Uma profícua literatura a respeito da produção e uso de mapas vem apontando que tanto as geo-históricas difusão e reprodução de representações cartográficas mais tradicionais – baseadas nas coordenadas cartesianas, por exemplo – quanto a contemporânea sobrevalorização dos sistemas de informação geográfica fizeram com que determinadas representações de territórios – com determinadas intenções de poder – mantenham-se legitimadas como fieis descrições da realidade. Sublinha, também, a necessidade do uso de outras técnicas e meios de expressão e representação, com vistas a se considerar como mapas um conjunto mais polissêmico de representações, que inclua outras cosmovisões e outras experiências de espaço-tempo. Desta feita, seria mais possível representar o que geralmente não se representa em mapas (1).
Os saberes ditos científicos – inclusive geográficos, inclusive cartográficos – não estão desprendidos das construções elaboradas com base nos desejos de distinção e poder de grupos dominantes. Nesse sentido, as abordagens voltadas à produção de uma cartografia crítica têm em larga medida ignorado um importante aporte teórico que as poderia auxiliar: o chamado giro decolonial (2), que pretende colaborar com a tarefa de desmontar a subjetividade do ser e do conhecimento construídos com base no eurocentrismo (3), formulado desde as experiências da Conquista e ao longo do processo de colonização. São raros, afinal, os trabalhos que, analisando ou utilizando mapas, agregam a epistemologia decolonial e sua perspectiva exigente de desejos de autonomia e emancipação dos povos e grupos subalternizados da América Latina e do Caribe (4).
A decolonialidade visa a acionar conhecimentos situados (5) contra as geo-históricas colonialidade do poder (6) e colonialidade de gênero (7). Tais formulações referem-se a práticas e discursos opressores e violentos, inerentes à modernidade europeia, cujo pressuposto básico é uma classificação social que mescla os territórios a uma ideia de raça – por sua vez codificada como diferença étnica, antropológica, cultural ou nacional; e em interseção com uma organização diferencial em termos de classe, gênero e sexualidades. A colonialidade atua tanto hierarquizando as práticas dos processos políticos e econômicos em variadas escalas como as subjetividades e intersubjetividades entre pessoas e grupos; e produz uma ontologia sobre o mundo baseada numa racionalidade que, ainda que em verdade seja eurocêntrica, androcêntrica, patriarcal e branco-burguesa, apresenta-se como universal, o real e o normal – um discurso muitas vezes apoiado por representações cartográficas que silenciam minorias geo-historicamente instituídas.
Buscamos contribuir, ainda que modestamente, tanto para o avanço dos estudos decoloniais quanto dos que vinculam a investigação sobre o espaço com as questões de gênero e sexualidades. Nossa intenção é apresentar uma cartografia alternativa, produtora de mapas sobre as experiências de estudantes autodeclarados (as) homossexuais da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila – inaugurada em 2010 em Foz do Iguaçu (8), no estado brasileiro do Paraná, cidade que faz fronteira com Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazú, na Argentina.
A proposta singular da Unila parte de um mais amplo projeto de Estado com vistas à integração subcontinental – com base no conhecimento, na cooperação e no intercâmbio solidário com os demais países da América Latina e do Caribe. A Lei 12.189, de 12 de janeiro de 2010 e que criou a universidade, determina que estudantes e docentes sejam brasileiros (as) e estrangeiros (as). Para isso, cinquenta por cento das vagas universitárias se destinam a estudantes de outros países da América Latina e do Caribe, alguns de seus docentes não são do Brasil e o ensino é bilíngue (português e espanhol). Os (as) estudantes de todas as carreiras cursam o chamado Ciclo Comum de Estudos (9), uma proposta pedagógica que contempla as ferramentas necessárias para a compreensão do contexto latino-americano e caribenho, visa a promover a integração linguística e pretende gerar uma produção acadêmica que se ajuste e responda interdisciplinarmente às realidades latino-americanas (10) – o que, epistemologicamente, é um alinhamento ao interculturalismo (11) e ao pensamento decolonial (12).
Entrevistamos dezessete estudantes ao longo de dois anos (2014 e 2015), de diferentes países – somente quatro eram brasileiros (as) e apenas uma nascida em Foz do Iguaçu. Em 2014 e 2015, a universidade possuía, respectivamente, 980 e 1.971 estudantes de graduação (13), mas desde já esclarecemos que não tivemos pretensões estatísticas: o número reduzido de estudantes nos permitiu a análise mais qualitativa que desejávamos.
O interesse por essa pesquisa surgiu da observação empírica do cotidiano na instituição, o que permitiu perceber um número expressivo de alunas e alunos que descobriram, desencobriram, assumiram ou passaram a exercer sexualidades não heteronormativas nos espaços da universidade – ou em outros espaços das três cidades. Dois outros fatores pautaram nossa observação: a condição inescapável de que todos (as) os (as) estudantes estrangeiros (as) da instituição revelam sua origem espacial quando falam, por conta de sua língua nativa (14) (e, algumas vezes, sem que se fale, por conta de seu fenótipo); e o fato de que a grande maioria destes (as) estudantes realizou um deslocamento considerável, ao mesmo tempo físico e simbólico, quando decidiu estudar em Foz do Iguaçu (boa parte dos (as) brasileiros (as), inclusive, não na cidade antes do ingresso na Unila).
Nossos mapas têm como objeto os espaços e práticas relacionados com as homofobias e homoafetividades percebidas e vividas por este grupo: desde seu passado na terra natal, até o presente na Tríplice Fronteira. Não nos preocupamos com regras rígidas da cartografia cartesiana, tradicional, preferindo linguagens que privilegiassem a representação de deslocamentos e sentimentos, além do que os (as) entrevistados (as) diziam esperar do futuro, quando podem voltar ou não a sua cidade de origem.
Um debate decolonial: mapas são projetos que projetam o mundo
Os mapas jamais tratam da realidade em si: na verdade elaboram discursos e representações inteligíveis a respeito do espaço, com uma determinada intenção. Mapas e mapeamentos descrevem dados do real, mas certamente também inscrevem dados no real: o que compreendemos, por exemplo, como América, América Latina ou Brasil, por exemplo, ou sobre quem e como são seus habitantes, em grande medida anda de mãos dadas com a torrente de imagens (15) – inclusive mapas (16) – conduzida pela colonialidade e que deságua no mundo contemporâneo.
É nesse sentido que estamos alinhados às ideias do antropólogo colombiano Arturo Escobar (17) e assim afirmamos que os mapas são projetos, normalmente concebidos por uma racionalidade tecnocientífica moderno-colonial que se forja ao mesmo tempo neutra e detentora de muitas verdades. São, sobretudo, projetos que projetam certa realidade – em detrimento de outras possibilidades, normalmente com base em interesses específicos e de modo a naturalizar a vivência e garantir as interpretações e as aspirações daqueles que detêm o poder. Mapas dão significados aos espaços, fazem com que os creiamos estáticos e autoevidentes; ajudam, também, a obscurecer ou apagar visões de mundo.
Assim cabem indagações a respeito do que os mapas costumam representar. A linguagem cartográfica, como qualquer outra, é produzida com base em determinadas culturas e determinados lugares, inúmeras vezes atravessados pela colonialidade do poder.
Mapas mais antigos, inclusive aqueles de períodos coloniais e imperiais, eram mais decorativos e narrativos – possuíam desenhos de pessoas, paisagens e até mesmo monstros e seres mitológicos em meio aos territórios representados (18): claramente expressavam certa imaginação geográfica europeia em relação às terras recém-invadidas ou sob seu controle. Desde a consagração da famosa projeção cilíndrica de Gerardus Mercator, contudo, os mapas passaram a maiormente projetar os territórios como se fossem vazios: um mundo em tábula rasa – sem vida, pois.
O filósofo argentino Walter D. Mignolo aponta que este mapa de coordenadas cartesianas é um produto do padrão colonial de poder que participa da colonização da linguagem, da memória e do espaço (19): do mesmo modo que normalmente crianças representam o percurso de sua casa até outros destinos pondo a primeira no centro de seu desenho, Mercator também pôs a Europa no centro do seu – também fazendo coincidir, portanto, um centro geométrico com um outro, étnico/simbólico. Fazendo parecer que os territórios do Norte são bem maiores do que são, o mais tradicional dos mapas-múndi é uma imagem cuja reprodutibilidade técnica, geo-histórica, projetou a naturalização do eurocentrismo e do domínio colonial. O que difere, contudo, a projeção de Mercator daquelas que a antecederam é que sua verossimilhança provém da união da matemática com a mensuração, de modo a validar uma mera representação que congela o tempo e constrói a ilusão de que um observador onipresente e universal, sem etnicidade, gênero, classe ou ideologias é possível (20).
Mais contemporaneamente, as desigualdades socioespaciais e com base na colonialidade não costumam ser reveladas: quase sempre os mapas ainda representam o espaço visto de cima, livre das tensões e conflitos que se dão ao nível do solo (21).Quando eventualmente explicitam conflitos, assimetrias e injustiças, ou deixam à mostra grupos sociais excluídos, mapas podem ser veemente contestados por grupos hegemônicos; ou podem, ainda, celebrar a violência e naturalizar hierarquias e subalternidades.
Dois casos são exemplos emblemáticos. O primeiro: O Globo denunciou, em 2011, que o banco de dados da Prefeitura do Rio de Janeiro utilizado para fazer os mapas no Google Maps fazia com que a capital fluminense parecesse um "aglomerado de favelas" (22). A Google chegou a pedir desculpas e modificou os mapas (23), apagando deles as toponímias da maioria das áreas de ocupação irregular – situação que não é novidade na história da cartografia das favelas (24). O segundo: o mesmo jornal publicou, entre 2008 e 2015, nada menos que cinquenta e um mapas sobre a ocupação das favelas cariocas por forças policiais e militares no contexto de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora – UPP pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O arquiteto carioca Liebert Rodrigues (25) demonstrou com clareza que esses mapas representavam a ocupação das favelas por UPPs como uma guerra – a "Guerra do Rio", como noticiava –, adotando uma linguagem similar a da cartografia jornalística à época da Segunda Guerra Mundial; construíram uma oposição binária entre "favela" e "asfalto"; costumavam desumanizar os (as) moradores (as) das favelas; e produziram uma narrativa que fazia apologia a uma ameaça à cidade por narcotraficantes. A violência empreendida para a conquista territorial pelas forças policiais e militares assim se tornava não somente justificável como necessária.
Seja qual for a escala, os mapas tendem a desconsiderar os grupos excluídos e manter invisibilizadas suas práticas, além de ignorar suas trajetórias, mobilidades e imobilidades, muitas vezes impostas. Por isso, são necessários outros mapas – outros projetos para outros mundos possíveis: seja a famosa projeção de Arno Peters que mantém as proporções dos continentes para assim comparativamente demonstrar as deformações da projeção de Mercator; seja América invertida, o desenho do uruguaio Joaquín Torres Garcia, que enseja uma valorização política do Sul do Equador. Trata-se de mapas decoloniais avant la lettre que valorizaram outros modos de representar e outras linguagens cartográficas, ajustando-os às intenções de confronto com o hegemônico e o status quo.
Para se decolonizar os mapas, portanto, parece ser importante coletas de informações, metodologias e técnicas alternativas, além da mesclagem de linguagens – sobretudo quando as premissas que orientam o trabalho conduzem a interpretações de difícil representação pelas linguagens cartográficas mais tradicionais.
Premissas: corpos em armários e em mobilidade
Consideramos haver uma tripla estrutura de alteridade através da qual a colonialidade atua sobre os (as) jovens que entrevistamos: na maioria dos casos, estar fora de sua casa (ser estrangeiro (a) ou forasteiro (a), estar fora dos preceitos da heteronormatividade (entender-se homossexual ou bissexual) e estar fora dos padrões raciais que se costumam encontrar nas universidades brasileiras. E apesar dos discursos do poder público e do setor turístico não se cansarem de exaltar a presença de mais de setenta etnias que supostamente convivem em Foz do Iguaçu, descrevendo-as como um patrimônio multicultural (26), relatos sobre xenofobia contra os (as) estudantes da Unila são frequentes (27).
Uma segunda premissa compreende que o corpo destes (as) estudantes é o principal condutor das experiências baseadas em gênero e outras advindas da colonialidade do poder. Nesse sentido, as geografias de gênero e sexualidades apresentam-se como um aporte teórico indispensável, de modo a que não se ignore a relação entre a produção do espaço a produção das identidades de gêneros e sexualidades (28).
Finalmente, a última premissa ressalta a importância da mobilidade na constituição das identidades de gênero e das sexualidades. Os (as) estudantes que entrevistamos são oriundos (as) de lugares em maior ou menor grau distantes de Foz do Iguaçu e, por isso, muitos (as) deles (as) estão fazendo sua “saída do armário” depois de passar por essa experiência de mobilidade.
Colabora com nossos argumentos o seminal trabalho do geógrafo britânico Michael P. Brown (29), que afirma que o termo “armário” (closet, no original) não é somente uma metáfora a respeito de homens e mulheres que não revelam sua homossexualidade. Para o autor, ele também designa diferentes dimensões espaciais concretas de controle e visibilidade de corpos em performatividades homossexuais, só autorizadas em certos lugares: o próprio corpo homossexual é um “espaço do armário” (closet space), por ser constantemente controlado e oprimido com vistas a não se revelar como tal; e são também “espaços do armário” os bares, as boates e as saunas que reúnem homossexuais para práticas sexuais e de sociabilidade; mas que diferentemente de outros estabelecimentos comerciais, não se exibem explicitamente para possíveis consumidores (as), normalmente necessitando utilizar estratégias de camuflagem no espaço urbano. Para o autor, então a expressão “saída do armário”, não diz respeito a somente um deslocamento simbólico, mas também a uma mobilidade real: há uma profunda relação entre mobilidades e a construção de subjetividades e sexualidades não heteronormativas (30) – como é o caso da mudança para outra cidade ou país com vistas a apartar-se de contextos compreendidos e vividos como homofóbicos (a casa, a rua, a escola, a igreja etc.).
No entanto, no caso de nossos (as) alunos (as), são muitos (as) os que voltam ou pretendem voltar a suas cidades de origem, o que leva a formularmos a pergunta: voltarão a seus armários?
As entrevistas: breve síntese
Por conta de que as sexualidades não heteronormativas são ainda um tabu, a realização das entrevistas individuais, semiestruturadas e de caráter qualitativo com estudantes da Unila foi bastante difícil: apenas um de nós, estudante, comparecia aos encontros e atuava como entrevistador; muitos (as) com quem programamos um encontro não compareceram; e nem todos (as) permitiram que as conversas fossem gravadas. No caso daquelas que o foram, pedimos a transcritora do áudio para omitir os nomes das pessoas e suas cidades, para que o outro de nós, um professor cuja possível ciência sobre quem se declarava gay causava constrangimento em alguns/mas entrevistados (as), não pudesse fazer identificações.
Nesse contexto, ao longo de 2014 e 2015 conseguimos entrevistar apenas dezessete pessoas – seis garotas e onze rapazes, de distintas nacionalidades, infelizmente não de todos os países de onde vêm os (as) estudantes da Unila –, com idades entre 22 e 29 anos (1).
O roteiro da entrevista girava em torno de três tópicos, que relacionavam tempos, espaços e mobilidades: seu passado em sua cidade de origem e até chegar a Unila; suas experiências, no presente, na Tríplice Fronteira e na Unila intercaladas com idas e vindas à sua terra natal; e seu projeto de futuro, quando poderia ou não regressar a sua terra natal.
Subsequentemente, apresentamos alguns relatos de entrevistados (as), que apontam para uma síntese – em especial em relação à mobilidade da experiência do armário e o ir e vir entre um lugar e outro.
Sobre seu passado recente em sua terra natal, a equatoriana Inés, de 25 anos, relatou que havia dificuldades em torno de sua sexualidade, ainda que vivesse em uma cidade grande.
“A verdade é que em minha cidade [os (as) habitantes] são muitos conservadores, tradicionalistas. A verdade é que lá nunca pude estar abertamente com alguém, sempre foi às escondidas. Os encontros eram em locais fechados, nunca numa rua porque as pessoas de lá não estão acostumadas e seria muito forte e chocante para elas. E na verdade não tenho tempo para estar explicando a todo mundo, então lá em minha cidade era, tipo, ‘zero visibilidade’”.
Também equatoriano, Samuel, de 29 anos, vivia em uma cidade muito menor. Seu relato descreve tanto a exposição à violência como o ir e vir entre espaços do armário, que permitiam, às escondidas, a condição homossexual e a experiência homoerótica.
“Quando sofri um ataque homofóbico, pensei que [a homossexualidade] era uma doença, pensei que era a pior coisa do mundo, pensei que eu era o pior do mundo. Então fui à igreja”.
“[Eu e meu companheiro] fomos a um bar na zona gay da cidade – e dos prostíbulos também. E lá entramos e havia uma boa música. As pessoas estavam bebendo, os bartenders estavam em cuecas apertadas e eram homens musculosos, bonitos”.
Em relação ao presente na Tríplice Fronteira, em que a expressão livre da sexualidade foi comumente apontada como mais possível que na terra natal, há diferenças na percepção sobre a segurança em cada uma das três cidades. Expressando a opinião da maioria, o paraguaio Roberto, de 23 anos, afirmou: “em Ciudad del Este nunca me revelei [como homossexual]”. A noite em Puerto Iguazú, na Argentina, onde há discotecas e restaurantes, ao contrário, foi descrita como um lugar de possível liberação de identidades e performatividades não heteronormativas.
A maioria desses (as) estudantes também apontou que a Unila, em Foz do Iguaçu, é um espaço em que suas sexualidades podem ser exercidas, ainda que não totalmente livres de homofobia. Como dito pela brasileira Daniela, de 22 anos, “dentro da Unila há a ideia de sexualidade livre, uma grande parte [dos (as) estudantes] é homossexual e as coisas ocorrem mais sutilmente”. Não obstante, “também existem casos de homofobia”, disse-nos.
Finalmente, com respeito a um futuro com possibilidades de regresso ao lugar de origem, muitos (as) dos (as) entrevistados (as) demonstraram preocupações. Mario, estudante venezuelano de 22 anos e oriundo de uma cidade média, foi uma exceção.
Já me sinto muito mais seguro e muito mais aberto a defender o que eu gosto e que temos que ter a liberdade de escolher com quem queremos estar – e não uma imposição da sociedade em geral. Ou seja: cada pessoa deve decidir com quem quer estar.
Inés foi um pouco mais cautelosa.
“Eu continuarei assim, mostrando-me tal como sou. Agora vejo que é muito mais fácil que se esconder. No entanto, a sociedade de meu país... Lá está difícil a luta pela visibilidade! E não sei se quero fazer parte dessa luta nesse momento, mas tenho a intenção de voltar e me mostrar como sou agora”.
Samuel, por sua vez, demonstrou claramente saber, como a maioria dos (as) entrevistados (as), a localização de seu próprio “armário”:
“Não sei como dizer isso… Eu saio do armário quando não estou na minha cidade ou quando não estou no meu país. [Quando estive] na Europa, estava fora [do armário], no meu país estava dentro e no Brasil estava outra vez fora”.
Cartografias alternativas para corpos na mobilidade do armário
Os mapas derivados destas entrevistas foram produzidos em 2016, sempre com atenção a linguagens e meios de expressão gráfica menos comuns em mapas e, sobretudo, de forma a acolher as trajetórias de cada uma das pessoas e sua condição de corpos em mobilidade. Com vistas a isso, primeiramente nos baseamos na elucubração teórica sobre bilinguismo de Walter D. Mignolo (31). Sua abordagem conclama pelo diálogo de linguagens originalmente em oposição ou assimetria. Sua defesa de que elas não devem manter-se puras, mas mesclar-se a outras, nos auxiliou a problematizar a práxis do cartografar e desejar cartografias alternativas: com fraturas discursivas; aptas a iluminar outras formas de representação de outras espaciotemporalidades; minimizadoras do silêncio das experiências, trajetórias e centralidades dos grupos normalmente invisibilizados nos mapas. Em outras palavras, o que orientou nossos mapas foi a certeza de que outros modos de cartografar o espaço de fato não devem superestimar linguagens, métodos e formas de representação da cartografia tradicional, mas tampouco devem concebê-las como necessariamente descartável. Uma mesclagem de diferentes linguagens é o que pode ampliar as possibilidades de representar o irrepresentável.
Também nos inspiraram as chamadas tipias urbanas, propostas pela urbanista brasileira Adriana Mattos de Caúla e Silva (32): com um olhar geo-histórico a respeito da produção de cidades utópicas na literatura, na arquitetura, no cinema e nos quadrinhos, a urbanista brasileira mostra a recorrência de alguns elementos – edifícios muito altos, geometrias regulares, máquinas, massas humanas uniformes etc. Tais tipias são, então, sínteses gráficas, de sua autoria, capazes de sistematizar e representar estas recorrências. Nosso próprio conjunto de tipias auxiliou na sistematização e representação do relatado por diferentes entrevistados (as).
Fizemos um mapa para cada aluno ou aluna que nos concedeu entrevista. A título de exemplo, as figuras apresentam aqueles referentes aos (às) estudantes que aqui anteriormente transcrevemos algumas falas: Inés, Samuel, Roberto, Daniela e Mario.
Uma base cartográfica tradicional foi utilizada, de modo a representar o tecido urbano contínuo das três cidades da Tríplice Fronteira. Não obstante, a característica que julgamos mais significativa nestes mapas é sua divisão tripartite, com vistas a uma representação que conjugue tempo e espaço: o primeiro terço de cada um deles, à esquerda, representa o passado do (a) entrevistado (a) no seu lugar de origem; uma segunda parte, ao mesmo tempo centro simbólico e centro geométrico, representa o presente na Tríplice Fronteira; e, finalmente, uma terceira parte, à direita, representa o futuro, para muitos (as) incerto, no qual imagina-se voltar à cidade natal. Sobre esta base cartográfica tradicional e tendo em conta estas três partes, foram adicionadas as tipias.
Cremos, por fim, que o resultado final em alguma medida recuperou certo conteúdo mais decorativo dos mapas antigos.
Últimas considerações
Nossa investigação teve lugar em uma universidade onde os (as) estudantes vêm de longe, que deixam para trás antigos vínculos emocionais e territoriais e ganham novas possibilidades em um mundo de outro modo – de novas pessoas, lugares e contextos afetivos. Diante disso, iniciamos nosso estudo com algumas reflexões: a condição de quem sai de casa e, assim, se distancia um pouco do passado – pessoas, relações e espaços que não mais estão fisicamente presentes – modifica nossas práticas afetivas e/ou sexuais? Qual é o peso da mobilidade até uma universidade em outra cidade e/ou país na “saída do armário” destas pessoas? Quais são os espaços de homofobia em Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Ciudad del Este? É a Unila um espaço de liberação, que permite a saída do armário?
O corpo em trânsito por diferentes “espaços do armário” e em diferentes escalas – dos deslocamentos inter e intracontinentais até o ir e vir inter e intraurbano – e em diferentes momentos – presente, passado e futuro – foi o elemento que mais nos chamou a atenção nas entrevistas com os (as) estudantes. Por isso, recebeu destaque nas representações cartográficas que aqui apresentamos. Os relatos de rapazes e moças entrevistados (as) e os mapas que os representam revelam trajetórias em que os “armários” não são totalmente destruídos nem abandonados ao longo do percurso que existe entre os lugares de origem e a universidade brasileira que mistura nativos (as) e estrangeiros (as). Em parte porque, além da bagagem que cada um/a traz consigo, há um tanto de repressões heteronormativas produzidas nos espaços do armário de suas cidades, lares e famílias; e porque a Tríplice Fronteira e, sobretudo, a Unila, são percebidos como espaço de impermanência: crê-se que o futuro reserva a volta aos espaços do passado, onde e quando muitas vezes as sexualidades, as performatividades e as experiências homoafetivas não podiam ocorrer.
Identidades gênero e sexualidades são relegadas ao mundo do privado, trazendo a dificuldade de se analisá-las. Por isso, conduzir este tema em direção aos aportes da cartografia e com vistas a uma produção de mapas foi um desafio. Acreditamos que nossa pesquisa evidenciou que identidades de gênero e sexualidades são construções mediadas por percepções de tempo e espaço e, portanto, por deslocamentos. Isso certamente exigiu a iluminação de “espaços opacos” (33) com vistas a desfazer o “encobrimento do Outro” (34) – cujas experiências, trajetórias e emoções são constantemente eclipsadas, combatidas e mantidas invisíveis nas representações do real.
Cremos também que, ainda que a cartografia alternativa que propusemos não desconsidere completamente linguagens e representações mais tradicionais e que tampouco seja suficiente para eliminar as hierarquias pré-existentes na produção do espaço, ela inova ao tentar representar o espaço amalgamado ao tempo e, mais ainda, visibilizar os corpos subalternizados em mobilidade. Nesse sentido, temos a convicção de que esta cartografia ajuda a desautorizar a normalidade dos discursos e representações com base na colonialidade, aos quais a cartografia tradicional certamente se alinha.
O resultado, por isso, é uma cartografia singular, que tem em conta tanto as revisões críticas a respeito da produção e do significado dos mapas quanto os escritos decoloniais sobre a colonização do conhecimento e dos corpos. Desejamos crer, também, que nossos mapas resultaram de uma forma solidária de cartografar e produzir conhecimento. Afinal, se por um lado nossas entrevistas possibilitaram a um conjunto de estudantes refletir, fazer confidências e expor medos e angústias – às vezes dizer o que nunca havia sido dito; por outro lado, nossos mapas não poderiam ser produzidos sem a generosidade destes (as) estudantes em compartilhar tais emoções, intimidades e visões de mundo. Justamente por isso, lhes direcionamos nossa profunda gratidão.
notas
NE – Uma versão em espanhol e ligeiramente diferente deste trabalho foi apresentada no II Congresso Internacional sobre Gênero e Espaço, na Cidade do México, em maio de 2017.
1
Dentre os muitos trabalhos com diferentes análises ou propostas críticas a respeito de mapas, ver: COSGROVE, Denis. Apollo’s eye. Baltimore, The John Hopkins University Press, 2001; CRAMPTON, Jeremy W.; KRYGIER, John. An introduction to Critical Cartography. ACME, v. 4, n. 1, p. 11-33, 2006; HARLEY, John Brian (1988). Mapas, saber e poder. Confins, n. 5, 2009; KITCHIN, Rob; DODGE, Martin. Rethinking maps. Progress in Human Geography, v. 31, n. 3, 2007, p. 331-344; NAME, Leo; NACIF, Cristina Lontra. Notas sobre mapas, mapeamentos e o planejamento urbano participativo no Brasil na perspectiva de uma cartografia crítica. Biblio 3W, v.18, n. 1018, 2013; NOVAES, André Reyes. Map art and popular geopolitics: mapping borders between Colombia and Venezuela. Geopolitics, 2014, p. 1-21; RODRIGUES, Liebert. Urbanismo do Apocalipse: a favela carioca como um filme de ficção científica. Trabalho de Conclusão de Curso. Niterói, EAU UFF, 2014.
2
A bibliografia decolonial é extensa. Suas análises apoiam-se em perspectivas de longa duração e na permanência de interseccionalidades entre “raça”, gênero, classe social e lugar: em processos objetivos, subjetivos e intersubjetivos da modernidade, que julgam inseparával do que chamam da colonialidade que geo-historicamente vêm promovendo violência e exclusão. Para um panorama inicial, ver: LANDER, Edgardo (2000) (Org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso, 2005; MIGNOLO, Walter D.; ESCOBAR, Arturo (Orgs.). Globalization and the decolonial option. Londres, Routledge, 2010.
3
Para uma discussão mais aprofundada sobre eurocentrismo, ver DUSSEL, Enrique (2000). Europa, modernidade e eurocentrismo. In LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso, 2005, p. 55-70; WALLERSTEIN, Immanuel (1997). El eurocentrismo y sus avatares: los dilemas de las ciencias sociales. Revista de Sociología, n. 15, p. 97-113, 2001; NAME, Leonardo. Por uma geografia pop: personagens geográficos e a contraposição de espaços no cinema. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, IGEO UFRJ, 2008, p. 22-62; NAME, Leonardo. Geografia pop: o cinema e o outro. Rio de Janeiro, Apicuri/PUC Rio, 2013, p. 25-55.
4
Alguns exemplos: ROCHA, Otávio Gomes. Narrativas cartográficas contemporâneas nos enredos da colonialidade do poder. Dissertação de mestrado. Curitiba, PPGGEO UFPR, 2015; RODRIGUES. Liebert. A Unidade de Polícia Pacificadora através dos mapas do jornal “O Globo”: uma narrativa da conquista territorial da favela carioca. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, PPGG FFP UERJ, 2017; NAME, Leo. Caracas e Mérida, Venezuela: colonialidade territorial e gênero no filme “Azul y no tan rosa”. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, n. 1, v. 8, 2017, p. 406-423
5
Cf. HARAWAY, Donna. Situated knowledges: The science question in feminism and the privilege of partial perspective. Feminist studies, n. 3, v. 14, 1988, p. 575-599.
6
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú Indígena, n. 29, v. 13, 1992, p. 11-29; QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, globalização e democracia. Novos Rumos, n. 37, v. 17, 2002, p. 4-28; QUIJANO, Aníbal (2000). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires, Clacso, 2005, p. 227-278.
7
LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa, n. 9, 2008, p. 73-101.
8
Foz do Iguaçu é uma cidade média, com um pouco mais de 260.000 habitantes, segundo a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE de 2016. Famosa pelas Cataratas do Iguaçu, é o terceiro destino turístico brasileiro mais visitado por viajantes estrangeiros (as). Cf. BRASIL. Anuário Estatístico de Turismo – 2013. Brasília, Ministério do Turismo, 2013.
9
Unidade curricular obrigatória em que se incluem as disciplinas de Línguas Adicionais (Espanhol para brasileiros e Português para estrangeiros (as) hispanohablantes e haitianos (as)), Filosofia e Fundamentos de América Latina. Trata-se de conteúdos ofertados do 1º ao 3º semestres de todos os cursos de graduação da instituição, depois aprofundados em graus variados nas disciplinas específicas de cada curso.
10
Cf. CORAZZA, Gentil. A Unila e a integração latino-americana. Boletim de economia e política internacional, n. 3, 2010, p. 79-88; IMEA. A Unila em construção. Foz do Iguaçu, IMEA, 2009.
11
Cf. RICOBOM, Gisele. A integração latino-americana e o diálogo intercultural: perspectivas a partir da universidade. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais, n. 12, v. 1, 2010, p. 351-362.
12
Ver: MOASSAB, Andréia. Por um ensino insurgente fincado no seu tempo/espaço: o projeto pedagógico do CAU Unila, a América Latina e o século 21. Anais XXXII Ensea/XVII Conabea. Goiânia, Abea, 2013; MORÁN, Octavio Obando. Geopolítica de la filosofía. ¿Puede la filosofía cooperar con la integración latinoamericana? Revista de Filosofía en el Perú, n. 3, v. 2, 2013, p. 75-102; NAME, Leonardo; MOASSAB, Andréia. 2014. Por um ensino de paisagismo crítico e emancipatório na América Latina: um debate sobre tipos e paisagens dominantes e subalternos. Anais do 12o Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. Vitória, Enepea, 2014.
13
Em 2014, a Unila possuía 14 cursos de graduação havendo 505 estudantes de graduação oriundos (as) do Brasil (51,5%), 188 do Paraguai (19,2%), 36 da Argentina (3,7%), 43 do Uruguai (4,4%), 46 do Peru (4,7%), 4 do Chile (0,4%), 43 da Bolívia (4,4%), 51 da Colômbia (5,2%), 45 do Equador (4,6%), 15 da Venezuela (1,5%) e 4 de El Salvador (0,4%). Em 2015, a instituição passou a ter 29 cursos, mais que dobrando seu corpo discente: eram 1.971 alunos (as) de graduação, sendo 1.194 do Brasil (60,6%), 296 do Paraguai (15%), 55 da Argentina (2,8%), 50 do Uruguai (%), 53 do Peru (2,7%), 35 do Chile (1,8%), 74 da Bolívia (3,8%), 64 da Colômbia (3,2%), 59 do Equador (3,0%), 19 da Venezuela (1,0%), 11 de El Salvador (0,6%) e 61 do Haiti (3,1%). Atualmente a instituição possui também estudantes de nacionalidades panamenha, cubana, guatemalteca, dominicana e costarriquenha. Cf. Progepe. Unila em números. Foz do Iguaçu, Unila, 2016 <http://bit.ly/unilaemnumeros>.
14
Para muitos (as) estudantes, o espanhol é o segundo idioma: guarani, quéchua e aimará são algumas das línguas maternas presentes na universidade. Especial caso é o dos (as) estudantes do Haiti, cuja língua materna é o créole e não têm nem o português nem o espanhol como segundo idioma.
15
Ver: GITLIN, Todd (2001). Mídias sem limite. Como a torrente de imagens e sons domina nossa vida. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003.
16
Para uma interessante coletânea de textos sobre mapas que têm a América Latina como objeto, ver: DYM, Jordana; OFFEN, Karl (Orgs.). Mapping Latin America: a cartographic reader. Chicago, University of Chicago Press, 2011.
17
Cf. ESCOBAR, Arturo. Autonomía y diseño. Popayán, Universidad del Cauca/Sello Editorial, 2016.
18
Ver CHILD, Heather. Decorative maps. Londres, Studio Limitcomp, 1956; DYM, Jordana; OFFEN, Karl (op. cit.); MIGNOLO, Walter D. Local histories/global designs. Princenton, Princenton University Press, 2000, p. 217-258.
19
Cf. MIGNOLO, Walter D. (1995). The darker side of Renaissance. Michigan, The University of Michigan Press, 2003, p. 219-258.
20
Cf. MIGNOLO, Walter D. (op. cit.); CROSBY, Alfred W. (1997). A mensuração da realidade. São Paulo, Editora Unesp, 1999.
21
Cf. HARLEY, John Brian. Op. cit.; NAME, Leo; NACIF, Cristina Lontra. Op. cit.
22
Cf. ANTUNES, Laura. Google Maps faz do Rio um aglomerado de favelas. O Globo, Rio de Janeiro, 23 abr. 2011 <https://extra.globo.com/noticias/rio/google-maps-faz-do-rio-um-aglomerado-de-favelas-1655882.html>.
23
Cf. ANTUNES, Laura. Google modificará seus mapas sobre o Rio. O Globo. Rio de Janeiro, 25 de abril de 2011 <https://oglobo.globo.com/rio/google-modificara-seus-mapas-sobre-rio-2791639>.
24
Cf. NOVAES, André Reyes. Favelas and the divided city: mapping silences and calculations in Rio de Janeiro's journalistic cartography. Social & Cultural Geography, v. 15, 2014, p. 201-225.
25
RODRIGUES. Liebert. A Unidade de Polícia Pacificadora através dos mapas do jornal “O Globo”: uma narrativa da conquista territorial da favela carioca (op. cit.)
26
KLAUCK, Samuel; SZEKUT, Andressa. Diversidade populacional: discurso de fixação do patrimônio cultural de Foz do Iguaçu. Ideação, n. 2, v. 14, 2012, p. 157-177.
27
Sobre este tema, ver GEORGES, Danilo. Xenofobia em Foz, a 1ª linha do preconceito. Blogue do Aluizio Palmar, 2013 <http://aluiziopalmar.blogspot.com.br/2013/09/xenofobia-em-foz-1-linha-do-preconceito.html>; PIOLLA, Gilmar. A quem interessa desacreditar o projeto da Unila? Boca Maldita, 2012 <http://www.bocamaldita.com/1119753751/a-quem-interessa-desacreditar-o-projeto-da-unila>.
28
Para uma aproximação com a temática das geografias de gênero e sexualidades, ver: MASSEY, Doreen. Space, place, and gender. Cambridge, Polity Press, 1994; MCDOWELL, Linda (1999). Género, identidad y lugar. Valencia, Ediciones Cátedra, 2000; PEREZ FERNÁNDEZ, Irene. Espacio, identidad y género: aproximaciones teóricas. Sevilla, Arcibel Editores, 2009; SILVA, Joseli Maria (Org.). Geografias subversivas. Ponta Grossa, Todapalavra, 2009; SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Marcio Jose ; HIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Orgs.). Espaço, gênero e feminilidades ibero-americanas. Ponta Grossa, Todapalavra, 2011.
29
BROWN, Michael P. Closet space. Londres/Nova York, Routledge, 2000. Ver também: NAME, Leonardo; ROMIO, Jaqueline Aparecida Ferreira. Mortes por agressão física de população LGBTTT no Brasil: taxas no armário. Anais do XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. População, sociedade e políticas: desafios presentes e futuros. Foz do Iguaçu, Abep, 2016.
30
Cf. BROWN, Michael P. Op. cit.; BINNIE, Jon. The globalization of sexuality. Londres, Sage, 2004; GORMAN-MURRAY, Andrew. Intimate mobilities: emotional embodiment and queer migration. Social & Cultural Geography, n. 4, v. 10, 2009, p. 441-460; LEWIS, Nathaniel M. Remapping disclosure: gay men's segmented journeys of moving out and coming out. Social & Cultural Geography, n. 3, v. 13, 2012, p. 211-231; LEWIS, Nathaniel M. Moving ‘out’, moving on: gay men's migrations through the life course. Annals of the Association of American Geographers, n. 2, v. 104, 2014, p. 225-233; VIEIRA, Paulo Jorge. Mobilidades, migrações e orientações sexuais. Percursos em torno de fronteiras sexuais e imaginárias. Ex Aqueo, v. 24, 2011, p. 45-59.
31
Cf. MIGNOLO, Walter D. Local histories/global designs (op. cit.), p. 217-276
32
Ver: DE CAÚLA E SILVA, Adriana Mattos. Trilogia das utopias urbanas. Tese de doutorado. Salvador, PPGAU UFBA, 2008; DE CAÚLA E SILVA, Adriana Mattos. Utopografias. Anais do I Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Rio de Janeiro, Enanparq, 2010.
33
Cf. SANTOS, Milton (1996). A natureza do espaço. São Paulo, Edusp, 2002.
34
Ver: DUSSEL, Enrique. 1492: el encubrimiento del otro. Bogotá, Anthropos, 1992.
sobre os autores
Leo Name é arquiteto e urbanista (UFRJ), especialista em Sociologia Urbana (UERJ), mestre e doutor em Geografia (UFRJ). Professor adjunto do Centro Interdisciplinar de Território, Arquitetura e Design – Citad e do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada – PPGLC na Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila. Líder do Grupo de Pesquisa Decolonizar a América Latina e seus Espaços – ¡Dale!.
Oswaldo Francisco Freitez Carrillo é bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana – CAU Unila.