Essas fotos foram tiradas em uma manhã de primavera, no dia 20 de novembro de 2012.
Trata-se de um trecho de aproximadamente quatro quilômetros na Estrada da Laranja Azeda, uma antiga estrada que liga os municípios de Atibaia e Bom Jesus dos Perdões, cortando sítios, pastos, fazendas e mais recentemente, condomínios.
Havia geado na noite anterior e a luz estava especialmente difusa, graças à serração que ainda pairava na Serra do Itapetinga, também conhecida como Pedra Grande, em Atibaia.
Eu poderia discorrer o texto dizendo que se trata de uma APA, que começa pelo cruzamento da linha de cota 900,0 m (novecentos metros) com a divisa leste com o Município de Bom Jesus dos Perdões (ponto K)...
Mas...
Minha relação com esse lugar é anterior a qualquer conhecimento técnico e acadêmico... É quase umbilical.
Cresci na região e se você fosse lá – hoje – e ficasse parado ali, à beira da mata e tudo ao seu redor retrocedesse no tempo, me veria andando de bicicleta, à pé, correndo, conversando, de mãos dadas, de moto, de carro... Indo e voltando pela velha estrada, através dos anos.
Certa vez, ao conversar com uma amiga, chegamos à conclusão que existem “livros-cobertores”, como aquele velho cobertor surrado que o Linus, dos Peanuts, carrega. São livros que você sempre tem por perto, na cabeceira da cama, no banheiro, na cozinha, no escritório, cada um para um momento específico.
Pois então, esta paisagem é um “lugar-cobertor” para mim. É um lugar recorrente, eu preciso voltar a ele, sempre, para voltar a mim mesmo.
sobre o autor
Adriano de Carvalho Capeto, 40 anos, arquiteto e urbanista (FAU PUC-Campinas, 1995). Cenógrafro há quase 12 anos, diretor de criação na Via BR Cenografia, em São Paulo.