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research

magazines

architectourism ISSN 1982-9930

Villa Savoye, Poissy, 1928, arquiteto Le Corbusier. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
O texto expõe o município de São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais, em visita técnica do grupo Urbanismo.mg/FAUUFJF. Aqui se colocam aspectos urbanísticos para análise comparada. Agradecimentos à FAPEMIG, CNPQ, CAPES e Prefeitura Municipal.

english
The paper explores the city of São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais, Brazil, on a technical visit of the group Urbanismo.mg. Present here urban aspects to a comparative analysis.Thanks FAPEMIG, CNPq, CAPES and Municipality of São Gonçalo do Rio Abaixo


how to quote

LIMA, Fabio Jose Martins de; LIMA, Jean J. M. de; FANTIN, Natalia R.; DIAS, Olinda L.; TORRES, Rafaela C.. São Gonçalo do Rio Abaixo MG. Uma cidade para se viver. Arquiteturismo, São Paulo, ano 10, n. 111.04, Vitruvius, jun. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/10.111/6046>.


São Gonçalo do Rio Abaixo, com cerca de 10.488 habitantes, em Minas Gerais, é, com certeza, uma cidade para se viver. A organização do município, que tem área de 363,828 km2revela-se pelo seu dia-a-dia, na aparência bucólica, com ruas agradáveis e estradas acessíveis, na arborização e no ajardinamento singelos, no patrimônio bem conservado e pela gente muito hospitaleira. Em morro dominante, contíguo ao centro urbano a estátua monumental do Padre João protege a cidade contra o “mal olhado”. A avenida principal, que margeia o Rio Santa Bárbara, apresenta um monumental renque de palmeiras imperiais. O casario compõe-se de núcleo original que remete ao período colonial, adensado no centro urbano, com referenciais que marcam o desenvolvimento municipal, desde as suas origens até os dias atuais. No percurso das rodovias BR’s 381 e 262 o Belleus lanches se coloca como ponto de parada obrigatório como referência para quem vai e volta no sentido Belo Horizonte a Vitória. Para além do centro urbano, a trama se estende por expansões que revelam novas ocupações, como bairros e condomínios e uma incipiente verticalização com prédios de 4 a 5 andares. Na área rural se inserem também distritos urbanizados com equipamentos e infraestrutura organizados, como Água Limpa, Águas Criminosas, Bexiga, Bom Sucesso, Borges, Cachoeira do Carmo, Café Nacional, Canjica, Carrapato, Chácara Velha, Coelhos, Demanda, Fernandes, Gabriel, Gralhos, Machado, Mãe d’Água, Martins, Matias, Monjolo, Morro das Almas, Passa Dez de Cima, Pau de Raio, Pedras, Pena, Placas, Ponte Coronel, Recreio, Rio Claro, Roque, São José, Santa Rita de Pacas, Serra da Vassoura, Una, Vargem Alegre, Vargem da Lua, Jurubeba (Bamba), Terra Branca e Timirim.

Cruzeiro na comunidade de Recreio
Foto/Photo Fabio Lima

O município se insere na Zona Metalúrgica de Minas Gerais, especificamente no que se entende como o Quadrilátero Ferrífero do Estado, este composto por serras interconectadas que compõem esplêndidas paisagens, com relevo que lembra a forma de um quadrado e abundantes mananciais de minério de ferro. Situada a cerca de 84 quilômetros da Capital, Belo Horizonte, com acesso principal pelas Rodovias BR 381 e 262, antigo Paralelo 20, a primeira no rumo do Nordeste e a segunda no rumo de Vitória, no Estado do Espírito Santo, com inúmeras outras possíveis conexões com outras regiões do Estado. Outras vias de ligação se inserem como a MG 129, cuja construção remonta ao período entre os anos 1922 e 1925, que faz a ligação com o município de Itabira, com itinerário que conduz ao Sul e ao Norte do Estado. Ainda se coloca a rodovia MG 434 que tem alça que percorre o Noroeste do município fazendo a ligação, de um lado, com as rodovias BR’s 381 e 262 e, de outro lado, com o município de Itabira. Ainda, a 20 quilômetros do centro urbano se destaca o curso da Estrada de Ferro Vitória a Minas, ligação ferroviária entre Belo Horizonte e Vitória, com intenso transporte de cargas, que permanece ainda com o transporte de passageiros em atividade. Ainda em 1912, a construção da Estação Ferroviária de Santa Bárbara, nas proximidades com o município, vinculada ao ramal de São José da Lagoa, na Estrada de Ferro Sabará a Santa Bárbara. Posteriormente, a partir de 1936, este ramal férreo permitiu a ligação com a Estrada de Ferro Vitória-Minas.

Escadaria de acesso à matriz com coreto no topo
Foto/Photo Fabio Lima

Antes da emancipação municipal, pela Lei nº 2.764, de 30 de Dezembro de 1962, a região era vinculada ao município de Santa Bárbara, situado ao Sul; a Sudoeste, temos situado o município de Barão de Cocais. Ao Norte, temos os municípios de Bom Jesus do Amparo e de Itabira; a Leste temos o município de João Monlevade; e a Sudeste, temos o município de Rio Piracicaba. Nas origens da então denominada Rio Abaixo, se coloca a exploração do Ouro e de outros minerais, então abundantes, em região que se destacou nos séculos 18 e 19, no caso, às margens do Rio Santa Bárbara, mencionado anteriormente, que serpenteia pela área do município, dividindo a sede urbana em duas partes. Ainda em 1702, na fralda oriental da Serra do Caraça foram descobertas ricas minas auríferas que, mais tarde, foram denominadas Catas Altas. Nesta região, décadas depois, em 1744, foi implantado o conjunto educandário do Caraça, presente ainda como patrimônio cultural, não mais como colégio, por onde passaram importantes personagens da história. Por volta de 1710, os primeiros exploradores chegaram à região de São Gonçalo, dando início ao arraial, com as primeiras construções levantadas, tendo sido erigidos inicialmente, abrigos como moradias e sedes de fazendas, além de engenhos de cana de açúcar e edificações religiosas. Através de trilhas e caminhos de tropeiros, ao longo do leito dos rios foram construídas casas simples. A documentação da Igreja Matriz remonta ao ano de 1733, “a nove léguas de Mariana e oitenta da Corte do Rio de Janeiro do Termo da Vila de Caeté, Comarca de Sabará, [...] (tendo) a Capela Curada de São Gonçalo do Rio Abaixo [...] 1159 almas” (1).

A Igreja Matriz apresenta partido imponente, com portada central e duas torres com sinos, tendo no adro, um Cruzeiro, ricamente ornamentado, construído em 1871, com uma cruz de 17,5 metros de altura. Um dos sinos da Matriz, com frisos sucessivos e inscrições, é atribuído ao artista Angelo Angeli. Outra construção religiosa do período refere-se à igreja do Rosário, situada no centro urbano do município, vinculada à irmandade de Nossa Senhora das Mercês da Redenção dos Cativos, fundada aproximadamente em 1787. A construção da igreja de traços simples, com chanfro, remonta a período anterior ao ano de 1733, com portada central e torre única. Outro referencial do patrimônio religioso para o município refere-se à singela Capela de Santa Efigênia, que remonta ao ano de 1945, também com portada central e torre única, com pequeno adro, localizada no topo de uma colina. Ainda nas últimas décadas do Século 19, foi construída uma capela no Povoado do Capão, a pedido da comunidade local, na zona rural do município, localidade cuja denominação foi alterada para São Sebastião de Vargem Alegre. A capela apresenta adro amplo, construída em alvenaria de tijolos e cobertura de telhas cerâmicas, com portada central e torre, tendo à frente um Cruzeiro. Em 1792 foi erigida a Fazenda Brejaúba, de porte monumental, também conhecida como Solar dos Pena, relacionada à família de Afonso Pena, que foi presidente do Brasil. Inicialmente, a fazenda possuía apenas um pavimento com cobertura em quatro águas e uma capela alusiva a Nossa Senhora do Carmo.

Capela de Santa Efigênia
Foto/Photo Fabio Lima

Ao longo do século 19, foram instaladas na região pequenas fundições de ferro, como uma anunciação do que viria posteriormente com a exploração do minério de ferro, que representa uma das grandes riquezas da região. Nas proximidades, no Arraial de São Miguel do Piracicaba, que posteriormente seria vinculado ao município de João Monlevade, o francês Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, engenheiro diplomado pela Escola Politécnica de Paris em 1812, que chegou ao Brasil ainda em 1817, instalou uma fábrica de ferro, cuja finalidade era a fabricação de utensílios, ferragens e ferramentas para o consumo local, como enxadas e ferraduras, foices, machados, facas, martelos e até mesmo máquinas e engenhos agrícolas. O empreendimento prosperou por um período, atingindo, por volta de 1854 expressiva produção, entrando em declínio posteriormente, com falência decretada após a morte do seu fundador. Ali seria instalada uma nova cidade, por meio de concurso em 1934, pela Companhia Belgo Mineira. Na atualidade, no território de São Gonçalo do Rio Abaixo, a mina do Brucutú, administrada pela Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, foi inaugurada em 2006. Esta mina tem a maior capacidade de produção de minério de ferro no mundo, com projeções de 30 milhões de toneladas anuais. Neste sentido, cabe mencionar o desenvolvimento industrial desta região, com importantes empresas, além da própria Vale do Rio Doce, como a Arcelor-Mital, antiga Belgo-Mineira, a Usiminas, a Acesita e a Gerdau. Cabe ressaltar também a Cenibra, ligada à transformação de árvores plantadas. De um lado, estas empresas trazem empregos e um grande progresso tecnológico, de outro lado, interferências ambientais significativas, que se traduzem em grandes modificações na paisagem cultural.

Na atualidade, construções contemporâneas dividem o espaço urbano de São Gonçalo, com as reminiscências do passado colonial, que permaneceram, como fragmentos do passado, polvilhadas pelo centro urbano e pelos distritos e zonas rurais. Políticas públicas têm sido desenvolvidas com continuidade e envolvimento participativo das comunidades, em várias frentes, como a Saúde, o Meio Ambiente, a Educação, a Cultura, a Assistência Social, a Habitação, as Infraestruturas Urbanas e o Desenvolvimento Social e Econômico. Cabe mencionar a elaboração do Plano Diretor Municipal, em 2006, cuja revisão se projeta para este ano de 2015, e a Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, como instrumentos vigentes de apoio à gestão pública municipal. Dentre os aperfeiçoamentos e investimentos que se destacam, um novo organograma da Administração Municipal foi implementado a partir de 2004, além da construção do Centro Cultural, como edificação contígua à sede da Prefeitura, a implantação da Praça Central, o Parque de Exposições e o Velório Municipal e Casas Populares, Escolas de Tempo Integral, Unidades Básicas de Saúde e o Hospital Municipal. Ainda merece destaque a implementação de Quadras Poliesportivas, e do Estádio Municipal ainda em construção, e a restauração e a conservação do Patrimônio Cultural, bem como a pavimentação de estradas municipais e a melhoria de infraestruturas urbanas. Foram construídos também dois Distritos Industriais. Acrescidos a estas dotações físicas se colocam agendas culturais, esportivas e de lazer, bem como apoio aos produtores rurais e capacitação dos servidores e das comunidades através de cursos e oficinas. Festas religiosas, como a Semana Santa e eventos como cavalgadas e o Rodeio fest compõem o quadro de festividades.

Centro urbano com a Igreja Matriz em primeiro plano e a Estátua do Padre João ao fundo
Foto/Photo Fabio Lima

Vale ressaltar ainda que, com a chegada da Companhia Vale do Rio Doce a cidade teve a sua renda ampliada, com repasses de parte do lucro ao município, o que contribuiu para estas ações com benefícios diretos para a população são-gonçalense. A atual administração apresentou o plano de governo recentemente, nomeado como “Nova São Gonçalo” tendo como o maior objetivo mudanças estratégicas para a adaptação da cidade ao seu nível de desenvolvimento. Os investimentos municipais foram multiplicados pelo território, seja na sua região central, seja nos distritos e nas suas regiões. A cidade conta com uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai, além de colaboração estabelecida com a Unipac e a Universidade Federal de Ouro Preto.

A jornada para São Gonçalo do Rio Abaixo se insere nos estudos sobre a formação das cidades em Minas Gerais, para a compreensão do processo de planejamento e da atuação dos urbanistas. Estas aproximações com enfoque sobre as cidades contemplam questões de método e metodologias, que não devem faltar aos estudos referentes à história das cidades e do urbanismo. Tais incursões permitem vislumbrar outros horizontes, particularmente para as cidades de Minas Gerais, na perspectiva da análise comparada, seja em termos de pensamentos e práticas, seja em termos da própria experiência cotidiana propiciada por realidades distintas. Estas aproximações sobre as cidades permitem vislumbrar caminhos futuros para o desenvolvimento urbano e rural.

notas

1
DUARTE, Pe A. A. et al. A teus pés, Senhor!. São Gonçalo do Rio Abaixo, Comunidade Católica da Paróquia São Gonçalo, 2010.

sobre os autores

Fabio Jose Martins de Limaé professor na FAUUFJF, à frente do grupo Urbanismo.mg.

Jean J. M. de Lima é Engenheiro Civil, mestrando em Construção Civil na FUMEC, atua na Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Rio Abaixo.

Natalia R. Fantin cursa Artes e Design na UFJF.

Olinda L. Dias cursa Direito na FUMEC.

Rafaela C. Torres estuda na Escola Desembargador Moreira dos Santos, em São Gonçalo do Rio Abaixo.

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