With the theme of this edition, “Time Machine”, we ask ourselves how the marks of time can help us to reflect on the future”
Jord Den Hollander and Wies Sanders/AFFR
O Festival de Cinema de Arquitetura de Rotterdam – ocorrido no período de 10 a 13 de outubro de 2013 – abriu as “cortinas” com festa, música e projeção, numa noite fria e chuvosa, no antigo complexo industrial conhecido como Fenixloods, em Katendrecht, Rotterdam (1).
Este festival se coloca como um dos mais importantes, em termos de referência internacional e de acessibilidade a filmes sobre arquitetura e urbanismo. Nos últimos anos, o tema do patrimônio industrial entrou em cena com iniciativas bem sucedidas, no entanto, com vários outros exemplos contrários, incompletos ou inacabados, ou mesmo cancelados, que expõem a necessidade da discussão do ambiente das nossas cidades. Afinal, neste momento de crise, ou crises, qual o caminho: reabilitar velhas estruturas ou inserir novas construções ? Neste sentido, o tema escolhido para o festival Time Machine, relacionado ao ambiente construído, questiona como estas marcas do tempo – particularmente ligadas ao patrimônio industrial – podem nos ajudar a pensar o futuro.
A abertura no ambiente do galpão antigo da Fenixloods, com enorme telão duplo e invertido, permitiu a organização de duas salas contíguas e abertas, com palco para apresentação do programa e amplo espaço de convivência e dança. Muito divertida e dinâmica a introdução feita por Jord den Hollander, diretor do evento.
O filme que abriu o festival foi “The Competion”, produzido em 2013, por Angel Borrego Cubero, documentário sobre o concurso para o Museu Nacional de Andorra, no centro histórico da cidade. Os convidados para este concurso pelo governo, na segunda fase da competição, dentre o leque de arquitetos famosos, foram nada mais nada menos do que Jean Nouvel, Zaha Hadid, Frank Gehry, Dominique Perrault e Norman Foster. Este último abandonou o concurso.
O documentário expõe os bastidores do processo de projeto – com a participação direta do “time” de estagiários e colaboradores, nos ambientes dos escritórios – bem como a atuação dos jurados, além de questionar a presença destes arquitetos famosos no concurso, tendo em vista as indefinições que marcaram a competição desde o seu início. O filme finaliza sem o resultado do vencedor do concurso, dos momentos mais esperados pelo público presente. Os jurados não chegaram a conclusão sobre qual proposta deveria ser efetivada em primeiro lugar.
O trajeto até o festival – de bicicleta é claro –, a partir da moderna estação de trem de Rotterdam, permitiu vislumbrar um pouco da qualidade do espaço urbano desta importante cidade holandesa. Edifícios altos, casas baixas, modernidade e tradição em cena, com equipamentos de transporte confortáveis, precisos e eficientes, e hospitalidade alegre por parte dos holandeses (2).
notas
1
A programação do festival pode ser conferida em http://affr.nl/programme_2013/ e também no facebook https://www.facebook.com/affr.rotterdam.
2
A participação do autor neste festival de cinema se insere na continuidade das interlocuções internacionais desencadeadas, sendo que tais incursões permitem vislumbrar outros horizontes para as cidades brasileiras, na perspectiva da análise comparada, seja em termos de pensamentos e práticas, seja em termos da própria experiência cotidiana propiciada por centros urbanos distintos. Com os agradecimentos à Fapemig, CNPq, Capes.
sobre o autor
Fabio Jose Martins de Lima é arquiteto (EAU UFMG, 1989), mestre (FAU UFBA, 1994) e doutor (FAU USP, 2003). Fez estágio pós-doutoral na IUAV di Venezia (2011-2012), com apoio CAPES, sob a orientação dos Professores Donatella Calabi e Guido Zucconi. É professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia da UFJF, a partir de 1999, onde coordena o grupo Urbanismomg, com apoio CNPQ, FAPEMIG, Min Cidades e MinC.