Por entre as tranquilas ruas do 14eme arrondissement de Paris encontra-se a Cidade Universitária. Com fácil acesso via RER – rede de transporte ferroviário interligada ao sistema de metrô da cidade –, este grande parque de 34 hectares, composto por quarenta casas de diferentes países do mundo todo, se torna a moradia de 5700 estudantes todos os anos.
A troca cultural é inevitável. Meio a todos os ambientes de interação propostos pelo espaço jovial – biblioteca, teatro, cafeteria, restaurante, quadras esportivas – e um grande jardim de uso livre, o encontro com diferentes costumes e o choque cultural são naturais. A todo o momento nos deparamos com atletas, grupos de yoga, estudantes de canto, praticantes de bocha (jogo muito comum na França, chamado de petanca), leitores, músicos, tenistas etc. Principalmente no verão, a Cité permite um leque variado de atividades, proporcionando aos residentes e visitantes uma verdadeira vivência de um espaço público internacional, com segurança e sem qualquer tipo de restrição.
Entre a Casa da Índia e a Casa da Noruega encontra-se a Casa do Brasil, projeto de Lucio Costa e Le Corbusier, datada de 1959. A chamada “Maison du Brésil” encontrava-se em estado lastimável até sua ultima grande reforma a partir de 2000, que através do esforço conjunto dos governos brasileiro e francês (que investiram aproximadamente 4,5 milhões de Euros) e doze meses de muito trabalho, foi realizada uma restauração completa. Hoje se encontra em ótimas condições, oferecendo o ano todo conforto e limpeza para estudantes e passageiros.
São aproximadamente 5.500 m2 de construção, distribuídos entre um grande térreo e cinco andares, comportando um máximo de 121 residentes. No total são 78 quartos individuais e 22 apartamentos para casais, dispostos em vinte unidades por andar. Os quartos individuais possuem ducha, geladeira e pia, com banheiro e cozinha coletivos em cada andar. Já os quartos de casal possuem banheiro e fogão dentro do cômodo.
A higiene e a organização não deixam a desejar. A limpeza dos espaços comuns é feita diariamente e a dos quartos uma vez por semana; já a roupa de cama – fornecida pela casa – é trocada a cada quinze dias. A lavanderia encontra-se no subsolo e é equipada com máquina de lavar e secar roupa, tábua e ferro de passar.
As áreas comuns para convivência dos moradores são extremamente utilizadas; um teatro, com capacidade para 150 pessoas, em que além de espetáculos são promovidas conferências, exposições e coquetéis; uma biblioteca, que possui aporte de livros oferecidos pela Embaixada do Brasil, totalizando hoje cerca de doze mil títulos, todos de referência brasileira; uma sala de televisão, situada no primeiro andar, em que se tem inclusive canais brasileiros; e o grande térreo, em que se tem uma sala dedicada a usos diversos, onde encontra-se a exposição permanente da casa – que consiste em quatro grandes painéis, dois dedicados à vida e obra de Le Corbusier e Lucio Costa, dois detalhando a construção da casa em 1959 e a grande renovação do edifício em 2000.
A estada se faz completa e principalmente acolhedora para os pesquisadores que chegam a ficar de um a quatro anos longe de suas casas. Lembrando que para ser residente é dada a preferência a pós-graduandos, bolsistas Capes ou CNPQ. Contudo, é aceito hospedes para períodos de estadia curtos, a um preço acessível, sendo indicado apenas checar a disponibilidade de quartos previamente.
sobre a autora
Maria Claudia Levy, estudante de arquitetura da FAU Mackenzie, encontra-se em Paris em intercâmbio com a Escola de Arquitetura de La Villette, e por um curto período morou na Maison du Brésil.