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Tratar uma estação de bombeamento de esgoto com elegância e ousadia foi o desafio dos arquitetos Moacyr Moojen Marques e Sergio M. Marques em obra inaugurada em 2011.

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PORTAL VITRUVIUS. EBE Cristal. Projetos, São Paulo, ano 12, n. 135.05, Vitruvius, mar. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.135/4302>.


Ação urbanística, normalmente de pouca visibilidade e máxima importância, o sistema de canalização e tratamento de esgotos do Programa Integrado Sócio Ambiental – PISA, em andamento, dá sequência à outros que já há mais de trinta anos, com ações de saneamento e tratamento de efluentes na bacia hidrográfica do estuário Guaíba, envolvendo 40% do território do Rio Grande do Sul, além dos ganhos ambientais e sanitários evidentes, devolverão a curto prazo a balneabilidade do rio na capital, com expressivo impacto social. A etapa atual, composta de sistema de canalização robusta em sub-solo, paralela a margem, desde o Centro Histórico até o Bairro Cristal (7 Km), recebendo contribuições transversais, e subfluvial até a ETE no bairro Serraria (Fig. 1), dispõe de diversas estações de bombeamento para pressurização da rede, sendo a EBE Cristal, que antecede o trecho subaquático, de aproximadamente 11 Km, a maior delas.

O projeto arquitetônico desta estação, no entanto, além de resolver as exigências técnicas inerentes ao programa, objetivou também estruturar equipamento de uso coletivo, agregando espaços de eventos, exposições, belvedere público e idéia de recuperar expressão formal urbana de obras públicas desta natureza, nominada, por exemplo, pela Hidráulica do Moinhos de Vento. Trata-se portanto da concepção, adequação arquitetônica e paisagística de equipamento urbano de infra-estrutura, com volume e presença expressivos na paisagem urbana do Bairro Cristal, nas margens do estuário Guaíba, constituído de duas torres de vinte e seis metros e uma torre de doze metros de altura, de base circular, com diâmetro de sete metros e Casa de Bombas. O conjunto é composto pelos seguintes elementos:

Casa de bombas

Com esquema funcional, volumetria e implantação determinados significativamente pelos requerimentos dos projetos de engenharia, abrigando a parte mecânica principal da EBE, em diversos volumes e subsolo de seis metros de profundidade, estas edificações foram tratadas com relativa simplicidade, sistema construtivo e acabamentos padronizados pelo DMAE, buscando no entanto, ajustes na estrutura formal  de obras precedentes, deste gênero, realizadas pelo órgão, objetivando novo padrão.

Torres

A partir de diversas hipóteses formais para volumetria geral, o dimensionamento e posicionamento das torres, destinadas a regular o fluxo dos efluentes, foram definidos conjuntamente com os projetos de engenharia. A opção de desmembramento em três cilindros de concreto aparente, favoreceu a proporção visual dos volumes na paisagem, mantendo a capacidade e funcionalidade necessária. Desta maneira a articulação das chaminés com os espaços de uso  público foi determinante para o partido adotado.

Pavimento térreo

Espaço compacto com área para exposições e eventos, recepção para orientação de visitantes, divulgação de material didático sobre o programa e meio-ambiente. Deste pavimento, sobrelevado ao nível natural do terreno (5,00m), acessível por rampa desde o exterior, arranca elevador e escada panorâmica para os pavimentos superiores;

Nivel 8,916

Pavimento situado imediatamente acima do pavimento térreo, com acesso restrito através de escada e elevador, contém sala de apoio, pequena copa e cozinha;

Nivel 17,396

Pavimento de serviço com acesso restrito através de escada ou elevador que dá acesso a torre de menor altura através de passarela;

Mirante

Pavimento de acesso público (nível 24,18), através de escada e elevador, para contemplação da paisagem e atividades complementares às exposições e eventos do pavimento térreo. Este pavimento é coberto e aberto ao exterior com ventilação natural permanente, através do espaçamento entre vidros. Em balanço, o volume  metálico do mirante, idêntico ao do térreo, está apoiado na estrutura da escada metálica, que perfura o volume no centro, e suspenso por peças metálicas verticais ancoradas no topo das torres. Desta forma, através da flutuação de elemento importante, iluminado por constelação de luminárias, se intentou estabelecer diálogo formal e tectônico com as Tribunas do Jockey Club do Rio Grande do Sul;

Nivel 31,00

Pavimento de acesso restrito, através de escada de serviço, com passarela de ligação entre a cobertura das duas torres altas;

Circulação vertical

A escada, ancorada em vigas metálicas que travam todo o conjunto nas torres, teve seus lances subtraídos em um degrau a cada patamar, diminuindo assim a altura dos entrepisos e propiciando o desaprumo da estrutura e plano de fechamento lateral frontal, executado em chapa expandida, de maneira a diminuir sua projeção e permitir a perfuração do mirante até a cobertura, sem interferir na continuidade da transparência deste. O volume do elevador e patamares intermediários foram integralmente construídos com peças metálicas de estrutura e fechamentos, objetivando além de maior velocidade e racionalidade necessária à construção, leveza visual, compondo  visualmente junto com a escada, elementos  “elásticos esticados¨, unindo cada uma das partes.

Falar de caráter em obra pública é redundante, já que a natureza da obra define sua responsabilidade social e sua representatividade. Falar de forma, no entanto é indispensável. Neste projeto, a circunstancia técnica teve extraordinária determinação, o que ao contrário do pressuposto, contribuiu na solução e no sistema formal adotado recorrente nas abordagens construtivistas da arquitetura moderna.

ficha técnica

localização
Av. Diário de Noticias, Cristal, Porto Alegre-RS, Brasil

área do terreno
3.362,00m²

área construída
1.150,00m²

arquitetura
MooMAA_Moojen & Marques Arquitetos Associados
Arq. Moacyr Moojen Marques
Arq. Sergio M. Marques

colaboração
Arq. Bárbara Mello, Arq. Betina Cornetet, Arq. Valentina M. Marques

promotor
Prefeitura Municipal de Porto Alegre – PMPA
Secretaria Municipal de Gestão e Acompanhamento – SMGAE
Departamento Municipal de Águas e Esgotos – DMAE
Programa Integrado Sócio Ambiental – PISA

Projeto básico

arquitetura
Moojen & Marques AA

engenharia
Magna Engenharia

estrutura
Teísa Estruturas

elétrico
Eng. Luiz Piazza

hidrosanitário
Arq. Léo Cargnin.

mecânico
Eng. Adejalmo Gazen

Projeto executivo

arquitetura e paisagismo
Moojen & Marques AA

estrutural
Teísa Estruturas
Simon Engenharia
Módulo Engenharia

elétrico
Eng. Luiz Piazza

hidrosanitário
Arq. Léo Cargnin

construção
Consórcio Gel Engenharia, Construtora Tedesco, SAENGE

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