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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
O pilotis do Edifício Niemeyer conecta visual e espacialmente duas referências urbanas fundamentais: a serra e a praça. Tal fenômeno recupera um tema que valoriza tanto esta peculiar obra do modernismo brasileiro como a cidade onde se situa.

english
The pilotis of the Niemeyer Building connects, visually as well as spatially speaking, two fundamental urban landmarks: the mountain and the square. This phenomenon restores a theme that appreciates this peculiar Brazilian modernist building and the city.

español
El pórtico del Edificio Niemeyer conecta visual y espacialmente dos referencias urbanas fundamentales: la sierra y la plaza. Tal fenómeno recupera un tema que valora tanta esta peculiar obra del modernismo brasileño como la ciudad donde se ubica.


how to quote

GUIMARÃES, Marcos. A paisagem através da arquitetura. O edifício Niemeyer em Belo Horizonte. Arquitextos, São Paulo, ano 14, n. 161.01, Vitruvius, out. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.161/4910>.

Há uma peculiaridade do edifício de apartamentos, construído até o ano de 1960 e projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) na cidade de Belo Horizonte, que se apresenta como novidade tanto no contexto arquitetônico em que se situa como na literatura especializada. Trata-se do fato de seu pilotis ter uma configuração que conecta visual e espacialmente duas referências fundamentais da paisagem urbana da cidade: a Praça da Liberdade (acrópole simbólica) com a Serra do Curral (obstáculo e marco natural).

Na identificação desse peculiar motivo arquitetônico e urbanístico, é fundamental um estudo do edifício em seu contexto urbano e paisagístico. Lança-se mão de uma pesquisa documental que, apesar de escassa, permite revelar relações espaciais essenciais para o entendimento da obra. Nesse ínterim, destaca-se uma fotografia publicada no ano de 1963, pouco depois da construção do edifício.(1)

Croquis mostrando vistas através do edifício: sobre imagem fotográfica original, em planta e em corte
Desenho Marcos Guimarães

Um detalhe desta imagem mostra, atrás do vão livre do pilotis, a silhueta da Serra contra o céu. Revela-se o fato de a paisagem ser vista através do edifício, desde o ponto de vista da Praça e das ruas adjacentes. Tal conexão espacial permite recuperar um tema que valoriza tanto esta importante obra do modernismo brasileiro como a cidade que o sedia.

Constata-se, porém, que essa relação já não é visível na atualidade, devido ao adensamento e à verticalização construtiva do entorno ocorridos nos últimos tempos. Portanto, considera-se essencial verificar sua origem e sua transformação no contexto da cidade como subsídio para um maior esclarecimento da situação. Com vistas a ampliar as referências e verificar a manifestação do tema em outros lugares, faz-se ainda uma incursão por outras obras de Niemeyer.

Origem e transformação

Belo Horizonte é fundada em 1897 para sediar a nova capital do estado de Minas Gerais. O povoado existente é praticamente destruído e o novo traçado urbano, de geometria regular, é projetado sobre o terreno ondulado.

Planta (fragmento) da nova capital Belo Horizonte, que mostra as zonas urbana e suburbana; indicação da Praça da Liberdade em cor vermelha. Ano 1895, escala original 1:10.000.
Comissão Construtora de Belo Horizonte

O sistema viário da zona urbana está formado por uma malha ortogonal de ruas, à qual se sobrepõe uma segunda malha de avenidas a 45 graus. Praças e edifícios públicos são locados nos principais cruzamentos. Apesar da imposição geométrica sobre o terreno, dois importantes marcos da paisagem são considerados: a Praça da Liberdade e a Serra do Curral.

Para simbolizar o regime republicano recém criado e acomodar as instalações administrativas e governamentais, é criado um sítio especial. A Praça da Liberdade se localiza sobre uma colina, em um dos pontos mais altos da zona urbana. Esta posição, mais a confluência viária e a função político-administrativa que desempenha, caracteriza a Praça como uma autêntica acrópole. Os construtores enfatizam a belíssima situação destacada e aberta, desde onde ver quase toda a cidade e o horizonte. (2)

A festa inaugural da cidade se celebra na Praça recém modelada.

Fotografia da festa de inauguração de Belo Horizonte na Praça da Liberdade. Ano 1897
Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte

O evento acolhe tanto os atos oficiais como a festa popular. O povo, concentrado na esplanada ainda árida, compõe uma cena de marcada evocação cívica. A paisagem e o horizonte se delimitam, ao fundo, pela incontestável presença da Serra. Neste primeiro momento é principalmente o acidente topográfico natural que configura o espaço da Praça.

A situação territorial da cidade, da Praça e, por fim, do Edifício Niemeyer, não pode ser entendida sem considerar a Serra do Curral, que inspira inclusive o nome da nova cidade, Belo Horizonte (3). Ela marca uma forte presença na paisagem, delimita a urbe, evoca um elemento natural e funciona como um marco de identificação e orientação espacial. Notícias da Serra remontam ao início do século XVIII, quando serviu de referência geográfica para a definição de caminhos e do assentamento humano na área (4). Sua representatividade para a cidade é confirmada, entre outros aspectos, por sua presença no emblema tanto original como atual da cidade, por seu tombamento patrimonial no ano de 1991 (5) e no seu reconhecimento como símbolo municipal em consulta popular realizada no ano de 1995 (6).

A relação do traçado urbano se dá com a disposição da avenida principal e outras duas vias secundárias em direção à Serra. Mas, em relação à Praça, o sistema viário proporciona pouca conexão com a montanha. A malha ortogonal de ruas se posiciona de tal forma que se evitam os eixos visuais. A única avenida bem orientada termina não na Praça em si, mas no palácio, que por sua vez não expressa inflexão formal ou espaço projetado para oferecer uma panorâmica. O traçado urbanístico desconsidera em grande medida a conexão entre a acrópole e o símbolo seminal da cidade. Se na festa de inauguração a falta de definição construtiva permitia ver a Serra, pouco tempo depois, com a construção das secretarias e outros edifícios ao redor da Praça, a vista se obstrui gradualmente. No geral, não se observa maior preocupação em se enfatizar a percepção da Serra desde a Praça. A rigidez da malha urbana e da composição arquitetônica mostra que, na criação da nova cidade, não se propõe uma relação entre os dois marcos da paisagem.

Tal situação se agrava durante a primeira metade do século XX, quando a cidade assume uma importância econômica que é acompanhada de um grande crescimento populacional e uma acelerada urbanização (7). Nestas décadas de consolidação da cidade, as construções ocupam gradualmente a região da Praça da Liberdade. A escala dos edifícios governamentais se mantêm como referência até a década de 1950, quando a verticalização construtiva, que havia começado no centro comercial situado na parte baixa da cidade, alcança a Praça. Sua situação privilegiada faz com que o mercado imobiliário promova a substituição de casas por edifícios multifamiliares, processo que se observa até os dias de hoje (8).

Nesse contexto, surge a primeira torre de apartamentos na Praça, o Edifício Niemeyer, no terreno triangular situado junto à Secretaria de Segurança Pública. Para tanto, providencia-se a demolição do Palacete Dolabela, existente desde o ano de 1910. O novo edifício expressa um forte contraste de textura e de escala com o entorno. A protuberância sobre o horizonte causa um impacto massivo na interação entre os jardins públicos da Praça e a Serra ao fundo.

A paisagem através do pilotis

Apesar da intervenção construtiva na paisagem urbana, tem-se uma grande surpresa no nível do pedestre (9). O edifício é suspendido do térreo por esbeltas colunas de concreto armado posicionadas em leque, o que provoca a abertura das vistas da Praça para a paisagem. Tem-se como resultado a visualização da Serra do Curral através do edifício. A estrutura arquitetônica propõe uma espécie de correção espacial da malha urbana através da marcação de um eixo que cruza a avenida adjacente e as ruas e quarteirões que seguem. A primitiva direção das vistas é restaurada e tem-se como consequência a conexão de dois importantes marcos de referência (landmarks) da cidade.

O fenômeno se faz possível porque na época da construção do edifício prevalecia no entorno casas e outras edificações de pequena escala. Logo em seguida, constrói-se o enorme bloco onde hoje se encontram as instalações da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, o que resulta no bloqueio parcial das visadas. Tal processo de adensamento e verticalização, que se anunciou na Praça na década de 1950, se prolonga até a atualidade. Hoje em dia, a pressão construtiva se encontra generalizada nos quarteirões junto à Praça e atinge especialmente o lado para onde se encontra a Serra do Curral.

Vista geral da Praça da Liberdade com a Serra ao fundo. Ano 2007
Foto Marcos Guimarães

As torres erigidas, em sua maioria de uso residencial e comercial, formam em seu conjunto uma massa construída que obstrui a paisagem desde a acrópole. Se perde uma dimensão simbólica, com a difícil percepção do elemento original e representativo da cidade, e também uma dimensão espacial, já que o acidente topográfico situa geograficamente o observador no território (10).

A permeabilidade espacial do térreo do Edifício Niemeyer não foi, no entanto, totalmente neutralizada. Se bem é verdade que a Serra dificilmente pode ser divisada, também é certo que continua havendo visibilidade através do edifício.

Vista do pilotis desde a Praça da Liberdade mostrando a silhueta da Serra do Curral ao fundo. Ano 2007
Foto Marcos Guimarães

Vista do Edifício Niemeyer com a Praça da Liberdade ao fundo. Ano 2007
Foto Marcos Guimarães

Desde a Praça, o pilotis prolonga o espaço livre e conecta a avenida e os quarteirões adjacentes. No sentido contrário, para quem sobe para a Praça, se facilita a identificação da área verde em situação elevada. No geral, a configuração aberta e as vistas resultantes através do edifício facilitam a percepção dos descensos e ascensões no terreno, bem como da situação de acrópole da Praça. O Edifício Niemeyer continua propondo, a uma escala agora mais local, a inter-relação entre arquitetura e paisagem.

Apesar da atual ocultação da paisagem, o edifício ocupa um lugar de representatividade no entorno. Seu destacado perfil ondulado, evocando uma escultura, é um símbolo tanto da Praça da Liberdade como da cidade de Belo Horizonte como um todo.

Vista do Edifício Niemeyer. Ano 2007
Foto Marcos Guimarães

 

A definição de um marco urbano se sobrepõe inclusive ao suntuoso palácio governamental, considerado como uma espécie de pedra fundadora da cidade. A presença do Edifício Niemeyer no imaginário coletivo se confirma pela estampagem iconográfica de sua figura. As fotografias na capa de catálogo telefônico ou em anúncios de empresas imobiliárias, bem como sua representação lúdica na pintura de ônibus escolares e em anúncios turísticos, são exemplos da multiplicação e da disseminação de sua imagem no espaço urbano.

A situação de destaque tanto espacial quanto simbólico contrasta com o atual estado de conservação precário do edifício. Observa-se, entre outros problemas, a falta de manutenção geral, com o desgaste das placas transversais de concreto e o desprendimento de peças cerâmicas (11). Apesar de dispor de uma excelente localização imobiliária – o que leva à dedução de que, provavelmente, não se conte com problemas financeiros mais graves por parte dos proprietários dos apartamentos – e ocupar um sítio representativo na cidade, não se tem feito, por motivos aqui desconhecidos, as devidas medidas para sua conservação. Cabe observar, ainda, que o edifício é tombado a nível estadual dentro do conjunto da Praça da Liberdade.

Outras obras de Niemeyer

O tema da paisagem através da arquitetura não é exclusivo do edifício em questão. Sua manifestação em outras obras de Oscar Niemeyer leva a crer em um preceito típico e, portanto, constante no método criativo do arquiteto. Na época da construção da Pampulha, apresentou-se uma oportunidade única para se desenvolver uma estreita relação com o conjunto paisagístico da respectiva lagoa. Na implantação insular da Casa do Baile (1942), a vista através do edifício torna-se sintomática tanto no acesso quanto no uso dos espaços (12).

Vista Casa do Baile, Belo Horizonte. Ano 2012
Foto RPFigueiredo [Wikimedia Commons]

O fenômeno se viabiliza com o envidraçamento do corpo principal circular e com o prolongamento de um braço do edifício, que estende a área de mesas do restaurante ao longo da borda da lagoa, ao mesmo tempo em que abraça um espaço de jardim. Se por um lado o arremate em um pequeno palco com vestiários define e delimita a edificação, por outro lado a laje ondulante sustentada por pilares proporciona a permeabilidade desejada.

Em outros contextos, como o de intervenção arquitetônica em cidades com matriz colonial, a paisagem também foi motivo de reação espacial. No hotel em Diamantina (1951), a vista não cruza a completude do edifício, mas sim o pilotis criado no corte do terreno inclinado (13). De forma análoga ao Edifício Niemeyer, pode-se divisar a significativa paisagem urbana, com seus telhados e torres de igreja, através do espaço entre os pilares de concreto. Ainda que a situação topográfica e o clima quente não favorecem a transparência do edifício, criam-se espaços comuns e inclusive dormitórios com amplas vistas da paisagem. O mesmo pode ser verificado no caso do Hotel em Ouro Preto (1940), onde as vistas da cidade histórica, tanto das áreas sociais - como saguão e restaurante - quanto dos quartos, se encontram ao mesmo tempo abertas e mediadas por elementos construtivos como pilares e gelosias (14).

Outra obra que retrata adequadamente o tema exposto em uma habitação unifamiliar é a própria residência de Niemeyer, a Casa das Canoas (1953). Sua situação em um subúrbio montanhoso e verdejante do Rio de Janeiro a coloca em um vale de mata tropical (15). Nesse eixo de visada encontra-se, no interior da planta da casa, a sala de estar e a copa com vidros corrediços em ambos lados que lhe dão acesso. Tal organização faz com que a vista atravesse toda a edificação em direção ao terraço e à paisagem que se abre vale abaixo entre as árvores. De forma semelhante à Casa do Baile, um abraço ondulante de um espaço paisagístico externo lança mão da transparência mediada por colunas para conectar espaços de uso comum com o entorno.

Por fim, destaca-se o Museu de Arte Contemporânea (1991) construído na cidade de Niterói.

Vista do Museu de Arte Contemporânea, Niterói. Ano 2005
Foto Klaus with K [Wikimedia Commons]

 

Seu local de implantação, um penhasco projetado sobre o mar como uma península em belvedere, é determinante para relacioná-lo com a paisagem típica do litoral carioca (16). A forma de cálice resultante, com o volume sustentado por uma coluna central, permite que a vista do observador vaze por baixo do edifício em direção ao horizonte. O espelho d’água ao redor da coluna chega ao ponto de impedir que o visitante atravesse o edifício e chegue na beira do penhasco: ele é obrigado a permanecer sob a mediação da arquitetura, sentindo-se assim impelido a subir a rampa e aceder ao museu.

Nos casos aqui abordados, a visualização da paisagem através da arquitetura constitui um tema recorrente que, portanto, pode ser apontado como um motivo típico do modus operandi projetual de Oscar Niemeyer. O tema se manifesta nas ocasiões em que as circunstâncias se mostraram adequadas, ou seja, em que as condições do sítio o permitiam e a paisagem se destacava. Mesmo nas situações em que não se alcançou uma permeabilidade espacial plena, a paisagem permaneceu incluída na lógica da obra arquitetônica. No entorno do Edifício Niemeyer, na própria Praça da Liberdade, foram desenvolvidos dois projetos que apoiam esta hipótese. No caso da Biblioteca Pública (1955), construída do outro lado da Praça, a primeira versão do projeto prevê um pilotis na ponta do terreno; o próprio volume ondulado, com jardins remanescentes na parte frontal, são meios de inflexão e diálogo espacial com a Praça (17). Já no ano de 1966, Niemeyer propõe um projeto controverso de uma torre de 30 andares que se erigiria no lugar do Palácio do Governo (18). Sem entrar em méritos de patrimônio e de contexto político-ideológico, indispensáveis para se entender este projeto, chama-se a atenção para o fato de que o marco urbano teria recuperado a proeminente referência da acrópole na cidade. No caminho oposto, desde a Serra, o landmark arquitetônico teria situado o importante lugar da cidade. Isso teria feito sentido em um momento em que o desenvolvimento construtivo ao redor da Praça tendia a bloquear as vistas para a paisagem. Na atualidade, já não se distingue ou sequer se localiza do alto da montanha a acrópole, que fica perdida no meio da massa edificada. No sentido inverso, o espaço da Praça se encontra desconectado da paisagem montanhosa e do horizonte ao fundo. As referencias visuais se restringem a uma escala mais local.

Considerações finais

O ensaio aqui desenvolvido permite fazer algumas considerações gerais acerca do tema da interface entre arquitetura e paisagem. Chama-se a atenção para a importância em se conhecer e se explorar as relações históricas que guarda o lugar onde se projeta. Não é nem claro nem único o procedimento de revelação da Serra através do pilotis do Edifício Niemeyer, mas tal tema dificilmente poderia ter sido identificado sem o estudo da transformação do tecido urbano da cidade e, mais especificamente, da Praça da Liberdade.

Tal interesse pela história urbana reflete, também, uma predisposição para o entendimento do entorno e do contexto em que se trabalha. Uma análise centrada no objeto e no terreno edificado é incapaz de levar à compreensão da obra em sua complexidade urbana e territorial, sendo necessária a abertura do campo de visão, tanto em seu sentido ocular como intelectual. Todavia, o enfoque espacial aqui apresentado é, sem sombra de dúvidas, parcial. Um aprofundamento nas dimensões simbólicas, ambientais e sociais, entre outras, com certeza enriquecerão a discussão conceitual e a própria explicação da obra.

Surge assim o questionamento sobre o papel da identidade arquitetônica e urbanística da paisagem considerada. O renomado arquiteto carioca se sensibiliza e considera o contexto específico do tecido urbano que, mesmo havendo sido criado repentinamente em finais do século XIX, guarda marcas da geografia e da história regionais. O paradoxo do Edifício Niemeyer, com sua proposta espacial ao mesmo tempo impactante e inserida no lugar, sugere a influência de fatores locais que superam o ideário modernista de uma forma genérica e universal (19). Nesse âmbito, a trama autóctone serve não simplesmente como dado de referência, mas como estímulo à projetação. A conexão paisagística, viabilizada pela leitura interpretativa do arquiteto-criador, atua como fator essencial e determinante da qualidade arquitetônica lograda.

Por último, chama-se a atenção para a conservação e divulgação da documentação histórica. Se, por um lado, já se indicou a importância de se estudar as obras em seu contexto, por outro lado uma pesquisa documental criteriosa possibilita identificar e resgatar aspectos arquitetônicos e urbanos. Não só a fotografia mostrando a Serra através do pilotis, também os croquis de Niemeyer (20), os desenhos originais do edifício (21), bem como os planos urbanos e fotografias antigos, constituem material valioso e, em muitas ocasiões, essencial para explorar este e outros motivos arquitetônicos. Espera-se, assim, que o presente ensaio contribua para incentivar investigações e esforços que promovam a conservação e o estudo do legado da arquitetura moderna brasileira.

notas

NA
Trabalho apresentado no 2° Colóquio Ibero-americano Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto, Belo Horizonte 19 a 21 de novembro de 2012; e no 1° Seminário Docomomo-MG, 21 a 24 de abril de 2010, Uberlândia.

1
Ver fotografia em: HERVÉ, Lucien (photos). Immeuble a Belo Horizonte, Brésil. L’Architecture D’Aujourdhui, v. 33, n. 104, 1963, p. 82.

2
Ver trecho de escrito da Comissão Construtora em: CALDEIRA, Júnia M. Praça - território de sociabilidade: uma leitura do processo de restauração da Praça da Liberdade de Belo Horizonte. Dissertação de mestrado. Campinas, IFCH-Unicamp, 1998, p. 75.

3
Para informação sobre a nomeação da cidade com referência na Serra do Curral, ver: Ferreira, Maura B. A proteção ao patrimônio natural urbano: estudo de caso sobre a Serra do Curral, Belo Horizonte/MG. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte, IGC-UFMG, 2003, p. 56.

4
BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva – História antiga. Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 1996, p. 91-93.

5
FERReira, op. cit., p.70-71.

6
AZEVEDO, Úrsula R. Patrimônio geológico e geoconservação no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais: potencial para a criação de um geoparque da UNESCO. Tese de doutorado. Belo Horizonte, IGC-UFMG, 2007, p. 122.

7
Para um breve contexto da evolução urbana de Belo Horizonte, ver: ESTADO DE MINAS. BH 100 anos: nossa história. Belo Horizonte, Estado de Minas, 1996, p. 67-75; e GOMES, Marco Aurélio A. F., LIMA, Fábio José M. Pensamento e prática urbanística em Belo Horizonte, 1895-1961. In LEME, Maria Cristina da S. (org). Urbanismo no Brasil 1895-1965. Salvador, EDUFBA, 2005, p. 132.

8
Caldeira, op. cit., p. 107.

9
Para uma discussão sobre o “nível do pedestre” na cidade, baseado em um ponto de vista qualitativo-antropológico em contraposição a outro cartesiano-geográfico, ver o capítulo 7 “Caminhadas pela cidade” em: Certeau, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis, Vozes, 2008, p. 169-191. Para a relação de continuidade entre o pilotis do Edifício Niemeyer e o espaço público da calçada e da Praça da Liberdade, ver: MACIEL, Carlos A. Praça da Liberdade, 153. Hoje em Dia, Belo Horizonte, 29 jul. 2007, p. 10. Disponível em: <http://www.arquitetosassociados.arq.br/?artigo=praca-da-liberdade-153>. Acesso em: 18 out. 2012.

10
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa, Edições 70, 1980, p. 90,139-141.

11
VIANA, Arnaldo. Edifício Niemeyer pede socorro de R$ 1 milhão. Estado de Minas, 21 set. 2011. Disponível em: < http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/09/21/interna_gerais,251784/edificio-niemeyer-pede-socorro-de-r-1-milhao.shtml>. Acesso em: 16 ago. 2012; SILVA, Cedê. Projeto para restaurar o Edifício Niemeyer será apresentado ao Ministério da Cultura. Veja BH, Belo Horizonte, 1 ago. 2012. Disponível em: <http://vejabh.abril.com.br/edicoes/projeto-restaurar-edificio-niemeyer-sera-apresentado-ao-ministerio-cultura-694722.shtml>. Acesso em: 18 out. 2012.

12
Ver planta e fotografias em: PAPADAKI, Stamo. The Work of Oscar Niemeyer. New York, Reinhold, 1950, p. 78-81; TRELCAT, Sophie. Pampulha, tropicale et moderne. L’Architecture D’Aujourdhui, n. 373, nov-déc 2007, p. 65.

13
Ver, entre outras imagens, croqui em corte (p.100) e fotografia (p.101) em: PAPADAKI, Stamo. Oscar Niemeyer: Works in Progress. New York, Reinhold, 1956, p. 100-103.

14
Ver, entre outras imagens, croqui em corte (p.23) e fotografia (p.28-29) em PAPADAKI, 1950, op. cit., p.22-29.

15
Ver, entre outras imagens: fotografia (p.54-55) e planta (p.57) em CAVALCANTI, Lauro. Casa das Canoas: un dialogue non-mimétique avec le paysage. L’Architecture D’Aujourdhui, n. 373, nov-déc 2007, p. 54-63.; e croquis em planta e fotografia em Fernández galiano, Luis. (ed.). Oscar Niemeyer: One Hundred Years. AV Monografías, n. 125, mayo-junio 2007, p. 55.

16
Fernández-galiano (ed.), op. cit., p. 124-129.

17
Ver desenhos originais e fotografias em: MACEDO, Danilo M. A matéria da invenção: criação e construção das obras de Oscar Niemeyer em Minas Gerais – 1938-1954. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte, EA-UFMG, 2002, p. 388-395

18
LANA, Ricardo. Conjunto urbanístico da Praça da Liberdade e Avenida João Pinheiro: uma proposta de preservação. Belo Horizonte, Prefeitura de Belo Horizonte, 1990, p. 82-86.

19
Para uma discussão sobre a dicotomia entre o local e o universal na produção arquitetônica, ver: FRAMPTON, Kenneth. Perspectivas para um regionalismo crítico. In NESBITT, Kate (org). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica (1965-1995). São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 504-519.

20
HERVÉ, op. cit., p.83.

21
MACEDO, op. cit., p.377-381.

sobre o autor

Marcos Vinícius Teles Guimarães é arquiteto e urbanista (EA-UFMG), mestre em arquitetura (UNAM-México / UPC-Espanha), doutorando (FAU-USP) e docente no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de São João del-Rei.

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