Situada no Alto Vale do Paraíba do Sul, entre as cidades de Taubaté e Ubatuba, a 170 km da cidade de São Paulo, capital, São Luiz do Paraitinga teve sua fundação oficial em 1769, apesar de sua área ter sido fracamente ocupada um século antes (1). Com o início da produção cafeeira em meados do século XIX, seus benefícios econômicos fizeram com que o núcleo urbano se tornasse maior, transformando-se em um importante centro urbano regional. A cafeicultura se tornou a atividade mais importante da região, um período de esplendor que durou aproximadamente até 1918 (2).
Após um período de intenso desenvolvimento sócio-econômico nos séculos XIX e início do século XX, com a economia do café, o município passou por pequenos surtos econômicos, como a extração de lenha na década de 1960 e a produção de leite nas décadas de 1970 e 1980, quando então a economia da cidade entrou em decadência, perdurando até os dias atuais (3). Com uma economia inexpressiva, caracterizada por uma pequena produção agropecuária, restou em São Luiz do Paraitinga uma grande riqueza cultural e um expressivo conjunto arquitetônico composto por aproximadamente 90 imóveis, casas térreas e sobradões dos séculos XIX e início do XX, representativos da fase áurea do café na economia paulista, tombado em 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT) (4).
Com as mudanças sociais advindas da evolução tecnológica e a conseqüente valorização do turismo e do entretenimento, São Luiz do Paraitinga vem trabalhando para desenvolver tais atividades apoiado na memória da cafeicultura, expressa em seu patrimônio cultural e arquitetônico. Portanto, possuindo este patrimônio remanescente da cafeicultura, entendemos que o mesmo possa ser visto e trabalhado como uma potencialidade ao desenvolvimento econômico-social da comunidade local, procurando relacionar a preservação às atividades turísticas, para daí sim, abrir possibilidades de incorporar o patrimônio como uma ferramenta de inclusão sócio-espacial e econômica a partir de sua refuncionalização (5).
Apesar do patrimônio arquitetônico ser um elemento importante na continuação da identidade local, o mesmo vem passando por transformações que evidenciam a carência de ações da comunidade e do poder público local com relação à sua preservação enquanto memória do lugar, entendendo o lugar como demarcações físicas e simbólicas do espaço “cujos usos lhes qualificam e lhes atribuem sentidos de pertencimento, orientando ações sociais e sendo por estas delimitadas reflexivamente” (6). Para o desenvolvimento das atividades do turismo, a cidade vem passando por uma série de intervenções urbanas (7) em seu centro histórico, sofrendo mudanças em suas formas-conteúdo (8), e refuncionalizando-as com vistas a atender a crescente demanda de tais atividades. De acordo com Santos (9), “(...) quando a sociedade age sobre o espaço, ela não o faz sobre os objetos como realidade física, mas como realidade social, formas-conteúdo, isto é, objetos sociais já valorizados aos quais ela (a sociedade) busca oferecer um novo valor (...)”.
Este processo que está se desenvolvendo em São Luiz do Paraitinga por meio da refuncionalização turística nos ajuda a afirmar a dinâmica das formas-conteúdo. Os lugares em processo de refuncionalização passam a ser transformados em função de suas possibilidades, ou não, de receber os impactos destas novas dinâmicas, aonde podemos apontar uma seletividade entre os lugares, seletividade essa que “tanto se dá no nível das formas, como no nível dos conteúdos (...)” (10). São Luiz do Paraitinga, por meio de suas rugosidades, tem se mostrado apto a acolher tais atividades.
Com base nesta seletividade os projetos de desenvolvimento turístico escolhem os lugares mais atrativos, desenvolvendo aí, uma territorialidade do e para o turismo. Nesta refuncionalização turística são selecionados os melhores lugares, a partir daí tomados de assalto por investimentos externos. Como destaca Luchiari (11) ao analisar a mercantilização das paisagens naturais, mas que podemos apontar o mesmo processo para as cidades, “(...) o lugar não é visto, vivido ou compartilhado. Deles são selecionados um conjunto de pontos atrativos que constroem uma narrativa artificial do lugar. Em torno destes produtos ocorre, então, a reprodução de modelos urbanos que participam de uma refuncionalização fragmentada da cidade, e de uma valorização do solo que imprime ao território um uso seletivo”.
Assim, com a fetichização da paisagem e a sua refuncionalização para o uso turístico são criados sítios de fantasias com o intuito de substituir a realidade, iniciando um processo de disneyficação do lugar, a partir de um produto oferecido ao entretenimento e ao lazer (12).
Com a tendência a refuncionalização do espaço das cidades pautado na espetacularização do patrimônio cultural e arquitetônico, somos levados a questionar o verdadeiro intuito que sustenta este processo de intervenção urbana. Até que ponto as novas formas de organização sócio-espacial, influenciadas pelo consumo, tem auxiliado na refuncionalização destes lugares enquanto um espaço público e de exercício da cidadania? Como evitar que estas práticas culturais não sejam tratadas somente como um atrativo turístico, descoladas da realidade local? São estas reflexões a respeito das novas funções (13) atribuídas ao patrimônio cultural e arquitetônico de São Luiz do Paraitinga que orientam nossa pesquisa que aponta para um processo de refuncionalização espacial, decorrente de uma tendência da economia urbana.
Em São Luiz do Paraitinga podemos apontar tendências e ações que nos permitem afirmar esta refuncionalização turística. Muito do que vem sendo valorizado como um atrativo turístico cultural, as festas religiosas por exemplo, são atividades que fazem parte do cotidiano local, agora envolvido em uma aura que sobrevaloriza sua encenação e suas formas aparentes. Devemos destacar que esta refuncionalização, que toma a cultura como objeto, está ligada a refuncionalização territorial das cidades, pois estas intervenções urbanas estão sendo feitas no intuito de realçar as manifestações culturais locais enquanto atrativos. Em São Luiz do Paraitinga, a reforma da praça Oswaldo Cruz e do Mercado Municipal foram feitas visando a espetacularização do sitio tombado e não para os moradores, antigos usuários do dia-a-dia, tendo como objetivo transformar estes espaços da cidade em um palco ao ar.
Pelas imagens do Carnaval de 2005, realizado após a conclusão da reforma da Praça Oswaldo Cruz, podemos afirmar que as intervenções urbanas que foram feitas no local têm como objetivo principal adequá-la ao recebimento de espetáculos e turistas, já que pelas obras realizadas, esta praça foi transformada em um palco a céu aberto para a espetacularização do patrimônio cultural local. A mudança na forma do antigo Coreto com a construção de um camarim no subsolo e com um aumento no seu tamanho, agora com sua frente voltada para as escadarias da Igreja Matriz, utilizada como uma arquibancada nos possibilita fazer esta afirmação.
Famoso por suas marchinhas, o Carnaval de São Luiz tem sido uma das manifestações culturais que se enquadra perfeitamente na dinâmica do turismo, sendo uma festa que superlota os espaços da cidade. Apesar de ser uma festa relativamente nova na cidade, sendo realizada desde 1982, é tratada como um dos carnavais mais tradicionais do Brasil (14).
Mesmo com sua nova função de atrativo turístico, a cultura local vem passando por um processo de mudanças decorrentes de transformações sócio-espaciais, mas podemos afirmar que a sua base de sustentação enquanto manifestação cultural popular ainda sobrevive. As manifestações estão sofrendo uma releitura, mas dentro do possível, mantém suas características básicas. Mesmo com os problemas levantados a respeito deste patrimônio, ele ainda é o grande diferencial do município, tratando-se de um atrativo turístico local muito importante. Devido à necessidade de obter resultados a curto prazo, o poder público local vem valorizando este patrimônio pautado em intervenções urbanas pontuais, o que, a longo prazo, pode significar sua completa transformação.
O patrimônio cultural de São Luiz do Paraitinga num contexto de evolução e mudanças
Como já foi colocado anteriormente, a cafeicultura deixou no município um patrimônio cultural muito expressivo, mas após sua estagnação, também deixou a economia da cidade em decadência. Com queda acentuada na produção do campo no início da década de 1980, tivemos um processo de aglutinação das terras, antes parceladas em pequenas propriedades, processo que obrigou muitas famílias a migrarem rumo a cidade. Muitas famílias, ao venderem suas terras, passaram a ser assalariados na mesma terra, porém, morando na área urbana. Foi uma mudança aparentemente natural, mas que vem refletindo na fisionomia dos espaços da cidade já que acentuou a expansão urbana local.
O êxodo rural causado com estas mudanças no campo vem desencadeando algumas mudanças na cultura local que, por se tratar da cultura caipira (15), está se transformando no tempo e no espaço. Onde tínhamos uma série de pequenas propriedades hoje temos grandes fazendas (16) que, mesmo mantendo um bom número de postos de trabalho na zona rural, afasta essa população de suas tarefas tradicionais, base da cultura local, pois todos agora são funcionários assalariados destas fazendas.
Para o patrimônio cultural local estas fazendas podem significar uma brusca transformação, mas sem elas, um grande número de famílias estaria sem rendas. Portanto, temos uma questão complexa e contraditória que precisa de uma solução para satisfazer ambas as partes, e que seja compatível com a nova dinâmica que está por se instalar no município com a afirmação do turismo, extremamente dependente do patrimônio cultural local. Não podemos desprezar os malefícios destas grandes propriedades em termos de mudanças nas formas culturais, mas também não podemos desprezar seus benefícios, assegurando um considerável número de postos de trabalho no município.
Com sua ida à cidade, muitos destes habitantes estão sendo enquadrados na cultura urbana, mesmo que de forma precária, deixando seus hábitos e costumes tradicionais em segundo plano. Como relata Judas Tadeu, 62, luizense, professor aposentado (17),
“(...) quando eles vieram da roça para cá, eles se transferiram para a cidade junto com as suas coisas, trouxeram a cultura também, só que trouxeram a cultura e tiveram que se adaptar a uma nova realidade, a uma realidade urbana, eles estão adaptando também a cultura a uma realidade urbana, a Folia de Reis, o Moçambique, as coisas que existem aqui estão se adaptando a uma realidade urbana, é uma releitura, uma reinterpretação daquela cultura, agora no que vai dar isto, eu não sei (...)”.
Como destaca Fortuna (18), ao analisar as mudanças nas funções das manifestações culturais em Évora, Portugal, voltando-as ao entretenimento do turista, as imagens de uma cidade, expressa em suas manifestações culturais, vem sofrendo um processo de releitura, onde a tradição assume um novo código. Na cidade de São Luiz do Paraitinga temos uma peculiaridade na construção da sua imagem como um local onde prevalece o tradicional, pois apesar de ser uma construção simbólica ligada ao espaço da cidade, muito de suas formas e manifestações provém da zona rural, ligadas aos modos de vida do caipira. Temos uma construção simbólica onde as práticas cotidianas do campo condicionam as manifestações que se dão na cidade, já que na sua origem, São Luiz do Paraitinga foi uma cidade que nasceu em função da sua produção agropecuária.
É importante afirmar aqui que a refuncionalização territorial está, hoje, fortemente associada ao processo de refuncionalização da cultura que tem ganhando destaque nos lugares atrativos para o turismo. Ao partir para uma série de intervenções urbanas visando o desenvolvimento do turismo podemos afirmar que as práticas culturais específicas de cada território assumem novos conteúdos e passam a ser incorporados como bens atrativos dos lugares. O turismo acelera este processo, pois depende destas manifestações para a sua afirmação, independente da situação e do contexto.
Ao pensarmos a questão da função de um patrimônio cultural fica claro que o processo de mudança é dinâmico, seguindo as aspirações sociais de cada período histórico. Podemos afirmar que sua base de sustentação, dentro do processo histórico e social, vem sendo transformada e recriada para atender novas necessidades, induzidas por vetores externos ao lugar. Há vinte anos atrás fazer turismo em São Luiz do Paraitinga era uma atitude fora do contexto; com a valorização do pitoresco, do singular, do patrimônio vernacular, iniciado no começo da década de 1980, esta cidade começou a chamar a atenção por sua arquitetura e por sua cultura imaterial, e passou a despontar como um ponto de atração cada vez mais procurado, sobretudo por turistas alternativos e pesquisadores, na Festa do Divino Espírito Santo e durante o Carnaval, festas em que o número de turistas atinge seu ápice (19).
Este processo que está se desenvolvendo em São Luiz do Paraitinga através da refuncionalização da sua cultura popular nos ajuda afirmar a dinâmica das formas-conteúdo. Na década de 1950, de acordo com a descrição de Petrone (20), São Luiz possuía uma cultura classificada como medíocre. Para o geógrafo, “(...) São Luiz possui uma função cultural sem nenhum realce (...)”. Atualmente São Luiz é destaque devido ao seu rico patrimônio cultural conservado. Mudou-se a estrutura da sociedade, mudaram-se os valores e valorizou-se o singular, conseqüentemente, a cultura local foi destacada como atrativo turístico. Uma das grandes atrações culturais do município é o famoso Afogado, comida servida durante a Festa do Divino, que vem tendo sua confecção e seu consumo espetacularizados; o Afogado é uma comida típica da culinária caipira local. Trata-se de um cozido composto basicamente de carne bovina e farinha de mandioca acompanhado de aguardente de cana. Este prato é servido na Festa do Divino ao povo que para lá se dirige durante sua celebração. Muitos acreditam que esta comida, por ser servida durante a festa, é benta, uma comida que vem com a graça do Divino. Um prato comum no município, porém exótico e atrativo para o turista.
A cultura local hoje é vista como um dos trunfos no momento de atrair turistas, principalmente durante o Carnaval e a Festa do Divino Espírito Santo. Uma cultura que sempre foi tratada pejorativamente, com a valorização do pitoresco, do peculiar, um estilo de vida tido como inferior passou a ser exaltado e visto como um verdadeiro modus vivendi, que deve ser mantido. Agora todos devem ter orgulho de ser caipira, o que era impensável há 30 anos atrás, pois o caipira significava um retrocesso social para o Brasil, materializado na imagem estigmatizada do Jeca Tatu do romancista Monteiro Lobato.
Com a possibilidade de ser vendida e consumida pelo turista, a cultura caipira foi envolvida em uma aura de positividades e adquiriu um novo sentido perante a sociedade. O que está imperando nesta transformação, pelo que se percebe em São Luiz, é o paradigma do consumo em detrimento dos hábitos e costumes do povo local. Com isso tem início um intenso processo de mudança cultural.
A cultura é dinâmica, evolui e se transforma, mas são os novos conteúdos sociais que incorporam novos sentidos à cultura, quer material ou imaterial. Até o momento não podemos apontar muitas mudanças na suas formas de representação, mas temos sim uma mudança na sua função, agora voltada ao entretenimento do turista. O cênico não sofreu muitas alterações, porém o seu sentido ritual, mítico, vem se perdendo no tempo. Os ritos, agora, são realizados independente da ocasião; se tem turista na cidade, tem que ter Moçambique, Congada, João Paulino, enfim, tem que ter uma atividade da cultura local.
Mesmo admitindo a natureza dinâmica da cultura, é importante salientar que a refuncionalização turística contemporânea do patrimônio vem se sobrepondo aos modos de vida locais, aos calendários festivos, aos rituais, geralmente ligados a Igreja Católica e a vida no campo. O patrimônio cultural fica à mercê do tempo do entretenimento. A título de exemplo, atualmente, a Folia do Divino Espírito Santo se apresenta em qualquer dia e horário, e não somente nos atos relacionados aos dias de festa, que geralmente ocorre no mês de maio, sofrendo descaracterizações em seu ritual e em seu sentido enquanto agradecimento a Deus pelas boas colheitas. A encenação continua a mesma, mas o seu sentido vem sendo desfigurado.
Para a população local, apesar de suas apresentações e encenações ficarem cada vez mais à mercê de interesses ligados ao mercado, muito de suas tarefas tidas como atrativas para o turista ainda são desenvolvidas natural e rotineiramente. Se chegarmos no município e questionarmos qualquer habitante local sobre suas verdadeiras intenções com relação a participar de uma procissão do Divino, as respostas serão unânimes: participo porque acredito no Divino; porque este ano foi muito bom para minha roça, para meu comércio, para minha família, então venho na procissão para agradecer sua graça. Já a mesma pergunta feita a um turista (21) teve como resposta: como é bonita esta procissão; como as pessoas respeitam o santo; como a cidade mantém suas tradições, mas nada é comentado a respeito da devoção ao santo ou da fé religiosa. Para o forasteiro trata-se de uma manifestação efêmera e muito atrativa, porém, seu caráter litúrgico é irrelevante.
Antônio Candido (22), em seu celebre estudo sobre a cultura caipira, faz uma colocação interessante a respeito das mudanças nos sentidos das práticas locais em função de vetores externos ao lugar, o que nos permite fazer um paralelo e justificar o processo de refuncionalização turística que vem se dando em São Luiz amparado nas suas manifestações culturais. Segundo o antropólogo a mudança de sentido atribuído à caça pela sociedade moderna, transformando-a em esporte, nos permite fazer um paralelo com as mudanças culturais já que a caça como subsistência do caipira foi substituída pela caça como esporte. “(...) o que era básico se torna acessório, o acessório se torna básico, e vemos um meio de subsistência tornar-se atividade lúdica, dando lugar a uma constelação inteiramente renovada (...)” (23). Podemos apontar o mesmo caminho para a cultura popular local, já que sua função passou a ser nova.
O poder público local, por sua vez, contribui e acelera este processo criando uma série de eventos sazonais e pontuais no intuito de atrair mais turistas, apesar do discurso estar pautado na valorização da cultura local. Muitos destes eventos acabam não se perpetuando e rapidamente são substituídos por outros, como a tentativa de criação de uma feira de produtos agropecuários aos sábados, fora do espaço do Mercado Municipal e de seus arredores. A Roça vai a Cidade, como ficou conhecido este evento, sucumbiu, pois a população não o sustentou enquanto atividade cotidiana e a feira não se afirmou. Hoje ela não existe mais e as compras destes mesmos produtos continuam sendo feitas nos arredores do Mercado Municipal, pois o mesmo ainda se encontra fechado devido a sua reforma, já finalizada.
Estudiosos consideram que a cultura, por representar o modo de vida de um povo, não pode ser reduzida a um objeto, já que ela é a sociedade em suas atividades rotineiras; porém, quando estas atividades passam a ser o atrativo, podemos afirmar que esta fica descolada da realidade local, transformada em produto, e reduzida a um bem passível de ser vendido no mercado. Enquanto a Folia de Reis se apresenta nas festas litúrgicas, dentro de seu sentido religioso ela não deve ser vista como um objeto, mas a partir do momento em que esta mesma Folia de Reis se apresenta no Viola Minha Viola da Tv Cultura, seu sentido passa a ser outro, divulgar a cidade e seus produtos. Como coloca Leite (24): “(...) essas apresentações ocorrem, obviamente, na forma alterada de espetáculo, bem diferente das demoradas festas populares que caracterizam essas manifestações (...)”. Podemos dizer que se trata de um fast-food cultural, onde em um curto período o turista consome toda uma tradição secular, agora reduzida ao instante.
A mídia, em conjunto com o poder público, exerce um papel importantíssimo nesta construção de uma imagem atrativa, amparada na memória do patrimônio de São Luiz voltada ao entretenimento. A título de exemplo, recolhemos algumas das reportagens divulgadas na mídia exaltando a cultura da cidade enquanto um atrativo turístico:
- “Em Paraitinga, carnaval a moda antiga” (Folha de Londrina, Caderno Turismo, 7 de fevereiro de 2002);
- “A cidade das mil festas” (Os Caminhos da Terra, julho/2000);
- “Interior de SP une o sagrado e o profano” (Folha de São Paulo, Turismo, 11 de maio de 1998);
- “Cidade do interior de SP promove evento para resgatar figura do Saci” (Folha de São Paulo, Cotidiano, 6 de setembro de 2003);
- “Cenas de Vida Caipira” (ValeParaibano, ValeViver!, 6 de novembro de 2004);
- “Carnaval a Moda Antiga” (ValeParaibano, ValeViver!, 3 de fevereiro de 2005);
- “Marchinha toma conta de São Luiz” (ValeParaibano, ValeViver!, 21 de janeiro de 2005);
- “Anti-samba, São Luís do Paraitinga cultiva marchinha” (Folha de São Paulo, Turismo, 27 de janeiro de 2005);
- “Cidade de SP faz festival de marchinhas” (Folha de São Paulo, Cotidiano, 6 de setembro de 2005);
- “Figuras luizenses viram bonecos gigantes” (Folha de São Paulo, 27/01/2005. Turismo, 27 de janeiro de 2005).
João Rafael Coelho Cursino dos Santos, 22, comerciante, natural de São Luiz do Paraitinga vê o interesse financeiro se sobressaindo aos sociais nesta nova forma de apropriação da cultura local. Para ele:
“(...) o interesse financeiro vem sendo visado como ponto principal, esquecendo-se que assim a cultura – responsável por todo nosso turismo – possa se tornar algo cuja função é apenas de entreter. (...) como em várias cidades no mundo, esta nova visão pode permitir, se feito de forma sustentada, uma maior valorização, inclusive pela sua própria população, dos aspectos culturais e/ou históricos da cidade. (...) em São Luiz, faltam aspectos cruciais ao turismo e seus gestores ainda não conseguiram dar esta base de sustentação que o transforme não apenas em instrumento enriquecedor e, sim num instrumento que valoriza e não deprecia sua cultura (...)”.
Judas Tadeu, 62, também questiona o papel que a mídia e o poder público vem desempenhando quanto ao patrimônio e a cultura local: “(...) a cidade está cheia de problemas em sua estrutura básica e a Prefeitura ainda fica fazendo propaganda na televisão, no ValeParaibano, isto é complicado e não é bom para a cidade (...)”, afirma o professor.
Ao conversar com um representante da Sociedade dos Observadores de Saci (SOSACI), uma ONG que trabalha com a recuperação e conservação de mitos e lendas populares e escolheu São Luiz como sede por sua riqueza cultural, este classifica a utilização da cultura como atrativo turístico, e, se feita de uma forma racional e coerente, em comum acordo com os interesses dos habitantes locais pode trazer benefícios à comunidade, caso contrário ela vai ficar perdida na memória, afirma Jô Amado, 61 anos, jornalista e comerciante, morador na cidade há 3 anos:
“(...) num momento em que o modelo capitalista vigente excluiu a produção, no sentido tradicional da palavra, e, conseqüentemente, o emprego, o setor terciário, de serviços, surge como alternativa de sobrevivência. O turismo e a cultura se enquadram neste setor. Conduzida com inteligência, essa dinâmica pode proporcionar benefícios para uma população carente, o que ainda não acontece aqui (...)”.
São Luiz do Paraitinga, seguindo uma tendência global, vem buscando entrar no circuito turístico nacional, tendo como base de apoio seu patrimônio cultural. Como nas demais cidades, o poder público partiu para uma série de intervenções em seu conjunto arquitetônico tombado, negligenciando a dinâmica social cotidiana deste lugar. Foram iniciadas uma série de intervenções urbanas na cidade, em áreas que sustentavam ricas práticas de sociabilidade local, como a Praça Oswaldo Cruz e o Mercado Municipal, sem levar em conta que estas áreas terão suas funções e seus usos cotidianos alterados, podendo desencadear um resultado inverso do esperado pelo poder público, ou seja, desmantelamento de grande parte da expressão cultural local que, baseada em práticas cotidianas tradicionais – como os encontros e as conversas que se davam entre os mais velhos sob as sombras das árvores da praça, que já não existem mais –, que expressavam um modo de vida que funcionava também como um atrativo turístico do lugar (25). Sua vida simples e pacata, as rodinhas de contadores de causos, o pouco movimento de automóveis e transeuntes, são tão atrativos ao turista dos grandes centros urbanos quanto uma procissão religiosa, mas são tradições locais negligenciadas pelo poder público local.
Ao impor uma nova função ao patrimônio cultural, o poder público pode acelerar a descaracterização da cultura, desvirtuando-a em função de resultados econômicos de curto prazo. No longo prazo, com problemas sócio-ambientais que podem ocorrer pela ausência de planejamento, a cidade pode cair no esquecimento novamente, fato que já ocorreu com a decadência da cafeicultura.
Para que a preservação e a utilização do patrimônio cultural se torne eficaz e tenha um sentido mais amplo para a população local, é preciso integrá-la na dinâmica das cidades. Os projetos de preservação devem manter as características da cidade, suas informações e seus significados, mesmo estando abertos às transformações decorrentes da evolução sócio-espacial. As intervenções e a refuncionalização do patrimônio cultural (material e imaterial) devem ser realizadas valorizando o cotidiano e as características que lhe atribuem uma peculiaridade interessante do ponto de vista da atração turística e também da população local.
Devido a este processo, a comunidade local passa a se sentir deslocada diante de um novo cotidiano: sentem a falta do vínculo com o território criado para o turismo já que estas novas territorialidades passam a ter características sazonais. A construção do objeto turístico se dá pelo simbólico, se dá na satisfação de determinadas fantasias criadas pela sociedade e pelas próprias empresas turísticas. Busca-se sempre a novidade, o desconhecido: “(...) trata-se, pois, em converter os sonhos em ações e toda habilidade turística consiste, então, a levar a clientela em direção a estes lugares selecionados, aos lugares-imagens” (26).
Ao tomar o patrimônio cultural como um vetor de desenvolvimento econômico-social por meio da sua utilização como suporte atrativo, temos que objetivar diminuir as desigualdades sociais, trabalhando-o como uma ferramenta de promoção de equidade social. A utilização do patrimônio precisa ser revertida em benefício da comunidade que vive este patrimônio, o que geralmente não ocorre, pois ao entrar no jogo do mercado sobre-valorizados com o rótulo de patrimônio, os especuladores e investidores acabam tomando de assalto estas áreas com o objetivo de obter cada vez mais lucros, expulsando os antigos usuários. Ele não pode ser utilizado como mais um vetor de exclusão sócio-espacial, mas sim como um vetor de inclusão na medida que poderá propiciar melhorias econômicas à comunidade em que este se encontra.
Em São Luiz do Paraitinga o patrimônio local é muito relevante para a formação cultural do habitante, servindo de fonte de conhecimento e de inspiração no desenvolvimento de suas tarefas cotidianas, principalmente as relacionadas à criação cultural. A cultura local é muito ligada ao patrimônio arquitetônico, como podemos perceber pelas declarações de alguns artistas locais, sendo sempre cantado, desenhado, pintado, esculpido e materializado nas mais diversas formas de manifestações culturais que lá se desenvolvem.
Em um trecho extraído da poesia “Gregos e Parahytinganos”, contida no ensaio Parahytinga SLD de autoria de Marco Rio Branco, compositor e escritor luizense, percebemos a preocupação com a preservação da arquitetura local e também a influência destas obras na formação cultural da comunidade local.
“(...) Nunca faz que vai, mas não vai. Vai mesmo. Para nunca mais. Eu te quero tudo e o mais. Poesias arquitetônicas de uma nau cidade. Uma nave cidade? (...)”.
Por meio desta quadra escrita por Seu Toninho do Bar (In Memorian), folclorista local, podemos enxergar a influência da arquitetura nas atividades culturais, exaltando os materiais (o barro), a metodologia construtiva (barreado), as benesses da formação natural (quaricanga) e a devoção com a igreja. O material e o imaterial são exaltados, de forma inconsciente, pois fazem parte do cotidiano local.
“Tamém fizemo uma capela
De pau fincado no chão
Cobriro com quaricanga
Pranta da região
Barriaro as parede
Não dexaram nem um vão (...)“.
(Trecho extraído de uma poesia sem título composta por Antonio Nicolau Toledo (in memórian))
Ao ser questionado sobre a relação da cultura e a arquitetura em São Luiz, Rio Branco, 53 anos, enfatiza essa relação como primordial. Para ele: “Uma coisa está muito atrelada à outra, é impossível um viver sem o outro, um ajuda a preservar o outro. O dado cultural é muito forte, é o canto da rua, é o que explode e o que implode das paredes do casarão”.
Ponto de vista também ressaltado por Paulo Baroni, 45 anos, musico e compositor luizense: “(...) são duas coisas que andam juntas. O cenário tem tudo a ver com a inspiração cultural. As pessoas que lidam com a cultura se inspiram no casarão. Então devemos manter esse casarão para mantermos a inspiração da cultura local (...)”, afirma Paulo.
Maria Campos da Silva Velho, Dona Cidoca como é carinhosamente conhecida na cidade, também deixa sinais que nos permitem apontar a influência da arquitetura na sua produção literária, relembrando e exaltando as qualidades de uma praça que não é mais a mesma, mas continuou presente em sua memória. A autora já coloca a praça em seus sonhos, meio que prevendo a sua transformação pelas mudanças que já vinham ocorrendo na cidade em meados da década de 1980.
“Jardim da minha cidade,
De encontros termos, tristonhos...
És o abrigo da saudade
Na passagem do meu sonho (...)” (27)
Assim, visando o fortalecimento da prática da cidadania, a sociedade deve ter a liberdade e o esclarecimento para decidir, e normalmente decide instintivamente, o que vai ser preservado. Devido a pouca liberdade de decisão e de esclarecimento quanto ao seu papel na sociedade, raramente as histórias populares são preservadas oficialmente, sendo preservado somente o que tem interesse e significado político para as classes de poder econômico dominante. É importante que os projetos de preservação sejam apoiados nas vivências das pessoas, pois, caso contrário, a estratégia de preservação perde seu sentido social. Não adianta tentar preservar o que é delimitado pelo Estado ou pelos intelectuais e técnicos, enfim, pelas instâncias de poder, mas sim preservar o que realmente tem sentido enquanto memória do e para o lugar (28).
Ao pensarmos em qualquer projeto de preservação, temos que pensar nos fins sociais deste processo, pois uma forma-conteúdo sacralizada como patrimônio, não deve perder o sentido para a população que nela vive, ou, a partir dela, se reconhece. O patrimônio cultural e arquitetônico pode ser trabalhado como um ponto de partida para novas ações culturais do presente, se tratando de uma ponte para relacionar funcionalmente, elementos culturais do passado e elementos culturais do presente para daí sim partir para políticas efetivas visando a afirmação do turismo como vetor de desenvolvimento local.
São Luiz do Paraitinga possui poucas possibilidades para seu desenvolvimento sócio-econômico e o turismo pode ser um excelente vetor de inclusão e, ao mesmo tempo, de valorização da cultura local, porém, pelos rumos que estão sendo adotados, podemos apontar que a cidade caminha no mesmo sentido de outras cidades que tentaram implantar o turismo. Ao executar uma série de ações que descaracterizam seu patrimônio, o município passa a oferecer as mesmas atividades que encontramos em todas as cidades que vivem do turismo, com shows e espetáculos que pouco fazem sentido para a população local. Caso o município siga esta tendência podemos afirmar que o turismo trará poucos benefícios para a sua população e, ao mesmo tempo, irá acelerar a descaracterização de seu patrimônio cultural material e imaterial.
notas
1
O município de São Luiz do Paraitinga fica localizado no Alto Vale do Paraíba do Sul, distando cerca de 170 Km da capital do Estado, a cidade de São Paulo. Possuindo uma área de aproximadamente 737 Km2 o mesmo apresenta um clima tropical de altitude e uma topografia montanhosa. O município, localizado à altitude média de 749 m, faz divisa com os municípios de Taubaté, Ubatuba, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Lagoinha e Cunha. A cidade está sobre um trecho do médio vale do Paraitinga, no planalto cristalino do reverso da Serra do Mar. O município possui como principal acesso a Rodovia Estadual Dr. Oswaldo Cruz, SP-125, que liga a cidade de Taubaté à Ubatuba.
2
PETRONE, Pasquale. “A região de São Luiz do Paraitinga”. In: Revista Brasileira de Geografia. v. 1, n. 3, 1959, p.82.
3
DEAN. Warren. A ferro e fogo. A história da devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo, Cia das letras, 1997, p.290.
4
O processo de tombamento foi iniciado em 1969 e concluído com a Resolução 55 de 13 de maio de 1982, inscrevendo a cidade no Livro do Tombo do Estado de São Paulo. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. São Luiz do Paraitinga: revitalização do Centro Histórico. São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 1982.
5
Adotaremos o termo refuncionalização por considerá-lo mais adequado para uma abordagem geográfica, porém, é comum, em trabalhos relacionados a patrimônios, utilizar-se os termos revitalização, renovação, requalificação, restauração, enobrecimento, gentrification, entre outros. Mesmo com seus diferentes usos, estes termos são geralmente utilizados considerando as interferências materiais.
6
LEITE, Rogério Proença. Contra-Usos da cidade. Lugares e espaço público na experiência urbana contemporânea. Campinas/SP: Editora da Unicamp; Aracajú/SE, Editora UFS, 2004.
7
Em abril de 2001 a cidade foi classificada como Estância Turística do Estado de São Paulo, passando a receber uma verba anual oriunda do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (DADE), órgão ligado a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Assim, deu-se início a um intenso processo de requalificação dos equipamentos urbanos do município, principalmente os existentes no centro histórico. Com os recursos obtidos a cidade foi transformada em um canteiro de obras; foram realizadas, a reforma da Praça Oswaldo Cruz (projeto aprovado pelo Condephaat – Processo nº 43.352/02 – em 18 de agosto de 2003. Verba de R$ 349.664,05), a restauração do Mercado Municipal (projeto aprovado pelo Condephaat – Processo nº 44.395/02 – em 15 de setembro de 2003. Verba de R$ 330.000,00) e a reforma do calçamento das ruas do entorno da praça.
8
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica, Tempo, Razão e Emoção. São Paulo, EDUSP, 2002.
9
SANTOS, Milton. Op. Cit., p.109.
10
SANTOS, Milton. Op. Cit., p. 125.
11
LUCHIARI, Maria Tereza Duarte Paes. “A Mercantilização das Paisagens Naturais”. In: BRUNHS, Heloisa Turini; GUTIERREZ, Gustavo Luis (orgs). Enfoques Contemporâneos do Lúdico: III Ciclo de Debates Lazer e Motricidade. Campinas-SP, Autores Associados, Comissão de Pós Graduação da Faculdade de Educação Física da Unicamp, 2002, p. 40.
12
ZUKIN, Sharon. “Paisagens pós-modernas urbanas: mapeando cultura e poder”. In: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 24. Brasília, IPHAN, 1996, p. 218.
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Aqui cabe uma colocação a respeito da diferença existente entre a função e o uso que podem ser dados ao patrimônio arquitetônico. Em São Luiz podemos afirmar que atualmente a função do patrimônio arquitetônico é de cenário, atração, porém seus usos continuam sendo os mesmos, de moradia e misto, caracterizado por casas no andar superior e comércio no piso inferior. Para o patrimônio imaterial podemos apontar as mesmas diferenças, aonde, o que era uma atividade cotidiana religiosa, como a Festa do Divino e seus rituais, tornou-se um espetáculo. Para a população local os usos destas celebrações continuam sendo os mesmos, a devoção ao santo e o exercício da fé, porém, para o turista é um atrativo pitoresco e peculiar.
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O Carnaval luizense, conhecido como o Carnaval do Rabo e Chifre, é famoso por suas marchinhas carnavalescas e por ser um legítimo carnaval de rua. Suas fontes de inspiração são as lendas e mitos da cultura luizense, resgatando a imagem de personagens e histórias marcantes na cidade. Outro ponto que atrai no carnaval local são os famosos bonecões gigantes que circulam com os blocos pelas ruas do Centro Histórico, ironizando personagens e eventos marcantes da cidade. Entre os blocos de destaque podemos citar o Juca Teles dos Sertões das Cotias, o Bloco do Lençol, o Pé na Cova, o Pique das Traias, o do Caipira, o Espanta Vaca, o da Maricota, dentre outros.
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O estilo de vida caipira é utilizado de acordo com as definições de Candido: “Cultura ligada a formas de sociabilidade e de subsistência que se apoiavam, por assim dizer, em soluções mínimas, apenas suficientes para manter a vida dos indivíduos e a coesão dos bairros”. Segundo o mesmo autor, “(...) a cultura do caipira, como a do primitivo, não foi feita para o progresso: a sua mudança é o seu fim, porque está baseada em tipos tão precários de ajustamento econômico e social, que a alteração destes provoca a derrocada das formas de cultura por eles condicionadas”. CANDIDO, Antonio. Os parceiros do rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação de seus meios de vida. São Paulo, Duas Cidades/Editora 34, 10ª ed., 2003, p. 103 e 107.
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Em meados dos anos de 1980 a Simão Papel e Celulose começou a comprar terras no município visando a produção de eucalipto para a fabricação de papel e celulose. Com a boa ambientação desta cultura estas fazendas só tem aumentado em número e em área em São Luiz do Paraitinga. Atualmente a Simão Papel e Celulose foi incorporada pelo Grupo Votorantin.
17
Todas as entrevistas aqui apresentadas foram todas realizadas durante os meses de outubro e novembro de 2004.
18
FORTUNA, Carlos. ”Destradicionalização e imagem da cidade. O caso de Évora”. In: FORTUNA, C. (org.). Cidade, Cultura e Globalização. Oeiras, Celta Editora, 1997, p. 235.
19
Enquanto a população de São Luiz do Paraitinga é de 10.429 habitantes (IBGE – 2001), no Carnaval de 2005, a sua população atingiu o número de aproximadamente 10.000 visitantes por dia, segundo estimativas da Prefeitura Municipal de São Luiz do Paraitinga.
20
PETRONE, Pasquale. Op. Cit., p. 88.
21
As posições dos turistas a respeito das manifestações culturais da cidade foram conseguidas através de conversas abertas entre o pesquisador e os turistas durante as festividades de Natal e de virada do ano de 2004 para 2005. Mesmo não se tratando de um período de festas tradicionais na cidade, a mesma recebeu um bom número de visitantes.
22
CANDIDO, Antonio. Op. Cit.
23
Idem, p. 38.
24
LEITE, Rogério Proença. Op. Cit.
25
É uma tradição muito antiga na cidade, aos sábados, domingos e dias de festa nos finais de tardes, os habitantes do município se dirigirem à praça Oswaldo Cruz para dar voltas andando no seu quadrilátero externo, conversando e encontrando com amigos e conhecidos. É interessante que, visando facilitar encontros entre casais, os homens andavam no sentido horário e as mulheres no sentido anti-horário. Com a extinção deste quadrilátero maior as voltas poderão perder sentido e ser esquecidas.
26
ALMEIDA, Maria Geralda de. “Cultura – Invenção e Construção do objeto turístico”. In: Espaço Aberto. Fortaleza, AGB – Seção Fortaleza, 1998, p.23.
27
Trecho extraído de AZEVEDO, Paulo de Campos. Paraitinga no meu tempo. São Paulo, Gráfica Sangirard Ltda, 1986, p.150.
28
ARANTES, A. A. Produzindo o Passado. Estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo, Brasiliensis, 1984.
bibliografia complementar
AGUIAR, M. São Luiz do Paraitinga usos e costumes. Revista do Arquivo: Departamento de Cultura, São Paulo, vol. 71, 1949.
LUCHIARI, Maria Tereza Duarte Paes. “A reinvenção do patrimônio arquitetônico no consumo das cidades” (pp. 95-106). In: GEOUSP – Espaço e Tempo, Revista do Departamento de Geografia/USP, N. 17, 2005.
SAIA, Luis. & TRINDADE, Jaelson Bitran. São Luiz do Paraitinga. São Paulo, CONDEPHAAT, nº 2, 1977.
PRADO SANTOS, Carlos Murilo. (2006) “O reencantamento das cidades: tempo e espaço na memória do patrimônio cultural de São Luiz do Paraitinga/SP”. Dissertação (Mestrado em Geografia – Instituto de Geociências – Unicamp) Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP.
sobres os autores
Carlos Murilo Prado Santos é Geógrafo, mestre em Geografia pelo Departamento de Geografia, Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Maria Tereza Duarte Paes Luchiari é Geógrafa, Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, professora doutora do Departamento de Geografia, Instituto de Geociências (Dgeo/IG), da Universidade Estadual de Campinas/Unicamp.