1. Considerações iniciais: da obra e do texto
Sabe-se que Jean-Paul Sartre era um escritor contumaz e que nos legou uma obra realmente extensa. Os franceses Contat e Ribalka no seu “incontornável” livro – que, ao menos, assim pode ser considerado por aqueles que se dedicam ao estudo da obra do filósofo francês – intitulado, muito propriamente, Les écrits de Sartre, contabilizaram, entre o ano de 1923 e o ano de 1969, nada mais nada menos que 511 “escritos”... (1). Soma realmente impressionante se pensarmos que Sartre faleceu em 1980, e que entre este ano e o ano em que a coleta dos pesquisadores terminou – a primeira e única edição deste livro data de fevereiro de 1970 – Sartre continuou a sua produtiva atividade de escritor. Certamente, nem todas as obras listadas pelos pesquisadores franceses são memoráveis; certamente, muito do que está listado são textos curtos, como reportagens, prefácios etc., e que nem tudo o que Sartre escreveu pode ser comparado aos seus textos mais conhecidos, como O ser e o nada, a trilogia Os caminhos da liberdade, A náusea e a biografia As palavras – obra, aliás, cuja redação lhe valeu a prestigiosa recusa do Prêmio Nobel –, no entanto, se pensarmos que o filósofo francês neste lapso temporal teve uma intensa militância política e uma não menos intensa vida amorosa, a soma de textos coletada pelos pesquisadores franceses é, de fato, ímpar na história intelectual do século XX.
Sartre trabalhava com tanto afinco e de maneira tão sistemática – apesar, naturalmente, da bohème parisiense – que, muitas vezes, não reconhecia o texto que ele mesmo produzia. O ensaio Quand Hollyhood fait penser... Citizen Kane de Orson Welles, publicado no Écran Français em agosto de 1945, teve a autenticidade da autoria posta em dúvida pelo próprio autor, que chegou a duvidar da legitimidade da assinatura... (2). Por outro lado, há os textos que foram publicados postumamente, uma vez que Sartre jamais os concluiu dando-lhes a forma acabada de um livro. Nesta rubrica entram A rainha Albermale ou o último turista, publicada em forma de coletânea de fragmentos por sua filha adotiva Arlette Alkaïm-Sartre apenas no ano de 1991, os seus livros de missivas e o Diário de uma guerra estranha. Por mais insólito que isto possa soar – posto que estamos diante de uma obra cuja aplicação do termo “monumental” seria mais do que pertinente –, ainda há textos de Sartre a serem publicados, uma vez que muitos dos seus manuscritos foram vendidos por ele mesmo a particulares, o que, evidentemente, prejudica a pesquisa e a posterior publicação (3). Ainda por outro lado, há os textos que foram perdidos, obras de juventude ou textos publicados aqui ou acolá e que foram esquecidos nos arquivos de alguma editora ou revista. Um bom exemplo disto são as trinta e duas reportagens que Sartre escreveu em 1945 na condição de jornalista nos Estados Unidos da América, das quais apenas seis foram republicadas em 1949 na coletânea Situations III.
Introduzimos estas questões apenas para colocar no seu devido contexto o objetivo deste artigo, em parte aludido no seu título, que é estudar, a partir de um curto ensaio de Sartre intitulado Nick’s bar, New York city, o papel do jazz na formação da imagem que o filósofo francês teria das grandes cidades norte-americanas. Este texto, convém esclarecer, teve, como muitos outros textos de Sartre, uma longa história de publicação e republicações posteriores. Inicialmente, foi publicado no número especial sobre jazz no Cahiers France-Amérique-Latinité, de junho de 1947, depois foi traduzido para o Inglês e republicado com o título I discorvered jazz in America nas revistas Saturday review of litterature, ainda em 1947, e Saturday review Treasury, dez anos depois. Em Francês este texto tem ainda outra versão com variantes, e que foi publicada com o título Au Nick’s bar à New York, em 1948 na revista Caliban (4). A versão que será objeto de estudo neste artigo será a original, tal como foi publicada pela primeira vez e tal como foi republicada em Les écrits de Sartre. Este breve texto, todavia, seria insuficiente para a realização do nosso propósito, que é, repetimos, o de perceber como o jazz moldou certa imagem das cidades norte-americanas no imaginário de um intelectual europeu nos anos 1930 e 1940 – neste caso específico, Sartre –, portanto, utilizaremos na nossa exposição o livro já referido neste artigo, A náusea (5), no qual se pode encontrar algumas referências a esta música surgida nos Estados Unidos da América e o ensaio new York, ville coloniale. Realizadas estas considerações iniciais, à tarefa, então.
2. O jazz e as bananas
Como já foi aqui aludido, Sartre realizou duas viagens aos Estados Unidos da América. A primeira foi no ano de 1945, a convite de Albert Camus, para divulgar entre os franceses o esforço de guerra norte-americano, e a segunda foi em 1946, na condição de conferencista. No entanto, não foi através destas viagens que o filósofo francês entrou em contato com o jazz, posto que já o conhecia ouvindo-o em discos e nos cabarets parisienses. Aliás, ele era um habitué de cafés nos quais esta música era executada, e, recordam-nos os seus biógrafos, na juventude ele até pensou em seguir uma carreira como pianista em algum combo de jazz (felizmente para a história do pensamento ocidental esta ideia jamais chegou a se tornar um projeto).
Mas o jazz ouvido nos Estados Unidos da América lhe soou diferentemente, como se pela primeira vez percebesse que tudo o que tinha ouvido no seu país natal não era verdadeiro nem autêntico, e no texto Nick’s bar, New York city sentenciou: “A música de jazz é como as bananas, deve ser consumida no local” (6). Com esta curiosa comparação o filósofo francês afirma que o jazz é uma música, por assim dizer, “presencial”, e que, a este título, deve ser ouvida enquanto é produzida pelos músicos, e que o seu registro é uma mera falsificação. O jazz, segundo Sartre, e apenas para parafrasear outro filósofo, teria uma “aura”...
O filósofo francês afirma, ainda, que certos países têm um gozo nacional (réjouissance no original) e outros, simplesmente, não o possuem. Mas o que se esconderia por trás do uso deste termo? Ora, Sartre afirma que há um “gozo nacional” quando a plateia, na primeira parte de uma manifestação, fica sensibilizada e imóvel, como se estivesse, mesmo sensível, petrificada; e na segunda parte, ao contrário, a mesma plateia começa a gritar e saltar, como se estivesse possuída por algum obscuro e violento sentimento. Na acepção do filósofo francês, na Bélgica seriam o gozo nacional as brigas de galo, na Espanha as corridas, e na Itália o furto nas ruas. É quase desnecessário dizer que, para Sartre, a França não possuía nenhum gozo nacional e que o jazz seria o gozo nacional dos Estados Unidos da América. Ou seja, esta música seria ouvida em silêncio pela plateia norte-americana que, em seguida, irromperia com fúria e ânsia, aos gritos. Esta bela cena teria sido vista pelo próprio Sartre no Nick’s Bar em New York city, no ano de 1946. É assim, ao menos, o que ele nos descreve no já citado texto.
Mas Sartre estava bem longe de ser um profundo conhecedor de música, a arte que ele mais conhecia, como sabemos pelos seus textos e pelas entrevistas que ele concedeu, era a pintura. Mas isto não significava, contudo, que ele não fosse tocado pela música – e, neste caso, pelo jazz –, e Sartre foi um dos primeiros intelectuais franceses a tratar o tema. Já em 1946, no seu texto New York ville coloniale, escrito, na origem, para uma revista norte-americana (7), ele comenta sobre esta música, em um misto de decepção e melancolia, nas quais se percebe um acento de desencanto com o futuro:
“Quando nós tínhamos vinte anos, por volta de 1925, nós ouvíamos falar dos arranha-céus. Eles simbolizavam para nós a imensa prosperidade americana. Nós os tínhamos descoberto com estupefação nos filmes. Eles eram a arquitetura do futuro, exatamente como o cinema era a arte do futuro e o jazz era a música do futuro. Hoje nós sabemos o que pensar do jazz. Nós sabemos que ele carrega em si mais passado que futuro” (8).
Deambulando pelas ruas de New York, “a cidade mais rude do mundo” (9), solitário ou com a sua amante Dolorès Vanetti, o filósofo francês permitia-se fazer as considerações de um escritor-viajante que, diante de uma paisagem estrangeira, tende a moralizar. É fato que, em 1946, descobertos e exibidos os crimes perpetrados pelos nazistas, e depois das bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos em solo japonês, já não havia muito para se regozijar. Para Sartre, os emblemáticos arranha-céus de New York já eram passado, e, assim como o cinema e o jazz, seriam as ruínas de uma civilização decadente que não poderia mais ostentar os símbolos da sua vitória em uma good fight. Neste sentido, a paisagem urbana das metrópoles norte-americanas teria inspirado um sentimento de melancolia, como se fora uma promessa – de prosperidade e de felicidade – jamais cumprida. Depois da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, a mítica “América” parecia, aos olhos de Sartre, como uma chance desperdiçada.
Nas reportagens escritas no país norte-americano, em 1945, pode-se perceber um tom que é, na maioria dos casos, indulgente em relação aos Estados Unidos da América, e os temas abordados, segundo Jean-Philippe Mathy, são “próprios a toda uma tradição europeia favorável a América” (10). Ora, segundo o filósofo francês, haveria uma espécie de “doçura” a presidir as relações entre as diversas classes sociais naquele país, e este é, sem dúvida, um bom exemplo desta tradição favorável a “América”. Esta relação indulgente e favorável, contudo, mudaria consideravelmente nos anos posteriores. Em relação a esta questão, já em 1948, ele afirmou:
“Enquanto isso, o anti-semitismo e a negrofobia norte-americanas, o nosso colonialismo, a atitude das grandes potências em face de Franco conduzem a injustiças menos espetaculares, porém visam também a perpetuar o atual regime de exploração do homem pelo homem” (11).
Trata-se de um Sartre já um pouco diferente daquele que escreveu sobre a tal “doçura” que, supostamente, presidiria as relações entre as diversas classes sociais nos estados Unidos da América... E no texto escrito em 1946, como vimos, já se pode entrever, no seu pensamento, um desencanto que o conduziria a um atuante antiamericanismo e o tornaria um filósofo gauchiste engajado em quase tudo o que poderia significar situação de dominação injusta “do homem pelo homem”. Mas, hélas, escolher o seu destino pela liberdade, e escolher engajar-se politicamente significa, igualmente, a constante possibilidade de cair e recair naquilo que será julgado posteriormente como um erro, um engodo ou uma ingenuidade.
E quanto ao jazz? “É uma música de inspiração popular negra, suscetível de um desenvolvimento limitado e que degenera suavemente. O jazz mal sobrevive” (12). Certamente que uma simples consulta a qualquer manual da história do jazz no século XX demonstraria, sem muito esforço, o erro de julgamento cometido pelo filósofo francês. O jazz, contudo, compareceu no trecho citado como uma espécie de metáfora para compor uma paisagem urbana em que tudo é sinônimo de pessimismo, em que os arranha-céus são ruínas que mal lembram a prosperidade passada, e na qual o cinema não passaria de um mal disfarçado empreendimento comercial em meio a uma música que nada faz senão degenerar.
No entanto, há um texto mais famoso de Sartre em que o jazz ainda não é nem um “gozo nacional” e nem uma música que degenera; trata-se da novela A náusea, já citada neste artigo. A personagem da novela, uma espécie de alter ego de Sartre, Antoine Roquentin, após ter desistido de escrever o seu livro na cidade de Bouville se prepara para retornar à cidade de Paris. Ao ouvir uma canção de jazz intitulada Some of these days e que soa de um gramofone em um bistrot local, se imagina a seguinte cena:
“Penso em um americano escanhoado, de espessas sobrancelhas pretas, que sufoca de calor no vigésimo andar de um prédio em New York. O céu arde por cima de New York, o azul do céu se inflamou, enormes chamas amarelas vêm lamber os telhados: os meninos do Brooklyn, de calções de banho, se colocam debaixo das mangueiras” (13).
Não é, certamente, uma imagem muito original, e o público leitor francês já deveria tê-la visto em muitos filmes ou lido nos romances modernos norte-americanos, aqueles escritos por, entre outros, Faulkner, Dos Passos e Hemingway. Aliás, o próprio Sartre era um aficionado por cinema e um profundo admirador destes escritores (14). Mas em relação à questão da originalidade, não julguemos mal o filósofo francês, uma vez que a quase banalidade da imagem seria premeditada, posto que o seu público leitor deveria reconhecê-la para compreender a melancolia associada à musica: o calor intenso, o sol que faz arder a cidade, o artista no vigésimo andar da sua “torre de marfim” a criar uma canção e as crianças que procuram escapar ao calor banhando-se nos jatos de água expelidos por algum hidrante. Mesmo em 1938, quando o livro foi publicado pela primeira vez, a imagem já soava um pouco déjà vu.
Deve-se observar-se, igualmente, que a cena não foi colocada em qualquer cidade norte-americana, mas na emblemática cidade de New York, que parecia concentrar todos os mitos que cercavam os Estados Unidos da América: o país das grandes distâncias, da civilização mecanizada, do progresso, da ausência de barreiras sociais. Sartre apenas teve a oportunidade de matizar estes mitos a partir das duas viagens empreendidas ao país norte-americano e poderíamos afirmar, parafraseando o nosso autor, que os mitos são como bananas, devem ser consumidos no local.
2. Últimas considerações
Ora, como vimos, o professor francês Jean-Philippe Mathy evidenciou que as narrativas de Sartre escritas sobre os Estados Unidos em 1945 revelam uma posição favorável em relação a este país, posição esta que ele compartilhava com muitos intelectuais europeus da época. Isto significa que o olhar de Sartre fixado neste país evidenciava sentimentos que estavam já conformados por uma situação cultural pré-existente, como o espanto diante dos arranha-céus, as cidades verticais ou “em pé”, tal como ele leu no romance Viagem ao fim da noite de Céline (15). Neste sentido, quando Sartre faz observações sobre as cidades norte-americanas o seu, por assim dizer, “pano de fundo”, eram as cidades europeias que ele conhecia: Paris, Roma, Veneza, Barcelona, Atenas, apenas para nos restringirmos aos exemplos mais conhecidos.
Ao dizer que uma cidade norte-americana não possuía monumentos ele afirmava, em segunda voz, ou, se preferirem, nas “entrelinhas”, que as cidades europeias possuíam, sim, monumentos... (16). Do mesmo modo, ao narrar o seu espanto em relação ao tecido hipodâmico das cidades novas fundadas nos Estados Unidos da América, ele novamente afirmava em segunda voz o tecido complexo e milenar das cidades europeias. Neste sentido, poder-se-ia afirmar que Sartre não escreveu apenas sobre a cultura norte-americana, mas escrevendo sobre esta ele escreveu, igualmente, sobre a sua condição de um europeu em solo estrangeiro. E, concluamos, não em qualquer solo, mas no solo mítico do país que já conhecia – e imaginava e criava, o que neste caso é o mesmo – quando criança, pela literatura infanto-juvenil, e para o qual, mais tarde, ansiaria em viajar.
Pode-se observar esta ânsia em uma carta a “Castor”, escrita em um navio que conduziria os jornalistas franceses (17) àquele que seria, talvez, o destino mais esperado da viagem, New York. Nesta missiva o nosso autor afirmou: “Eu começo a sentir New York. Os outros também. Começamos a nos contar histórias sobre a América, pressionamos Riboud para que ele nos fizesse uma conferência sobre a vida americana (iniciação dos franceses)” (18).
A partir destas considerações, não estaríamos longe da verdade se afirmássemos que o jazz, assim como a literatura e o cinema, moldou uma determinada paisagem urbana norte-americana no imaginário de Sartre. Esta paisagem, na qual enormes arranha-céus habitados por compositores de jazz se misturam a garotos que se banham livremente nas ruas, é, certamente, uma alegre fantasmagoria. Mas é necessário observar que nos textos que tratamos há, ao menos, três momentos: o primeiro é a novela A náusea, na qual o autor ainda não havia conhecido pessoalmente os Estados Unidos da América; o segundo é o texto New York ville colonial, no qual já se pode observar que não há muito entusiasmo pelo país norte-americano, e, finalmente, o terceiro momento, no qual ele nos fornece uma escrita pungente sobre a sua própria experiência com o jazz. O que une estes diferentes momentos é que todos são perpassados por uma visão em que a paisagem urbana não um mero detalhe residual, mas a própria base da experiência estética.
notas
1
CONTAT, Michel; RIBALKA, Michel. Les écrtis de Sartre. Paris, Gallimard, 1970.2
Idem, p. 124.3
A este respeito ver: CONTAT, Michel. Autopsie d’un livre inexistant: La reine Albermale ou le dernier touriste. Disponível em: http://item.ens.fr/index.php?id=172593. Acessado em 08 de abril de 2010.
4
CONTAT, Michel; RIBALKA, Michel. Les écrtis de Sartre. Op. cit., p. 166
5
Contat e Rybalka, aliás, lograram ver muitas semelhanças de estilo e de tom nestas duas narrativas. CONTAT, Michel; RIBALKA, Michel. Les écrtis de Sartre. Op. cit., p. 166.6
Nick’s bar, New York city. Em: CONTAT, Michel; RIBALKA, Michel. Les écrtis de Sartre. Op. cit., p. 680.7
Este ensaio foi publicado, pela primeira vez, na revista norte-americana intitulada Town and Country, em maio de 1946, com o título Manhattam: the great american desert. Este texto, todavia, teve uma trajetória curiosa: foi republicado algumas vezes, e a sua versão mais conhecida e mais acessível, aquela publicada em Situations III, é uma tradução do Inglês para o Francês realizada por um editor francês e retocada por Sartre. Ora, o nosso autor havia perdido os originais... A este respeito, ver: CONTAT, Michel; RIBALKA, Michel. Les écrtis de Sartre. Op. cit.8
SARTRE, Jean-Paul. Villes d’Amérique, New York, ville coloniale, Venise de ma fenêtre. Paris, éditions du patrimoine, 2002, p. 42. Tradução nossa do Francês para o Português.9
Idem, p. 43. Tradução nossa do Francês para o Português.10
MATHY, Jean-Philippe. “L’ ‘Américanisme’ est-IL un humanisme? Sartre aux Étas-Unis (1945-43)”, In: The French Review, n. 03, v. 62, fevereiro de 1989, p. 456. Tradução nossa do Francês para o Português.11
SARTRE, Jean-Paul. O que é a literatura? Trad.: Carlos Felipe Moisés. São Paulo, Ática, 2004, p. 210.12
SARTRE, Jean-Paul. Villes d’Amérique, New York, ville coloniale, Venise de ma fenêtre. Op. cit., p. 43.13
A náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d, p. 264.14
“Havia pensado muito na América, porque... em primeiro lugar, quando criança, os Nick Carter e os Buffalo Bill me remetiam a uma determinada América, que depois conheci melhor através dos filmes; li os romances do grande período moderno, isto é, tanto Dos Passos quanto Hemingway.” Entrevista concedida a Simone de Beauvoir em 1974. BEAUVOIR, Simone. A cerimônia do adeus seguido de Entrevistas com Jean-Paul Sartre (Agosto-Setembro 1974). Trad.: Rita Braga. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982, p. 323.15
Citamos, neste caso, Simone de Beauvoir: “A atenção que prestávamos ao mundo era assaz rigorosamente dirigida pelos tropismos de que falei; éramos capazes, entretanto, de certo ecletismo, líamos tudo o que aparecia; o livro francês que se nos afigurou mais importante foi Le voyage au bout de la nuit de Céline. Sabíamos de cor uma porção de trechos.” BEAUVOIR, Simone de. A força da Idade. Trad.: Sérgio Millet. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 138. A este respeito ver: LIMA, Adson Cristiano Bozzi Ramatis. O fascínio do Novo Mundo: Arquitetos e intelectuais europeus e os arranha-céus de New York. Arquitextos, São Paulo, 10.109, Vitruvius, jun 2009 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.109/47>.16
A este respeito ver: LIMA, Adson Cristiano Bozzi Ramatis. “Imago mundi: a escritura do mundo - as cidades norte-americanas sob o olhar de Jean-Paul Sartre”, Risco (São Carlos), v. 7, p. 7, 2008.17
Sartre não viajou sozinho, mas fez parte de uma delegação de oito jornalistas.18
SARTRE, Jean-Paul. Lettres au Castor et à quelques d’autres. Paris, Gallimard, 1988, p. 330. Tradução nossa do Francês para o Português. Estas cartas trocadas com Castor e com os seus camaradas não são, evidentemente, o “verdadeiro Sartre”, mas são ainda literatura, como nos assevera Genéviève Idt: “Em 1983, os ‘escritos íntimos’ de Sartre, suas Lettres e os Cahiers de drôle de guerre, foram publicados, pareceram ressuscitar Sartre ao natural. Ou quase, pois um escritor, segundo Sartre, não tem natureza! Tão jovem e divertido que ele tenha se mostrado, ele ainda representa, evidentemente: ‘Talvez eu colocasse ali um pouquinho mais de alegria ou de lirismo que se coloca em uma carta escrita a um leitor qualquer quando não se é escritor.’” IDT, Genéviève. “Sartre au naturel”, In: Les collections de Magazine Littéraire, n. 07, mar-mai, 2005, p. 18. Tradução nossa do Francês para o Português.
sobre o autor
Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima, arquiteto e urbanista, Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo, Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, autor do livro: Arquitessitura; três ensaios transitando entre a filosofia, a literatura e arquitetura. Professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Arquitetura e Urbanismo.