Talvez uma das primeiras análises a enfatizar o valor heurístico do projeto tenha sido a clássica comparação empreendida por Colin Rowe (18), entre projetos de casas de Palladio e de Le Corbusier, juntamente com os escritos destes autores, para desvelar e aproximar as respectivas intenções (figuras 3 e 4). No contexto de revisão do movimento moderno e de difusão de metodologias de projeto, baseadas sobretudo em aspectos morfológicos, tipológicos e nas análises lingüísticas, o estudo dos ideais arquitetônicos será retomado, por muitos, como Collins (19) cujas primeiras ilustrações são dois projetos não construídos de Boullée (figuras 5 e 6). A arquitetura de papel vem, desde então, encontrando cada vez mais adeptos como chave para acesso às intenções e aspirações do pensamento arquitetônico, destacando-se como marco neste raciocínio os trabalhos de Pérez-Gomes (20) e vários textos e palestras de Bernard Tschumi.
Atitude de antecipação que delimita uma série de procedimentos que seguidos sistematicamente, devem culminar na obtenção eficaz de uma necessidade, o projeto de arquitetura, tal o define Boutinet é “um modelo que integra, à propósito da obra a ser realizada, o máximo de conhecimentos teóricos e práticos [...] um verdadeiro inventário que deve resultar em um trabalho de ressemantização do espaço” (21). Em resposta a uma demanda subjetiva, seja ela resultado da ação de um indivíduo ou de uma equipe, os projetistas, em sua atividade singular, levam em conta os meios técnicos, estrutura, materiais, linguagem e técnicas de representação, entre outras constantes, para que em seguida seja possível elaborar o que se denomina “programa de necessidades”. Inventariados todos estes elementos é possível partir para os primeiros esboços, concretizados em seguida num “anteprojeto que consigna os primeiros elementos de exeqüibilidade” (22).
O enfoque do “projeto como fonte autônoma”, que informa um conhecimento outro, diferente, complementar ou aditivo ao da obra, vem se consolidando mundialmente. Este crescimento do interesse teórico-metodológico tem sido acompanhado de iniciativas no sentido da constituição de acervos e de banco de dados que possibilitem o desenvolvimento de pesquisas. Nesta linha de raciocínio, instituições como o Centro Canadense de Arquitetura (CCA) em Montreal, e o Laboratoire d’Architecturologie et de Recherches Épistemologiques sur l’Architecture (LAREA) da École d’Architecture de Paris – La Villette, reconheceram, embora por abordagens diferentes, a importância de esboços e desenhos como fontes essenciais para o desvendar da concepção e do processo projetual. No Laboratório de Estudos de Arquitetura Potencial (L.e.a.p.) da Universidade de Montreal, este raciocínio esteve na origem da estocagem de projetos de concursos de arquitetura, inicialmente do Québec e agora do Europan, de maneira a permitir que o desenvolvimento das pesquisas sob as abordagens de natureza diversas, como já vinham fazendo seus membros, como a da lógica analógica ou dos aspectos tectônicos (23) e as semiológicas (24).
No plano nacional, devem-se destacar a contribuição de membros da Faculdade de Arquitetura da UFRGS com estudos pioneiros, como os de Elvan Silva (25) e a coletânea de Carlos Comas (26). Por caminhos diversos, a metodologia do projeto arquitetônico é abordada, por este grupo e por seus seguidores, seja com ênfase nas descrições das etapas projetuais, seja pela noção de partido, seja pela tentativa de retomada e complementação da tríade vitruviana, seja pelo privilégio das análises formais, da busca da forma pertinente ou das estratégias de composição (27). Importantes contribuições advêm das análises e da produção intelectual de grupos de pesquisadores em projeto como os da UFRJ (Projeto e Lugar), USP (NUTAU, NAPPLAC) e Mackenzie (Arquitetura, Projeto e Crítica), bem como das análises morfológicas do grupo de sintaxe espacial (28), que se dedicam tanto ao projeto quanto à obra na dimensão urbana ou edilícia. Valeria ainda salientar a perspectiva de Arquitetura e Crítica na revista Vitruvius, capitaneada por Ana Luiza Nobre e Haifa Yazigi Sabbag.
No momento, em função de um projeto mais amplo realizado pela equipe de pesquisadores do Grupo Projetar / LAPIs da UFRN (cf. notas 7 e 8), bem como das orientações de trabalhos de alunos de pós-graduação, nossas discussões privilegiaram dois temas, conforme apresentaremos a seguir.
Formas de análise e avaliação de projetos:
Como dissemos, a análise e avaliação de projetos (não de obras construídas) é um dos pontos mais polêmicos tanto no meio acadêmico (ensino/aprendizado) como no profissional (julgamentos de concursos notadamente), não havendo muita clareza quanto aos critérios utilizados nem consenso quanto ao que seria um projeto de qualidade. Entretanto, nas últimas décadas, tem havido esforços no sentido de escapar à tradição de avaliação subjetiva, intuitiva, baseada apenas nos gostos e convicções pessoais do professor/projetista/avaliador. Um dos trabalhos pioneiros e teoricamente embasados é o de Collins (29), no qual é feita uma analogia entre o julgamento em arquitetura e o julgamento em direito e toma lugar de destaque a noção de “precedentes”. Embora o estudo de precedentes seja hoje um aspecto cada vez mais considerado essencial para a projetação (fontes de referência para novos projetos), ele ainda é pouco levado em conta nas análises e avaliações dos “julgadores”, e quando o é, em geral, pauta-se na preferência (ou mesmo na apologia) a um determinado estilo ou vertente histórica (moderno ou pós-moderno, por exemplo), o que não deixa de expressar, em última instância, os “gostos” e “preferências” dos avaliadores. Além disso, nos dias atuais, a reutilização de precedentes opõe-se, em princípio, à necessidade contemporânea de inovação constante, e à idéia de quanto mais distinção/diferenciação, melhor. Análises e avaliações mais objetivas, através de “check list” de exigências a serem cumpridas ou problemas a serem resolvidos no projeto, já revelaram suas limitações e também não deixaram de expressar uma certa subjetividade, presente nos juízos de valores que lhes são subjacentes. Enfim, a questão da análise e julgamento do projeto é ainda uma questão a ser mais aprofundada. Dentre as abordagens mais recentes, destacamos, neste texto, duas que, embora distintas, consideramos relevantes e indicativas de duas escolas com tradição na discussão sobre o projeto. São elas a de Philippe Boudon e equipe, do já referido laboratório (LAREA) da Escola de Arquitetura de Paris – La Villette, e a de Helio Piñón, da Universidade Politécnica da Cataluña.
A primeira abordagem dá ênfase à concepção projetual que, nos últimos anos, tem sido objeto de um número considerável de estudos, com enfoques variados, e que utilizam instrumentos de diversos campos de conhecimento como a semiótica, a lingüística, a psicologia, e até mesmo a neuro-biologia, com a preocupação com a “genética do projeto”. Todos têm como foco central a identificação das origens ou fontes das idéias do projetista, e sua evolução, especialmente do ponto de vista formal. A abordagem proposta por Philippe Boudon e equipe (30), é uma das mais sérias e teoricamente embasadas. Eles procuram apreender a concepção projetual a partir de categorias intrinsecamente ligadas à arquitetura, e que configuram o que chamam de “arquiteturologia”, ou ciência da concepção arquitetônica. Ainda que a ela possam ser feitas algumas críticas e ressalvas, é, sem dúvidas, a mais arquitetônica das abordagens sobre a concepção projetual. Segundo esses autores, as noções que, envolvem a concepção projetual são, essencialmente, idéia, sistema, percepção, representação e discurso.
A idéia baseia-se tanto na percepção quanto no conhecimento que o projetista tem sobre o objeto, frutos de sua bagagem cultural e experiência, bem como da análise das características do sítio, e de conhecimentos sobre aspectos técnicos, funcionais e de uso, entre outros. Todas estas informações são importantes, e algumas delas podem até ser coletadas por terceiros; porém, a tomada de decisões e as modalidades que influenciam a concepção são sempre do projetista, com base em suas referências próprias. Na concepção, intervêm imagens (que eles chamam de “estimulantes”) impregnadas por vivências e referências diversas, individuais ou do grupo (no caso de propostas conjuntas). Algo bastante próximo da tríade lefebvriana na qual espaços vividos, percebidos e concebidos interagem mutuamente. Cabe observar a distinção que os autores fazem entre idéia (no singular) e as idéias que os projetistas podem ter ao longo do processo de criação. A primeira é fruto de um trabalho intelectual, com base na experiência e no conhecimento, relacionando intelecto com uma produção material concreta. Nesta reside o principal interesse da arquiteturologia. Já as segundas remetem a um conceito mais artístico, podendo surgir a qualquer momento em qualquer “criador”, com base em suas inspirações, convicções e crenças.
Para análise dos processos de concepção em si, Boudon e equipe propõem um método centrado essencialmente nos conceitos de escala e modelo, inseridos em um sistema complexo, mas passível de compreensão por meio de categorias que visam explicitar o trabalho intelectual do arquiteto. Na concepção, uma ou mais escalas seriam os elementos de referenciação, que dão “medida” ao projeto, e o modelo é aquilo que é reutilizado, reproduzido e medido no projeto. Eles propõem 20 escalas arquiteturológicas possíveis de operacionalização na análise e avaliação de projetos, que vão desde as mais conhecidas como a escala humana, técnica, funcional, simbólico-formal, geográfica, até as mais complexas como as escalas global, de representação e de diferentes níveis de concepção.
No que se refere ao discurso, a arquiteturologia destaca a importância dos textos narrativos contendo comentários e explicações efetuados pelo designer ao longo da tomada de decisões durante o processo projetual ou como memoriais descritivos e justificativos do produto-projeto acabado. Como exemplo de situações de concepção baseadas em textos ou discursos narrativos, estão os trabalhos do arquiteto francês Jean Nouvel, que afirma primeiro descrever os edifícios que concebe por meio de palavras, refazendo esse texto até um grau de precisão que lhe permita passar diretamente ao projeto executivo. O mais comum, no entanto, é que os discursos venham a posteriori da concepção, quando os projetos já estão prontos, ou seja, se destinando mais a justificar a idéia e o partido adotados. Em alguns casos, os discursos sobre o projetado assumem caráter doutrinal (como nos tratados e livros de arquitetura) ou mesmo paradigmáticos, ou então se manifestam em frases tão curtas quanto enigmáticas tais como “less is more”, “j’aime la complexité”, e similares. O que vale aqui destacar é que o discurso pode ser uma fonte muito rica de análise de processos de concepção, principalmente quando introduz fielmente uma dimensão narrativa que a imagem não pode conter (31). Esta abordagem é de muita utilidade para referendar tanto as análises da produção acadêmica em projeto (Trabalhos Finais de Graduação, por exemplo), quanto da produção profissional (no caso de concursos, principalmente).
Ainda no que se refere à avaliação da qualidade dos projetos, Hélio Piñón (32), em uma abordagem essencialmente voltada para a “síntese da forma arquitetural”, destaca aspectos que lhe são inerentes como tectonicidade (consciência construtiva), estruturas formais, resolução de aspectos programáticos e adequação às condições do lugar, referendados pela cultura artística e a historicidade da proposta. Para ele, não há (boa) concepção sem a consideração destes aspectos que devem se consubstanciar na forma, e de maneira clara e legível. No plano nacional, esta abordagem é, de certo modo, seguida por Edson Mahfuz (33) em suas “Reflexões sobre a construção da forma pertinente”. Piñón, fortemente ligado à mais pura tradição modernista (do chamado “primeiro modernismo”, na verdade), é um crítico voraz de algumas das tendências da produção arquitetônica contemporânea, em especial no que diz respeito à apologia do visual e à busca pela inovação constante. As qualidades do desenho e do texto não são explicitamente por ele assinaladas como relevantes. É o conteúdo do projeto que importa, e ele deve ser sintetizado na forma.
Conceitos e formas de representação do projeto
O nosso segundo eixo temático examina uma das questões que consideramos mais evidentes na cultura contemporânea do projeto: a nova relação entre discurso textual e discurso imagético, bem como as mudanças na produção de cada um destes dois componentes do projeto: o texto que acompanha o desenho e as formas de representação imagética. No que diz respeito à questão textual, tais mudanças seriam talvez mais expressivas no âmbito dos famosos memoriais. Estes eram tradicionalmente textos descritivos e/ou poéticos e deles não se exigia nem sempre uma relação explícita com o projeto representado por desenho, considerado em si uma peça autônoma. A relação texto e imagem agora parece re-elaborada. Não apenas por um gesto como o de um Jean Nouvel que questiona a obrigatoriedade da representação via desenho, quando diz haver “escrito” um projeto. Mas também por uma demanda crescente de explicitação “do conceito”, ou “dos conceitos” que estariam na origem da trajetória projetual, e que muitas vezes se confundem com atributos ou “qualidades” exigidas e/ou desejadas (edifícios “verdes”, “inteligentes”, etc.).
Para Girard, a idéia de conceito entrou em moda desde o fim dos anos setenta, assumiu um ponto nodal na atividade do projeto e efetuou uma mudança no conteúdo do discurso e na sua função. Houve, segundo este autor, uma reativação do império das palavras, sem que a arquitetura adote os discursos de outras disciplinas como a sociologia, a psicologia ou a psicanálise.
“La discursivité n’est plus désormais explicative a posteriori du travail et de l’objet architecturaux, mais elle soutient de part en part la projétation”. (34)
Fazendo um balanço do final dos anos oitenta, Girard afirma que a moda dos design methods anglo-saxões dos anos sessenta teve sua continuidade na pesquisa na área do CAD; enquanto os italianos continuaram a trabalhar na “metodologia ou teoria della progetazzione”, e na França as promessas da semiologia e da epistemologia perdiam terreno (35). Nessa trajetória, as estruturas discursivas também devem fornecer pistas do conhecimento investido no processo de projeto.
Paralelamente, as formas de representação imagéticas tornam-se cada vez mais espetaculares, no sentido literal do termo. Se nos dias que correm, arquitetura e cenografia muitas vezes se confundem, nos meios de representação do projeto esta confusão é ainda mais evidente. Para muitos, representar via desenho assemelha-se a criar e a conceber atos indissociáveis que descreveriam a atividade de projetar. Muitos, por exemplo, afirmam como Gouveia que, em arquitetura, não se discute desenho sem alusão ao projeto, pois “ao projetar se desenha, tanto graficamente quanto mentalmente, as duas maneiras se completam” (36). Nesta acepção, desenho não traduziria apenas “draw” ou “dessin”, mas, “design” ou “projet”. Desenhar se confunde com projetar, seria uma operação simultânea. É uma concepção discutível quando cotejada com a acepção de Piaget sobre a relação entre conhecimento e linguagem, mostrando que a habilidade no desempenho desta última nem sempre pode ser tomada como atestado de uma maior fonte de conhecimento. Da mesma maneira, por analogia, podemos imaginar que quem desenha bem nem sempre “pensa” o melhor projeto, ou que nem sempre um bom projetista é também um bom desenhista. Para Philippe Boudon, criação difere-se de concepção. Se a primeira é misteriosa, esta última é inteligível. Assim, apontando os limites do pensamento de Christopher Alexander no que se refere à concepção como processo, ele propõe:
“Entre le processus de création et l’opération de conception se loge une différence épistémique notoire: d’un côté singularité d’un processus, de l’autre généralité d’une opération partagée [...]. En tant que création, chaque oeuvre est singulière et l’auteur a procédé différemment, mais pour la faire il a pu passer, ici ou là, par des opérations identiques de conception” (37).
Seguindo este autor a representação – tanto gráfica quanto discursiva – pode nos fornecer matéria para chegar às operações de concepção. Por outro lado, no que se refere especificamente à representação gráfica, sua produção nem sempre se associa à concepção. Como nos lembra Durand (38), a representação imagética projetual cumpre três funções básicas:
- auxiliar à concepção: desenho auxiliar ao amadurecimento dos estudos preliminares;
- comunicar o projeto: desenho de apresentação, destinado ao público, leigo ou não;
- definir o projeto: desenho documental, permite construir o objeto projetado.
Nesta linha de raciocínio, o executor de uma representação que deva cumprir o papel de uma figura retórica, que deva atuar como peça de convencimento, nem sempre é necessariamente o que concebeu a idéia, representada no processo de esboçar. No desenho de esboço, o projetista estaria também desenvolvendo “pari passu” a sua idéia. Executado pela mesma pessoa ou por outrem, um bom desenho, uma boa representação, pode enriquecer os argumentos de convencimento: pode ser uma excelente peça retórica.
Nos dias atuais, os modos de representação, sobretudo dos anteprojetos, – ou do “projeto de idéias” para distinguir do projeto executivo – têm variado, em grande parte, face às novas tecnologias de representação gráfica via computador e às possibilidades de representações virtuais tridimensionais cada vez mais ousadas do objeto arquitetônico. Estas permitem antever com uma riqueza maior de detalhes o resultado final do projeto: ver a obra como se construída. Mas, a exemplo da pintura, este apelo ao realismo, na representação arquitetônica, por ser mais emocional e em geral de mais fácil aceitação, pode justamente perturbar uma análise mais objetiva do projeto.
Considerando as diversas representações e suas funções, permitimo-nos, a titulo provisório, classificar três tipos:
- os esboços e desenhos de raciocínio, de expressão de produção do conhecimento, de reflexão da idéia e que permitiriam perceber os desenvolvimentos conceituais ou as operações de concepção;
- as imagens ou representações figurativas não legalmente obrigatórias para aprovação – como as perspectivas e as maquetes – que parecem ser, em geral, as que mais agradam ao público leigo e que são peças mais retóricas ou de sedução;
- as que cumprem as exigências legais, incluindo-se aquelas mais herméticas e menos legíveis para um público leigo, como os cortes, os quais, na tradição da cultura arquitetônica, tiveram sua origem no mesmo momento em que se desenvolviam os métodos de cortes e da dissecação na cultura médica, métodos estes que se consideraram como os mais informativos do ponto de vista do projeto.
Assim sendo, para uma análise mais isenta e com a pretensão ao rigor cientifico que pode reivindicar a disciplina arquitetural, a disponibilidade destas imagens coloca-se como um imperativo.
Considerações finais
As discussões temáticas acima apresentadas têm norteado as pesquisas de nosso grupo, buscando aplicá-las numa análise comparativa a projetos produzidos no Brasil e no exterior, fugindo de toda perspectiva localista, como julgamos convir ao campo da concepção desde os tempos modernos e, de forma crescente, em nosso mundo globalizado. Para tanto, faz-se necessária uma documentação a mais completa possível dos projetos. Sem o acesso a esta informação, e sem uma reflexão sistemática e criteriosa deste material, um trabalho analítico rigoroso seria fortemente dificultado. Como escreveu Comas recentemente a respeito das análises sobre a arquitetura moderna brasileira baseadas em fotografias isoladas ou encadeadas, “a análise comparativa dos discursos não dispensa a revisão das obras que os suscitam, a revisão das obras usadas implícita ou abertamente como termos de comparação, a revisão dos contextos em que se produziram. Caso contrário, torna-se exercício reiterativo e retórico, uma pedra no caminho da compreensão mais rica e funda do seu objeto” (39).
Concordando com esta perspectiva e tendo, no nosso caso, por objeto fundamental o projeto – sua concepção e representação – foi que surgiu a idéia de criar um banco de informações, imagens e de produção de conhecimentos em projeto de arquitetura ¾ denominado PROJEDATA, que está sendo ampliado e aperfeiçoado no Laboratório de Projetos (LAPIs) no qual se desenvolvem as pesquisas do Grupo Projetar da UFRN.
Neste momento, com apoio financeiro do CNPq, os trabalhos estão voltados para levantamento e catalogação de Teses, Dissertações e Trabalhos Finais de Graduação (TFGs) de centros acadêmicos nacionais de referência, bem como para o armazenamento e disponibilização on-line de documentos, imagens e artigos produzidos pelo grupo, de acordo com os eixos analíticos de suas abordagens específicas.
O PROJEDATA deverá integrar-se ao sistema de informação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) através do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e terá formato definido à semelhança de uma Biblioteca Virtual Temática em Projeto de Arquitetura e Urbanismo, a ser implantada através do PROSSIGA (40). Nele deverão estar disponíveis serviços como o da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), que busca integrar os sistemas de informação de teses e dissertações existentes nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. Além disso, dele constará o acervo de documentos e imagens em projetos de arquitetura e urbanismo, com os resultados das pesquisas do grupo.
Em um momento posterior, pretende-se expandir o acervo através da estocagem de concursos de projeto no Brasil, associando este banco de dados ao do L.e.a.p. (Laboratório de Estudos da Arquitetura Potencial, da Universidade de Montreal), com o qual se tem trabalhado em parceria desde 2003.
A análise deste acervo, com base nas abordagens aqui propostas e outras desenvolvidas pelos pesquisadores do grupo, será objeto de publicações futuras.
notas
1
CHAMPY, Florent. Sociologie de l’architecture. Paris, Éditions de la Découverte, 2001; STEVENS, Garry. O círculo privilegiado – Fundamentos sociais da distinção arquitetônica. Brasília, Editora UnB, 2003.
2
OLIVEIRA, Rogério de Castro. “A formação do repertório para o projeto de arquitetônico: algumas implicações didáticas”. In COMAS, Carlos Eduardo Dias (Org.). Projeto arquitetônico, disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo, Projeto Editores, 1986, p. 69-84; CHUPIN, Jean-Pierre. “As três lógicas analógicas do projeto em arquitetura: do impulso monumental à necessidade de pesquisa passando pela inevitável questão da ‘ensinabilidade’ da arquitetura”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Projetar – desafios e conquistas da pesquisa e do ensino. Rio de Janeiro, Virtual Científica, 2003, p. 11-31; MAHFUZ, Edson da Cunha. “Reflexões sobre a construção da forma pertinente”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 64-80.
3
CHESNEAU, Isabelle. “Pourquoi dépasser les contradictions entre recherche et projet?”. In Actes des Journées Européennes de la Recherche Architecturale et Urbaine – EURAU’04. Marseille, École Nationale Supérieure d’Architecture de Marseille, 2004; BOUDON, Philippe. Sur l’espace architectural – Essai d’épistemologie de l’architecture. Marseille, Éditions Parenthèses, 2003; GIRARD, Christian. Architecture et concepts nomads (traité d’indiscipline). Architecture + Recherche. Bruxelas, Pierre Mardaga éditeur, 1989.
4
CHEIKHROUHOU, André. “Les risques de l´enseignement: réformer et innover”. In SAUVAGE, Ali; CHEIKROUHOU, André (org.). Conception d’Architecture – le projet à l épreuve de l’enseignement. Paris, L´Harmattan, 2002, p. 11-14; VELOSO, Maísa; ELALI, Gleice Azambuja. “A pós-graduação e a formação do (novo) professor de projeto”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 94-107.
5
SCHÖN, Donald. Educating the reflective practitioner: toward a new design for teaching and learning the professions. San Francisco, 1987; FICHER, Sylvia. “Mitos e perspectivas: profissão de arquiteto e ensino de arquitetura”. Projeto, n. 185. São Paulo, Arco Editorial, maio 1995; RHEINGANTZ, Paulo Afonso. “Arquitetura da autonomia: bases pedagógicas para a renovação do atelier do projeto de arquitetura”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 108-129.
6
BOUTINET, Jean-Pierre. Anthropologie du projet. Paris, Presses Universitaires de France, 1990.
7
O Grupo Projetar é vinculado ao LAPIs (Laboratório de Projetos & Interiores) do Departamento de Arquitetura e alimenta duas das linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAU/UFRN): “Projeto de Arquitetura”, e “Morfologia e Usos da Arquitetura”. É também o grupo fundador do evento que leva seu nome – o Seminário Projetar – cuja primeira edição foi por ele organizada, em Natal, em 2003.
8
Alguns dos projetos de pesquisa em andamento no grupo: “Metodologia de análise e de avaliação de projetos de arquitetura” (Maísa Veloso, PROPESQ/UFRN); “Conceito e representação na cultura projetual contemporânea” (Sonia Marques, PROPESQ/UFRN); “Arquitetura, projeto e produção de conhecimentos no Brasil” (Maísa Veloso – coord.; Edja Trigueiro, Gleice Elali, Marcelo Tinoco e Sonia Marques, Edital MCT/CNPq 02/06 – Universal).
9
PÉREZ-GOMEZ, Alberto. L’architecture et la crise de la science moderne. Trad. Jean-Pierre Chupin. Bruxelas, Pierre Mardaga éditeur, 1987.
10
OLIVEIRA, Rogério de Castro. Op. cit.
11
LARA, Fernando; LOUREIRO, Claudia MARQUES, Sonia. “Pensando a pós-graduação em arquitetura e urbanismo. Arquitextos n. 062, Texto Especial n. 334. São Paulo, Portal Vitruvius, out. 2005 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp334.asp>.
12
Arqbahia. Quadro atual e prospectivo da arquitetura na Bahia: formação profissional, demandas sociais e mercado de trabalho. Salvador, Faculdade de Arquitetura / Universidade Federal da Bahia <www.arqbahia.arquitetura.ufba.br>.
13
Baseada neste raciocínio e numa edição publicada em fevereiro de 1997, onde uma revista compilou nove trabalhos sob o tema Grandes Projetos Multiuso, dos quais apenas seis “tomaram forma”, a revista Projeto Design, no ano de 2006, resolveu agrupar 16 trabalhos ainda virtuais, selecionados segundo a real possibilidade de serem construídos, e convidar os leitores a apostar quais deles se realizariam. Se mantida a proporção de 1997, apenas onze teriam este destino.
14
AMARAL, Izabel. Um olhar sobre a obra de Acácio Gil Borsoi. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAU/UFRN), Natal, 2004; CONSULIN, Alexandra. Yes! Nós temos arquitetura moderna! Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAU/UFRN), Natal, 2004.
15
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 1987. edição original: 1948.
16
COUTINHO, Evaldo. O espaço da arquitetura. São Paulo, Perspectiva, 2000.
17
RASMUSSEN, Steen Eiler. Experiencing architecture. Cambridge, MIT Press, 2 ed., 1964.
18
ROWE, Colin. The mathematics of ideal villa and other essays. Cambridge, MIT Press, 1976.
19
COLLINS, Peter. Changing ideals in modern architecture – 1750 – 1950. London, Faber and Faber; Montreal, Mc Gill University Press, 1965.
20
PÉREZ-GOMEZ, Alberto. Op. cit.
21
BOUTINET, Jean-Pierre. Antropologia do projeto. Porto Alegre, Artmed, p. 162.
22
Idem, ibidem, p. 164.
23
CHUPIN, Jean-Pierre; SIMONNET, Cyrille (Org). Le projet tectonique. Villefontaine/Gollion, Les Grands Ateliers/Infolio éditions, 2005.
24
BOUDON, Pierre. Le paradigme de l’architecture. Montreal, Balzac, 1992 ; « De l’axométrie à l’image de synthèse ». In Revue Sémiotiques, n. 4., Paris, 1993.
25
SILVA, E. Uma Introdução ao Projeto Arquitetônico. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 1984.
26
COMAS, Carlos Eduardo (Org.). Projeto de arquitetura: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo, Projeto Editores, 1986.
27
SILVA, Elvan. “Sobre a renovação do conceito de projeto arquitetônico e sua didática”. In COMAS, Carlos Eduardo Dias (Org.). Op.cit., p.15-31; COMAS, Carlos Eduardo. “Ideologia modernista e o ensino de projeto arquitetônico”. In COMAS, Carlos Eduardo Dias (Org.). Op.cit., p. 33-45 ; MAHFUZ, Edson. Ensaio sobre a razão compositiva. Belo Horizonte, UFV/AP Cultural, 1995; MAHFUZ, Edson da Cunha. “Reflexões sobre a construção da forma pertinente”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 64-80 ; ZEIN, Ruth Verde. “A síntese como ponto de partida e não de chegada”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 81-84.
28
HOLANDA, Frederico de. O espaço de exceção. Brasília, Editora UnB, 2002; TRIGUEIRO, Edja; MEDEIROS, Valério Augusto Soares de . “Marginal heritage: studying effects of change in spatial integration over land-use patterns and architectural conservation in the old town centre of Natal, Brazil”. In Proceedings of Space Syntax 4th International Symposium, Londres, Space Syntax Laboratory, The Bartlett School of Graduate Studies, University College London, 2003. v. 01. p. 20.1-20.16.
29
COLLINS, Peter. Architectural judgement. Montreal, McGill-Queen’s University Press, 1971.
30
BOUDON, Philippe. Conception. Paris, Éditons de la Villette, 2004 ; BOUDON, Philippe et al. Enseigner la conception architecturale – Cours d’architecturologie. Paris, Éditons de la Villette, 2000.
31
Boudon, Philippe et al, Op. cit., p.48-60.
32
PIÑÓN, Helio. Teoria del proyecto. Barcelona, Editions UPC, 2006; Curso básico de proyectos. Barcelona, Edicions UPC, 1998.
33
MAHFUZ, Edson da Cunha. “Reflexões sobre a construção da forma pertinente”. In LARA, Fernando; MARQUES, Sonia (Org.). Op. cit., p. 64-80.
34
GIRARD, Christian. Op.cit. p. 10.
35
Idem, ibidem, p. 9.
36
GOUVEIA, Anna Paula. “Desenho e método: uma abordagem de três experiências de projeto em arquitetura”. In Anais do I Seminário Nacional sobre Ensino e Pesquisa em Projeto de Arquitetura – Projetar 2003, PPGAU/UFRN, Natal, 2003 (CD-ROM).
37
BOUDON, Philippe. Op. cit. p. 37.Grifos nossos; em itálico, no original: “Entre o processo de criação e a operação de concepção reside uma diferença epistêmica notória: de um lado singularidade de um processo, de outro, generalidade de uma operação compartilhada. Como criação, cada obra é singular e o autor procedeu diferentemente, mas para fazê-la pode ter passado, aqui ou acolá, por operações idênticas de concepção”.
38
DURAND, Jean-Pierre. La représentation du projet. Paris, Éditions de la Villette, 2003.
39
COMAS, Carlos Eduardo. “Brazil builds e a bossa barroca: notas sobre a singularização da arquitetura moderna brasileira”. s.d.
40
Criado em 1995, o PROSSIGA é um programa vinculado ao IBICT/CNPq/MCT, e tem como objetivo principal a promoção, criação e uso de serviços de informação na internet voltados para as áreas prioritárias do Ministério da Ciência e Tecnologia.
sobre os autores
Maisa Veloso e Sonia Marques são professoras do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAU/UFRN)