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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
O presente artigo analisará parte do processo de restauro do Sítio Santo Antônio em meados do século XX, através das ações de Luís Saia e Lúcio Costa, expondo o ideal modernista presente neste coeso grupo de intelectuais.

english
This article will examine part of the restoration process of Sitio Santo Antônio in the mid-twentieth century, through the actions of the architect Luís Saia and Lucio Costa's coordinating, triggering the modernist ideal of this group of intellectuals.

español
En este artículo examinaremos parte del proceso de restauración del Sítio Santo Antônio en la segunda mitad del siglo XX, llevada a cabo a través de las acciones del arquitecto Luís Saia y Lucio Costa, exponiendo el ideal modernista.


how to quote

SOMBRA, Fausto. Luís Saia e Lúcio Costa. A parceria no Sítio Santo Antônio. Arquitextos, São Paulo, ano 14, n. 161.03, Vitruvius, out. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.161/4915>.

Sítio Santo Antônio, vista do exterior a partir do alpendre da casa-grande
Foto Fausto Sombra, 2013


Introdução

Em 1940, o arquiteto franco-brasileiro (1) Lúcio Costa ou “Dr. Lúcio como era chamado no Patrimônio” (2), já há quatro anos como consultor técnico e teórico do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan (3), coordenaria a distância juntamente com o diretor geral do referido órgão, Rodrigo Mello Franco de Andrade, os trabalhos de intervenção e restauro do Sítio Santo Antônio. Localizado a aproximadamente setenta quilômetros da capital paulista, no município de São Roque, a meio caminho da cidade vizinha Araçariguama, este reconhecido monumento remanescente da arquitetura rural colonial se encontrava implantado em meio a uma topografia irregular, com acesso através de um sinuoso caminho, conhecido atualmente como estrada municipal Mário de Andrade.

Este paradigmático conjunto arquitetônico do século 17, protegido pelo processo de tombamento federal desde 1941 (4), permitiu uma parceria de trabalho entre seu consultor técnico, Lúcio Costa, e o futuro diretor da delegacia paulista, Luís Saia (5), considerado o principal personagem responsável pela coordenação dos trabalhos ali empreendidos ao longo do segundo e terceiro quarteis do século 20.

A transcrição de parte da correspondência – ofícios e outros documentos relacionados ao processo de intervenção – tornará possível uma aproximação do período e a percepção do intercâmbio ideológico do coeso grupo de pensadores modernos, aqui representados por duas figuras emblemáticas, empenhadas no estudo e intervenção da arquitetura colonial.

Sítio Santo Antônio, levantamento planialtimétrico e conformação áreas tombadas, interpretação com base no levantamento aerofotogramétrico de 1979, IGC-SP, e planta parcial do monumento, do Iphan 9ª SR/SP
Desenho Augusto Piccoli

Uma breve descrição do conjunto

No final da década de 1930, a exemplo de outros exemplares paulistas já conhecidos neste período, o conjunto definido por Sítio Santo Antônio já se encontrava parcialmente descaracterizado e em precário estado de conservação. Conformando o complexo arquitetônico, havia a casa-grande, de caráter tipológico definido posteriormente como “casa bandeirista” (6), e a sua “deliciosa” capela, disposta no mesmo alinhamento e a “uns 30 metros de distância” (7). Ambas as construções foram erigidas sobre embasamento de pedra, paredes em sua grande maioria de taipa de pilão e cobertura com telhas canal, ocupando “um pequeno compartimento de vale situado em posição suspensa e em setor de perfil marcante assimétrico”, junto ao córrego “Boy-Poruçuguaba” (8).

Sítio Santo Antônio, fachada principal do conjunto anterior ao restauro
Foto Herman (Germano) Graeser [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Fotográfico]

Este conjunto teria sido edificado no século 17 pelo sertanista capitão Fernão Paes de Barros (9), sendo a capela construída aproximadamente quatro décadas depois da casa-grande, mais precisamente em 1681 (10), ano no qual – segundo Mário de Andrade – foi dada a provisão para a benção da capela pelo Dr. Francisco da Silveira Dias, protonotário apostólico do bispado de São Sebastião do Rio de Janeiro (11).

Sítio Santo Antônio, fachada posterior do conjunto anterior ao restauro
Foto Herman (Germano) Graeser [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Fotográfico]

Sobre sua conformação espacial, as informações que nos chegam provenientes da pesquisadora Cristiane Souza Gonçalves tornam possível afirmar que, no ano de 1937, Luís Saia já teria efetuado o levantamento arquitetônico preliminar do conjunto. Este trabalho seria elaborado “especialmente para o artigo de Mário de Andrade” (12), intitulado A capela de Santo Antônio, e que seria publicado neste mesmo ano no primeiro volume da Revista do Sphan. Neste período, a casa-grande ocuparia um volume de perímetro irregular com aproximadamente 25m de comprimento e 16m de profundidade (13), protegido por cobertura de três águas e apresentando fortes indícios de considerável descaracterização, sendo este fato ratificado por investigações prospectivas posteriores já durante a fase executiva, em 1945, para a “verificação das antigas fundações de taipa e definição do desenho da ala ruída da casa-sede” (14). Estes trabalhos apontariam para um edifício originalmente definido por uma fachada de 36m e ocupando um perímetro retangular. Esta diferença espacial seria fruto da desaparição de quatro ambientes na lateral esquerda e posterior do prédio. Em seu interior foi constada a criação de alvenarias posteriores ao desenho primitivo da construção, compartimentando e reduzindo as grandes dimensões dos ambientes originalmente idealizados. Externamente foram também detectadas reconfigurações de aberturas e fechamentos, inclusive na área que outrora definira o alpendre frontal da edificação, sendo este ambiente considerado como um dos traços característico deste grupo de edificações paulistas (15).

Já o edifício da capela seria definido por um corpo retangular de aproximadamente 9m de frente por 14m de profundidade, protegido por cobertura de duas águas formadas por panos de comprimentos assimétricos e anexados a torre sineira. Esta última apresenta discreto descolamento em relação ao corpo principal e é conformada por quatro paredes em pedra. Externamente, na plataforma de acesso à nave principal, já no ano de 1937, não teríamos a presença de nenhum abrigo (alpendre), porém as estruturas e encaixes encontrados indicam que em período anterior elemento similar houvera existido.

Sítio Santo Antônio, interior casa-grande anterior ao restauro, ambiente ocupando o alpendre descaracterizado
Foto Herman (Germano) Graeser [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Fotográfico]

Posicionado entre estes edifícios e construído contiguo a edificação principal, encontrava-se uma terceira construção, de planta quadrada, com aproximadamente 12x12m, apresentando-se já sem cobertura e parcialmente em ruínas. Este edifício seria conhecido como a casa do Barão, pois teria sido construído e habitado pelo Barão de Piratininga no século 19, fato este ratificado pela transcrição abaixo referente ao depoimento do Sr. Manuel Oliveira Rosa, datado de 20 de setembro de 1948 e endereçado ao “Exmo Snr Dr. Luís Saia”.

“Visitando o sitio ‘Santo Antônio’, no dia 2 do corrente, tenho o imenso prazer de informar a Vª Exª que as obras de restauração da casa grande me parecem exatas, sobre tudo na parte da recomposição da ala, que destruída, o seu material aproveitado pelos Senhores João Venancio Fernandes e Euclides d´Oliveira. Tanto o telhado como os compartimentos e o alpendre estão atualmente do mesmo modo que eu os conheci em 1884. Nessa data, o Barão de Piratininga construiu uma casa nova entre a antiga e a capela, abrindo nessa ocasião uma porta para fazer ligação entre a construção nova e a antiga.

As senzalas que existiam na frente da casa nova foram queimadas em 1887.

Meus agradecimentos pelo modo carinhoso com que fui recebido no referido sitio no dia mencionado.

Pedindo desculpas pelos erros e falta nestas informações, subscrevo-me.

De Vª Exª

Attº adm.ore aºobrgº

a) Manuel Oliveira Rosa” (16).

Sobre o destino dado às ruínas da Casa do Barão, por se tratar de um monumento constituído fora do plano do conjunto colonial original, seus “restos” não suscitaram grande interesse por parte dos diretores e técnicos do Sphan, que logo descartariam sua estrutura, exceção apenas às tentativas de serrar em grandes blocos os trechos das paredes de taipa remanescentes, com o objetivo de reaproveitá-los na reconstituição da porção já inexistente da casa-grande. Contudo, os procedimentos não alcançariam o resultado esperado, pois a composição e tipo de terra que conformavam as paredes não proporcionaram a estruturação adequada às peças, que facilmente se rompiam (17).

A colaboração de Mário de Andrade

O trabalho inicial do processo de restauro no conjunto arquitetônico de São Roque, conduzido à distância por Lúcio Costa, teria o acompanhamento de seu futuro proprietário: o escritor, poeta e musicólogo modernista Mário de Andrade, que ao longo da década de 1930 participara ativamente das questões relativas ao patrimônio, material e imaterial, na busca de monumentos e símbolos tradicionais que dessem lastro ao espírito artístico-cultural e da própria identidade regional e nacional (18) ou como definira a pesquisadora Cristiane Souza Gonçalves, “em busca pela produção artística genuinamente brasileira” (19).

Sítio Santo Antônio, Mário de Andrade em visita ao local em 18 janeiro 1945
Foto Herman (Germano) Graeser [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Fotográfico]

Em visita ao Sítio em 1937, juntamente com Paulo Duarte, Mário se encantaria com a propriedade, vindo a adquiri-la alguns anos depois, em 1944 (20), com o intuito de doá-la ao Sphan após a sua morte. Entretanto, Mário estabelecera duas condições: a primeira seria o “usufruto em vida” e a segunda seria destinar o local “a um repouso de artistas brasileiros” (21), fatos estes que não chegariam a ocorrer em virtude de seu precoce falecimento, em 25 de fevereiro de 1945, com apenas 51 anos de idade.

Ainda assim, a vida profissional de Mário de Andrade seria marcada por diversas ações relacionadas ao patrimônio: em 1935, criação e direção (até 1937) do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo – DC; em 1936, organização do curso de Etnografia e Folclore ministrado por Lévi-Strauss e a fundação da Sociedade de Etnografia e Folclore – SEF (22); em 1937, redação da carta de criação do próprio Sphan e promoção do inventário de bens paulistas; e, em 1938, talvez a mais importante contribuição de Mário no âmbito do patrimônio: a idealização e organização da Missão de Pesquisas Folclóricas (23).

Segundo Aurélio Eduardo do Nascimento e Vera Lúcia Cardim de Cerqueira, responsáveis pela publicação de parte dos apontamentos presentes nas “cadernetas de campo” utilizadas ao longo da referida Missão, este último importante projeto de Mário fora elaborado com o objetivo de “construir com rigor científico um conjunto documental sobre tradições culturais brasileiras que viabilizasse consultas e estudos com desdobramentos em variados campos do conhecimento e da criação artística” (24). Para este feito, Mário organizara um grupo composto por quatro pesquisadores e técnicos que percorreriam vasta área do território nacional, visando à seleção e o recolhimento de informações referentes à grande diversidade da cultura espontânea popular brasileira, já constatada pelo próprio escritor em suas andanças pelo país afora em períodos anteriores (25).

Membros da Missão de Pesquisas Folclóricas, Teatro Santa Izabel, Recife, março 1938. Ladeira, Pacheco, Saia, Braunwieser
Foto divulgação [Discoteca Oneyda Alvarenga – CCSP]

Ao longo da Missão, seus pesquisadores efetuariam uma grande quantidade de apontamentos nas já mencionadas “cadernetas de campo”; além de coletar e adquirir diversos artefatos, instrumentos, cantigas e canções provenientes dos diversos locais visitados, utilizando-se dos últimos recursos tecnológicos de captação de imagem e som disponíveis.

Fazendo parte deste seleto grupo de pesquisadores, além de Martin Braunwieser, Benedicto Pacheco e Antônio Ladeira (26), encontrava-se a importante figura do ainda jovem e futuro engenheiro-arquiteto Luís Saia, uma vez que este somente se formaria na Escola Politécnica em 1948, após 16 anos de seu ingresso na instituição em 1932 (27). Ainda assim, Mário que acompanhara a evolução de Saia ao longo de sua participação no já citado curso etnográfico de Lévi-Strauss e no auxílio sobre a criação da SEF, o nomearia como chefe da Missão, deixando-o responsável pela coordenação das principais ações da equipe ao longo da expedição.

Em sua dissertação de mestrado intitulada Luís Saia e a ideia de patrimônio – 1932-1975, Mariana de Souza Rolim traz à tona – citando trecho de uma correspondência de Mário de Andrade ao diretor Rodrigo Mello Franco de Andrade, datada de 06 de abril de 1937 – as impressões provocadas pelo jovem estudante Saia no escritor paulista, ao ponto deste considerar a possibilidade de “aproveitá-lo”, desde que bem orientado:

“Quanto à indicação dum indivíduo pro Sphan matutei duas horas e depois mais tempo matutei diálogo com o Sérgio Melliet. É difícil...Me diga uma coisa: o fulano contratado, contrato precário, seis meses, quanto tempo? Pode-se retirar o cargo a qualquer momento? No caso de ser possível experimentar e não dando certo retirar o cargo, poderia propor um rapaz bastante inteligente, estudante de engenharia, dedicado à arquitetura tradicional, não passadista: Luiz Saia. Tem o defeito de ser integralista. Serviria havendo este complexo de inferioridade? Sei que é ativo e como vivo em contacto com ele, poderia orientá-lo bem” (28).

Aqui, nos parece provável que os “Andrades”, Mário e Rodrigo, já buscassem um profissional com qualidades e habilidades específicas para coordenação da referida pesquisa, pois em função de seu importante cargo e a instabilidade política que se instalara no então período, o escritor de Macunaíma teria dificuldades em se ausentar de São Paulo.

Por fim, suas preocupações não seriam em vão. Os reflexos advindos das mudanças políticas geradas pela instituição do Estado Novo, implementado através do golpe político de Getúlio Vargas no final de 1937, teriam como consequência direta o afastamento de Mário da direção do DC e o substancial corte de verbas sobre as ações do grupo de pesquisa, provocando a reformulação de seu roteiro de viagem e a concentração dos seus esforços na região nordeste: Pernambuco, Paraíba, Piauí, Ceará e sobre duas localidades no norte do país, mais precisamente nos estados do Maranhão e Pará (29).

Ainda assim, o resultado do trabalho de campo elaborado pelos seus quatro pesquisadores, com sua coordenação direta, se consolidaria como um importante marco na história da pesquisa cultural nacional, qualificando ainda mais os esforços empreendidos por Luís Saia e dando-lhe a experiência necessária para que pudesse assumir seus próximos importantes trabalhos e ações, desde a coordenação e elaboração de projetos de intervenções, à publicação de artigos. Nesta relação, destacam-se o primeiro projeto de restauro do Sphan no Estado de São Paulo sobre o conjunto jesuítico Nossa Senhora do Rosário, em Embú, de 1939, seguido da publicação do artigo “O alpendre nas capelas brasileiras”, na Revista do Sphan (nº 3, 1939), o restauro da igreja de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, e a fortaleza de São João em Bertioga, em 1941-1942, a publicação do artigo “Notas sobre a arquitetura paulista do segundo século”, na Revista do Sphan (nº 8, 1944), até ser nomeado chefe do 4º Distrito do Dphan em fins de janeiro de 1946 (30), momento em que a regional paulista passou a abranger a direção dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (31).

Contudo, vale salientar, a partir dos esclarecimentos do arquiteto Victor Hugo Mori em seu artigo “70 anos do Patrimônio em São Paulo” (32), que Saia já seria o representante paulista legal do Sphan desde fins de 1938, quando do afastamento de Mário do posto de Assistente Técnico do órgão federal, fruto dos desajustes políticos já mencionados. Na época, para ocupar seu lugar, o escritor modernista indicara o nome de Luís Saia ao diretor e amigo Rodrigo M. F. de Andrade, que não acatara logo de início sua sugestão. Para Rodrigo, o jovem estudante Luís Saia era “imaturo demais para ocupar o lugar de um intelectual de peso de Mário de Andrade”. Todavia, Mário persistira na indicação, até que seu discípulo Luís Saia, após elaborar um pioneiro estudo acerca da “Aldeia Jesuítica de Carapicuíba” (33), e depois de passar pelo crivo do diretor Rodrigo, fora aceito como o novo Assistente Técnico, cargo que permaneceria até o seu falecimento em 1975.

Luís Saia e Lúcio Costa

Após este breve panorama conformado entre as décadas de 1930 e 1940, é possível retornar ao período de participação de Luís Saia como principal responsável, juntamente com a coordenação técnica do arquiteto Lúcio Costa e a direção geral de Rodrigo M. F. de Andrade, pela elaboração e acompanhamento no processo de restauração do Sítio Santo Antônio durante os anos de 1940-1947, período onde se definiria a primeira fase dos trabalhos de intervenção no monumento.

Sítio Santo Antônio, segunda fase das intervenções, década 1960
Foto Herman (Germano) Graeser [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Fotográfico]

Segundo a periodização definida por Cristiane Souza Gonçalves em seu artigo: “A experiência do Serviço de Patrimônio Artístico e Nacional em São Paulo: o caso do restauro do Sítio Santo Antônio, 1940-1947”, uma segunda e também importante fase de intervenções seria realizada ao longo da década de 1960, período em que seria realizada a “restauração das pinturas do forro policromado da capela, bem como a constituição do lago e a instalação da casa do zelador” (34).

Contudo, neste artigo a autora analisa sobretudo a primeira fase de intervenções no monumento, buscando compreender as decisões tomadas por Luís Saia e os resultados obtidos no término do processo. Para isso, Gonçalves mobiliza fontes primárias – relatórios, ofícios, cartas e consultas à sede do órgão no Rio de Janeiro –, destacando algumas análises, aprovações e questionamentos elaborados principalmente por Lúcio Costa, que como já apontado, seria o então consultor do órgão federal, mais precisamente o Diretor da Divisão dos Estudos e Tombamento, posto este abaixo apenas do Diretor Rodrigo e o ministro Capanema.

Sobre este importante cargo ocupado por Costa, o mesmo lhe garantia o respaldo necessário para que suas opiniões fossem geralmente respeitadas e acatadas (35). Para além do cargo, a respeitabilidade de Costa era fruto da larga experiência por ele adquirida em atuação variada e decisiva para a constituição dos campos do patrimônio e da arquitetura moderna no país: estudos e projetos realizados sobre o patrimônio; seu profundo entendimento acerca do barroco mineiro, ao qual reconhece como uma das primeiras importantes manifestações artísticas de cunho nacional; a experiência na direção da Escola de Belas Artes em 1930; a sociedade com arquiteto modernista Gregori Warchavchik, no mesmo período; coordenação do revolucionário projeto do edifício do MES, liderando importantes arquitetos brasileiros e viabilizando a consultoria do mestre franco-suíço, Le Corbusier, em 1936; a criação do Museu das Missões, no Rio Grande do Sul, em 1937 (36); as parcerias com Oscar Niemeyer, que resultaram no projeto para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York, em 1938-1939, e o projeto do Grande Hotel de Ouro Preto, em 1939.

Sítio Santo Antônio, fachada frontal casa-grande, 36m
Foto Fausto Sombra, 2013

É a partir desta posição privilegiada que o Dr. Lúcio questionará e divergirá das decisões tomadas por Saia, conforme fica claro no ofício abaixo, de 22 de novembro de 1947, próximo ao término das obras de restauro referentes à primeira fase das intervenções:

“Apezar da lógica da argumentação do Dr. Luiz Saia e da documentação em que ele se baseia, considero inaceitável a divisão do vão do alpendre em seis lanços. Basta confrontar as fotografias 393 e 394, com 3 esteios apenas, com as fotografias 432 e 433, com cinco, para constatar que a solução original não pode de forma alguma ser esta ultima, que não se enquadra no ritmo geral da construção e mais parece escoramento provisório. Alias o exame mais demorado do problema leva a uma conclusão um tanto alarmante: sera que o Dr. Saia se equivocou, aceitando como primitivas as paredes que constituem um dos cantos extremos do alpendre, e fez a casa maior do que terá sido? É que a extranheza (37) provocada pela extensão desmedida da fachada se agrava quando se constata que, em planta, a disposição dos vãos do alpendre – porta e duas janelas equidistantes – parece indicar que, originalmente, o alpendre teria sido menor, redução que viria então restituir a fachada e ao alpendre as suas verdadeiras proporções.

Em 22 de novembro de 1947

Lúcio Costa
Diretor da Divisão de Estudos e Tombamento” (38).

Casa Mandu, Cotia; contraste do comprimento da fachada, 20m, frente à casa-grande do Sítio Santo Antônio
Foto Fausto Sombra, 2013

Em seu artigo, a pesquisadora Cristiane Souza Gonçalves cita este ofício, inclusive incluindo também um pequeno trecho da defesa de Saia transcrito de uma longa correspondência de quatro páginas, datada de 27 de novembro de 1947 e endereçada ao Dr. Rodrigo M. F. de Andrade. Nela, Saia esmiuça ponto a ponto os questionamentos levantados por Lúcio Costa, inclusive frisando que teria confirmações verbais comprovando as dimensões e a concepção adotada entre as proporções do edifício e o alpendre restaurado:

“Quanto ao fato do senhor Diretor da D.E.T se alarmar com a ‘extensão desmedida da fachada’ cabe-me apenas informar que so foram executados as bitolas irrecusáveis encontradas no proprio local. Neste sentido tenho procurado e encontrado confirmação integral por parte de pessoas que conheceram a casa grande antes da demolição parcial. Mas ainda que não se tivesse esta especie de confirmação verbal estaria absolutamente seguro das medidas adotadas, pois todas o foram na base dos alicerces procurados e encontrados” (39).

Saia seguiria defendo sua concepção acerca do restauro na página final do ofício:

“Resumindo posso assegurar que as proporções da fachada e do alpendre são fieis... De fato, é impressionante uma fachada enorme de comprimento e tão pobre de pe-direito e cheios. Apenas duas pequenas janelas é tão pouco para uma extensão tão grande que faz a gente pensar em defender o cheio do alpendre a todo o transe. Estou nesta altura lembrando o clarissimo artigo ‘Documentação Necessaria’ sobretudo no que se refere ás proporções de cheios e vasios nos edificios das diversas fases da arquitetura nacional” (40).

Destes trechos, mais especificamente da primeira parte transcrita, podemos constatar que Luís Saia busca se defender e reforçar os seus argumentos com relação às questões colocadas por Lúcio, pois, conforme ilustrado inicialmente, encontra-se arquivado nas pastas do referido monumento, no escritório paulista do Iphan, o depoimento do Sr. Manuel Oliveira Rosa, de setembro de 1948, ajudando a fortalecer a concepção compositiva adotada por Saia para a restauração do referido conjunto arquitetônico. Neste ponto, é importante destacar que a data de resposta de Saia ao Dr. Rodrigo seria anterior ao depoimento citado do Sr. Rosa em aproximadamente 10 meses, nos parecendo plausível supor que após ser questionado por Costa, o arquiteto paulista buscaria recolher as informações pertinentes que comprovassem suas convicções (41).

Mesmo que defenda suas prospecções e demais análises realizadas, Saia demonstra respeito e admiração frente ao seu superior direto, e busca uma postura conciliadora, citando artigo de Lúcio Costa, “Documentação necessária”, publicado na Revista do Sphan, nº 01, de 1937. Desta forma, demonstra não estar contrário ao seu superior, mas que apenas lhe parecia evidente que o referido monumento teria peculiaridades distintas em relação às demais casas até então estudadas.

Evolução dos vãos, cheios e vazios, na arquitetura a partir do século 17
Desenho de Lúcio Costa [COSTA, Lúcio. Documentação Necessária]

O arquiteto paulista não só manteria sua postura frente à concepção de restauro adotada, como faria um elogio à ambiência resultante do restauro do alpendre da edificação. No parágrafo final de sua extensa defesa, Saia faz avaliação positiva do seu trabalho e menciona o quanto gostaria de compartilhá-la com seu superior:

“Por último, não quero deixar de assinalar o meu sentimento pessoal do agenciamento: resultou um alpendre espaçoso e acolhedor. Muito maior do que as suas medidas podem sugerir por causa da plataforma que parece aumentar o seu tamanho e acentuar o ar acolhedor. Este é contudo uma impressão muito pessoal que eu teria o maior prazer em ver compartilhada pelo Dr. Lucio Costa, caso ele senhor Diretor da D.E.T quisesse aceitar o convite tantas vezes feito e repetido de fazer uma viagem a este Distrito.

Atenciosamente,

Luís Saia
Chefe do 4º Distrito” (42)

É flagrante o afastamento físico de Lúcio Costa sobre o 4º Distrito do órgão federal, fato realçado pela transcrição de uma entrevista dada a Gonçalves pelo arquiteto José Saia, filho mais velho de Luís Saia (43). É impressionante constatar que o arquiteto carioca esteve em São Paulo não mais que duas vezes ao longo de toda sua vida (44).

Vale ainda destacar, seguindo o raciocínio presente no artigo da referida pesquisadora, que estudos posteriores, assim como o próprio Lúcio o fizera, questionariam parte das soluções adotadas na intervenção do conjunto localizado no município de São Roque. A historiadora Aracy Amaral, por exemplo, defende em seu livro A Hispanidade em São Paulo: da casa rural a capela de Santo Antônio, publicado em 1981, que o alpendre frontal da capela se trataria de uma inserção posterior à construção original. Não só Aracy Amaral afirmará que Saia se equivocou; este restauro suscitaria questionamentos e desdobramentos diversos, como o desenho de análise realizado pelo seu sucessor no Iphan, o arquiteto Antônio Luiz Dias de Andrade – ou “Janjão”, como era conhecido – que ao longo de sua direção no órgão, durante os anos de 1978-1994 (45), legará importantes reflexões sobre as ações empreendidas nas primeiras décadas do órgão federal, sendo este então período definido pelo próprio Saia como “A fase heroica”. Em 1972, em homenagem aos 35 anos dos trabalhos do Sphan, Saia escreveu o artigo “Até os 35 anos, a fase heróica”, onde enumera diversas ações e intervenções empreendidas pelo órgão federal nos monumentos e bens arquitetônicos nacionais até aquele momento e exalta o importante trabalho do seu diretor chefe, Rodrigo M. F. de Andrade. Este texto seria publicado “sem revisão” pela revista CJ Arquitetura no ano de 1977, na edição de comemoração dos 40 anos do já Iphan (46).

Sítio Santo Antônio, análise de trecho da capela anterior ao restauro
Desenho de Janjão [Iphan 9ª SR/SP – Acervo Arquivo Documental]

Ainda sobre suas importantes reflexões, em 1992, Antônio Luiz Dias de Andrade publicará o artigo na revista Sinopse intitulado “O nariz torcido de Lucio Costa” (47), onde descreve trechos relacionados ao “intenso debate entre os arquitetos Lúcio Costa e Luís Saia” durante as obras de restauração do já mencionado conjunto jesuítico de Nossa Senhora do Rosário, em 1939. Janjão cita a expressão utilizada por Saia durante uma exposição no curso de “Conservação e Restauração de Monumentos e Conjuntos Históricos”, em 1974, que Lúcio Costa teria aceito com “o nariz o torcido” as suas proposições frente à forma primitiva do telhado da sineira da referida Igreja. Para Saia a cobertura deste elemento teria sido em quatro águas e não em duas, conforme defendia Costa.

No ano seguinte a esta publicação Janjão defende sua importante tese de doutorado, Um estado completo que pode jamais ter existido (48), com a orientação do amigo e professor Carlos Lemos. Ali o autor busca demonstrar que os “restauradores modernistas do Patrimônio”, através da ideologia de Lúcio Costa, seguiam a trajetória da “construção de uma história da arquitetura de caráter finalista, lógica e linear”, seguindo caminhos similares aos percorridos por outros importantes nomes do restauro, como “Viollet-le-duc e seus discípulos” na França (49).

Este contexto intelectual nos ajuda a compreender as oposições não menos acaloradas de outras gerações de estudiosos frente às análises e interpretações sobre as intervenções nos sítios históricos, principalmente sobre o tema relacionado ao universo das casas bandeiristas (50).

Trecho da capa da tese doutorado de Antônio Luiz Dias de Andrade
Desenho de Janjão [Biblioteca FAU Maranhão]

Em uma análise mais abrangente, podemos constatar nesta relação chefe-subordinado – e porque não, do trabalho em parceria de Lúcio Costa com o chefe da regional paulista e seu subordinado, Luís Saia – que a intervenção no referido Sítio se converterá em paradigma, portanto em referência maior para outras tantas ações empreendidas no meio do patrimônio nacional. Neste processo Lúcio assumirá seu papel de comandante supremo frente do Sphan, já evidenciado em ocasiões anteriores, como é o caso do episódio da construção do Grande Hotel de Ouro Preto; estando em Nova York na companhia de Oscar Niemeyer para a realização do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial, em 1939, Dr. Lúcio envia de volta ao Brasil o jovem e talentoso arquiteto para interferir no projeto de Carlos Leão, então elaborado “com forte teor neocolonial”, versão esta que seria “do agrado do diretor do Sphan, Rodrigo M. F. de Andrade, e das autoridades mineiras”, mas não do seu agrado (51).

Também nos parece claro que a liderança natural exercida por Lúcio Costa sobre sua equipe técnica – Oscar Niemeyer, Carlos Leão, José de Souza Reis e outros – e sobre as chefias regionais – caso de Luís Saia – resulta em um grupo de profissionais e intelectuais coesos em torno de um pensamento comum, fazendo do Sítio Santo Antônio, conforme palavras do arquiteto e professor Victor Hugo Mori, “o mais belo monumento paulista sob a ótica da estética do modernismo” (52).

Sítio Santo Antônio, fachada da capela
Foto Fausto Sombra, 2012

4. Interlocuções

Imerso nesta linha de pensamento, tempos depois da primeira fase de intervenções no Sítio Santo Antônio, Luís Saia retomaria o tema referente ao paradigmático monumento em artigo publicado na Revista de Engenharia Mackenzie, em 1956, onde o já engenheiro-arquiteto paulista elaboraria seu discurso através da análise e analogia da capela do Sítio em São Roque e a Igreja de São Francisco de Assis, localizada em Pampulha e projetada por Oscar Niemeyer, a pedido de Juscelino Kubistchek no início da década de 1940:

“Nestas condições, quando acontece que um arquiteto altamente qualificado seja convocado para projetar um edifício de arte religiosa – o que é realmente raro – não é estranhavel que o projeto resultante signifique um rápido salto capaz de compensar a defasagem do gôsto corrente, ainda preso ao ecletismo e à repetição. A razão é relativamente simples: um arquiteto que tenha a sensibilidade em dia, e a cabeça no lugar, propõe a sua tese em termos consentâneos, não apenas quanto ao funcionalismo da peça – funcionamento necessariamente vinculado aos peculiares aspectos de técnica construtiva e de partido plástico. Estão neste caso tanto a capela que Oscar Niemeyer estudou para o conjunto da Pampulha como a igreja que Corbusier projetou para a localidade de Ronchamp.

Se recuarmos 275 anos, encontraremos em São Paulo, no município de São Roque, no sítio Santo Antônio, uma capela cuja contemporaneidade deve ter sido tão chocante, para época, quanto as citadas. Contemporaneidade traduzida nas modificações que introduziu e cuja acolhida foi responsável pela tradicionalização e popularização das soluções adotadas. Em que pesem, portanto, as diferenças de técnica e de partido plástico que separam a capela de Niemeyer e a do sítio Santo Antônio, ambas se assemelham no partido geral, na sua validade revolucionária e, especialmente, pelo fato de se enraizarem profundamente na época, nas regiões. Na cultura que as propiciou e nas intenções das comunidades que assistiram seus nascimentos.

De fato, a capela paulista, que data de 1681, representou, ao que tudo leva acreditar, uma profunda inovação nas construções religiosas de então. Tendo vasado a fachada da principal – aproveitando para isso da proteção do alpendre que era então corrente nas capelas paulistas... Na opinião autorizada de Lúcio Costa a talha desta pequena capela seiscentista representa uma das primeiras manifestações da arte brasileira... Tudo leva a acreditar, enfim, que o arquiteto desta capela do sítio Santo Antônio tenha rompido uma linha de tradição existente, creando novas perspectivas para a arquitetura das pequenas capelas da época bandeirista” (53).

À esquerda, ilustração fachada capela Sítio Santo Antônio anterior ao restauro; à direita, Igreja da Pampulha
Desenho de Luís Saia [SAIA, Luís. Arquitetura]

Em uma rápida análise cronológica, podemos identificar que a concepção da Igreja da Pampulha seria contemporânea à primeira fase das intervenções no Sítio Santo Antônio.

Parece assim ser possível estabelecer a relação direta entre os esforços aplicados por Lúcio Costa na coordenação das obras de restauro do Sítio em parceria com Luís Saia e os trabalhos de Oscar Niemeyer empreendidos no próprio órgão federal, ou seja, que o material que Lúcio manipulara acerca do Sítio paulista seria provavelmente de conhecimento de Niemeyer. A partir do mesmo raciocínio é possível supor que a própria existência da capela do Palácio da Alvorada, em Brasília, teria suas raízes na arquitetura colonial nacional.

De certo, baseado no panorama apresentado, parece correto afirmar que Costa é a ponte de conexão entre abrangentes ações de caráter arquitetônico e artístico-cultural praticadas em diversos sítios nacionais em meados do século passado, desde as primeiras obras-primas realizadas pelo ainda jovem gênio carioca Oscar Niemeyer, até os inúmeros estudos acerca do patrimônio histórico arquitetônico, onde Luís Saia, um dos principais e mais atuantes articuladores paulista até meados dos anos 1970, dedicará grande parte de sua vida.

Sítio Santo Antônio, conjunto arquitetônico
Foto Fausto Sombra, 2013

notas

NA
Este artigo contou com a fundamental colaboração das seguintes pessoas: Victor Hugo Mori, Anita Hirschbruch, Eduardo Miranda Siufi, Carlos Gutierrez Cerqueira e Jaelson Bitran Trindade (9ª SR/Iphan SP); Carlos Roberto Monteiro de Andrade (IAU – USP São Carlos); e Wilma Martins de Oliveria (Centro Cultural São Paulo– CCSP). Destaco em especial a profícua interlocução com o arquiteto Victor Hugo Mori, que me forneceu informações valiosas e me colocou em contato com documentos e textos fundamentais para estruturar os argumentos aqui presentes.

1
Mesmo nascido em Toulon, Lúcio Costa era brasileiro, pois na França e Europa em geral vale o princípio do “sangue”, não do “território”, para se estabelecer a nacionalidade. Contudo, entendemos que os primeiros anos da vida dele na Europa foram relevantes para sua formação e decisivos na sua vida intelectual.

2
ROLIM, Mariana de Souza. Luís Saia e a ideia de patrimônio – 1932-1975. Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Guilherme Motta. São Paulo, FAU Mackenzie, 2006, p. 29.

3
Órgão criado em janeiro de 1937 através do projeto do advogado e jornalista Rodrigo Mello Franco de Andrade, e constituído na íntegra, através do Decreto-Lei nº 25, de novembro do mesmo ano, sendo este pautado no ideário de importantes intelectuais brasileiros, articulados pelo Ministério da Educação e Saúde e seu jovem ministro Gustavo Capanema. Sobre a história do Iphan, ver: MORI, Victor Hugo. O Iphan em São Paulo. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 136.00, Vitruvius, set. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.136/4034>; SANTOS, Cecília Rodrigues dos. A noção do patrimônio e a origem das ideias e das práticas da preservação no Brasil. Arquitextos, São Paulo, ano 13, n. 149.01, Vitruvius, jan. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.149/4528>.

4
O referido monumento se encontra na lista de Patrimônios Materiais e Bens Tombados do Iphan, com a inscrição: Casa do Sítio de Santo Antônio e capela que lhe é anexa; nº Processo: 0214-T-39; no Livro Belas Artes: nº inscr.: 291; Vol. 1; F. 050; Data: 22/01/1941; sendo que seu “tombamento foi estendido às áreas de 2.84 ha e de 8.80 ha, delimitadas na planta anexa ao processo, em 20/11/1969”. O mesmo bem também se encontra protegido pelo órgão estadual Condephaat, através do nº Processo: 00374/73; Resolução de Tombamento: Ex-Officio em 11/12/1974; Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 99, p. 13, 06/05/1975.

5
Luís Saia nasceu em São Carlos, município do interior do Estado de São Paulo, no dia 16 de outubro de 1911. Quarto filho de um casal de imigrantes italianos, José Saia e Philomena Sciuli, se mudou para Campinas aos 17 anos, onde termina o colegial no Ginásio do Estado, em 1930. Em 1932, após aprovado no exame vestibular da Escola Politécnica em São Paulo, inicia seus estudos no curso para se formar engenheiro-arquiteto. Em 1934-1937 divide apartamento com João Batista Vilanova Artigas, com quem estabelece profunda amizade. A partir deste período e com a participação no curso de Etnografia e Folclore, em 1936, e o contato com o escritor Mário de Andrade, Saia construirá sua trajetória profissional. ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 37-46.

6
Acerca da denominação que se convencionou atribuir as casas remanescentes rurais coloniais paulistas, principalmente dos séculos 17 e 18, estas só se firmariam com o título de "casas bandeiristas" em meados da década de 1950. Segunda afirmação da arquiteta e pesquisadora Lia Mayumi, nos primeiros anos do Sphan seus diretores e técnicos tratariam tais edificações como de "casas velhas", e em alguns casos, a exemplo do Sítio Santo Antônio e em “analogia com as residências das classes rurais abastadas do Nordeste”, definindo-as como de "casas-grandes", como podemos observar no inventário de bens paulistas, de Mário de Andrade, encaminhado em 16 de outubro de 1937 ao Dr. Rodrigo Mello Franco de Andrade. MAYUMI, Lia. Taipa canela-preta e concreto: estudo sobre o restauro de casas bandeiristas. Coleção Olhar Arquitetônico. São Paulo, Romano Guerra, 2008, p. 23-24.

7
ANDRADE, Mário de. A capela de Santo Antônio. Rio de Janeiro, Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 1, 1937, p. 119.

8
AB’SABER. Aziz Nacib. O sítio e as moradas rurais paulistas – manuscrito. Apud: KATINSKY, Julio Roberto. Casas bandeiristas: nascimento e reconhecimento da arte em São Paulo. Série Teses e Monografias, n. 26. São Paulo, IGEOG USP, 1976, p. 81.

9
Julio Katinsky menciona em nota de rodapé (no capítulo 2 – “descrição das casas e situação atual” – de sua tese, orientada por Flávio Motta e posteriormente publicada em livro), o Auto de inventário de 18 de abril de 1714, de Fernão Paes de Barros, atribuindo o Sítio Santo Antônio como de propriedade do referido sertanista. O autor também afirma que através da análise de demais documentações históricas disponíveis seria possível concluir que a casa-grande teria sido construída por volta de 1640. KATINSKY, Julio Roberto. Op. cit., p. 128-129.

10
Carlos G. F. Cerqueira e José Saia Neto reconstituíram a história relativa à administração da capela confiada aos descendentes de Fernão Paes de Barros, desde sua constituição em 1681 até o período posterior à extinção do sistema de morgadio, vigente no Brasil até o ano de 1835. CERQUEIRA, Carlos G. F., SAIA NETO, José. Sítio e Capela de Santo Antônio: roteiro de visitas. São Paulo, 9ª Coordenadoria Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1997.

11
ANDRADE, Mário de. A capela de Santo Antônio (op. cit.), p. 120.

12
GONÇALVES, Cristiane Souza. Restauração arquitetônica: a experiência do Sphan em São Paulo, 1937-1975. São Paulo, Annablume/Fapesp, 2007, p. 108.

13

Os comprimentos das fachadas aqui mencionados, tanto da casa-sede como da capela, foram definidos com base na averiguação gráfica da planta impressa, escala 1:100, referente ao levantamento arquitetônico do conjunto e de autoria de Luís Saia. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Sto Antonio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00585 / 0214-T-39 / 45 Folhas / P1, Iphan 9ª SR/SP.

14
Idem, ibidem, p. 115.

15
Segundo pesquisas da historiadora Aracy Amaral, o fenômeno da casa bandeirista, com seus volumes retangulares, de pequenas fenestrações e alpendre posicionado entre paredes laterais (que, segundo sua definição, teria o nome de corredores), não seria exclusividade do planalto piratiningano, pois sua tipologia seria constante em diversos países latino-americanos. Em seu trabalho a autora incluíra, além de imagens de edifícios similares encontrados em países vizinhos, o relato do arquiteto e historiador equatoriano Gustavo Borja, atribuindo a matriz desta tipologia à colonização espanhola: “essas casas, de planta quadrada ou retangular, são uma versão popular das casas da Andaluzia. De planta simétrica, corredores fronteiros (alpendre), amplos telhados de quatro águas, discreta fenestração”. AMARAL, Aracy A. A hispanidade em São Paulo: da casa rural a capela de Santo Antônio. São Paulo, Nobel/Edusp, 1981, p. 28-29.

16
ROSA, Manuel Oliveira. Correspondência endereçada a Luís Saia (20/set/1948) comprovando composição arquitetônica adotada no restauro do Sítio Santo Antônio. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Sto Antonio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00586 / 0214-T-39 / 162 Folhas / P2, Iphan 9ª SR/SP.

17
GONÇALVES, Cristiane Souza. Restauração arquitetônica: a experiência do Sphan em São Paulo, 1937-1975 (op. cit.), p. 128-129.

18
Segundo os estudos realizados pelo pesquisador Abílio Guerra, a proximidade do poeta Mário de Andrade com Gustavo Capanema e seu ministério “se deu, além da evidente indicação do amigo [Carlos Drumond de Andrade, chefe do gabinete de Capanema] ao fato, nada desprezível, de ser católico atuante”, o que certamente contava muito para Capanema. Guerra destacaria ainda que a identificação de Capanema ao modernismo estaria mais ligada “a tentativa de fazer do catolicismo tradicional e do culto de símbolos e líderes da pátria a base da mítica do Estado forte que se tentava construir”, do que ligado às preocupações de Mário de Andrade com as “raízes mais populares e vitais do povo”. GUERRA, Abílio. Lúcio Costa: modernidade e tradição – montagem discursiva da arquitetura moderna brasileira. Tese de doutorado. Maria Stella Martins Bresciani. São Paulo, IFCH Unicamp, 2002, p. 138-139.

19
GONÇALVES, Cristiane Souza. A experiência do Serviço de Patrimônio Artístico e Nacional em São Paulo: o caso do restauro do Sítio Santo Antônio, 1940-1947. São Paulo, Revista Pós, FAU USP, n. 21, 2007, p. 176.

20
ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 31.

21
ANDRADE, Mário. Mário de Andrade: cartas de trabalho. Correspondências com Rodrigo Mello Franco de Andrade (1936-1945). Brasília, Sphan/Fundação Pró-Memória, 1981, p. 184.

22
Segundo o Catálogo da Sociedade de Etnografia e Folclore produzido em 1993, após a realização do curso de Dina Lévi-Strauss, que contara com a participação de 54 estudiosos, dentre eles: Hélio Damante, Oneyda Alvarenga, Antonio Rubbo Muller, Luís Saia e Ernani Silva Bruno, e que tivera duração de 6 meses, em 4 de novembro de 1936, durante almoço de despedida da intelectual francesa, Mário de Andrade propõe a criação do Clube de Etnografia. No dia 2 de abril de 1937, durante as primeiras discussões sobre os objetivos e denominação, o primitivo Clube de Etnografia passa a denominar-se Sociedade de Etnografia e Folclore, tendo por finalidade “orientar, promover e divulgar estudos etnográficos, antropológicos e folclóricos”. Mário se tornaria presidente da referida instituição em reunião realizada em 20 de maio do mesmo ano, após aprovação dos primeiros estatutos.

23
Juntamente com Mário, Oneyda Alvarenga, então chefe da Discoteca Pública Municipal, teve importante papel na organização e orientação metodológica da Missão. Oneyda ainda teria sido a principal responsável pela organização do material no retorno da Missão, “que passou a integrar o acervo da Discoteca”. ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 58.

24
CERQUEIRA, Vera Lúcia Cardim de; NASCIMENTO, Aurélio Eduardo do. Um trabalho de equipe. In CERQUEIRA, Vera Lúcia Cardim de (org.). Missão de pesquisas folclóricas: cadernetas de campo. São Paulo: Associação Amigos do Centro Cultural, 2010, p. 7.

25
Aqui nos referimos à viagem de Mário de Andrade, planejada e realizada por conta própria ao nordeste do país, de dezembro de 1928 a fevereiro de 1929. “As fotos que tirou nessa ocasião continuam a dar a medida da sua sondagem cultural”. ANDRADE, Mário de. Mário de Andrade: cartas de trabalho (op. cit.), p.10.

26
TONI, Flávia Camargo. As cadernetas da missão de pesquisas folclóricas. In CERQUEIRA, Vera Lúcia Cardim de (org.). Op. cit., p. 28.

27
ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 40.

28
ANDRADE, Mário de. Mário de Andrade: cartas de trabalho (op. cit.), p. 65.

29
ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 58-59.

30
Neste mesmo ano (1946), pelo Decreto-Lei nº 8.534, o Serviço Phan seria transformado em Diretoria (Dphan), nome este que permaneceria representando o órgão federal até 1970. ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 151.

31
A presente síntese dos trabalhos realizados por Saia fora extraída da exposição: Luís Saia: memória e política, realizada na Universidade Presbiteriana Mackenzie, nos meses de fevereiro e março de 2013, idealizada e coordenada por Carlos Roberto Monteiro de Andrade (IAU/USP), Francisco Sales Trajano Filho (IAU/USP), Jaelson Bitran Trindade (Iphan/SP), e Paulo Roberto Masseran (FAAC/Unesp). A referida exposição, apresentada em outras tantas instituições, celebraria o centenário de nascimento de Luís Saia, que se deu em 16 de outubro de 2011.

32
MORI, Victor Hugo. 70 anos do Patrimônio em São Paulo. SOUZA, Marise Campos de; BASTOS, Rossano Lopes (org.). Patrimônio: 70 anos em São Paulo. São Paulo, 9ª SR/Iphan, 2008, p. 26-28.

33
O referido trabalho, composto de aproximadamente 70 páginas, se encontra arquivado no Arquivo Documental da 9ª SR/Iphan – Processo: Carapicuíba MTSP – Conjunto Arq. e Urb. Este trabalho seria mencionado pelo próprio Saia no livro Morada paulista, de 1972, na seguinte passagem: “trabalho exaustivo e cheio de erros – éramos tão inocentes e ignorantes em matéria de arquitetura tradicional que nem sabíamos o que não sabíamos... Nunca publiquei nem publicarei tal estudo, o qual tem estado à disposição dos estudiosos na sede do 4º Distrito. E tem sido usado não poucas vezes”. SAIA, Luís. Morada paulista. 3ª edição, 1ª reimpressão. São Paulo, Perspectiva, 2005, p. 20.

34
GONÇALVES, Cristiane Souza. A experiência do Serviço de Patrimônio Artístico e Nacional em São Paulo: o caso do restauro do Sítio Santo Antônio, 1940-1947 (op. cit.), p. 172.

35
Por vezes a centralização das decisões do Sphan em Lúcio Costa seria questionada, como é o caso de Carlos Lemos: “às vezes, O Sphan não passava de uma irrepreensível repartição pública com decisões cariocas; outras vezes, não passava de aglomeração de delegacias regionais tomando decisões independentes, às escondidas, com medo que o doutor Lucio ficasse com o nariz torcido”. LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. À procura da memória nacional. Memória. São Paulo, ano V, n. 17, 1993, p. 24. Apud ROLIM, Mariana de Souza. Op. cit., p. 93. Evidentemente, Lemos se refere ao seguinte artigo: ANDRADE, Antônio Luiz Dias de. O nariz torcido de Lucio Costa. Sinopses, São Paulo, n. 18, dez. 1992.

36
O crítico de arquitetura Hugo Segawa destaca o trabalho de intervenção de Lúcio Costa como funcionário do Sphan nas ruínas da missão jesuítica do século XVIII, em Santo Ângelo, RS: “O museu – construído em parte com elementos arquitetônicos remanescentes encontrados na região – e a casa do zelador integram-se inteligentemente ao conjunto monumental. Esta realização – uma referência do papel de Lúcio Costa na formulação de uma prática arquitetônica que integra o antigo com o moderno – caracterizou o arquiteto como um dos principais responsáveis pelo pensamento oficial do patrimônio histórico doravante”. SEGAWA, Hugo. Arquitetura no Brasil: 1900-1990. São Paulo, Edusp, 1998, p. 80.

37
A “extranheza” mencionada por Lúcio Costa sobre as proporções da fachada da casa-grande do Sítio Santo Antônio pode ser facilmente compreendida quando comparada às proporções presentes nas demais casas bandeiristas, que em muitos casos contavam com fachadas de 18 a 20m, e não 36m como constatamos no monumento de São Roque. Este é o caso das fachadas da Casa do Butantã (17,70m), Caxingui (19,30 m), Padre Ignácio (20m) e Mandu (20m), segundo descrições dos referidos monumentos presentes no livro: KATINSKY, Julio Roberto. Op. cit., p. 73-81.

38
COSTA, Lúcio. 1947 – 22/nov. Informação nº 181 em que Lúcio questiona as análises e ações de Luís Saia no processo de restauro do Sítio Santo Antônio. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Sto Antonio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00586 / 0214-T-39 / 162 Folhas / P2, Iphan 9ª SR/SP.

39
SAIA, Luís. 1947 – 22/nov. Trecho da página 03 do ofício Of. 239/47 de 04 páginas, endereçado ao Diretor Geral do Sphan – Rodrigo Mello Franco de Andrade onde Luís Saia responde as questões levantadas por Lúcios Costa no ofício “Informação nº 181”. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Santo Antônio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00586 / 0214-T-39 / 162 Folhas / P2, Iphan 9ª SR/SP.

40
SAIA, Luís. 1947 – 22/nov. Trecho da página 04 do ofício Of. 239/47 de 04 páginas, endereçado ao Diretor Geral do Sphan – Rodrigo Mello Franco de Andrade onde Luís Saia responde as questões levantadas por Lúcios Costa no ofício “Informação nº 181”. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Santo Antônio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00586 / 0214-T-39 / 162 Folhas / P2, Iphan 9ª SR/SP.

41
Segundo Victor Hugo Mori, pesquisas realizadas em período posterior à direção de Luís Saia no órgão federal, posterior ao seu falecimento, revelariam o “Inventário dos Bens Religiosos e Confrarias-1833-1836”, arquivado no Dep. do Arquivo do Estado (Ind.: Maço 22 – Sala 10). Nele se encontra o “Inventário da Capella de S.Antonio”, datado de 1835 e atestado pelo Juiz Municipal Francisco Figueiredo Coimbra. Seu conteúdo comprova as convicções e prospecções elaboradas por Luís Saia no processo de intervenção do referido bem, pois a descrição apresentada referente à casa-grande seria precisa em relação aos lanços do respectivo edifício: “Huma morada de cazas de quatro lanços, de taipa e cobertas de telhas, huma Capella do Santo com imagens a saber”. Ainda segundo Victor Hugo Mori, este documento comprovaria a forma atípica e alongada do monumento, contrariando o padrão tipológico presente nas demais casas bandeiristas de taipa de pilão, reconhecidas por serem conformadas por apenas três lanços, com o alpendre central interligado a apenas uma sala na porção central da edificação, e não duas conforme no Sítio Santo Antônio. Cf. cópia da referida transcrição encaminhada via e-mail para o autor pelo arquiteto Victor Hugo Mori, do Iphan São Paulo, 02 out. 2013.A descoberta do Inventário supracitado foi fruto das pesquisas realizadas pelo historiador do Iphan Jaelson Bitran Trindade em meados da década de 1970. Trindade trabalhara com Luís Saia desde o início do ano de 1970, sendo ele o primeiro historiador profissional contratado pelo Iphan.

42
SAIA, Luís. 1947 – 22/nov. Trecho final da página 04 do ofício Of. 239/47 de 04 páginas, endereçado ao Diretor Geral do Sphan – Rodrigo Mello Franco de Andrade onde Luís Saia responde as questões levantadas por Lúcios Costa no ofício “Informação nº 181”. Processo: São Roque – MTSP – Casa do Sítio Santo Antônio e a capela que lhe é anexa. Pasta: Pt00586 / 0214-T-39 / 162 Folhas / P2, Iphan 9ª SR/SP.

43
José Saia sugere como possível causa deste distanciamento de Lúcio Costa a morte de sua esposa, que ocorrera durante um acidente de carro em que o arquiteto era o condutor do veículo: “ele ficou super traumatizado. Então, ele não viajava muito de carro, e muito menos de avião”. GONÇALVES, Cristiane Souza. A experiência do Serviço de Patrimônio Artístico e Nacional em São Paulo: o caso do restauro do Sítio Santo Antônio, 1940-1947 (op. cit.), p. 182.

44
Segundo depoimento da arquiteta Maria Elisa Costa dado a Abilio Guerra, Lúcio Costa esteve apenas duas vezes em São Paulo em toda sua vida: em 1930, para convidar Gregori Warchavchik para se tornar professor da Escola Nacional de Belas Artes; e em 1996, para ser homenageado no Congresso Nacional de Arquitetos, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, e que recebeu seu nome.

45
MORI, Victor Hugo. Op. cit., p. 36.

46
SAIA, Luís. Até os 35 anos, a fase heróica. CJ Arquitetura: 40 anos do Patrimônio Histórico. São Paulo, FC Editora, n. 17, 1977.

47
ANDRADE, Antônio Luiz Dias de. Op. cit.

48
ANDRADE, Antônio Luiz Dias de. Um estado completo que pode jamais ter existido. Tese de doutorado. Orientador Carlos Lemos. São Paulo, FAUUSP, 1993.

49
MORI, Victor Hugo. Op. cit., p. 33.

50
Em resenha do livro Casa Paulista, publicado em 1999 por Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Hugo Segawa define de forma precisa as divergências entre o pensamento de Luís Saia e seus colegas, em especial Carlos Lemos. Segawa defende que o tema retratado neste livro teria “uma ascendência direta nas inquietações que rondaram a estirpe fundadora do que hoje se chama Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional” e que Luís Saia teria sido o “instaurador de uma interpretação da habitação paulista”, enquanto Lemos, de uma geração seguinte, “sem negar a contribuição de Saia”, desenvolveria uma nova interpretação destas questões com base nas fontes que formara o grupo de intelectuais em que Saia se desenvolvera na década de 1930, ou seja, Mário de Andrade, Gilberto Freyre, Lúcio Costa, e outros não-arquitetos como Aracy Amaral. SEGAWA, Hugo. Casas Vetustas. Resenhas Online, São Paulo, ano 01, n. 001.19, Vitruvius, jan. 2002 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/01.001/3260>. Publicação original: SEGAWA, Hugo. Um olhar sobre a arquitetura de morar paulista. Jornal da Tarde, São Paulo, Caderno de Sábado, 5 jun. 1999.

51
GUERRA, Abílio. Op. cit., p. 142-143.

52
MORI, Victor Hugo. 70 anos do Patrimônio em São Paulo. Op. cit.

53
SAIA, Luís. Arquitetura. Revista de Engenharia Mackenzie, São Paulo, n. 130, 1956, p. 37-42.

sobre o autor

Fausto Barreira Sombra Jr (1979) é arquiteto formado pela Universidade Belas Artes de São Paulo (2002). Cursou o master “El Proyecto: aproximaciones a la arquitectura desde el medio ambiente histórico y social”, na UPC de Barcelona (2008) e atualmente desenvolve sua pesquisa de mestrado sobre Luís Saia no Programa de Pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, orientado pelo professor Abílio Guerra.

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