1. Introdução
Poucas abordagens socioespaciais tem sido tão polêmicas e despertado reações tão distintas dos estudiosos da cidade quanto a sintaxe espacial. Reações variam em um leque envolvendo ora aceitação quase religiosa entre seguidores, ora rejeição a priori como versão de uma visão positivista do socioespacial, ora absorção silenciosa de suas principais ideias e aspectos de seus métodos. Pelas mesmas razões, poucas abordagens também têm sido tão mal interpretadas e tão bem-sucedidas. A sintaxe emergiu nos anos 1980 como uma teoria sistemática sobre fenômenos urbanos vistos em suas relações sistêmicas vivas e aparentes, capaz de evocar com clareza uma dimensão social do espaço antes só intuída, em um campo onde predominavam a visão cognitiva incipiente das relações humano-espaço nas teorias da percepção, a limitação da ação como ação econômica nas poderosas explicações da economia espacial, e as reduções da prática humana ao trabalho, das relações sociais às relações de classe e do espaço às relações centro-periferia na geografia humana marxista. Essa nova abordagem parecia ainda capaz de encontrar amparo empírico em um campo da prática marcado por abordagens normativas amplamente baseadas em inferências nunca verificadas.
Nesse cenário, a sintaxe espacial representou uma novidade bem-vinda. O caráter sistêmico e a objetividade da abordagem sugeriam uma teoria capaz de finalmente desmistificar a influência da organização espacial sobre a vida social, e de encontrar estruturas tanto no espaço urbano quanto no arquitetônico e evidenciar a continuidade dessas escalas. A teoria parecia capaz ainda de apontar problemas e as razões das falhas de projetos e ideologias urbanísticas, e dar o esperado apoio científico às intervenções projetuais que tanto a teoria urbana, frequentemente presa entre a imaturidade científica, incapacidade descritiva e imposição normativa, quanto a teoria socioespacial, usualmente restrita a considerações macroestruturais, ficavam devendo à prática urbanística. A sedução dessas possibilidades angariou à sintaxe espacial seguidores mundo afora.
Como poderia se esperar de uma abordagem que aparece com destaque, sobretudo no limitado cenário teórico dos estudos urbanos, não tardaram a aparecer abordagens concorrentes e detratores ágeis em apontar as limitações de sua epistemologia, acusada de excesso de formalização e redução geométrica; de sua a capacidade de representar a cidade, sua morfologia e transformações; do modo parcial como captura a complexidade do mundo social.
Esse artigo não é uma introdução aos conceitos da sintaxe. Ele traz considerações no sentido de desmistificá-la tanto em sua aparente onipotência (para uns) quanto a sua aparente fragilidade teórica e substantiva (para outros). Para isso, fará uso de um dos modos mais simples – não necessariamente o melhor ou o mais fácil – de definir algo: definir o que esse algo não é. Dito de outro modo, o artigo procurará definir o que a sintaxe espacial não é ou não faz, para entendermos melhor o que ela é e o que ela faz. Esse caminho negativo nos levará a uma série de observações sobre a natureza da teoria e sobre os limites do seu campo objetivo; seus limites mesmo frente a esse campo; e, mais amplamente, seus limites frente às relações sociedade-espaço. Percorreremos essas questões de modo a identificar com mais clareza o que a teoria oferece como entendimento do urbano e das relações sociedade-espaço; qual o seu lugar no desenvolvimento desses campos de estudo, os dilemas que se colocam face à necessidade de expansão da sua capacidade explicativa e o que podemos esperar de sua evolução.
2. O que a sintaxe espacial não é
No esclarecimento do campo substantivo, da capacidade explicativa e da utilidade prática de uma teoria controversa como a sintaxe espacial, iniciemos pelo que a teoria não é, fazendo uso dos posicionamentos e confusões usuais, eventualmente mencionados por seus próprios criadores.
(2.1) A teoria da sintaxe espacial não é uma teoria da cidade. Uma teoria da cidade deveria ser capaz de explicar o que é a cidade e as formas de transformação urbana. Isso demandaria um modo de teorização e uma metodologia capazes de incluir a dimensão temporal dessas transformações, o processo de transformação espacial em si, e o emaranhado de forças socioeconômicas que as impulsionam. Uma teoria nesses moldes precisaria capturar os processos de estruturação e desestruturação urbanas, a morfologia tridimensional da cidade, suas relações com o crescimento, adensamento e expansão, o problema da substituição da forma arquitetônica e as relações entre as tramas de atores em diferentes papeis na divisão do trabalho e nas redes de produção econômica e do espaço em si (1). A sintaxe não atende a essas questões. Naturalmente, esse escopo delimitado trará implicações para o que a teoria pode fazer. Ela não é uma teoria da cidade, mas uma teoria de relações entre espaço e sociedade.
(2.2) Entretanto, a sintaxe espacial tampouco deveria aspirar o status de uma ampla “teoria espacial da sociedade” (2). Ela se define antes como uma teoria da lógica social do espaço: dos modos como “padrões espaciais podem carregar em si informação e conteúdo social” que irão impor restrições em padrões de outro modo inteiramente randômicos do encontro (SLS:xi), ou como uma “forma particular de organização social no mundo material (sua ‘cultura espacial’) sustenta com sucesso uma sociedade no tempo” (3). Esse foco implica que, enquanto teoria de relações socioespaciais, ela não cobre todo o campo de relações possíveis. Mas veremos abaixo que o campo que ela cobre era até então intocado.
É claro que as bordas entre uma teoria das relações sociedade-espaço e uma teoria da cidade são no mínimo borradas: são campos parcialmente sobrepostos. Algo que impede sua sobreposição completa é o fato de que teorias socioespaciais tendem a não incluir a riqueza da transformação urbana tanto quanto teorias urbanas tendem a deixar de fora ligações entre a cidade e processos sociais. Harvey já em 1973 apontava a necessidade de se posicionar teoricamente frente ao status da cidade como (i) uma estrutura em si, com suas próprias leis de transformação e produção interna, ou (ii) a expressão de um conjunto de relações sociais que são parte de um fenômeno ou estrutura mais ampla. Teorias urbanas tendem a cair na primeira posição; a sintaxe espacial, na segunda. Harvey, como Lefebvre, será crítico da primeira, e tendo a concordar com ele ao reconhecer que, se podemos criticar a sintaxe por ser frágil quanto ao explicar a cidade, crítica análoga pode ser feita a teorias urbanas, geralmente rasas na inclusão de vetores e implicações sociais.
A extensão dessa sobreposição mostra-se um problema ainda a ser debatido – um problema que não está desconectado da questão das bordas disciplinares, como a passagem entre teoria urbana e teoria social – ou entre uma “imaginação espacial” e uma “imaginação sociológica”, como então sugeriu Harvey – na busca de uma visão mais completa dessas amarrações e interdependências. Para tanto, a definição de “espaço” e das metodologias para sua inserção em processos de transformação urbana como expressão de dinâmicas sociais terão de ser tocados. E essas definições são naturalmente problemáticas: há caminhos muito distintos para capturar um fenômeno como o espaço e grande divergência entre esses caminhos e abordagens, como entre aquelas discursivas e não-discursivas: entre posições que aspiram capturar dimensões práticas e experienciais e outras que buscam a natureza física e relacional do espaço como estrutura. A sintaxe cai, por escolha própria, na segunda.
(2.3) Mas a sintaxe espacial não é uma teoria matemática do espaço. Ela faz uso da matemática (essencialmente a teoria dos grafos e na maior parte relações algébricas simples) ao abordar o que podemos chamar de dualidade do espaço material tanto como algo contínuo quanto algo formado por componentes identificáveis constituindo um sistema discreto (4). A demonização do recurso matemático, frequente em estudos urbanos e socioespaciais, vem tanto de (a) receios de uma utilização centrada na redução do simbólico e experiencial ao físico, e o descarte de tudo o que não é visível e mensurável como não existente ou irrelevante (receios frequentemente justificados, como veremos), quanto de (b) um desconhecimento de que há fenômenos, como os urbanos, onde o problema daintensidade importa, e onde o problema dasrelações ganha complexidade e uma condição fortemente sistêmica (quando aspectos, entidades ou eventos influenciam outros em teias de relações frequentemente impossíveis de reconhecermos e mapearmos discursivamente). Vem ainda de (c) uma fé numa capacidade da linguagem discursiva assumida como absoluta (5).
As propriedades contínua e discreta do espaço material, que não devem ser ignoradas sob pena de não entendermos sua riqueza e a extensão de seu papel na vida social, implicam enormes dificuldades ao entendimento discursivo (6). O que não significa descartarmos a linguagem discursiva como modo mais afim aos aspectos qualitativos e semânticos do espaço. Este seria, de fato, o erro inverso – no qual a sintaxe espacial incorre, como veremos.
(2.4) Entretanto, a sintaxe não pode ser acusada justamente de ser “a matematização do óbvio”, frase fácil que virou bordão de crítica: o conhecimento da relação entre movimento, copresença e estrutura urbana só parece auto-evidente porque ele atravessa nossa experiência urbana – mas na forma de um conhecimento espacial não-discursivo que, ao ganhar forma discursiva, soa como se sempre estivesse ali, consciente.
A sintaxe não é a única teoria cujas proposições estão sujeitas a essa impressão de pré-conhecimento: dois dos pilares da economia espacial – as relações entre distância e a localização de atividades econômicas, e entre sua concentração e sua diversidade, que vem desde Von Thünen (1826), Alfred Weber (1909) até ganhar forma intraurbana em Isaard (1956) e Hansen (1959) – não são exatamente contra-intuitivos. (Note que a morfologia do movimento trazida pela sintaxe representa novidade em relação a essas proposições).
O espaço e a cidade oferecem muitas situações de desafio para nosso entendimento e a passagem do não-discursivo ao discursivo – dada a escassez de vocabulário para pensarmos sobre o espaço (7) e o fato de terem, cidade e espaço, propriedades relacionais complexas: “relações, assim parece, são o que pensamos com, e não o que pensamos sobre” (SLS:2). Uma parte do trabalho científico é trazer esses saberes à consciência sistematicamente. Mas a acusação é rasa sobretudo porque ignora que é parte do trabalho da teoria estabelecer as razões e as implicações de um achado central – e, no caso da sintaxe, estas estão longe de serem auto-evidentes.
3 As inovações da teoria – ou o que a sintaxe espacial faz
A partir dessas delimitações, veremos mais claramente o que a teoria oferece – não como “teoria da cidade”, algo no qual deixa lacunas, mas sobretudo como “teoria socioespacial”, algo que faz com novidade. Opto por trazer essas aspectos pontualmente, de modo a destaca-los, ainda que eles pudessem certamente ser discutidos em trabalhos específicos. Espero que na relação entre esses itens possamos reconhecer objetivamente as particularidades da teoria sintática em relação ao campo da teoria socioespacial.
3.1. O fundo estruturalista; o uso de Durkheim e do registro antropológico
Sabemos que a teoria tem suas raízes ainda nos anos 1970, no trabalho de Hillier e Leaman, e ganha sistematização e ambição enquanto teoria socioespacial em Hillier e Hanson. As ideias que aproximam o estudo da estrutura espacial de assentamentos e aspectos de sua apropriação ganham a forma de uma teoria da organização espacial de sociedades a partir de recursos antropológicos que permitiram tanto ideias não exploradas em um sentido socioespacial quanto conexões a novos aspectos do espaço. O estruturalismo de Lévi-Strauss oferece a Hillier uma forma de superar o dualismo do paradigma ‘humano-ambiente’, bem como a visão do espaço como projeção da organização mental, do próprio Lévi-Strauss, ao propor atores capazes de conhecer a realidade e o ambiente construído como sistemas de fenômenos discretos, contendo em si uma “lógica social” irredutível à experiência individual subjetiva (8).
Essa lógica se refere ao reconhecimento de uma relação objetiva entre a estrutura relacional e geométrica dos assentamentos e as restrições que elas impõem ao movimento e copresença, como sistema de barreiras e permeabilidades (9). Aqui temos a introdução de um papel urbano explícito da copresença na mesma época em que Goffman e Giddens a enfatizavam como temas sociológicos centrais (10). As intensidades e controles de copresença foram associados a interfaces sociais que expressariam diferentes modos de organização social, encontrados em Durkheim: o controle do encontro entre atores socialmente diferentes, típicos da solidariedade orgânica, ou entre similares, típico da solidariedade mecânica. Essa abordagem trouxe o espaço para um lugar inteiramente novo na constituição do mundo social: a influência da configuração de assentamentos sobre os nossos encontros – reconhecidos, como em Giddens, como um meio para a reprodução social.
3.2. A ênfase na reprodução social
Um desdobramento de interesse em termos de uma teoria das relações sociedade-espaço é a ênfase no momento da reprodução social, a instância do presente e da continuidade do mundo social: a relação entre espaço (na forma de estruturas arquitetônicas e urbanas) e a vida social (como distribuição do encontro) é observada como coincidente. A teoria busca entender “como e porque diferentes formas de reprodução social demandam e encontram um embodiment em diferentes tipos de estrutura espacial” (SLS:xi).
3.3. A epistemologia híbrida
A teoria baseia-se em uma epistemologia pouco convencional, ampla, que associa conceitos da sociologia e antropologia e da geometria e matemática – intencionalmente “uma nova teoria e uma nova abordagem à teoria” (SLS:x), um “framework que cobre a lacuna entre uma visão estatística e uma visão estrutural da realidade social” (SLS:200). Entretanto, esse caráter híbrido é fonte tanto de suas maiores qualidades quanto de suas dificuldades. A ênfase geométrica abre a teoria a acusações de fixação na ideia de estrutura, padrões e leis espaciais, de apologia da formalização e reificação da matemática como acesso privilegiado ao real – ao mesmo tempo em que ela recebe acusações de imprecisão de nichos mais quantitativos dos estudos urbanos (11). A ênfase social via Durkheim e a fixação no componente do encontro abrem a possibilidade de crítica à recusa a incorporar mais elementos sociais, como a interação entre atores e o lugar do espaço na produção dos conteúdos informacionais da interação (12).
3.4. O conceito relacional de espaço e o tratamento de suas propriedades morfológicas
A abordagem relacional busca tratar a espacialidade via um insight que lembra Saussure: como um sistema de diferenças onde o “significado” do espaço não é reconhecido como intrínseco, mas resultado das próprias diferenças (13). Esse conceito de espaço relacional permite inverter a visão usual fixada na “forma positiva” do espaço construído, a tangibilidade de suas superfícies (14). Ainda que enfatize o espaço entre superfícies como um sistema de unidades discretas, o conceito é capaz de capturar a continuidade desses “volumes de espaço vazio” a partir de suas adjacências e de tratá-lo de forma sistêmica. Essa visão relacional não é original (15), mas tais propriedades de articulação serão relacionadas a itens de distância e movimento (só implicitamente considerado em teorias econômicas da forma urbana, na forma de acessibilidade e distância métrica) e cognição (até então parcialmente considerada, no reconhecimento estrutural do espaço urbano). O insight topológico permite a teoria desenvolver uma visão inequívoca (e por isso sujeita à críticas) das estruturas do espaço. Sobretudo na escala da cidade, esta leitura permitiu avançar na descrição de padrões espaciais e mostrá-los em relação a processos sociais basilares de modo estruturalmente mais detalhado que a economia espacial.
3.5. A ênfase na copresença, movimento e na corporeidade da prática
Se tivesse de isolar no sistema dessa teoria a ideia mais responsável por seu sucesso como descrição, diria que foi a de colocar o insight topológico e a relação entre morfologia urbana e a morfologia volátil do movimento pedestre na cidade à serviço de (i) uma teoria socioespacial; (ii) uma descrição clara, didática de padrões espaciais relevantes na prática de intervenção urbana, com suporte empírico; e (iii) aplicabilidade para entender problemas em arquitetura e urbanismo. A ênfase na copresença, movimento e (menos explicitamente) na corporeidade dos movimentos se alinhou a outros esforços então em desenvolvimento na teoria social, como a atenção à importância sociológica do encontro (tido até os anos 1970 como tema menor). A relação entre configuração e movimento está hoje em processo de absorção e naturalização em discursos em arquitetura e urbanismo (16).
3.6. A reafirmação do espaço como dimensão viva para o ator e a vida social
A teoria, a seu modo, consiste de uma forte reafirmação do espaço como dimensão viva – a partir da sua relacionalidade inerente – para o ator urbano e para a construção de dinâmicas sociais, delimitadas em aspectos como a cognição e a “matéria-prima” do social na forma da copresença e códigos sociais. É ainda uma reafirmação da cidade como central para o desenvolvimento humano, ecoando a ênfase de Jacobs e outros, mais recentemente (17).
4. Os limites da teoria – O que a sintaxe espacial não faz
A partir do que a teoria não é e de seus pontos de contribuição, examinemos agora suas limitações – o que ela não faz, mas talvez devesse.
4.1. Limites da teoria em seu próprio campo substantivo
Hillier e colegas afirmam que “em sistemas urbanos, a configuração é o gerador primário dos padrões de movimento pedestre, e em geral os atratores são ou equalizáveis ou trabalham como multiplicadores no padrão básico estabelecido pela configuração” (18). Aqui temos uma das proposições mais criticadas da sintaxe. Os impactos de mudanças locacionais sobre fluxos de movimento pedestre não são levados em conta. Atratores “seriam meras consequências da configuração... edificações de mais altura e densidade apareceriam apenas nas partes mais integradas da cidade” (19).
A visão de que o efeito dos atratores é ou equalizável ou multiplicador em relação à rede de ruas é uma leitura no mínimo “otimista” do processo de transformação urbana – dado que nada garante que sua produção envolverá uma leitura precisa desse potencial e sua tradução em densidade e atratividade. Ou seja: o potencial de acessibilidade de uma rua pode simplesmente não encontrar reconhecimento, projeção e equivalência nos seus atratores. Ratti aponta corretamente que essa visão é arbitrária no caso de cidades planejadas – mas eu diria que não apenas nesses casos. Ela só seria o caso se os espaços abertos de ligação fossem sempre pensados antes dos espaços construídos. Em cidades crescendo organicamente, não se pode descartar a influência da localização da atividade sobre a extensão da grelha, deformando suas direções a partir dos agregados de unidades edificadas. A definição de novos caminhos intraurbanos – digamos, na expansão de uma cidade – pode ser influenciada por atratores posicionados na rede ou nas suas bordas, assim como novos atratores poderão ser produzidos a partir de novos caminhos. Estas são decisões e processos dependentes, ativos no momento da produção espacial, e não dois estágios distintos, um aguardando o outro para sofrer ignição.
4.2. Limites da teoria frente às relações sociedade-espaço
Em direta relação ao item anterior, a ausência sistemática da morfologia edificada e a prioridade da rede de acessos implicam na ausência de uma dimensão espacial que podemos chamar semântica, os processos de construção de conteúdos inteligíveis a partir de nossas referências aos espaços e as práticas ali realizadas. Essa ausência notória, outra decisão com o propósito de fixar a importância da sintaxe da rede de ruas, tem um preço: o de não reconhecer o espaço em seu papel complexo na produção e reprodução de uma sociedade. Para que cheguemos a esse reconhecimento, precisamos incluí-lo nas tramas das associações dos atos em complexos – o que Max Weber chamaria “ação social” (20). Uma teoria que ignora sistematicamente as trocas informacionais e comunicativas esbarra em limites na contribuição ao esforço de conhecer as ligações sociedade-espaço. Para tornar a teoria hábil para objetivar essas trocas informacionais, teremos de reconhecer outras dimensões sociais do espaço – como seu significado.
4.3. O problema da exclusão do significado
O problema do significado tem sido tratado pela teoria sintática de um modo muito particular. “Uma teoria do significado, genérico ou não, não nos leva muito longe”, Hillier nos avisa recentemente (21). Os significados semânticos como construção cognitiva e informacional – um fenômeno central no entendimento da ação (Weber), comunicação (Habermas, Luhmann), experiência (Cassirer) e para um senso de estruturação e coerência da própria realidade (Husserl, Wittgenstein) –, significados capazes de relacionar o espaço a eventos e atos por via associativa, seguem sistematicamente excluídos da teoria (22).
Naturalmente, a força substantiva da sintaxe espacial depende da “primazia da estrutura sintática sobre a representação semântica” (SLS:49). Hillier concede que a linguagem natural (discursiva) é a única linguagem completamente semântica. Sistemas como o espaço seriam primordialmente linguagens mórficas. Linguagens mórficas contêm apenas ‘significados genéricos’ ou sintáticos, gerados na comparação de uma forma espacial a outras formas e reconhecidas como diferenças (significância). Diferentemente, o significado semântico (significação) ocorreria quando uma forma é associada com algo fora dela e distinta dela. Em linguagens mórficas, a significância tomaria precedência sobre a significação como “significado primário” – e passaria mesmo a ser sua fonte. Hillier pretende mostrar que, mesmo no campo da forma e estética arquitetônica, a semântica é algo menor e dependente do sintático.
4.4. A redução da prática social
Ao estabelecer a diferença e a ruptura entre linguagem natural e mórfica, Hillier rompe também com a possiblidade de uma relação informacional entre prática, linguagem e espaço. Como esperar que os significados complexos do espaço, produzidos pela prática ou em referências à prática, relacionem-se aos da linguagem quando uma opera sintaticamente, por diferenças, e o outro, semanticamente, por meio de referências? Se o espaço deve ter uma presença na associação de nossas práticas e entrelaces com a linguagem, espaço e prática precisam de uma conexão, precisam compartilhar ao menos em parte uma mesma natureza informacional.
4.5. A redução do ator
Um mundo material sem sentidos e desdobramentos discursivos, comunicativos ou reflexivos implica uma redução do ator social a um autômato, uma célula móvel presa a uma teleologia do movimento entre pontos de ocupação – um movimento individual que não pode ser explicado pela probabilística do coletivo, evadindo as motivações individuais (23). Em uma teoria que assume “um observador privilegiado inteiramente externo ao sistema” (24), a experiênciado espaço urbano se reduz a cognição de suas propriedades geométricas.
4.6. A abordagem fisicalista do espaço
Outras críticas à sintaxe se referem a uma fixação na forma física, na qual o espaço é definido quase exclusivamente como pura geometria e estrutura – uma concepção essencialmente fisicalista do espaço, focada na análise de configurações e hierarquias.
Muitas dessas limitações se dão em função de uma posição epistemológica: o que Soja chama “a autonomia conceitual do espaço físico”, ou o que Hillier chama de “ambiente construído como variável autônoma” (25). Essa posição consiste de uma abordagem what you see is what you get ao mundo material. Essa visão fisicalista demanda operações conceituais para amparar o universo objetivo definido pela teoria de modo a não reconhecer a importância de outros aspectos, como a dimensão semântica do espaço, da prática e da experiência humana, e a legitimar seus próprios requerimentos metodológicos. A teoria parece presa na linha axial. O problema é que uma representação não pode dominar o domínio objetivo de uma teoria. É evidente que o fenômeno do espaço é maior do que as propriedades colhidas pela linha ou por outras formas de representação. Mas no caso da sintaxe espacial, a representação tomou o lugar da coisa representada, e essa confusão redutora, reificante, demanda ignorar todas as outras conexões entre espaço, prática e experiência humana.
Tendo dito isso, a sintaxe certamente não é a única teoria a reificar seu campo objetivo: a geografia marxista faz exercícios análogos. O fato de ainda termos de apontar e deslocar esses esforços de auto-reificação diz muito sobre o grau de maturidade das disciplinas espaciais.
4.7. O problema do tempo na estruturação do espaço
Mencionei anteriormente que a sintaxe tem uma conhecida dificuldade para explicitar a dimensão temporal dos processos de estruturação urbana. Ainda que a teoria não se apresente como “teoria da cidade”, esses processos tornam-se implicados nas suas proposições socioespaciais e passam a requerer explicitação. A teoria trata a gênese da forma de assentamentos expressando tanto de uma economia do movimento quanto da cognição dessas estruturas espaciais emergentes, os “geradores sintáticos” (SLS). O reconhecimento de características estruturais no “genótipo invertido” (descrições discretas das relações contidas na sequenciação e articulação dos espaços em si) replicaria as condições do movimento natural e os padrões de encontro de distintas solidariedades (26).
Há uma temporalidade inerente na produção, cognição e apropriação dessas estruturas sociais e espaciais. Seus princípios parecem capturados conceitualmente. Mas ainda que a teoria ofereça conceitos capazes de capturar padrões espaciais e faça uso de termos como “emergência”, a captura desses padrões tem sido feita tipicamente em análises de estado (atual, passado – no caso de pesquisas arqueológicas ou históricas – e futuro, no caso do exame dos efeitos de intervenções sobre padrões de acessibilidade), e não como descrição do processo (27).
Naturalmente, uma teoria das relações entre a morfologia do sistema de formas construídas e a morfologia da rede de acessos como parte de um mesmo processo de geração mútua teria de ir além da descrição geométrica e cognitiva, e incluir mecanismos que reconhecessem (a) a centralidade dos vetores de produção da forma construída expressando um sistema de atividades e ações urbanas – uma economia urbana – os quais (b) demandariam localização, gerariam espaço construído e influenciam a formação da rede de acessos no processo de crescimento urbano. Claro que esses itens terminariam por (c) retirar a centralidade da rede de ruas como “geradora”. E isso é o que a teoria, em sua auto-preservação, não pode fazer.
Mas a mesma limitação temporal pode ser apontada naquilo que a teoria é: uma exploração das relações sociedade-espaço. Refiro-me a temporalidade das práticas que produzem tal morfologia e das práticas que a apropriam. Sob a abordagem sintática, a produção de uma estrutura espacial envolve um processo tanto morfogenético quanto cognitivo (SLS:207), o que parece correto. Contudo, como Griffiths aponta, o genótipo de algum modo impresso em estruturas urbanas e arquitetônicas (as descrições sociais contidas na forma espacial) tende a “conservar o presente e desconsiderar o passado” e não ter “memória genética” (SLS:44). Um sistema espacial seria, em qualquer momento, uma descrição completa de si mesmo. O processo de “seleção” por meio da variação aleatória ofereceria o mecanismo que explica o porquê certos modos de organização espacial persistem mais que outros – nesse caso, em função da adequação maior ou menor da lógica social que contêm.
Esse encaixe cognitivo e prático absoluto entre espaço e o que ocorre socialmente nele será flexibilizado pelo conceito de função genérica (28). O conceito apresenta estruturas arquitetônicas como genéricas o bastante em sua sequência interna para servirem a diferentes atividades. Entretanto, esse conceito parece entrar em contradição com o de “apreensão de descrições” (description retrieval) e os elementos generativos do genótipo na escala das estruturas arquitetônicas. Se o espaço arquitetônico tende a ter uma função genérica, o mecanismo cognitivo da apreensão de descrições se torna praticamente inútil. Temos assim uma indefinição sobre o quanto o espaço arquitetônico é estruturado para servir como fonte de códigos da organização social (via restrição/ampliação probabilística do encontro) e o quanto não é.
4.8. O encerramento da sintaxe espacial em si mesma
Uma qualidade pode colocar-se como barreira de quando em quando. Algo que é evidência do desenvolvimento de uma teoria pode tornar-se um obstáculo para sua propagação. O estado aparentemente bem-acabado da teoria sintática, os inúmeros conceitos abstratos (como os j-graphs ou os modelos curtos e longos) e sua ênfase matemática, sobretudo ao ignorar tudo o que não pode ser mensurado, terminam com frequência alienando parte dos estudiosos urbanos. Ferramentas da sintaxe tem certamente sido usadas em áreas como arqueologia, história e mesmo em estudos fenomenológicos. Essa impressão parece ainda se relacionar a uma condição particular do típico pesquisador em sintaxe.
4.9. O status do ‘cientista normal’ – as dificuldades de contribuição teórica
O certo hermetismo da teoria em seu núcleo central, ao qual pouquíssimos pesquisadores parecem contribuir conceitualmente, e seu encerramento epistemológico dificultam outro item: a proposição de novas ideias e a expansão da teoria. Talvez nenhuma outra teoria em estudos urbanos esteja tão claramente dentro do que Thomas Kuhn chamou “ciência normal” (29): os trabalhos de rotina no desenvolvimento, envolvendo a testagem empírica dos pressupostos da teoria, o trabalho acumulado, as sofisticações sobretudo dos conceitos e da metodologia periféricos. Esse trabalho envolve o confronto da teoria com problemas e casos de diferentes contextos. As bordas bem-definidas da sintaxe terminam por demandar o trabalho do cientista normal, que reproduzirá teoria e método em aplicações sem questionamento do seu núcleo. Esse envolvimento traz seus benefícios: membros da sua comunidade científica se engajam no polimento, aplicação e uso prático da teoria, face a teorias concorrentes.
Mas o que pode ser visto em princípio como um sinal de amadurecimento científico revela-se um problema. A relação do pesquisador típico com a teoria tende a ser sobretudo uma relação axiomática, com pressupostos tidos como corretos e que estruturarão os conceitos periféricos, a armação metodológica e suas ferramentas de aplicação. No pior dos casos, essa relação se mostrará dogmática, quando essas definições se colocarem como dadas e reproduzidas sem questionamento substancial.
5. Dilema epistemológico: reproduzir, abrir ou romper a teoria?
Espero que essas breves descrições tenham permitido delinear com mais clareza, ainda que com certa gravidade, o que a sintaxe espacial é e o que faz. Vistos sobretudo os limites da teoria, gostaria de fechar essa discussão apontando bifurcações e dilemas face ao futuro de sintaxe espacial como teoria socioespacial. Entendo que existam três possibilidades para o pesquisador que deseja um engajamento com a teoria e o método de estudo e projeto:
A manutenção e reprodução da teoria é naturalmente um curso: seguir o estudo das relações entre configurações arquitetônicas e urbanas e aspectos presenciais da vida social. Sua utilidade à pratica de projeto e planejamento seguiria enfatizada, e quem sabe ganharia mais uso, tanto institucionalmente quanto na atividades do mercado de produção espacial.
Ruptura e abandono são um risco: teorias que não se relacionam com a crítica, com outras ideias em circulação e com visões do urbano que vão se enriquecendo tendem a ser superadas e substituídas. Parece mais razoável pensar que a história das ideias tem sido exatamente a da contaminação e mudança como modo de teorias continuarem importando.
Adaptação e evolução podem demandar mais do que adições e mudanças periféricas de conceitos. Dado o encerramento do conceito de espaço em sua dimensão física, o core da teoria pode ser demandado a transformar-se. Nesse caso, haveria a necessidade de abrir aspectos metodológicos para conexão a outros conceitos, e de incorporar ao menos parcialmente outras dimensões do urbano e do socioespacial. Caminhos de conexão estão em andamento fora do campo de pesquisa sintática, mas em comunicação com ele – como esses abaixo, que são do meu conhecimento, entre outras possibilidades a imaginar para a expansão da teoria.
- § Como teoria urbana: pontes para a transformação urbana via inclusão explícita dos elementos celulares (sistema de atividades e dos volumes construídos) vinculados à rede de acessos na escala global (30)
- § Como teoria urbana: pontes para a transformação da forma urbana via economia espacial e a inserção da abordagem topo-geométrica da estrutura urbana na análise das redes de interação econômica.
- § Como teoria socioespacial: pontes para a inserção do espaço relacional na construção de sistemas de ação social via reconhecimento semântico das atividades e lugares como ancoragens das trocas informacionais e práticas (31).
notas
1
Veja BATTY, M, JIANG B, THURSTAIN-GOODWIN, M. (1998) Localmovement: agent-basedmodels of pedestrian flow'',WP 4, CASA UCL; WILSON, A. (2008) “Urban and regional dynamics – 1: a core model”. CASA Working Paper Series, London, n.128; KRAFTA, R., NETTO, V.M. (2011) “Urban built form grows critical”. Cybergeo: European Journal of Geography . http://cybergeo.revues.org/24787.
2
Veja HILLIER, B., HANSON, J. (1984, p.18) The Social Logic of Space. Cambridge: Cambridge University Press). Vou fazer uso das seguintes abreviaturas:The Social Logico of Space (SLS); Space is the Machine (SM).
3
GRIFFITHS, S. (2011, p.75) “Temporality in Hillier and Hanson's theory of spatial description: some implications of historical research for space syntax”. Journal of Space Syntax, Vol 2, No 1:75)
4
Essa dualidade – não uma oposição ou dualismo – é longamente tratada na filosofia e geografia, de Euclides a Leibniz, como lembra HARVEY, D. (1973, p.13) Social Justice and the City. Baltimore: John Hopkins University Press:“space is neither absolute, relative or relational in itself, but it can become one or all simultaneously depending on the circumstances” e conclui: “The problem of the proper conceptualization of space is resolved through human practice with respect to it). Veja NETTO, V.M. (2008) “Practice, space, and the duality of meaning” Environment and Planning D: Society and Space, v.26, p.359-379.
5
Veja NETTO, V.M.; VARGAS, J.C.; SABOYA, R.T. (2012) “(Buscando) Os efeitos sociais da morfologia arquitetônica” Urbe – Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 4, n. 2.
6
Como Hillier e Hanson (1984:2) sugerem, “a mente humana parece “extremamente habilidosa em usar sistemas relacionais complexos, mas muito menos habilidosa para falar sobre esses sistemas”.
7
Harvey (1973); FORTY, A. (2000) Words and Buildings: A Vocabulary of Modern Architecture. New York: Thames & Hudson.
8
Hillier e Leaman (1973); veja GRIFFITHS (2011).
9
HOLANDA, F. (2003) Arquitetura & Urbanidade (org.). São Paulo: ProEditores Associados.
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GOFFMAN, E. (1992) “Focused interaction and unfocused interaction”. In: Human Societies: a Reader. Giddens, A. Blackwell Publishers Inc; Oxford, UK, pp14-17;GIDDENS, A. (1984) The constituition of Society: Outline of the Theory of Structuration. Cambridge: Polity Press.
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SOJA, E. (2001) “In different spaces”, in Proceedings of III International Space Syntax Symposium (GeorgiaTech Press, Atlanta);BATTY, M. (2004) "Distance in Space Syntax" working paper. www.casa.ucl.ac.uk; RATTI, C. (2004) “Space syntax: some inconsistencies”. Environment and Planning B: Planning and Design 31(4) 487-499; FIGUEIREDO, L. (2012) “Sintaxe Espacial – Uma Revisão Crítica” Anais do II Encontro Nacional de Programas de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo – ENANPARQ 2010.
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Veja NETTO, V.M. (2005) “Is architecture an active part of life? From the form-function paradigm to space as context to practice” Arquiteturarevista. Vol.1.; NETTO, V.M. (2013) Cidade e Sociedade: As Tramas da Prática e seus Espaços. Porto Alegre: Editora Sulina.
13
HILLIER, B. (2011) “Is architectural form meaningless?” Journal of Space Syntax, Vol 2, No 2.
14
HOLANDA, F. (2010) "Sociological architecture: a particular wway of looking at places" Journal of Space Syntax Vol.1, 2. p.337-355.
15
Veja KRUGER. M. J. (1979) "An approach to built-form connectivity at urban scale: system description and its representation" Environment and Planning B: Planning and Design 6 67-88.
16
Por exemplo, em MATTHEW, F. (2007) “101 lições que Aprendi na Escola de Arquitetura”. Gustavo Gili, Barcelona.
17
JACOBS, J. (2000) Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes [1961]; SOJA, E. (2000) Postmetropolis: Critical Studies of Cities and Regions. Oxford: Blackwell;GLAESER, E. (2010) The triumph of the city: how our greatest invention makes us richer, smarter, greener, healthier and happier. New York: Penguim.
18
HILLIER, B., PENN, A., HANSON, J., GRAJEWSKI, T., XU, J. (1993, p.31) “Natural movement: or, configuration and attraction in urban pedestrian movement'” Environment and Planning B: Planning and Design 20, 29.
19
Ratti (2004:6); veja Batty et al (1998).
20
Veja NETTO, V.M. (2008) “Practice, space, and the duality of meaning” Environment and Planning D: Society and Space, v.26, p.359-379; NETTO (2013); WEBER, M. (1968) Economy and Society Vol.1. University of California Press, Berkeley [1920].
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HILLIER (2011:125).
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Veja NETTO (2008; 2013); WEBER (1968); HABERMAS, J. (1984) The Theory of Communicative Action Vol.1. Cambridge: Polity Press; LUHMANN, N. (1995) Social Systems (Stanford University Press, Stanford) [1984]; CASSIRER, E. (1965) The Philosophy of Symbolic Forms, v.1: Language. Yale: University Press [1923]; HUSSERL, E. (1976) Logical Investigations (Routledge, London) [1906]; WITTGENSTEIN, L. (1953) Philosophical Investigations. Blackwell: London.
23
Veja SOJA (2001) e FIGUEIREDO (2012).
24
GRIFFITHS (2011:78).
25
HILLIER, B. (1998) “The common language of space: a way of looking at the social, economic and environmental functioning of cities on a common basis”. Disponível em http://www.spacesyntax.org/publications/
26
Sobre economias do movimento, veja HILLIER, B. (1998) “The common language of space: a way of looking at the social, economic and environmental functioning of cities on a common basis”. Disponível em http://www.spacesyntax.org/publications/; sobre movimento natural, veja HILLIER et al (1993).
27
Uma exceção é o trabalho não puramente sintático de ERICKSON, B. e LLOYD-JONES. T (1997) "Experiments with settlement aggregation models" Environment and Planning B: Planning and Design 24(6) 903 – 928, associando atratores e movimento.
28
HILLIER (1996).
29
KUHN, T. (1962) The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University Press.
30
Como exploraram KRUGER (1979), KRAFTA, R. (1994) “Urban convergence: morphology and attraction” Environment and Planning: Planning and DesignB, vol. 23;ERICKSON e LLOYD-JONES (1997), entre outros.
31
Veja FARIA, A., KRAFTA, R. (2003) “Representing urban cognitive structure through spatial differentiation” Proceedings of 4th Space Syntax International Symposium (ed) J Hanson (UCL Press, London) pp 53.1–18; NETTO (2007; 2013).
sobre o autor
Vinicius M. Netto é doutor (University College London). Professor Adjunto (Universidade Federal Fluminense | UFF). Estuda as relações entre Sociedade e Espaço em três níveis: (i) Sociedades como sistemas de encontro: asegregação sobre o corpo; (ii) Sociedades como sistemas de comunicação: o espaço como mediador de associações e da prática social; (iii) Sociedades como sistemas de interação material: os efeitos sociais da morfologia.