Os alemães sempre sonharam com a Itália, em especial com a cidade de Veneza, que sintetiza as melhores qualidades existentes do outro lado dos Alpes: o calor climático e humano, e uma cultura milenar superior, que se expressa na arte e na arquitetura. Não é a toa que o quase brasileiro Thomas Mann – sua mãe, Júlia da Silva Bruhns, nasceu em Parati – encenou ali Morte em Veneza, romance de 1912 que narra o amor platônico do escritor alemão Gustav von Aschenbach pelo adolescente polonês Tadzio. Veneza foi também a locação principal do musical Todos dizem eu te amo, com o triângulo amoroso Alan Alda, Julia Roberts e Woody Allen (também o diretor do filme) e elenco de primeira grandeza (Goldie Hawn, Natalie Portman, Tim Roth, Drew Barrymore e Edward Norton). No romance e no filme Veneza é um personagem ativo, com seus homogêneos canais, pontes, pátios e casario, em contraponto com a excepcionalidade de suas igrejas e da Piazza de San Marco. A beleza estonteante da cidade se renova a cada hora do dia, com as mudanças de ritmo das pessoas que se perdem em suas ruelas tortuosas. Dando ordem ao aparente caos, serpenteia elegantemente por sua estrutura urbana labríntica o Grande Canal. Erradiça e enigmática, Veneza é o cenário natural dos amores de qualquer tipo.
[texto de Abilio Guerra]
sobre o autor
Victor Hugo Mori, arquiteto (Mackenzie, 1975), foi Chefe de Restauro e Diretor Técnico do Condephaat e Superintendente Regional do Iphan-SP. Ingressou nos quadros do Iphan em 1987. Coordenador da Comissão de Patrimônio Histórico do IAB e Conselheiro do Condephaat e Conpresp. É Conselheiro do Condepasa, membro do Icomos e professor-convidado nos Cursos de Especialização em Restauro na Pós-graduação na Unisantos e na Unicsul. Autor de “Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos” (Imesp-Funceb, 2003) e organizador de “Patrimônio: atualizando o debate” (Iphan-Dersa, 2006)