Contexto
Este estudo faz uma reflexão sobre a importância da criação de um geoparque para o desenvolvimento sustentável da região do Seridó Potiguar (RN), especificamente para as cidades de Currais Novos, Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Acari, Lagoa Nova e Cerro Corá. O mapa abaixo localiza os geossítios do Projeto Geoparque Seridó (1).
A proposta de criação deste instrumento chega em um momento especial para o Seridó, tendo em vista a crise econômica e política pela qual atravessa o país. Os objetivos e as estratégias delineadas neste projeto são ambiciosos. Dinamizar o turismo regional por meio de práticas educativas, científicas e de conservação da natureza não é um desafio fácil de ser alcançado.
Entende-se por geoparque um território com limites definidos cujo uso, objetiva a práticas de geoconservação e desenvolvimento sustentável para as cidades envolvidas. Este equipamento convive com todas as atividades da economia regional, ou seja, é um instrumento de inclusão social na medida em que se propõe a dinamizar o geoturismo (atividade turística que tem como principal atrativo o patrimônio geológico, sua conservação e valorização), bem como ao fortalecimento da identidade das comunidades locais (2).
O geoparque é um equipamento que já existe em diversas cidades do mundo e tem contribuído, dentre outros fatores, para reduzir o êxodo rural e atrair a população, que hoje pressiona os centros urbanos, para as cidades menos desenvolvidas. Diversos estudos já comprovam que o Seridó é uma região que apresenta elevado patrimônio geológico, arquitetônico, paisagístico e cultural tendo, portanto, todos os elementos necessários para a criação do referido equipamento. Sendo assim, em dezembro de 2016, o governo do Rio Grande do Norte, por meio do decreto nº 26.488, instituiu um grupo de trabalho para debater sobre as questões referentes a criação do geoparque na região do Seridó. A primeira reunião deste grupo ocorreu no dia 10 de agosto de 2017, no Centro de Convenções em Natal.
O objetivo principal deste grupo é buscar a cooperação entre os vários atores da sociedade civil e o Estado para encontrar elementos que superem alguns obstáculos ao atendimento dos critérios exigidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para a integração do Geoparque Seridó à sua rede. Dentre estes desafios, destacamos a falta de um modelo de gestão adequado à realidade do projeto.
O Geossítio Serra Verde situado 11 km do centro de Cerro Corá, é um exemplo do potencial geoturístico do Seridó Potiguar (RN). Ele apresenta atrativos geoturísticos que envolvem geoformas (criadas pela atuação de processos erosivos e esculpidas pela ação do vento), tanques fossilíferos e pinturas rupestres, além de uma beleza natural extraordinária (3).
No que diz respeito a geração de emprego e renda, a consolidação deste projeto se justifica na medida em que a crise econômica destrói diversos postos de trabalhos, sendo necessário, pois, a criação de novas estratégias que dinamizem o mercado de trabalho local.
O fato é que, o projeto Geoparque Seridó, apresenta-se como uma estratégia geoturística, educacional e científica. A riqueza geológica do Seridó do Rio Grande do Norte pode e deve ser explorada de forma sustentável no sentido de melhorar as condições de vida da população local. Além disso, incentivaria o brasileiro a conhecer seu próprio país, incrementaria a geração de divisas na economia local pela chegada de turísticas estrangeiros, incentivando a educação ambiental e a conservação do patrimônio geológico, arquitetônico e cultural das cidades brasileiras.
notas
1
BEZERRA, Sebastiana Guedes; SILVA FILHO, Valdeci Pereira da; OLIVEIRA, Wagner Araújo; NASCIMENTO, Marcos Antônio Leite do. O desenvolvimento do geoturismo nos Geossítios Cânions dos Apertados, Pico do Totoró e Mina Brejuí, município de currais novos, RN. Geonomos, v. 22, n. 1, 2014 <www.igc.ufmg.br/portaldeperiodicos/index.php/geonomos/article/viewFile/291/254>.
2
GEOPARQUE SERIDÓ (RN). Geossítio Serra Verde <www.geoparqueserido.com.br/geossitios/geossitio-no-01-serra-verde>.
3
NASCIMENTO, Marcos Antônio Leite do. Primeira reunião ordinária do grupo de trabalho do Geoparque Seridó. Natal, Centro de Convenções de Natal, 10 ago. 2017.
sobre os autores
Simone da Silva Costa é graduada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestrado em Economia do Trabalho pela Universidade Federal da Paraíba. Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora Substituta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Marcos Antônio Leite do Nascimento possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1998), com mestrado e doutorado em Geodinâmica pela UFRN. Professor Efetivo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Andrea Melo é graduada em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestrado em Geociências, Recursos Minerais, Recursos Hídricos e Meio Ambiente. Coordenadora de Projetos – Progel.