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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O presente artigo trata da contribuição do professor arquiteto José Liberal de Castro, tanto no que se refere à sua obra, inserida no processo de recepção, difusão e consolidação da arquitetura moderna em Fortaleza.

english
This article deals with the contribution of the architect Professor José Liberal de Castro regarding his architectural work within the process of reception, consolidation and dissemination of modern architecture in Fortaleza.

español
Este artículo trata de la contribución del arquitecto profesor José Liberal de Castro con respecto a su obra arquitectónica dentro del proceso de recepción, consolidación y difusión de la arquitectura moderna en Fortaleza.


how to quote

PAIVA, Ricardo Alexandre; DIÓGENES, Beatriz Helena Nogueira . A contribuição de José Liberal de Castro à arquitetura no Ceará. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 154.04, Vitruvius, mar. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.154/4695>.

1. Introdução

O quadro diverso da arquitetura moderna brasileira, a partir da década de 1950, se deve aos fluxos de informações e conhecimento decorrentes do deslocamento dos arquitetos peregrinos, nômades e migrantes”(1) que redundaram, sobretudo, na fundação e autonomia das escolas de arquitetura. Esta mobilidade de pessoas, ideias e valores criou vínculos entre centros emissores e receptores, favorecendo a afirmação da arquitetura moderna brasileira, ao mesmo tempo em que contribuiu para o surgimento de uma diversidade de manifestações do modernismo arquitetônico, justificadas em função, principalmente, das resistências materiais e ambientais dos lugares.

Este panorama plural inclui uma vasta produção que, à margem do modernismo arquitetônico hegemônico, buscava adaptar os princípios modernos às condicionantes locais. Embora este processo e a atuação dos seus respectivos personagens (migrantes estrangeiros e nacionais e nativos, que vão estudar nos principais centros e retornam à terra natal), pareçam periféricos, é importante destacar o significativo papel que cumpriram na difusão do modernismo, ao introduzirem uma cultura arquitetônica de caráter mais erudito em diversos centros regionais. Neste sentido, a trajetória de diversos arquitetos constitui, ao mesmo tempo, fonte e objeto de documentação do desenvolvimento e da diversidade da arquitetura moderna brasileira.

O presente trabalho, que trata da contribuição do arquiteto José Liberal de Castro, torna-se relevante na medida em que analisa como, a partir do seu protagonismo, é possível inferir sobre os desdobramentos do modernismo nacional, a emissão e recepção dos seus pressupostos, além do processo constitutivo da arquitetura moderna cearense.

Liberal de Castro também se tornou pioneiro no processo de documentação da arquitetura e do urbanismo cearenses, ocupando um lugar destacado na historiografia. É relevante a contribuição do arquiteto na pesquisa, sistematização e produção de conhecimento sobre a matéria, com ressonâncias na compreensão do quadro diversificado de desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo no Nordeste e no Brasil, inclusive de outros períodos. Seus diversos e primorosos escritos acerca da nossa história e arquitetura são de excepcional valia para o conhecimento da nossa cultura arquitetônica e se tornaram referência fundamental para aqueles que pesquisam o assunto, sendo bastante relevante sua contribuição à cultura cearense de modo geral.

O interesse em documentar a trajetória de um personagem como o arquiteto José Liberal de Castro se sustenta no fato de que ele mesmo e sua atuação constituem fonte de documentação. Este pressuposto se alinha às mudanças e revisões verificadas na matriz da História como disciplina, identificada com os princípios da Nova História, que abandona sistematicamente as abordagens historiográficas tradicionais, baseada na narração dos grandes fatos, como as questões oficiais e se direciona para o particular(2), valorizando, entre outros aspectos, a história oral(3) como fonte de documentação.

2. Um arquiteto migrante: os desafios de um pioneiro

Nascido em Fortaleza em 1926, o arquiteto José Liberal de Castro migrou para o Rio de Janeiro - então Capital Federal - no ano de 1944, em busca de novos horizontes profissionais e intelectuais.

Nessa ocasião, era grande o fascínio exercido pela Cidade Maravilhosa no jovem cearense que, dotado de uma extrema facilidade de percepção, já detinha o conhecimento da sua estrutura urbana, revelando precocemente um interesse e uma aptidão extraordinária em relação à cartografia e à cidade, habilidade que sempre o acompanhou. Em lá chegando, rapidamente se adaptou à vida na cidade grande, não sem antes enfrentar as dificuldades de praxe.

O curso de Urbanismo, pelo qual nutria particular interesse, foi o pretexto para ingressar na Faculdade Nacional de Arquitetura, já que era destinado somente a arquitetos e engenheiros diplomados. Durante o curso, conciliou as atividades acadêmicas com o trabalho na firma americana Standard Oil Company, onde desempenhou função na área técnica, com ampla atuação, mas não propriamente ligada à Arquitetura.

O período (1951-1955) do Curso de Arquitetura foi bastante profícuo. Aliado às vivências estéticas, o dinâmico ambiente (4)e desfrutava e o contato com grandes mestres e profissionais de prestígio da nossa Arquitetura e Engenharia, como os arquitetos Paulo Santos, Roberto Burle Marx, Sérgio Bernardes, Afonso Eduardo Reidy e engenheiros como Aderson Moreira da Rocha, aumentaram seu interesse pela arquitetura.

A formação acadêmica se complementou com as incursões freqüentes à Sphan (5), onde mantinha contato próximo com o mestre Lucio Costa e com as questões do Patrimônio. Freqüentou também o escritório do arquiteto Sérgio Bernardes, conhecido ícone da arquitetura moderna brasileira, onde trabalhou como estagiário e como arquiteto.

Em meados da década de 1950, jovens arquitetos cearenses(6), recentemente diplomados, regressam a Fortaleza com o compromisso de aplicar na cidade novas práticas profissionais e métodos de trabalho. Formados no Rio de Janeiro e em Recife, trazem para o Ceará o debate sobre a arquitetura e o urbanismo modernos praticados naqueles centros e nas grandes cidades do mundo, o que, naquela época e nestas latitudes, era praticamente desconhecido.

No caso do recém diplomado arquiteto José Liberal de Castro, o regresso a Fortaleza não estava inicialmente em seus planos, pois considerava que não havia na capital cearense, na época, perspectivas profissionais estimulantes e a constante comparação com o Rio de Janeiro dificultava ainda mais a decisão. Nas raras visitas à cidade, para rever a família, passou a ter contato com profissionais da área – arquitetos e engenheiros – que gradativamente buscavam implementar em Fortaleza uma nova cultura arquitetônica e construtiva.

Logo surgiram solicitações de trabalhos profissionais, realizados sem quaisquer vínculos empregatícios, como projetos esporádicos, reformas e adaptações de edifícios na recém criada Universidade Federal do Ceará.

A decisão de permanecer na terra se consolidou com o convite para lecionar, como instrutor, a disciplina de Desenho de Observação na Faculdade de Engenharia, fundada em 1956. O contato afável com os estudantes e a experiência da atividade didática foi determinante para essa decisão e revelou o pioneirismo e a determinação do mestre, que passou a ser referência para várias gerações de engenheiros e arquitetos.

Nesse período, integrou também a equipe técnica do Departamento de Obras e Projetos da Universidade Federal do Ceará, juntamente com os arquitetos Neudson Braga(7), Marcos Studart(8) e Ivan Brito(9), responsáveis pelos projetos das primeiras obras da UFC, além do planejamento do novo Campus do Pici. Esta produção constitui importante acervo da primeira fase da arquitetura moderna cearense, da qual Liberal é um dos pioneiros.

O desafio maior do pioneirismo de Liberal e com maior repercussão na sua trajetória foi a fundação da Escola de Arquitetura da UFC. No ano de 1964, o então professor da Escola de Engenharia da UFC, José Liberal de Castro, juntamente com os também professores Neudson Braga, Armando Farias e Ivan Britto, foi convidado pelo Reitor Martins Filho para criar a Escola de Arquitetura da UFC.

Pela primeira vez, no ensino em Arquitetura, um grupo de arquitetos tinha isoladamente a oportunidade e responsabilidade de montar um curso destinado ao ensino da sua profissão (...) a escola tornou-se quase que imediatamente um grande centro de atividades culturais da Universidade e da Cidade, envolvida numa aventura pedagógica apaixonante.(10)

A fundação da Escola serviu como ponto de inflexão na transformação da produção arquitetônica e na introdução da arquitetura moderna em Fortaleza. O curso de Arquitetura era tido como o grande centro de referência cultural da Universidade e da Cidade.

Os méritos do curso foram rapidamente reconhecidos quando uma equipe de alunos(11) conquistou a Medalha de Ouro na Bienal de São Paulo, em 1969. À época, a Escola dispunha de uma biblioteca que constituía fonte fecunda de consulta, repleta de livros recém editados e periódicos estrangeiros, que forneciam aos arquitetos atualização profissional, pois passavam a ter ciência das últimas realizações internacionais.

3. Um arquiteto moderno: a atividade projetual

Com base em um conhecimento amplo e generalizado acerca da arquitetura, esta primeira geração de arquitetos, da qual Liberal faz parte, desenvolve métodos de projeto e representação, inova na utilização de materiais e técnicas construtivas, põe em evidência uma linguagem arquitetônica de caráter mais erudito, notadamente dentro dos cânones modernistas de herança carioca. Por outro lado, na condição de pioneiros, enfrentaram as limitações materiais e dificuldades iniciais na afirmação da profissão(12).

Liberal de Castro iniciou sua produção de forma efetiva projetando alguns dos mais significativos edifícios modernos da UFC, a saber:

- a Pró-Reitoria de Extensão da UFC (antigo Departamento de Cultura da UFC, 1961), em parceria com José Neudson Braga, que está situada no Campus do Benfica, na Avenida da Universidade, defronte à Reitoria.

O bloco único tem a forma de um prisma retangular, com dois pavimentos, destacando a racionalização da estrutura, composta por pilares cilíndricos que circundam o exterior do prédio. O acesso principal ao edifício é marcado por uma marquise de concreto. Na fachada principal, clara diferenciação de leitura entre a estrutura em concreto e as vedações em alvenaria e vidro remete à forte influencia da arquitetura moderna carioca. A fachada noroeste é marcada pela utilização de cobogós junto à circulação, voltada para o poente”. (13)

No pavimento superior do edifício há uma marcação da estrutura evidenciando sua modulação. Originalmente, as esquadrias eram com venezianas de madeira com tabuletas articuladas (ou móveis), revelando

 a incorporação de uma solução amplamente utilizada pela cultura construtiva local, sendo posteriormente substituídas por outras de alumínio e vidro.

Entretanto, é importante salientar que o caráter moderno deste edifício não pode ser qualificado rigorosamente em relação à matriz da qual se referencia. As soluções adotadas passam a ser condicionadas pelas especificidades materiais (recursos financeiros, mão-de-obra, tecnologia) e ambientais (paisagem natural e construída, condicionantes climáticas, etc.) e, em conseqüência, o emprego do repertório moderno apresenta limitações.

- os Anexos da Reitoria da UFC, 1965.

O projeto foi concebido inicialmente com três blocos implantados no sentido leste-oeste, destinados a funcionarem como uma espécie de residência universitária para moças. Na medida em que o Campus do Benfica consolidava sua estrutura física, os blocos passaram a abrigar os antigos Institutos de Física, Matemática e Química. Cada edifício possui dois pavimentos, dotados de salas de aula e circulações-varanda localizadas na periferia do edifício, no pavimento superior proporcionando o sombreamento das superfícies e a garantia do conforto ambiental. É relevante assinalar que a racionalidade e a modulação do edifício, mesmo sendo proposto para um fim distinto, se prestaram à adaptação para o uso educacional atual.

Posteriormente foi acrescentado ao complexo outro bloco, no sentido norte-sul, paralelo à Av. da Universidade. Este bloco liga-se aos das extremidades norte e sul, mantendo-se o do meio com a conformação externa original. A parte central do conjunto permaneceu livre, onde foi criado um centro de convivência para os alunos, junto às mangueiras existentes.

A edificação possui significativa importância como projeto moderno, evidenciada na utilização da estrutura independente; nas pretensões originais, com a adoção do térreo em pilotis, posteriormente vedado; nas varandas que circulam as salas no segundo pavimento; nos extensos panos de cobogós que protegem a fachada oeste da insolação; nos brises horizontais que conferem movimento à fachada interna do bloco paralelo à Av. da Universidade; e no balanço de aproximadamente 3,00m dos dois pavimentos superiores em relação ao térreo, demonstrado arrojo estrutural.

- a Imprensa Universitária (1967), foi concebida também em parceria com o arquiteto José Neudson Braga. Localizada no Campus do Benfica, o edifício está dividido em dois setores: o administrativo e o de serviços, sendo o segundo correspondente ao grande galpão que abrigava o maquinário de impressão. Neste projeto, o arquiteto também se vale da racionalidade da estrutura e dos elementos e mecanismos que possibilitam à adaptação aos imperativos climáticos do meio. O edifico apresenta uma austeridade formal, rompida com a distinção do volume da administração, de formato mais linear, em relação à silhueta inclinada dos galpões, riqueza volumétrica que ainda se mantém, apesar das seguidas interferências no edifício.

As transformações tecnológicas operadas nos mais diversos setores das atividades humanas, atualmente regidos pela computação, vêm alterando o dimensionamento dos espaços, particularmente nas indústrias. Assim, o pavilhão das máquinas da Imprensa Universitária parece hoje vazio, ainda que particularmente ocupado com compartimentos destinados ao abrigo de novos serviços. De qualquer modo, a edificação mantém suas linhas gerais, apesar do tratamento cromático a que foi submetido em certos trechos exteriores, com alteração da aparência original.(14)

Paralelamente aos projetos desenvolvidos para a Universidade, Liberal também realizou projetos particulares, muitos deles em parceria com colegas. Não são muitos os projetos e alguns dos edifícios já foram demolidos ou estão bastante descaracterizados, mas todos são marcados pelo esmero e o domínio da técnica, além da preocupação em conciliar elementos da arquitetura moderna com as condições locais – materiais e clima.

Destacam-se os projetos de residências (a maior parte de amigos, com quem mantinha relação informal: Carlos d’Alge, 1967, Diatahy Bezerra de Menezes, 1973, Tiago Alfeu, 1967)(15).

É possível identificar alguns aspectos comuns nas residências projetadas pelo arquiteto. No que se refere à inserção urbana, percebe-se a intenção de estreitar a relação entre o público e o privado, por intermédio da adoção de muros e gradis baixos e da criação de áreas de transição, como varandas e pergolados. Quanto aos aspectos funcionais, as residências demonstram as preocupações do arquiteto em interpretar o “jeito de morar” local, pois “no agenciamento do programa de necessidades, estabelece rigorosa diferenciação das zonas funcionais, sendo, porém, marcante a franca compartimentação dos ambientes, afastando-se da fluidez espacial das proposições modernas e incorporando valores da tradição(16). Aliás, estes valores, considerados pelo arquiteto como pressuposto projetual, se manifestam na forma como ele lida com os aspectos estruturais e construtivos. Na tipologia residencial é possível perceber a incorporação de técnicas e materiais construtivos mais tradicionais (ou vernaculares), como o uso da pedra em arrimos e paredes, e da madeira em esquadrias e vedações. O rigor da modulação cede lugar a uma estrutura menos rígida, com a utilização do concreto associado à alvenaria estrutural, viáveis em função do programa. O tratamento formal das residências é bastante severo, pois a volumetria e o tratamento das superfícies expressam as soluções funcionais e construtivas, bem como as propriedades dos materiais utilizados (a estrutura de concreto, as vedações em alvenaria e as esquadrias em madeira).

Na Residência Carlos d’Alge, é possível perceber outra característica comum às outras: a prevalência da linha horizontal da composição, visível na marcação de uma viga contínua que abrange, cobre e coroa toda a edificação, ora se projetando em conjunto com a laje, ora com pérgulas de concreto.

O arquiteto elaborou projetos de edifícios diversificados, como prédios comerciais (Palácio Progresso, 1964), escolares (Escola Pe. José Nilson, 1961, Anexo do Colégio Cearense, 1957), esportivos (Estádio Castelão, 1969), hoteleiros (Hotel Colonial, 1974), agências bancárias e edifícios da área de Saúde (Hospital Alberto Sabin, 1972 e Instituto de Hemoterapia do Ceará, 1976).

Conforme destacado, foi bastante profícua a parceria com o amigo arquiteto Neudson Braga, de que resultaram inúmeros projetos, como o planejamento e os edifícios do Campus da Uece, do Itaperi (1979-1996), o prédio do Hemoce e a agência do Banco do Nordeste do Brasil em Penedo (1970). Em parceria com Gerhard Bormann (17) e Reginaldo Rangel (18), projetou as agências do Banco do Nordeste do Brasil em João Pessoa (1969) e Natal (1970).

Dentre as obras do arquiteto as consideradas mais emblemáticas, destacam-se:

- o Palácio Progresso (1964-1969) foi o primeiro edifício de escritórios de porte da cidade, com franca filiação à escola carioca. A edificação está implantada em um lote com estrutura fundiária tradicional no Centro, com uma morfologia urbana típica da “rua corredor”, onde não há recuos do edifício em relação ao lote. Mesmo assim, o arquiteto confere um caráter moderno ao edifício, propondo uma galeria que, com o recuo do alinhamento das lojas do térreo, a consequente explicitação da modulação dos pilares e a criação de uma laje delgada que se projeta, simula a presença de um pilotis. Tal solução permitiu uma integração maior entre o público e o privado, ampliando a áreas de circulação junto ao passeio.

Assim como em outras edificações, Liberal estabelece rígida modulação estrutural, grande repetição de componentes utilizados, dentre outras estratégias de racionalização do processo construtivo. Resultado da justaposição de dois blocos em “L”, o projeto original integrava-se “à paisagem através da extensão dos pisos da circulação externa e do bar à passarela de pedestres e veículos sobre a calha do Riacho Pajeú. A proteção solar se faz a partir da modulação regular de elementos horizontais e verticais das fachadas norte e sul” .(19)

A qualidade formal do edifício pode ser verificada nas proporções harmônicas da composição, marcada pela definição da base, solta através de uma laje do corpo do edifico, que por sua vez é composto pela grelha que funciona como brise, e no coroamento do bloco voltado para leste, onde ele utiliza uma laje linear com trechos vazados com pérgulas, que arremata o edifício. Percebem-se, no Palácio Progresso, outras soluções características da matriz da arquitetura moderna brasileira, como a definição clara dos panos de vedação (empenas, esquadrias e alvenarias) , assim como a adoção de elementos lineares, conferindo leveza à solução plástica.

- a obra do Estádio Castelão(20) (1969) foi uma relevante realização arquitetônica do final da década de 1960 em Fortaleza, em função do porte e do programa. À época de sua construção, o estádio se localizava em uma área periférica da Cidade com muitos vazios urbanos, relativamente próximo da BR-116. Atualmente, trata-se de uma área urbana consolidada e com relativa valorização imobiliária, sobretudo com a próxima realização da Copa de 2014 em Fortaleza. A implantação do edifício, solto em meio à gleba, é tipicamente moderna, sendo possível percebê-lo na sua totalidade, de vários ângulos. Assim como outros estádios modernos construídos no Brasil, o Castelão incorpora aspectos programáticos e funcionais específicos da cultura esportiva do futebol brasileiro, sobretudo em relação ao comportamento e compartimentação do público.

A concepção do estádio privilegiou aspectos fundamentais necessários para a funcionamento da atividade em relação à visibilidade, como é o caso do formato da planta, desenhada com base na concordância harmônica de curvas, ao mesmo tempo que busca um traço que garanta uma maior proximidade do retângulo que conforma o campo, bem como o perfil da arquibancada, que foi estudada para assegurar plenamente a curva de visibilidade vertical.

A racionalidade não se manifesta apenas no sistema construtivo, composto de sessenta pórticos que determina a coerência da composição, mas no agenciamento dos aspectos funcionais, na definição rigorosa dos acessos, dos fluxos (inclusive de escoamento), dos setores. O edifício, apesar da proporção avantajada, apresenta uma unidade formal muito evidente, visível na repetição e continuidade formal da unidade estrutural que o pórtico representa. Aliás, a expressão formal resulta explicitamente da solução estrutural, potencializada pelo uso do concreto aparente que, de certa maneira, reforça o caráter público e coletivo do edifício.

O projeto original previa um trecho coberto, concebido em concreto protendido, que não foi construído. Inclusive, muitas outras soluções propostas não foram obedecidas na execução da obra, como os acessos diretos às tribunas e às cadeiras e obras complementares, internas e externas (serviços, administração, alojamento, etc). É importante salientar ainda que os acabamentos não foram fiéis ao detalhamento preciso, fornecido pela equipe de arquitetos.

O edifício passou por uma reforma no início dos anos 2000, com a construção de uma coberta metálica que não chegou alterar muito a fisionomia da edificação original. Atualmente, o edifício tem sido alvo de mudanças mais significativas, presididas pelas exigências da Fifa, para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014. Embora não seja objetivo deste artigo tratar da validade ou não do projeto de “retrofit” do estádio, pode-se afirmar que a sua qualidade espacial, funcional, formal e estrutural/construtiva foi determinante para a adaptação contemporânea. Entretanto, o resultado repercutiu negativamente na sua conservação como edifício moderno, redundando numa “morte por transfiguração”(21).

- o Instituto de Hemoterapia do Ceará (22) -  Hemoce (1972) se desenvolve com base na articulação de pavimentos dispostos em torno de um pátio central. Devido à complexidade do programa, composto pelos setores de hematologia, hemoterapia, atendimento ambulatorial e serviços complementares (auditório, biblioteca, refeitório, etc), foi adotada uma defasagem dos níveis dos pisos para amenizar os deslocamentos verticais. As características modernas se expressam na racionalidade estrutural, marcada pela modulação dos arcos de concreto aparente da coberta e pela clareza entre os elementos de estrutura e vedação, dispostos de forma quase didática. “É notável o emprego do concreto aparente nas empenas cegas texturizadas e nas abóbadas que cobrem o pavimento intermediário, bem como a diferenciação plástica das principais circulações verticais”. (23)

Vale salientar que grande parte da obra do arquiteto está bastante descaracterizada(24), tendo sofrido acréscimos e reformas, sem se atentar para o seu significado histórico e arquitetônico.

Em síntese, em conformidade com sua formação “racionalista”, Liberal destaca a importância do conhecimento dos materiais, das técnicas e meios de construção, além da busca do sentido formal, elementos essenciais do fazer arquitetônico. Seu modo de projetar evidencia o emprego de meios eruditos e o rigor do desenho, mas, atento às características locais, não despreza o uso do tradicional e do vernacular.

4. Um arquiteto teórico: a atividade docente e historiográfica

Como professor (25), Liberal de Castro teve papel determinante na formação da grande maioria dos arquitetos cearenses. Desde sempre, incutiu nos alunos a importância da História no ensino da Arquitetura, tão patente em todas as suas aulas, tendo influenciado o gosto pela matéria em vários de seus discípulos(26).

Com os estudantes, realizou levantamentos da arquitetura colonial cearense nas cidades de Icó, Aracati e Sobral, além de Fortaleza, como também em outras cidades do Nordeste, como São Luis e Alcântara, no Maranhão. Esse material constitui importante acervo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFC. A biblioteca do Curso foi batizada com o nome do arquiteto, como forma de reconhecimento por sua contribuição.

Foi ainda bolsista-pesquisador da fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (27), no ano de 1976, onde realizou estudos sobre a arquitetura antiga cearense, matéria que foi tema de sua tese de Livre Docência (28), defendida em 1981.

Aposentou-se no ano de 1993, o que não significou, absolutamente, o seu afastamento do Curso de Arquitetura, o qual freqüenta assiduamente, tomando parte de todas as decisões importantes do Departamento, onde mantém contato freqüente com professores e alunos, discutindo arquitetura, produzindo textos e artigos, além de orientar dissertações e teses, mesmo que por vezes informalmente. Participa ainda de bancas de concurso para professor ou de defesas de dissertações e teses de Mestrado e Doutorado.

Afora isso, seu aguçado sentido ético e sua vasta e diversificada cultura fazem com que recorram a ele inúmeros colegas e antigos alunos (29), em busca de consultorias e “aconselhamentos” profissionais, sendo sempre perfeitamente atendidos.

Entre tantas contribuições, conforme citado acima, o arquiteto foi pioneiro no estudo, sistematização e documentação da história e conseqüente preservação da arquitetura e urbanismo cearenses. Este pioneirismo se justifica também pelo fato de que pouco ou quase nada tinha sido escrito até então sobre a arquitetura e o urbanismo no Ceará, seja porque a produção local foi alijada da historiografia nacional da arquitetura e do urbanismo, seja porque a maioria dos escritos sobre a cidade se inseria na história geral do Ceará (30).

Os primeiros textos publicados de Liberal de Castro datam de 1977: “Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará” e “Fatores de localização e de expansão da cidade da Fortaleza”. O primeiro foi um desdobramento de uma exposição e comemoração dos 200 anos de Sobral, quando o arquiteto foi convidado para escrever pequenos textos sobre edifícios antigos emblemáticos da cidade; o segundo foi resultado de uma palestra proferida em um Congresso Nacional de Botânica que se realizou em Fortaleza, em 1968 (31).

O conhecimento de Liberal de Castro sobre a iconografia e a documentação relativa à arquitetura e à cidade antecede o seu interesse em escrever sobre a matéria. Seu envolvimento com as questões do patrimônio e suas atividades de docência e pesquisa (32) suscitaram, a princípio, demandas por parte da sociedade cearense, que resultaram em publicações diversas. Note-se que a sua atividade como historiador da arquitetura e do urbanismo no Ceará é tardia; inicia-se timidamente em fins da década de 1970, torna-se mais relevante na década de 1980 e intensifica-se nas décadas seguintes.

Ao tratar da arquitetura e do urbanismo, ele passa a preencher um vazio, pois na historiografia sobre o meio urbano no Ceará, os escritos existentes até então (destaque para Raimundo Girão) possuíam um caráter descritivo e memorialista, que, todavia, não deixaram de servir de referências para o autor. No caso da arquitetura, é possível admitir sem reservas a inexistência de uma historiografia.

O contexto em que o arquiteto escreve seus primeiros textos se caracteriza por um momento de grande crescimento urbano em Fortaleza, que, em 1973 tem sua região metropolitana institucionalizada, assiste ao início de um processo de industrialização, bem como conhece um maior crescimento do setor de serviços e a emergência de uma camada mais consolidada de profissionais liberais, em decorrência da criação da Universidade Federal do Ceará, na década de 1950. O próprio curso de arquitetura e os seus professores se impunham como referências no quadro cultural da Cidade, meio no qual o arquiteto já gozava de certo prestígio.

As influências intelectuais do arquiteto têm origem na formação modernista na Faculdade Nacional de Arquitetura no Rio de Janeiro, onde teve contato com os mais importantes mestres da arquitetura brasileira, e no Sphan (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que na sua gênese teve uma participação efetiva dos arquitetos, marcada por uma visão essencialmente material (iconográfica e construtiva).

O arquiteto sempre foi imbuído de um pensamento racionalista e operacional, próprio da visão modernista e da prática do arquiteto, com preocupações nítidas em analisar os projetos e as obras. Entretanto, ele revela que a atividade prática não é suficiente para a sistematização e produção de conhecimento no campo da arquitetura e do urbanismo, sendo essencial(33) o referencial teórico, que no seu caso, se consolidou como professor do setor de teoria e história da arquitetura.

Seu interesse pela documentação traduz-se como uma herança clara da “Tradição do Patrimônio” e dos ensinamentos do mestre Lúcio Costa, muitos dos quais contidos na Revista do Sphan, um dos primeiros espaços para a publicação de textos de arquitetura no Brasil. Para ele, o documento também consiste no ato de desenhar, de representar em croquis o que percebe e interpreta, habilidade por sinal, inata do arquiteto.

Os procedimentos que Liberal utiliza para a documentação se assemelham aos de outros arquitetos de sua geração, com formação moderna e que enveredam pelos caminhos da escrita da história da arquitetura e do urbanismo, como é o caso do Professor Nestor Goulart Reis Filho(34), conforme a análise de Maria Irene Szmrecsanyi sobre a sua historiografia:

Mas não se trata de documentar por documentar, num preparo sem fim da escrita da história. Trata-se de um levantamento armado pelo objetivo de entender razões e causas, ainda carentes de teorias, mas definindo-se como uma etapa básica de seu método de trabalho, na qual a imagem tem um papel decisivo.(35)

O arquiteto se vale sobremaneira das imagens e da iconografia para sustentar suas descrições e interpretações. Pela escassez de documentação no Ceará e como é próprio do campo historiográfico da arquitetura e do urbanismo, a cidade e o edifício são documentos fundamentais, pois contêm, pela sua permanência material, os dados empíricos essenciais para o trabalho do historiador da arquitetura e do urbanismo. Ele consegue inferir, com base no objeto físico, sobre aspectos relativos ao fato social historicamente datado, reconstituindo os usos, as técnicas, os aspectos estéticos e sua dimensão simbólica, a relação com o contexto urbano e a atuação dos agentes, enfim, o papel que desempenhou na época de sua realização e sua permanência no tempo. Aliás, valer-se do objeto empírico constitui uma especificidade da historiografia da arte e da arquitetura, em comparação com a historiografia em geral, conforme assinala Marina Waisman (1990):

A distinção fundamental entre o objeto de estudo da historiografia geral e as historiografias da arte e da arquitetura se referem ao tipo de temporalidade de ambos: porque, apesar de em todos os casos o objeto tem tanto uma determinação espacial como uma temporal, para a historiografia geral o objeto deixou de existir no tempo e o primeiro trabalho do historiador é de fazê-lo reviver, por assim dizer, de trazê-lo ao presente mediante sua descrição ou sua narração. Enquanto o objeto das historiografias da arte e da arquitetura existe no presente por si mesmo, e o trabalho do historiador parte desta realidade presente. No primeiro caso, o protagonista é um acontecimento, um personagem ou uma cultura que teve lugar no tempo e desapareceu, deixando somente certos testemunhos que permitam seu conhecimento. No segundo, o protagonista – a obra de arte ou arquitetura – ainda que pertença a outro tempo e lugar, é em si mesmo o testemunho principal e imprescindível, o que reúne em si os dados mais significativos para o seu conhecimento. (36)

Liberal, mesmo consciente desses elementos específicos relacionados à historiografia no território da arquitetura, recorre também aos procedimentos da historiografia geral, ao acrescentar em sua análise outras formas de testemunhos e referências que são exteriores às obras, como atas, registros, escritos, decretos, etc.

Fazem parte de suas preocupações, no que se refere à documentação, a arquitetura popular e a erudita, indistintamente. Por indicação sua, a Casa de José de Alencar, em Messejana, distrito de Fortaleza e o Mercado da Carne, em Aquiraz, foram tombados pelo Iphan em 1964 e 1984, respectivamente, na categoria de arquitetura popular, assim como o Theatro José de Alencar em 1964, exemplo da arquitetura erudita em Fortaleza. Liberal reconhece nos edifícios dos quais fez a instrução de tombamento(37), independentes do anonimato ou celebração da autoria, suas diferentes representatividades tipológicas, enxergando também o trabalho envolvido na sua construção, manifestados nos recursos e materiais utilizados, nas técnicas e nas soluções espaciais, nos usos e nos aspectos estilísticos.

No processo de tombamento de um edifício, o arquiteto assinala que, a princípio, bastavam um levantamento fotográfico e arquitetônico e um breve texto para indicação de um bem para ser tombado junto ao Iphan, atestando que os valores culturais e artísticos intrínsecos dos edifícios poderiam ser percebidos muito mais através de imagens e da obra em si do que propriamente dos textos, confirmando o valor da iconografia e da fonte material para os pioneiros do patrimônio no Brasil. Tal processo se deu no caso da instrução de tombamento da Casa José de Alencar, do Theatro José de Alencar e do Mercado da Carne(38).

A estreita ligação Liberal com o Iphan, que se prolonga desde o período em que era estudante de arquitetura no Rio de Janeiro na década de 1950 até hoje, não o impediu de enxergar valores na arquitetura neoclássica e eclética(39), um dos objetos de seu interesse, pesquisa e publicação, diferentemente da primeira geração do Iphan, incumbida de salvaguardar a herança cultural do Brasil colonial, base para a criação da identidade nacional e moderna a ser construída. O estudo da arquitetura desse período, por parte do arquiteto, se deu também em função do incipiente acervo colonial no Ceará.

Ciente da abrangência da historiografia da arquitetura e do urbanismo no Brasil e das dificuldades metodológicas de abarcar a diversidade regional e cultural no país, o arquiteto direciona seus escritos para situações peculiares do desenvolvimento urbanístico e arquitetônico em circunstâncias periféricas, como é o caso do Ceará. Aí reside uma contribuição também à historiografia da arquitetura e do urbanismo nacional, ao trazer à luz pontos obscuros, ao mostrar especificidades, diferenças, interpretações e desdobramentos que a narrativa hegemônica não contemplou, seja por ignorar, seja por excluir.

Como arquiteto, Liberal se debruça sobre a dimensão dos planos urbanísticos e do projeto dos edifícios, não somente como prefiguração técnica e artística da obra (cidade e edifício), mas como projeto social, buscando compreender as motivações econômicas, políticas e cultural-ideológicas das manifestações espaciais, bem como o papel dos agentes (o Estado, os arquitetos, os engenheiros, a clientela, a mão-de-obra).

O único texto de Liberal de Castro que não se refere à arquitetura e ao urbanismo cearense e que tem uma pretensão teórica mais geral denomina-se “Hipótese de uma Semiologia na Arquitetura” publicada na Revista do Instituto do Ceará, onde demonstra habilidade em discorrer sobre a teoria da arquitetura, especificamente sobre os aspectos simbólicos e revela o seu posicionamento historiográfico.

A inclinação, que mantenho, por outras correntes interessadas no uso funcional explícito da arquitetura, embora admita o recurso dos usos simbólicos, à guisa de conotação. Preocupa-me o social e o econômico na arquitetura, conquanto aceite quaisquer ampliações fluidas de inúmeros vetores. As duras condições de produção de arquitetura num meio difícil, como o nosso, talvez, tenham direcionado minhas preferências, sem me permitir enveredar-se por novos caminhos.(40)

É patente nos escritos de Liberal de Castro a personalidade autoral de arquiteto, condição de que ele não abre mão, mesmo reconhecendo a importância da história. Entretanto, é possível perceber uma evolução na sua escrita em relação à utilização de fontes documentais primárias, sendo possível atribuir às suas últimas publicações um caráter mais científico.

A Revista do Instituto do Ceará constitui o espaço por excelência das suas publicações, onde anualmente, desde 1989 o arquiteto tem contribuído com textos que expressam suas inquietações e pesquisas pessoais sobre a história da arquitetura e do urbanismo no Ceará (41).

Em síntese, a sua visão historiográfica, que descende da sua formação na Faculdade Nacional de Arquitetura e no antigo Sphan, é complementada por seu interesse pela documentação e pela cartografia e por seu conhecimento teórico, e consolidada, posteriormente, com a sua atividade docente junto às disciplinas de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo, no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará.

O arquiteto dedicou-se a estudar as origens e o desenvolvimento da cidade de Fortaleza e da arquitetura cearense publicando inúmeras obras (42) sobre a matéria, da qual é a principal referência para aqueles que pesquisam o assunto. Vale salientar que o arquiteto declaradamente se isentou da análise e pesquisa sobre a arquitetura moderna no Ceará, por considerá-la contemporânea à sua atuação.

5. Um arquiteto polivalente: O legado de sua trajetória

Intelectual inquieto e de espírito investigativo, sua atuação extrapola as atividades da prática projetual, da docência e da historiografia, destacando-se em diversas áreas ligadas à profissão.

De modo similar, participa ativamente das questões ligadas ao patrimônio, atuando como representante honorário do Iphan desde 1957, realizando trabalhos de orientação em processos de tombamento de edificações, além de restauração de significativos exemplares, como a Igreja Matriz de Aracati.

Em 1991, ingressa como sócio efetivo no Instituto do Ceará, já tendo anteriormente participado desta casa de cultura como membro honorário e membro benemérito (43).

Dentre suas atividades, cabe ressaltar sua participação como membro da comissão (44) responsável pelo processo de reabertura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Brasília, no ano de 1968. Foi ainda sócio fundador da Delegação do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB-CE em Fortaleza, ainda na década de 1950, depois transformado em Departamento, do qual foi Presidente no período 1966-67.

Atua também como membro do Conselho de Cultura do Estado do Ceará e do Conselho Universitário da Universidade Federal do Ceará, como representante da comunidade cultural.

Como se vê, o arquiteto possui atuação polivalente em vários campos da arquitetura, com uma extensa e produtiva vivência, que faz dele, como já mencionado, referência fundamental no trato das questões arquitetônicas no Ceará.

Professor emérito da Universidade Federal do Ceará (45), Liberal de Castro teve papel fundamental na formação profissional de gerações de arquitetos cearenses e na difusão dos pressupostos da arquitetura moderna brasileira. Sua trajetória, resultado de características pessoais e da sólida formação, foi sempre pautada pela ética e coerência, inerentes à sua postura pessoal e profissional.

A análise da arquitetura e urbanismo antigos no Ceará é um mérito indiscutível de Liberal de Castro, uma contribuição que ele transmite há décadas para os seus alunos e discípulos, até bem pouco tempo apenas por meio da sistematização deste conhecimento, servindo de base e, a posteriori, como incentivo para aqueles que também enveredam pelos caminhos da história da arquitetura e do urbanismo cearenses. Aliás, a produção escrita do arquiteto sobre o assunto é tão relevante que, de certa maneira, eclipsou a atuação de outros arquitetos na produção de conhecimento sobre a matéria.

Apesar do indiscutível legado de José Liberal de Castro à historiografia da arquitetura e do urbanismo no Ceará, percebe-se que os seus escritos, principalmente os artigos publicados na Revista do Instituto do Ceará (46), possuem um alcance ainda limitado em relação à qualidade e a importância dos seus conteúdos, muitos ainda de pouco conhecimento, inclusive dos estudantes de arquitetura de Fortaleza.

A produção historiográfica de Liberal de Castro constitui também um considerável aporte, ainda que pouco difundido, à história da arquitetura e urbanismo antigos no Brasil, ao possibilitar uma visão menos unívoca e genérica sobre o tema, apontando a diversidade de formas de produção da cidade e da arquitetura em contextos distintos dos centros urbanos mais importantes dos séculos passados. A importância de Fortaleza atualmente como metrópole regional, com alcance nacional, impõe a necessidade de buscar as raízes históricas de sua condição urbana contemporânea, sendo os escritos do arquiteto subsídios preciosos.

O legado da trajetória do professor e arquiteto José Liberal de Castro constitui importante registro dos processos de emissão e recepção do modernismo arquitetônico entre os centros nacionais e regionais, bem como da constituição da cultura arquitetônica no Ceará, com desdobramentos no ensino, nas obras, bem como nas práticas de documentação e preservação da arquitetura antiga. Enfim, Liberal fez e continua fazendo história.

notas

NA 1
Agradeço ao Mestre José Liberal de Castro, pelas entrevistas concedidas aos autores, em janeiro de 2011. 

NA 2
O presente trabalho é uma síntese de dois artigos elaborados pelos autores. O primeiro, apresentado no 9º Seminário DOCOMOMO Brasil, realizado em maio de 2011 em Brasília, denominado “Caminhos da Arquitetura Moderna em Fortaleza: a contribuição do professor arquiteto José Liberal de Castro” e o segundo no 2º Seminário Iberoamericano Arquitetura e Documentação, realizado em Belo Horizonte em novembro de 2011, denominado “A contribuição do arquiteto José Liberal de Castro à escrita da história da arquitetura e do urbanismo no Ceará”. 

1
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil (1900-1990). São Paulo: Edusp -  Editora da Universidade de São Paulo, 1997.

2
BURKE, Peter. A Escrita da História - Novas Perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1992.

3
Vale salientar que este trabalho teve como principal fonte de documentação as entrevistas concedidas pelo arquiteto aos autores.

4
O Rio de Janeiro constituiu desde sempre importante referência, verdadeiro legado cultural para o arquiteto, que mantém ainda hoje estreitas ligações com a cidade.

5
A SPHAN (Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) “compreendia naquela época um reduzido grupo de abnegados, talvez umas trinta pessoas. (...) boa parte das tarefas de identificação e documentação e, muitas vezes, da própria preservação do acervo, era efetuada pelos chamados ‘amigos do Patrimônio’, entre os quais eu honrosamente me incluo” (CASTRO, 1991, p. 224). CASTRO, José L. Discurso de posse, In: Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza: vol. 105, p.217-236, 1991. Em suas incursões pelo SPHAN, conforme revelou o arquiteto, foi grande a influência do mestre Lúcio Costa, nas conversas diárias, e bastante profícuo o contato com outros personagens da repartição, como o Sr. Nascimento, responsável pelo setor de imagens e o Sr. Jacinto, encarregado da seção de livros antigos , e com o próprio Rodrigo Melo Franco, os quais fizeram despertar nele o interesse pela documentação e preservação.

6
Roberto Villar de Queiroz, Enéas Botelho, Luís Aragão, Ivan Brito, Neudson Braga, Marrocos Aragão e José Liberal de Castro protagonizam o início da prática profissional do arquiteto na cidade de Fortaleza, marcando com suas diferenciadas contribuições a produção do espaço construído no Ceará, constituindo até os nossos dias um legado de significativo valor. 

7
Neudson Braga – arquiteto diplomado em 1959 na Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo, no Rio de Janeiro. Foi professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC desde a sua fundação até o ano de 1992, quando se aposentou. Ver DIÓGENES, Beatriz H. N. e PAIVA, Ricardo A. (2012) Caminhos da Arquitetura Moderna em Fortaleza: A contribuição do professor arquiteto José Neudson Braga. Trabalho apresentado no 4º DOCOMOMO NO-NE.

8
Marcos Studart (já falecido) - arquiteto diplomado em 1955 na Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo, no Rio de Janeiro. Foi professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC desde a sua fundação até a década de 1980.

9
Ivan Brito - arquiteto diplomado na década de 1950 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Foi professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC desde a sua fundação até a década de 1980, quando se aposentou.

10
CASTRO, José L. Panorama da Arquitetura Cearense, In: Cadernos Brasileiros de Arquitetura, v. 9 e 10. São Paulo: Projeto, 1982.

11
Fizeram parte da equipe vencedora da Bienal os então alunos: Fausto Nilo, Nelson Serra, Nearco Araújo, Eliane Câmara e Flávio Remo.

12
Segundo depoimento do arquiteto, não era fácil o desempenho da profissão na terra, não só pela ausência do costume de se contratar profissionais para tal tarefa, como também pela dificuldade de recursos que contava a cidade na ocasião.

13
JUCÁ NETO, Clovis et al. A Universidade Federal do Ceará (UFC) e a cidade de Fortaleza, In: Anais do 3º SEMINÁRIO DOCOMOMO NORTE NORDESTE. João Pessoa, 2010.

14
Castro, José Liberal de. Martins Filho, o edificador. In: Martins Filho de corpo inteiro / Paulo Elpídio de Menezes Neto (Org). Fortaleza: Imprensa Universitária, 2004. p.217.

15
Os proprietários das residências, clientes do arquiteto, eram todos pessoas de suas relações, professores universitários ou profissionais liberais.

16
SAMPAIO NETO, Paulo Costa. Residências em Fortaleza, 1950-1979: contribuições dos arquitetos Liberal de Castro, Neudson Braga e Gerhard Bormann. (Dissertação). Mestrado em Arquitetura e urbanismo. FAUUSP, São Paulo, 2005. p.127.

17
Ver SAMPAIO NETO, Paulo Costa. Ressonâncias e inflexões do modernismo arquitetônico no Ceará – a contribuição de Gerhard Bormann. (Tese). Doutorado em Arquitetura e urbanismo. FAUUSP, São Paulo, 2012.

18
Reginaldo Rangel (já falecido) - arquiteto diplomado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife na década de 1960. Foi professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC até o final da década de 1970.

19
ANDRADE, Margarida J. S., DIÓGENES, Beatriz H. N. & DUARTE JR, Romeu. Liberal de Castro - Documento, In: Revista Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Pini, 1996. p.74.

20
O projeto do Estádio Estadual Plácido Castelo (Castelão) foi de autoria também dos arquitetos Gerhard Ernst Bormann, Marcílio Dias de Luna, Reginaldo Rangel e Ivan Britto.

21
Ver AMORIM, Luiz Manuel do Eirado. Obituário arquitetônico. Pernambuco modernista. Editora UFPE, Recife; 1ª edição, 2007.

22
O HEMOCE foi elaborado em parceria com José Neudson Braga e contou com a colaboração dos arquitetos Joaquim Aristides de Oliveira e Antônio Carlos Campelo Costa. Ver CASTRO, José L. Panorama da Arquitetura Cearense, In: Cadernos Brasileiros de Arquitetura, v. 9 e 10. São Paulo: Projeto, 1982.

23
ANDRADE, Margarida J. S., DIÓGENES, Beatriz H. N. & DUARTE JR, Romeu. Liberal de Castro - Documento, In: Revista Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Pini, 1996. p. 79.

24
Em entrevista ao arquiteto, o mesmo declarou que lamenta a descaracterização da quase totalidade da sua obra, ressaltando que apenas o edifício comercial Palácio Progresso mantém as características originais. A única obra demolida foi o Hotel Colonial, localizado na Praia de Iracema. No terreno, está sendo construído um grande empreendimento imobiliário.

25
Liberal de Castro foi professor das disciplinas de História da Arte, Projeto Arquitetônico e História da Arquitetura e do Urbanismo, a qual lecionou até o ano de 1995, quando se aposentou.

26
Aprendia-se com ele como surgiram as arquiteturas de cada tempo, envolvendo aspectos sociais, técnicos, econômicos e culturais. Aliás, seu vasto conhecimento tornava suas aulas verdadeiras lições de cultura geral.

27
Na capital portuguesa, também desenvolveu estudos acerca das influências recíprocas da arquitetura luso-brasileira.

28
Embora, no caso de Liberal de Castro, a obtenção de titulação não fosse condição para o exercício da docência, uma vez que o seu conhecimento da cultura arquitetônica ocidental era bastante vasto, o arquiteto defendeu uma tese de Livre Docência, intitulada “Notas relativas à arquitetura antiga no Ceará”.

29
Dotado de extraordinária capacidade de compreensão da complexa realidade histórica e atual da Cidade, é freqüentemente procurado por pesquisadores e estudiosos de outras áreas do conhecimento para discutir problemas relativos ao assunto, transcendendo a contribuição para além do campo da arquitetura e do urbanismo.

30
Destaca-se a produção da Revista do Instituto do Ceará, que consta as seguintes publicações sobre aspectos históricos e geográficos: Geographia do Ceará (1923 e 1924) de Barão de Studart e Plano de Urbanização de Fortaleza (1943) de Raimundo Girão.

31
Texto do prefácio da publicação conforme informação constante dos anais. Palestra proferida em 24.1.1968 como contribuição da Escola de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará ao XIX Congresso Nacional de Botânica. O texto que ora se publica foi obtido de gravação em fita magnética, efetuada na ocasião. A revisão do autor limitou-se a alinhavar trechos não interligados, procedendo à retirada de expressões repetidas e das partes em que se complementou a exposição com a ajuda de mapas, as quais se tornariam pouco compreensíveis, caso fossem transcritas literalmente. (CASTRO, 1977, p.5).

32
É importante ressaltar que as pesquisas de Liberal de Castro sempre tiveram motivação pessoal e voluntária e, portanto, não se enquadravam nos moldes contemporâneos, com vínculos institucionais com a CAPES ou CNPQ, ou outros órgãos de fomento.

33
Entrevista concedida aos autores em 13 de setembro de 2011.

34
Para Nestor Goulart, em artigo na Revista Pós, “o trabalho técnico desempenhado pelo SPHAN foi um contraponto ao estudo da História da Arquitetura proposto pelo ensino tradicional acadêmico. Tratava-se agora de um mergulho na realidade empírica dos acervos estudados, para, a partir de então inferir sobre a História. O estudo da arquitetura como produto social, através do estudo dos usos e costumes, da evolução técnica favoreceu a compreensão da arte e arquitetura brasileira. No entanto, a repercussão no estudo da história da arquitetura nas escolas de arquitetura será heterogêneo e posterior, somente no início da década de 1960”.

35
SZMRECSANYI, M. I. Q. F. Cidades e Vilas do Brasil Colonial: um percurso através da imagem e da teoria. In: America Latina en la Historia Económica, n. 21, Mexico, p. 91-117, 2004. p.100.

36
Tradução livre dos autores. (WAISMAN, 1990:18). WAISMAN, Marina - El Interior de La História: Historiografia Arquitectônica para uso de Latinos Americanos. Bogotá: Ed. Escala, 1990.

37
O arquiteto se envolveu no tombamento dos seguintes bens no Ceará: Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Almofala (1980); Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (1957); Casa de Câmara e Cadeia de Aracati (1980); Casa de Câmara e Cadeia de Caucaia (1973); Assembléia Provincial, atual sede da Assembléia Legislativa Estadual (1973); Área do Passeio Público, antiga Praça dos Mártires (1965); Prédio da antiga sede do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (1983); Casa de Câmara e Cadeia de Aracati (1975); Casa de Câmara e Cadeia de Aracati (1972); e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção (2004).

38
Em instruções de tombamento produzidas por ele mais recentemente, como é o caso da Fortaleza de N. Sra. da Assunção e da Estação Ferroviária do Crato, inseridas em um momento distinto da instituição, foi necessário a produção de um texto bem mais extenso, aprofundado e detalhado, e logicamente acompanhado do levantamento arquitetônico e iconográfico.

39
No texto “Arquitetura Eclética no Ceará”, publicado no livro “Ecletismo na Arquitetura Brasileira”, composto de uma coletânea de artigos sobre o ecletismo nos mais diversos estados do Brasil, o arquiteto demonstra simultaneamente o conhecimento geral e específico sobre a arquitetura, estabelecendo articulações entre as origens e motivações dos movimentos estilísticos nos principais centros, sua repercussão no Brasil e no Ceará. Assim, como no resto do Brasil, ele admite que a adoção do ecletismo foi um caminho para se alinhar ao modelo de civilização preponderante da Europa Ocidental, que impunha uma modernização com valores econômicos, políticos e culturais-ideológicos suscitados pela Revolução Industrial. Sua visão crítica se manifesta na identificação das contradições inerentes às “transposições físicas e espaciais para o meio brasileiro”, que se revelam na dependência em relação ao capitalismo internacional e nas práticas sociais das elites locais que almejavam se distanciar do passado colonial arraigado no mundo rural. Identifica ainda que as contradições do ecletismo no Brasil e no Ceará se manifestam em descompasso no tempo: a belle époque européia se desenvolve nos oitocentos, enquanto no Brasil aparece somente nas primeiras décadas do século XX.

40
CASTRO, José L. Hipótese de uma semiologia arquitetônica. Revista do Instituto do Ceara. Fortaleza v. 2, p. 142-172, 1993. p.153.

41
Destacam-se os textos: Contribuição de Adolpho Herbster a forma urbana da cidade de Fortaleza. Revista do Instituto do Ceara, Fortaleza, v.2, p.43-90, 1994; Cartografia cearense no Arquivo Histórico do Exercito. Revista do Instituto do Ceara, Fortaleza , v.2, p.9-79, 1997; Sylvio Jaguaribe Ekman e a arquitetura da sede do Ideal Clube. Revista do Instituto do Ceara, Fortaleza , v.2, p.27-72, 1998; Urbanização pombalina no Ceará: a paisagem da Vila de Montemor-o-Novo d’América. Revista do Instituto do Ceara, Fortaleza, v.2, p.35-81, 1999; Viçosa do Ceara: parecer sobre o tombamento federal do trecho urbano. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, V.2, p. 45-67, 2002; Tombamento do sobrado do Dr. Jose Lourenço. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, v.2, p.103-133, 2003; Uma planta de Fortaleza de 1850 reencontrada. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, v.2, p.93-126, 2005.

42
Dentre as principais obras publicadas, destacam-se: “Fatores de localização e expansão da Cidade da Fortaleza”, “Pequena informação relativa à arquitetura antiga no Ceará, Ceará - sua arquitetura, seus arquitetos”, “Cartografia urbana fortalezense na Colônia e no Império e outros comentários”, “Arquitetura eclética no Ceará”, “Igreja Matriz de Viçosa do Ceará: arquitetura e pintura de forro”, “Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção da Capitania do Ceará Grande”, etc.

43
Alguns dos textos do arquiteto publicados na Revista do Instituto do Ceará: “Arquitetura de Portugal na época das Grandes Navegações”, “O 2o centenário de nascimento do Boticário Ferreira”, “Viçosa do Ceará - Parecer sobre tombamento federal de trecho urbano”, “Adolpho Herbster no Arquivo Público do Estado do Ceará”, “Tombamento do sobrado do Dr. José Lourenço”.

44
Além de José Liberal de Castro, os professores que compunham a comissão eram: Miguel Pereira (RS), Paulo Mendes da Rocha (substituído posteriormente por Paulo Bastos (SP), Neudson Braga (coordenador) e Paulo Magalhães (DF).

45
Título concedido pelo Reitor Jesualdo Farias ao Professor José Liberal de castro em 21 de maio de 2009.

46
O último artigo publicado intitula-se: "Passeio Público: espaços, estatuária e lazer". Revista do Instituto do Ceará, n°123, 2009, p. 41-114.

sobre os autores

Ricardo Alexandre Paiva possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (1997), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2005) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2011). É Professor Adjunto de Projeto Arquitetônico do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará.

Beatriz Helena Nogueira Diógenes possui graduação em Curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (1978), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (2005), Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (2001) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2012). É Professora Adjunta de História da Arte do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará. 

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