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architectourism ISSN 1982-9930

Santos, vista do Monte Serrat. Foto Victor Hugo Mori

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Bruno Silveira Carvalho decidiu fazer uma viagem a trabalho / turismo rumo à Bienal de Buenos Aires. Ele relata sua experiência e impressões tanto do evento, quanto de suas andanças pela cidade argentina


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CARVALHO, Bruno. Bienal de Buenos Aires. Arquiteturismo, São Paulo, ano 03, n. 030-034.04, Vitruvius, ago. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/03.030-034/1548>.


Em meio à correria do dia a dia, consegui me organizar, dar uma parada na vida e embarcar a Buenos Aires na vizinha Argentina para a Bienal de Arquitetura. Vi as datas e a programação das conferências e me animei. Fiz a inscrição, comprei a passagem, reservei o hotel, conferi a previsão do tempo e me preparei para o frio.

Cheguei um dia antes do início das conferências, levei minhas coisas para o hotel, coloquei mais um casaco e fui passar o final de tarde em Puerto Madero. Ver os novos edifícios, o crescimento em direção ao mar e ter a sorte de desfrutar o pôr-do-sol na Puente de la Mujer do arquiteto Santiago Calatrava. No dia seguinte, pela manhã sai a pé do centro até o bairro da Recoleta, onde seria a bienal. No caminho passei pela gigantesca Avenida 9 de Julio, Obelisco, Teatro Colón (ainda em reforma) até avistar no eixo de uma das avenidas do bairro da Recoleta, a Igreja Na. Sra. Del Pilar. Seu conjunto é formado pelo cemitério (famoso cemitério da Recoleta) e convento (hoje Centro Cultural Recoleta onde seria a Bienal).

O edifício do convento dos Frades Recoletos que deram nome ao bairro, foi transformado em centro cultural pelo Arquiteto Clorindo Testa, com seus terraços e corredores onde aconteceu a XII Bienal de Arquitetura do dia 3 a 12 de outubro de 2009. Chegando ao evento, passei pela recepção para retirar meu crachá e pegar todo o material fornecido pela bienal (revistas, guia da bienal e catálogos). A estrutura e organização do evento foram uma surpresa: espaço de entrada com café, livraria, fornecedores, muitos sofás e  local de retirada do equipamento com tradução simultânea (principalmente do inglês para o espanhol). Subindo as escadas havia uma sala de imprensa, um grande auditório dividido em platéia para os arquitetos e mezanino para os estudantes. Eram em média 13 arquitetos por dia, durante quatro dias, totalizando 50 arquitetos, que falavam durante 45 minutos cada. As conferências começavam as 10:00hs e terminavam as 21:00hs, sempre com um intervalo para o almoço. As palestras foram muito interessantes: os arquitetos argentinos e principalmente o CAYC (Centro de Arte y Comunicación) se mobilizaram e trouxeram para a bienal grandes nomes da arquitetura atual e um panorama diverso da arquitetura mundial.

O grupo espanhol veio com um grande número de arquitetos, com trabalhos principalmente fruto de concursos de médio e grande porte de uso público. O arquiteto argentino radicado na Espanha, Mario Correia veio apresentar seus projetos em pequenas cidades da Espanha. Eram de uma arquitetura sóbria, condizente com o orçamento público. O grande destaque muito aguardado pelos estudantes, foi o arquiteto Espanhol Alberto Campo Baeza, que veio apresentar seus projetos de centros culturais, falando da importância da luz natural na concepção de seus projetos, citando como exemplo a surpresa ao entrar pela primeira vez no Pantheon de Roma, o que causa aquela grande emoção é a luz que vem do teto. Terminou sua apresentação em tom de protesto, dizendo que arquitetura não é fast-food e para a realização de uma boa arquitetura é necessário tempo e dinheiro.

Outros arquitetos de destaque foram os latino-americanos: mexicanos, argentinos e chilenos, que apresentaram um panorama da arquitetura contemporânea no continente, com projetos também fruto de concursos públicos de grande escala, com uso de técnicas e materiais de acordo com a realidade econômica de cada um dos países.

O arquiteto colombiano Laureano Forero, começou sua apresentação falando da simplicidade da sua arquitetura, condizente com a realidade econômica do seu país. E o arquiteto mexicano Javier Sanchez, com intervenções muito precisas em edifícios no centro histórico da Cidade do México, criou edifícios de habitação coletiva. Uma questão importante foi bem colocada pelo arquiteto chileno Cristian Boza: como a arquitetura não é possível com o trabalho individual, e sim com uma grande equipe não apenas de arquitetos, mas com diferentes profissionais.

O arquiteto mais esperado do primeiro dia de conferências foi o ganhador do Pritzker em 1985, Hans Hollein. Com mais de 50 anos de carreira, veio apresentar seus novos projetos cheios de vitalidade e inovações técnicas, como o edifício comercial na cidade de Lima, capital do Peru, considerado um dos grandes projetos contemporâneos na América Latina.

Teve ainda um panorama da arquitetura russa, indiana, os jovens arquitetos italianos e o arquiteto Brandon Haw, representante do escritório Foster & Partners.

Os arquitetos americanos vieram com projetos de grande escala, com apresentações sempre bem elaboradas, vídeos e muitas fotos. O arquiteto mais aguardado do evento, que compareceu a todas as 11 edições anteriores da bienal, Cesar Pelli, veio mostrar seus mais recentes trabalhos fruto de concursos internacionais, muito festejado pelo público presente.

Os quatro dias de conferência foram muito intensos, assim o intervalo para o almoço era um bom momento de descanso. Entre uma empanada e outra, dava tempo de dar uma olhada na exposição. O bairro da Recoleta foi mais um atrativo desta bienal: o Cemitério da Recoleta, os museus na região, como o Museu Nacional de Bellas Artes, suas praças, esculturas, como a Floralis Generica, gigantesca flor de metal que abre e fecha ao longo do dia.

Numa dessas caminhadas encontrei um dos grandes marcos da arquitetura argentina, a Biblioteca Nacional do Arquiteto Clorindo Testa, edifício modernista todo em concreto aparente com uma praça dividida em patamares e rampas, proporcionando uma sombra fantástica onde alguns faziam sua leitura e outros aproveitavam seus bancos para o almoço.

Terminadas as conferências, voltei outro dia somente para me dedicar às salas de exposição. Sem me preocupar com tempo, pude caminhar por suas salas, muitas delas dedicadas à arquitetura internacional, colocando no mesmo espaço obras de arte, maquetes e pranchas arquitetônicas. No corredor principal da Bienal me deparei com um projeto de Oscar Niemeyer para a cidade de Rosário na Argentina. Um complexo de auditório, praça e salas de exposição, na linha dos projetos que ele tem feito para a cidade de Niterói no estado do Rio de Janeiro.

Fazendo um balaço geral da bienal, volto ao Brasil cheio de energia da boa arquitetura mundial apresentada, principalmente na América Latina.

sobre o autor

Bruno Silveira Carvalho, arquiteto e urbanista (Mackenzie, 2002). Participação na 4ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, Sala São Paulo, em explicações aos visitantes. Trabalho em diversos escritórios de arquitetura, concursos e colaboração com outros arquitetos. Realização de matérias como aluno especial na pós-graduação da FAU USP

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