1. Introdução
O termo Patrimônio Cultural pode ser entendido como o conjunto de bens de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes culturais formadoras, abrangendo os patrimônios: arquitetônico, artístico, bibliográfico, científico, histórico, museológico, paisagístico, entre outros. Dentro deste contexto, engloba as representações, as expressões, os conhecimentos, as técnicas e também os instrumentos, os objetos, os artefatos e os lugares que a eles estão associados; as comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural, e está associado a construção e a acumulação de bens e à sua permanência, no tempo e no espaço, portanto, à História e à sua continuidade e trajetória. São os testemunhos da história e da cultura, produzidos pelos grupos sociais, que permitem conhecer o modo de vida de pessoas que viveram em outras épocas e lugares, em situações diferentes das nossas. Tudo isto nos conscientiza de que fazemos parte de um todo maior, que continua nos dias de hoje e se estenderá para o futuro (1).
Se a ocorrência de problemas patológicos é grande nos edifícios atuais, é bem maior nos antigos, como no caso do Cine Teatro Central (vide figuras 1 e 2), que constitui uma das principais atrações turísticas da cidade de Juiz de Fora (Minas Gerais – Brasil). A caracterização da sua estrutura é o principal objetivo, sendo também importante o conhecimento da sua história, projeto e intervenções, a partir de dados coletados e depoimentos de pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, em concepção e realização (2).
Deve-se, portanto, levantar dados suficientes buscando detectar o envolvimento das autoridades no que se refere à preservação e restauração para se evitar a destruição do patrimônio arquitetônico e o rompimento da consciência histórica.
A edificação se encontra com a fachada frontal direcionada para Praça João Pessoa e os fundos para Rua Barão São João Nepomuceno; as laterais encontram-se as galerias Ali Halfeld e Azarias Vilela. Possui os serviços: água, luz, telefone, rede de esgotos e águas pluviais, rede viária pavimentada e coleta de lixo.
Sua estrutura é constituída, basicamente, em alvenaria de tijolo maciço com elementos de pórticos em concreto armado. A laje principal é reforçada com estrutura metálica, devido a sua pequena espessura. Constata-se a presença de marquises e platibandas em todo o seu perímetro; o telhado é constituído de duas águas em telha cerâmica, tipo francesa, apoiada sobre uma estrutura mista composta por: madeira (caibros e ripas) e aço (tesoura); entre a telha e a ripa há uma película impermeável para promover a prevenção contra possíveis vazamentos.
O teatro pode ser subdividido em duas partes: a área técnica e área de acesso público. A área técnica é constituída por 4 (quatro) pavimentos, sendo o primeiro, o subsolo, composto por: área de serviço, 2 (dois) banheiros, 2 (dois) depósitos, caixa d’água, 1 (uma) entrada de serviço e um fosso destinado a uso de orquestra. O segundo pavimento encontra-se o palco, 2 (dois) camarins e área de circulação. O terceiro, contempla 2 (dois) camarins, sala da antiga projeção e área de circulação e, finalmente, o quarto pavimento, além da sacada há o urdimento.
A área de acesso ao público é composta por 3 (três) pavimentos e o sótão. No primeiro verifica-se a existência do Foyer, de 2 (duas) bilheterias, de 2 (dois) halls de acesso às escadas, de 4 (quatro) escadas, da plateia, do hall da plateia, de 2 (dois) balcões laterais, de 9 (nove) banheiros e de 3 (três) depósitos. O segundo pavimento é constituído pela área para camarotes, 2 (dois) camarotes especiais, balcão nobre, hall, 4 (quatro) banheiros e 2 (duas) escadas com hall. O terceiro apresenta além da área da galeria, sala de projeção, 5 (cinco) banheiros, 2 (dois) halls de acesso às escadas e 1 (uma) escada de acesso ao sótão e, finalmente, ao nível do sótão há uma sacada.
2. Metodologia
O programa foi dividido em cinco etapas. Considerando as mesmas de forma sucinta, tem-se: pesquisa bibliográfica; estudo de manutenção de imóveis históricos tombados; estudo de casos: análise, inspeção preliminar, detecção da necessidade de intervenção; análise das condições de manutenção de bens públicos tombados (análise histórica do edifício, levantamento fotográfico das patologias encontradas, seleção da estratégia a adotar, levantamento e diagnóstico) e, finalmente, uma sistemática de proposta para recebimento dos serviços a serem desenvolvidos.
Este trabalho pretende atingir resultados que possam contribuir para se estimar, com maior consistência, os efeitos produzidos pela má conservação dos patrimônios antigos e bens tombados bem como, das consequências dos maus tratos com relação à conservação dos mesmos, o que poderá proporcionar, no futuro, restaurações, recuperações e revitalizações mais precisas.
3. Avaliação e diagnóstico das patologias da edificação
3.1. Vistoria nas fachadas da edificação
A área externa do teatro reflete a aparência e a beleza do patrimônio histórico – Cine Teatro Central, necessitando de observações nas questões podem vir a contribuir para a degradação e o comprometimento da vida útil da edificação. Neste sentido, constatam-se algumas anomalias que deverão ser sanadas a fim de restaurar/ recuperar e garantir o perfeito funcionamento dos elementos construtivos da edificação.
3.1.1. Fissuras na união parede - piso externo
Constatou-se a presença de fissuras na união parede/pavimento externo (calçamento) em praticamente toda a extensão do teatro, principalmente nas regiões localizadas nas galerias; essas são oriundas de movimentações higrotérmicas entre componentes distintos, conforme ilustrado na Figura 3. Deve-se considerar inclusive, o declive inadequado do pavimento que propicia o acúmulo de água nessas regiões, bem como o desenvolvimento de fungos e bolores e favorece o acesso da água para o interior da edificação.
3.1.2. Recalque no piso do passeio na fachada frontal
Observou-se, conforme ilustrado na Figura 4, um recalque próximo à escada de acesso a entrada principal do teatro, oriundo, provavelmente, de vazamentos na rede de capitação e/ou distribuição de água pluvial e/ou esgoto da cidade. Verifica-se a ocorrência, sem sucesso, de intervenções a fim de sanar tal transtorno.
3.1.3. Fissuras por atuação de sobrecarga nas aberturas de janelas
Observa-se o aparecimento de fissuras, com inclinação de cerca de 450, no canto das aberturas de janelas e basculantes geradas pela falta e/ou deficiência de vergas e contra-vergas, oriundo de erros no processo construtivo da edificação, vide Figura 5. Salienta-se que esta patologia possibilita a percolação de água e, posterior deterioração da argamassa de revestimento, bem como dos materiais constituintes devido às movimentações higroscópicas.
3.1.4. Degradação da marquise, sobre muros e guarda-corpo das fachadas da edificação
Constatou-se o desenvolvimento de bolor e fungos, bem como o desprendimento do emboço nas extremidades das marquises devido à inexistência de pingadeira, vide Figura 6. Tal fato foi observado em toda a extensão da fachada da edificação.
A presença de umidade constante no guarda corpo e nos muros das fachadas propiciam o desenvolvimento de microorganismos (fungos e bolores) resultando na degradação da pintura e da argamassa de revestimento, comprometendo, assim a vida útil dos materiais, conforme ilustrado na Figura 7.
3.1.5. Fissuras nas paredes externas
Constata-se a presença de fissuras na parede da varanda frontal, exposta, diariamente a variação de temperatura, vide Figura 8. Verifica-se que é oriunda da má execução dos serviços de reparo efetuados que desrespeitaram os procedimentos necessários a serem adotados quando da união entre materiais distintos, ocasionando tensões e resultando na ruptura, ou seja, fissura.
3.1.6. Telhas quebradas e/ou empenadas no telhado
Recentemente ocorreu uma reforma no telhado, sendo assim, constata-se que sua estrutura está adequada, porém nota-se a ocorrência de telhas quebradas e/ou empenadas que poderão ocasionar o aparecimento de vazamentos que serão minimizados pelo sistema de impermeabilização existente entre as telhas e as ripas, vide Figura 9.
3.1.7. Infiltração oriunda do sistema de impermeabilização (marquise e sacada frontal)
A Figura 10 apresenta as imagens do teto da laje situada na entrada principal do teatro, onde constata-se diversos pontos com presença de umidade (infiltração de água), oriundos do vazamento do sistema de impermeabilização utilizada na marquise (manta), bem como a deficiência no funcionamento dos ralos, que se encontram, muitas vezes, entupidos.
3.2. Vistoria na parte interna da edificação
A área interna, assim como a externa do Cine Teatro Central, reflete a aparência e a beleza do patrimônio histórico, necessitando de uma atenção especial nas questões que podem contribuir para a degradação e o comprometimento da vida útil da edificação. Neste sentido, observa-se algumas anomalias que deverão ser sanadas a fim de restaurar/ recuperar e garantir o perfeito funcionamento dos elementos construtivos da edificação. A seguir são apresentadas as patologias identificadas com suas respectivas medidas corretivas
3.2.1. Conservação dos pisos
Por meio de uma análise visual constataram-se diversas patologias nos pisos da edificação, a saber:
- Ladrilhos hidráulicos: observou-se a existência de ladrilhos quebrados e/ou com elevado índice de desgaste superficial e/ou deteriorados pela ação das intempéries. Deve-se considerar, inclusive, a presença de fissuras e o descolamento de algumas peças, que sofreram reformas com o emprego de cimento queimado, muitas vezes, de coloração e textura diferenciadas, evidenciando a deficiência no controle tecnológico na execução deste serviço; vide Figura 11.
- Piso queimado das plateias: o piso de cimento liso, queimado (vermelhão), apresenta-se com pontos de deterioração com o aparecimento de fissuras e elevado desgaste.
- Pisos vinílico: os pisos de PVC, existente nos camarins e na bilheteria apresentam-se desgastados e deteriorados.
- Pisos cerâmicos: os pisos cerâmicos utilizados nos banheiros dos camarins e dos Funcionários apresentam-se deteriorados, trincados e manchados com vida útil comprometida pelo uso e falta de manutenção.Deve-se considerar inclusive que os azulejos utilizados nos banheiros dos camarins, das plateias, dos servidores e das bilheterias apresentaram algumas patologias, sendo as principais: deficiência no material de rejunte, descolamento de placas de azulejo, danos oriundos dos serviços de manutenção de rede hidráulica, trincas devido à atuação de sobrecargas (falta de contraverga).
3.2.3. Conservação das pinturas e revestimentos das paredes
As paredes da edificação merecem muita atenção ao se propor qualquer alteração, uma vez que, a maioria, está incluída no tombamento do patrimônio histórico. As principais patologias identificadas e suas medidas de correção são listadas a seguir.
- Fissuras devido a falta de verga e contraverga: as fissuras devido à falta contra-vergas, conforme se observa na Figura 5, é um exemplo de patologia presente em cerca de 80% das paredes nas regiões próximas as janelas, basculantes e portas(vergas) da edificação. Tal fato é oriundo da atuação de sobrecargas, ocasionando a entrada de água (umidade) e a deterioração.
- “Cantos vivos” danificados: verifica-se vários “cantos vivos” (quinas) quebrados nas paredes do teatro, vide Figura 12, bem como no detalhe artísticos existente no palco, que comprometem o sistema de pintura. Essas patologias são geradas pelo atrito e impactos de equipamentos e utensílios utilizados nas apresentações realizadas.
- Umidade ascensional: vários locais na edificação, no primeiro pavimento, apresentam patologias ocasionadas por umidade ascensional, conforme de observa na Figura 13. Esta corresponde a um foco de umidade na parte inferior de paredes com descolamento/estufamento da pintura/revestimento causando deterioração da mesma.
- Inclinação inadequada dos peitoris das janelas: as janelas, em praticamente sua totalidade, apresentaram peitoris com inclinação para região interna da edificação. Como não existe pingadeira tem-se o retorno da água de chuva e consequentemente a deterioração da argamassa de revestimento e da pintura, vide Figura 14.
- Reparos mal executados: o teatro tem sofrido pequenas intervenções (reparos), contudo a sua efetivação necessita de cuidados, conforme ilustrado na Figura 15. Ressalta-se, nesses casos, principalmente as pinturas da parede devido a sua importância histórica.
- Patologias de umidade causados por vazamentos nas calhas de esgotamento pluvial do telhado: observou-se, nas regiões superiores do teatro, a presença de manchas de umidade oriundas, possivelmente, de vazamentos da tubulação de captação de água do telhado. A Figura 16 apresenta o detalhe de um dos cantos superiores do teatro. Pode-se observar que os vazamentos estão deteriorando a pintura e ocasionando a formação de microrganismos (fungos).
3.2.6. Recalque da região frontal do palco
Verificou-se que a parte frontal do palco apresenta 2 cm de desnível em relação ao piso de cimento situado em região posterior. Percebe-se riscos aos artistas e aos operadores. A Figura 17 mostra os detalhes deste desnível no palco.
3.2.7. Conservação das portas
As portas encontram-se desgastadas, com presença de umidade e cupins, partes quebradas, falta de fechaduras e/ou dobradiças.
Nas portas de vários cômodos é possível verificar as más condições das fechaduras, trincos e dobradiças. Algumas portas da edificação detectam-se a presença de cupins (60%) danificando a sua estrutura e estética.
3.2.8 – Conservação das Janelas
Durante a vistoria diagnosticou várias patologias nas janelas da edificação. A maioria oriunda da ação do intemperismo e da falta de manutenção, destacando-se: janelas apodrecidas oriunda da presença de umidade, regiões danificadas devido a falta de serviços de manutenção, janelas com vidros quebrados e/ou desuniformes com os modelos existentes no teatro.
4. Sistemática de produção e recebimento da obra
As fases de planejamento e projeto dizem respeito à previsão da edificação, portanto, as decisões tomadas nessas fases são aquelas que influenciam diretamente na qualidade do ambiente construído. Salienta-se que o planejamento é um instrumento de integração entre a concepção e a produção, enquanto que o projeto é o instrumento que viabiliza a produção do empreendimento, concretizando a concepção (3).
No que se refere ao projeto, constata-se que se for efetuado inadequadamente ocorrerá o surgimento de falhas, na relação com: o planejamento, a determinação de fabricantes e fornecedores de materiais, além de graves problemas na execução dos serviços, refletindo para os usuários e para a etapa de operação e manutenção.
Dentre deste contexto, verifica-se que a etapa de projeto está configurada como o fluxo de atividades de decisões que caracterizam por momentos fundamentais, como: análises dos vínculos e objetos do projeto, elaboração de hipóteses de soluções, determinação de soluções e a verificação da correspondência das mesmas com os objetivos propostos. Essa verificação é uma condição necessária e suficiente para um bom projeto, controlando e validando a garantia de qualidade de um projeto de construção.
A fase preliminar de um projeto consiste em definir os vínculos e os objetos do mesmo, conhecida também, por instruções. O responsável pode ser o contratante com a ajuda de construtores e projetistas, para que se definir os objetivos iniciais da qualidade em termos de funcionalidade e ambiente ou então, mais genericamente, tecnológica. Nesta fase, são definidos todos os objetivos, tanto técnicos quanto econômicos e, como será possível alcança-los em função dos recursos disponíveis.
Na fase seguinte, denominada projeto funcional, são definidas as características morfológicas e dimensionais dos espaços e dos elementos a fim de se satisfazer as exigências dos usuários, terminando-a com a identificação dos defeitos que devem ser estudados nas fases seguintes.
A fase de definições das tecnológicas de uma edificação, considerando a durabilidade de um edifício e suas partes, poderá ser denominada por projeto tecnológico. Esta, também, e uma fase prescritiva onde se define os elementos técnicos que garantam as condições de funcionalidade, habitabilidade e conforto dos ambientes. E, finalmente, efetua-se o controle da durabilidade do projeto, que resulta em soluções técnicas, em definições dimensionais, materiais e construtivas, da partes que constituem cada elemento da edificação.
O quadro 1 apresenta alguns fatores que podem ser gerados nas diferentes fases do projeto. O controle da durabilidade de uma solução poderá ser analisado através da “análise do mecanismo de falhas”, podendo ser realizado concomitantemente com o comportamento dos materiais, através de ensaios diretos e indiretos, podendo ser obtida por:
- Determinação dos elementos técnicos e instalações que constituem o sistema tecnológico do edifício;
- Determinação dos agentes degradantes, aos quais aos materiais estão sujeitos;
- Estabelecimento de uma correlação entre as alterações dos materiais e a modificação geométrica e funcional dos elementos;
- Determinação da gravidade da falha e sua estimativa quantitativa e qualitativamente.
Um exemplo ilustrativo da proposta apresentada está descrito no Quadro 2, no que se refere à confecção de argamassas. Estes requisitos fundamentais devem garantir a garantia da qualidade e durabilidade das mesmas. Salienta-se que para o controle da durabilidade a solução proposta deve determinar os possíveis erros patológicos mediante uma análise dos mecanismos de falhas.
Conhecer as principais propriedades das argamassas no estado fresco (p. ex.: trabalhabilidade, retenção da água), que resultam nas propriedades do estado endurecido (p.ex.: capacidade de absorver deformações) é uma forma eficaz de evitar alguns erros grosseiros que resultam em patologias.
Ao longo do tempo, independente do tipo do material ou do uso à que se destina, deve-se exigir sempre as mesmas funções básicas das argamassas: unir; vedar; regularizar e proteger.
Quadro 1 – Definições para cada uma das fases do projeto de uma edificação
Fase do projeto |
Produto |
Fatores a considerar |
Instrução |
Objetivos e características gerais da edificação, tempo previsto, usuário, atividades, requisitos e especificação funcional, dos ambientes e tecnológicas. |
Erros na definição do objetivo da qualidade. |
Projeto funcional |
característica morfológica-dimensional dos espaços e dos elementos, tipo de ação para o usuário em cada ambiente (tipologia do elemento espacial) |
Espaço inadequado para o desenvolvimento das atividades previstas |
Projeto tecnológico |
Requisitos e especificações tecnológicas, modelos funcionais e tecnológicas. |
Erro na definição tecnológica, nos objetivos relacionados a caracterização do uso. |
Durabilidade do projeto |
Modelo de funcionamento primário da edificação e suas partes onde se determina as soluções técnicas a serem adotadas |
Erros na determinações dos materiais, deficiência na análise dos agentes internos e externos. |
Quadro 2 – Exemplo de análise dos fatores que podem ser alterados para a execução de argamassa
Função |
Argamassa (concepção) |
Argamassa (material) |
Argamassa (execução) |
Materiais |
Especificar espessura, traço que garanta durabilidade da edificação. |
Emprego de materiais livre de impurezas e traço |
Garantir a perfeita execução do serviço. |
Causas |
Proteção e impermeabilidade a penetração de agentes agressivos |
Comprometimento da durabilidade e da vida útil devido a má qualidade dos materiais |
Uniformidade e garantia na perfeita execução dos serviços. |
Efeito |
Aumento da durabilidade |
Aumento da durabilidade |
Garantia da qualidade e da durabilidade |
Gravidade |
Alta |
Alta |
Alta |
Frequência |
Alta |
Alta |
Alta |
Alternativa |
Normalização técnica vigente ou definição do emprego de outra. |
A ser definida |
Gerenciamento da produção. |
5. Conclusão
A manutenção de edifícios possui um significado abrangente tanto econômico, social, acadêmico, cultural e técnico quanto jurídico. Nos países desenvolvidos, o valor em cada ano pode atingir 2% do valor total dos prédios, no Brasil, este valor poderá ser maior devido ao baixo controle de qualidade.
Segundo a normalização brasileira entende-se por manutenção de edifícios “o conjunto de atividades a serem realizados para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes, de atender as necessidades e segurança dos seus usuários. Dentre as necessidades dos usuários enquadram-se as exigências de segurança, saúde, conforto, adequação ao uso e economia cujo, atendimento é condição para realização das atividades previstas no projeto” (4).
O diagnóstico das patologias de um edifício como um todo ou em suas partes significa identificar as manifestações e sintomas das falhas, determinar as origens e mecanismos de formação, estabelecer procedimentos e recomendações para a prevenção. A partir do diagnóstico é possível planejar as atividades de recuperação, restauração, dentre outras. Estes dados apóiam os serviços de manutenção, que busca maximizar o desempenho quanto à segurança e habitabilidade dos edifícios e minimizar os custos dos serviços e as intervenções a serem efetuadas no mesmo.
As patologias do Cine Teatro Central indicam os problemas que vêem surgindo através dos tempos, por isso, o objetivo é preservar as referências culturais relevantes, remontar as características tradicionais e intrínsecas à sua condição. No entanto, um projeto de preservação desse tipo não é simples de ser implantado, mas, uma vez que se começa, fica muito mais fácil de continuar.
Espera-se, através deste enfoque, obter resultados que possam contribuir para se estimar, com maior consistência, os efeitos produzidos pela má conservação dos patrimônios antigos e seus acervos, bem como das consequências dos maus tratos com relação à conservação dos mesmos, proporcionando, no futuro, restaurações, recuperações e revitalizações mais precisas.
A simples ação de preservação e conscientização pode fazer crescer a sociedade no futuro, pois o presente e o passado são coisas importantes para o crescimento. Portanto, é preciso criar uma consciência ativa para preservar os patrimônios culturais, ou as gerações futuras conhecerão o passado apenas através dos álbuns de fotografias. Se não for levada a sério a preservação, breve só restará o arrasamento de marcos, a destruição de patrimônios arquitetônicos e muito arrependimento.
notas
1
BARBOSA, Maria Teresa; FINOTTI, Marzio H.; SOUZA, Vicente C. “Patologias de Edifícios Históricos Tombados de Propriedade da Administração Pública”, In: Congresso Internacional sobre Patologia e Reabilitação de Estruturas. Aveiro, Portugal, 2008.
2
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF (2007). Cine Teatro Central. Disponível em: <http://www.ufjf.edu.br >.
3
BARBOSA, Maria Teresa; SANTOS, W. “Controle de Projeto como Instrumento de Prevenção de Patologias nos Postos de Saúde localizados na cidade de Juiz de Fora”, In: X Congreso Latinoamericano de Patología y XII Congreso de Calidad en la Construcción. CONPAT 2009. Anais. Valparaíso, de 29 de setembro a 2 de outubro, 2009.
BARBOSA, Maria Tereza; PIRES, Verônica L. “Prevenção de Fissuras em Argamassas de Revestimento através do Controle na Etapa de Produção de Uma Edificação”, In: 4th International Conference on Structural Defects and Repair (CINPAR). Portugal, 2008.
ANGELIS, E.; POLTI, S.; TISO, A. “El Controle del Proyecto como Instrumento para la Prevención de lãs Patologias de la Co0nstrucción”, In: IV Congresso Iberoamericano de Patologia das Construções. (CONPAT). Porto Alegre, v. 2, 1997, p. 309-318.
GUS, Marcio. “Um Modelo para Gestão da Qualidade na Etapa de Projeto”, In: Gestão da Qualidade na Construção Civil. Porto Alegre. 1997, pp. 29-58.
SOUZA, Roberto; MEKBEKIAN Geraldo; SILVA, Maria A.; LEITÃO, Ana C.; SANTOS, Márcia M. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. São Paulo, PINI, 1995.
4
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 5674. (1999). Manutenção de Edifícios – Procedimentos.
sobre os autores
Maria Teresa Gomes Barbosa é Engenheira Civil, D.Sc. pela COPPE/UFRJ, Professora Associada da UFJF, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído/UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção civil, patologia das construções, inovação tecnológica, enfocando, principalmente o Ambiente Construído e sua sustentabilidade.
Antônio Eduardo Polisseni é Engenheiro Civil, D.Sc. pela UFRGS, Professor Associado da UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção civil, patologia das construções, inovação tecnológica, enfocando, principalmente o Ambiente Construído e sua sustentabilidade.
Maria Aparecida Steinherz Hippert é Engenheira Civil, D.Sc.pela COPPE/UFRJ, Professora Adjunta da UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção, gerenciamento de empreendimento, inovação tecnológica e informação tecnológica.
White José dos Santos é Engenheiro Civil, aluno do curso de Mestrado Acadêmico em Ambiente Construído/ UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção, manutenção de edifícios, sustentabilidade da edificação.
Igor Moura de Oliveira é Bolsista de Treinamento Profissional da UFJF – Projeto: Cine Teatro Central, graduando do curso de Engenharia Civil da UFJF.
Karla Teixeira Monteiro é Bolsista de Treinamento Profissional da UFJF – Projeto: Cine Teatro Central, graduando do curso de Engenharia Civil da UFJF.