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architectourism ISSN 1982-9930

Vista panorâmica de Jaffa, Israel. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Este artigo é um registro de viagem de interesse turístico aos primórdios da arquitetura, esta experiência reporta um legado inacabado projetual que é refletido até o presente momento na cultura popular


how to quote

SANTOS JR, Sérgio Antonio dos. Egito. Um olhar através da arquitetura. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 065.04, Vitruvius, jul. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.065/4424>.


Como “arquiteturismólogo” acredito que a manifestação do homem pelo tempo acontece nas construções e por elas se perpetua. Ao entardecer chegamos ao aeroporto do Cairo, maior cidade da África fundamentalista islã com cerca de 16 milhões de habitantes, fomos trasladados ao hotel e durante o percurso atravessamos o bairro de Heliópolis, neste meio tempo a expectativa de contemplar as pirâmides torna-se cada vez mais forte. Na avenida principal ficava situada a residência de Hosni Mubarack (ex-presidente), tido como “o último faraó”, sua casa é apresentada como um ponto turístico que em momento posterior entende-se o motivo. As pirâmides ficam imersas na noite, mesmo no hotel que faz frente a elas não foi possível avistá-las, nem por um breve momento.

Imagem panorâmica do das Pirâmides de Gizé
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Ao acordar a primeira ação foi abrir a janela, uma imagem desfocada de um céu coberto por areia e pó. Durante o café da manhã conversávamos sobre as reportagens que ouvíamos do país, desde ataques terroristas ao costume regionalista de buzinar a todo instante.

Nosso roteiro incluía uma visita de dia inteiro à Necrópole de Gizé, onde se localizam as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, assim como a Esfinge esculpida em uma única rocha de mármore, frente única das sete maravilhas do mundo antigo e moderno, disse a minha colega de classe: O bom e velho Oscar Niemeyer tinha razão, “As pirâmides são tão belas, que a gente acaba esquecendo seu verdadeiro significado, (...) é neste momento que verdadeiramente acontece a arquitetura!” uma frase do documentário “a vida é um sopro”.

Imagem panorâmica do das Pirâmides de Gizé e Deserto do Saara
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

O dia ainda segue com visitas ao Instituto do Papiro, onde nos foi apresentado a forma de realização artesanal dos papiros, também visitamos o Museu Egípcio com a sua arte milenária e onde se guarda o tesouro do Túmulo de Tutankhamon, um fato triste comentado pelos egípcios, refere-se ao seu patrimônio ter sido espalhado pelo mundo, o acervo é menor comparado aos da Inglaterra e França. Conhecemos a Cidadela de Saladino e a Mesquita de Alabastro, onde o guia aproveita e nos conta um pouco sobre os cinco pilares da cultura islã e diz que sua religião abomina o terrorismo.

Arredores da Mesquita de Alabastro
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

No segundo dia embarcamos no vôo com destino a Luxor, fomos trasladados ao barco para cruzeiro pelo Nilo, onde seria realizada diversas paradas pelas cidades. Em Luxor visitamos o Vale dos Mortos que compreende o Vale Reis e Vale das Rainhas, os Colossos de Memnon e o Templo da Rainha Hatsepsut, neste ponto o guia pede que nos atentássemos as estatuas dos faraós, se a barba esta dobrada, significa que ele estava morto quando foi concluída, se estivesse reta ele ainda estava vivo. Pela tarde, visitamos o interior dos templos de Luxor, e Karnak que abrigam capitéis os formatos de papiro, que lembram os de Frank Lloyd Wright no Johnson Wax Building, e no formato de uma lotos no Lago Sagrado.

Colossos de Memnon
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Continuamos a navegação para Edfu, visitamos o Templo de Horus – deus representado por um falcão. Navegação para Kom Ombo, único templo dedicado a dois Deuses, Sobek e Haroesis, onde se encontra um Nilômetro – antigo sistema de medição do nível do rio Nilo e um crocodilo mumificado. Navegamos para Aswan, pela noite, nos divertimos a bordo da festa das chilabas, roupa típica.

Templo da Rainha Faraó Hatsepsut (próximo do vale dos mortos)
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Em Aswan visitamos a cidade com o Templo de Isis, que se encontra numa Ilha, e também visitamos uma espécie de “canteiro de obras” que abriga um Obelisco inacabado, o que permite nos transmitir uma ideia de como eram feitos, é neste ponto que o guia nos conta que na cidade do Cairo não existem pedras, logo para a construção das pirâmides as todo o material foi trazido de Aswan, distância aproximada de 600km. Visitamos a represa de Aswan, uma das maiores do mundo.

Realizamos uma visita opcional à Abu-Simbel, que abriga um templo resgatado das águas pela Unesco elevando-o de sua localização primitiva para salvá-lo quando se criou o Lago Nasser na última grande chuva. Regressamos ao Cairo, que se despede pela noite com um espetáculo de luz e sombra nas pirâmides, ainda de madrugada retornamos ao Brasil.

Templo de Luxor (interior)
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

O aprendizado que esta viagem proporciona é bastante intenso, por traz de um roteiro cheio de maravilhas, vimos egípcios que se deterioram em bairros fétidos, por falta de saneamento. Convivemos com trabalhadores pobres, marginalizados, vivendo em condições apartadas do mínimo conforto, uma multidão que assustava e desorientava, escandaliza os olhos dos turistas ao ver açougues a céu aberto, onde a carne era vendida junta as moscas que a sobrevoava e embalada em jornal junto ao troco, fazia-nos surgir teses das mais diversas, como questões sobre vigilância sanitária.

Templo de Horus
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Com um olhar através da arquitetura, percebe-se o legado de um povo que nunca termina suas edificações, incomum são as residências com revestimento, muitas delas faziam menção à música “era uma casa muito engraçada, não tinha teto não tinha nada!” Quando perguntamos ao guia o motivo de ausência do telhado, ele disse que em seus quase quarenta anos nunca vivenciou uma chuva, logo se explica a inexistência de valas de esgoto nas calçadas e do próprio telhado, inúmeras paredes incompletas devido ao dinheiro ter acabado e ficou por isso mesmo. Próximo a mesquita de Alabastro é onde se localiza o verdadeiro espetáculo da pobreza, o aspecto do povo é o pior possível, homens e mulheres sem perspectiva de futuro, perambulando pelas ruas das cidades, descobrimos que esta grande massa reside junto de seus mortos, famílias inteiras habitam o cemitério e imploram aos turistas ajuda, vende-se algum artigo sem grande valor e, a vida segue. O guia nos explica que a grande maioria das famílias convive com menos de US$50,00 mensais, é realmente muito triste.

Interior do templo de Horus
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Diante de tudo isso, não se pode esperar um planejamento urbano adequado ou similar ao de costume, a cidade se adéqua e toma rumo conforme o momento de edificar. Verdadeiras feridas urbanas se erguem como viadutos que rasgam grande parte da cidade, encostado nos prédios, não há uma definição clara sobre o sentido da via, pois a qualquer momento seu taxista pode mudar de ideia, reduzir a velocidade e começar a dar marcha à ré!

Hieróglifos do templo de Horus
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Todos os tipos de negligência no transito são permitidos, desde atravessar um “sugestivo” farol vermelho ao andar em grupo de moto. O clima não é tão árido e seco, mas é semelhante a capital Brasília onde o Lago Paranoá favorece para umidifica o ar, o Rio Nilo cumpre o mesmo papel.

Imagem panorâmica do das Pirâmides de Gizé
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

Das curiosidades finais para o turista que vai para o Egito, barganhe e negocie sempre, os egípcios são comerciantes nato, inclusive falam diversas línguas! Nunca o primeiro valor é o valor do produto, eles gostam de negociar. Ao se levantar pela manhã, não se preocupe acordar pisando com o pé esquerdo, será sinal de boa sorte! os antigos egípcios eram representados em estatuas marchando sempre com a perna esquerda a frente, por um motivo simples, seu império deve ser conduzido como seu corpo, pelo coração que fica do lado esquerdo. Não use sapatos abertos, eles podem dizer muito sobre você, se seu dedo indicador for maior que o polegar dos pés, para eles é um bom sinal, você tem linhagem egípcia! se não tem provavelmente é de origem grega. Não espere duas coisas: escutar histórias sobre Cleópatra (se pronuncia que-le-ô-pa-tra), ela nunca andou pelo Egito antigo! Durante o império romano Cleópatra foi até Alexandria onde viveu até sua morte, por fim fotografar uma múmia durante todo este percurso. Ao termino de sua viagem você concluirá que realizou um turismo fúnebre e, que sua apatia por cemitérios nem existe mais!

Pilares do templo de Karnak
Foto Sergio Antonio dos Santos Junior

sobre o autor

Sergio Antonio dos Santos Junior é graduado em Turismo e está com a graduação em andamento em arquitetura e urbanismo. Voluntário junto à Agência da ONU para Refugiados – ACNUR que em parceria com as entidades NABUUR e LUKMEF, atua como projetista. Trabalhou como agente de viagens no âmbito nacional e internacional.

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065.04 roteiro de viagem
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