O consumo de experiências estéticas tem se tornado um dos alicerces da cultura contemporânea (1). O capitalismo cultural lança mão de diversas estratégias para a criação de experiências excitantes, mediadas pelas tecnologias da comunicação, espetáculos de lazer e marketing cultural. A emergente figura do consumidor trans estético — apaixonado por viagens, patrimônio e paisagens culturais — movimenta a busca por experiências inusitadas, centradas no prazer dos sentidos. Em 2023, o turismo figura como uma das principais indústrias do mundo, responsável por 9,2% do produto interno bruto — PIB mundial (2). A economia da experiência se baseia na hiper espetacularização, caracterizando-se pela overdose de imagens; estrelização das atividades culturais; criação de grandes cerimônias e festividades; grandes investimentos em exposições blockbusters (3), entretenimento generalizado, extravagâncias turísticas e uma certa dose de gigantismo (4). A arquitetura contemporânea pode favorecer o consumo de produtos culturais, tornando-se objeto de consumo midiático. Entretanto, o empobrecimento da experiência urbana e a miséria da paisagem podem emergir como preocupantes efeitos colaterais do consumismo estetizado.
Inserindo-se nesse contexto, o Grande Museu Egípcio — GME se apresenta como uma das mais impressionantes obras de arquitetura museal em andamento na atualidade. O projeto faraônico está implantado em uma área de mais de cem mil metros quadrados, nos arredores das Pirâmides de Gizé. A ideia de construir um megamuseu destinado à Egiptologia, que ocupa área interna de noventa mil metros quadrados — dos quais cerca de 45% são destinados a áreas expositivas — deriva de discussões iniciadas em meados dos anos 1990. Apelidado de “a quarta pirâmide de Gizé”, o GME pretende se tornar “o maior e mais visitado museu do mundo pertencente a uma única civilização histórica, contribuindo para o posicionamento único do Egito como destino turístico de primeira classe e centro cultural global” (5). O GME é o maior museu do mundo em área construída, e perde em número de itens expostos apenas para o Museu do Louvre e o Museu Britânico (6).
O megamuseu busca “promover a herança egípcia local e internacionalmente, integrando componentes culturais e de entretenimento” (7). Em 2003, o projeto do escritório irlandês sediado em Dublin, Heneghan Peng Architects, venceu um concurso internacional de arquitetura patrocinado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura — Unesco e supervisionado pela União Internacional de Arquitetos — UIA, para o qual se inscreveram mais de 1.500 propostas de profissionais de todo o mundo (8). Do concurso, participaram arquitetos de grande prestígio internacional — como Arata Isozaki, Carlo Aymonino, Eric Owen, Future System, Hans Hollein, Riedijk Architeten e Zaha Hadid (9).
A construção do GME teve início em 2005 e, devido a numerosos adiamentos, permanece inconclusa. A obra custou cerca de US$ 1,2 bilhões (10) e contou principalmente com recursos do governo japonês (11). A primeira etapa de inauguração se iniciou em abril deste ano (12). Espera-se que o museu se estabeleça como um centro de excelência global em egiptologia, cujo extenso programa de necessidades inclui: museu infantil; museu de barcos solares; centro de educação, pesquisa e conservação; laboratórios, auditórios, galerias virtuais, áreas de lazer, cafeterias e lojas. O presente artigo pretende analisar o contexto de implantação do GME, investigando o papel exercido pela arquitetura contemporânea para a estetização do consumo cultural na atualidade. Como metodologia de pesquisa, adotou-se o estudo de caso (13), por adequar-se à complexidade do objeto e à necessidade de coleta de fontes variadas de evidência, que incluíram levantamento bibliográfico, análise in loco e pesquisa de artigos veiculados pela mídia (14).
Turismo cultural e ocupação urbana: os arredores das pirâmides de Gizé
A mega intervenção do GME visa à potencialização do turismo no Egito contemporâneo, buscando o reposicionamento do país na era da globalização. O turismo cultural consiste numa prática social que envolve o deslocamento de pessoas pelo território, tomando o espaço geográfico como seu principal objeto de consumo (15). De acordo com Ted Silberberg, define-se turismo cultural como a “visita de pessoas de fora da comunidade receptora, motivada totalmente ou em parte por interesse de patrimônio histórico, artístico, científico ou estilo de vida oferecidos por uma comunidade, região, grupo ou instituição” (16). O turismo pode tanto se tornar motivo de satisfação ou orgulho para grupos sociais, quanto contribuir para a destruição e esgotamento dos sistemas naturais. Diversos motivos justificam o deslocamento do turista pelo território, dentre eles: a ideia de lazer ativo ou passivo (associada à natureza), a presença de imaginários (constituídos por publicidade, mídia, tecnologias da comunicação ou guias de turismo), a busca por destinos culturais (contemplando arte, arquitetura, artesanato, museus e manifestações culturais) ou a atratividade por algo diferente do cotidiano (17).
A turistificação das cidades (ou de partes dela) é condicionada pela especificidade e diversidade de seus atrativos (18). O lugar turistificado sofre transformações para receber os visitantes, desencadeando a geração de uma cadeia produtiva organizada que se superpõe às estruturas existentes (19). Em tais processos, podem-se empregar estratégias de esvaziamento e banalização dos lugares, de modo a converter sítios de interesse em locais de passagem. O valor atribuído ao lugar passa a ser influenciado pela difusão de sua imagem espetacular na cultura globalizada. O indivíduo pode vivenciar experiências entremeadas entre autenticidade e alienação; mas que são fundamentais para a significação espacial. A globalização econômica contribui para imprimir em lugares diferentes uma mesma racionalidade, e a presença de equipamentos culturais alinhados aos elevados padrões de exigência internacional, tais como o GME, colaboram para a conversão de localidades em desejadas destinações turísticas.
Por razões evidentes, o Egito é um país rico em herança cultural tangível, visível em sua expressiva quantidade de sítios arqueológicos cuja história data de mais de sete mil anos (20). Em 2019, o turismo movimentou US$ 13 bilhões no Egito (21). No ano seguinte, mesmo considerando a eclosão da pandemia de Covid-19, o turismo gerou US$ 4,87 bilhões, o que corresponde a 1,2% de seu PIB (22). As Pirâmides de Gizé são anualmente visitadas por cerca de catorze milhões de pessoas (23). O incremento do turismo no país é uma das principais pautas mobilizadas pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, que anunciou como meta atrair trinta milhões de visitantes até 2028 (24). Nesse contexto, deve ser compreendido o megaprojeto do GME, inserido em um campo ampliado de ações de divulgação midiática do patrimônio cultural a nível internacional, conforme analisaremos no decorrer deste artigo.
O Grande Museu Egípcio: outra obra faraônica em Gizé
A escolha do sítio de implantação do GME se articula a uma zona de desenvolvimento arqueológico ampliada, que inclui Hassana Dome, Platô das Pirâmides e os sítios arqueológicos de Sakkara, Abu Rawash e Abu Sir. O GME se insere estrategicamente entre a metrópole do Cairo e o planalto de Gizé, configurando-se como uma espécie de portal entre a megalópole contemporânea e o mundo antigo. A realização de estudo de viabilidade prévio definiu critérios para evitar a excessiva proximidade do museu ao planalto das pirâmides, embora almejasse a articulação visual entre os dois complexos culturais. O projeto se insere nas diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor para o Desenvolvimento da Região do Grande Cairo (1989), que pretendia criar um cinturão verde voltado para usos recreativos, turísticos e culturais. Ratificado pelo Ministério da Cultura em 1991, o Plano Diretor estabelece como objetivos amplos “remediar a percepção negativa das cidades satélites do deserto na opinião pública para encorajar sua realocação para novas cidades” (25). O GME assume o papel de zona tampão, configurando uma estratégia de controle para limitar o desenvolvimento urbano (26).
Na década de 1950, a expansão da cidade do Cairo para oeste, na direção do platô de Gizé, ocorreu sem que houvesse restrição à construção de novas habitações e assentamentos (27). O desenvolvimento do sistema rodoviário — incluindo as estradas de Alexandria e Al-Fayoum — contribuiu para o incremento da ligação entre as cidades satélites do deserto e a megalópole do Cairo. A progressiva valorização das terras nas proximidades do sítio arqueológico de Gizé começou a atrair moradias de classe média-alta. Atualmente, a densa ocupação da área coloca em risco a integridade do complexo funerário (28), sobretudo em função do aumento dos níveis do lençol freático devido a vazamentos de água dos canais de irrigação dos subúrbios das pirâmides (29). As mudanças climáticas, acentuadas pelos processos de urbanização e industrialização, igualmente ameaçam o sítio arqueológico (30). Logo, vemos que a preservação de Gizé depende do planejamento e requalificação urbana de seus arredores e da melhoria ambiental da área envolvente; e o GME desempenha papel fundamental nesse sentido.
A localização estratégica do museu nas beiradas do platô favorece a permanência de visitantes que se destinam à região. Pretende-se que o GME atraia novos usos potenciais — sobretudo comerciais — para o planalto de Gizé. A conexão visual entre o museu e as pirâmides deveria criar pontos de observação dos monumentos, conforme previa o edital do concurso (31). A implantação do museu está situada em uma área de desnível do platô, inserindo-se na fenda geográfica do planalto de modo a não concorrer com o monumental conjunto funerário do Vale do Nilo. O projeto de Heneghan Peng apresenta invólucro translúcido em tons de bege, que desaparece na paisagem do deserto. A forma triangular da planta do edifício, que parte do alinhamento das fachadas norte e sul às pirâmides de Gizé, é reevocada de maneira atualizada nos múltiplos triângulos que compõem a fachada, e nos sete nichos piramidais dispostos no invólucro arquitetônico (32).
Alguns detalhes da fachada reproduzem a estética dos hieróglifos (33), evocando o conceito de “cosmopolitanismo decolonial” (34); isto é, conectando a arquitetura contemporânea ao resgate de símbolos do passado. Dentre os finalistas selecionados pelo júri do concurso (35), parece ter sido escolhido o projeto cujo partido era mais facilmente compreendido pelo público não especializado (36). A imagem do edifício, que reitera infinitas vezes o simbolismo da pirâmide, torna-se preponderante e é responsável por sua própria publicidade (37). A arquitetura contemporânea se converte em um símbolo definitivo do país, capaz de reafirmar o Egito como potência cultural na atualidade. A arquitetura do GME assume caráter sintético, persuasivo e populista, ancorando-se em uma estética facilmente reconhecível e de grande difusão na cultura globalizada, de modo a favorecer o consumo cultural do território.
Reforçando a centralidade turística do Platô de Gizé: os impactos urbanísticos do GME
O GME pretende consolidar a já existente centralidade turística de visitação ao complexo arqueológico de Gizé, atuando “como um veículo de desenvolvimento acelerado da cidade” (38). A implantação do GME deve proporcionar investimentos na mobilidade da região, como melhorias nas estradas de Alexandria e Al-Fayoum, a construção de um novo túnel de acesso, a futura implantação de transporte metroviário (39) e a recente operacionalização do Aeroporto Internacional de Sphinx, situado a 45km do museu (40), em 2019. Atualmente, vemos que a área localizada ao norte das pirâmides, conhecida como Nazlet el-Samman, tem sido ocupada por diversos restaurantes e hotéis de luxo — incluindo o Marriott Mena House, Elite Pyramids Boutique Hotel e Turquoise Pyramids & Grand Egyptian Museum.
O GME apresenta o potencial de simplificar os circuitos turísticos de visitação da cidade, favorecendo o desenvolvimento de experiências desterritorializadas, de caráter massivo e quantitativo. A tematização das cidades consiste na dedicação de partes de um território a demandas atraentes para o turismo (41). O delineamento de entornos hiper-reais, concentrados na criação de memórias depuradas, consolida-se como estratégia principal. A proximidade física entre aeroporto internacional, zona hoteleira, Pirâmides de Gizé e GME permite que o visitante conheça os principais monumentos e tesouros do Egito em apenas um dia — tendo o mínimo de contato possível com os problemas e contradições sociais e econômicas da Cairo contemporânea. A intervenção parece seguir lógica semelhante a outros roteiros turísticos do país, como os conhecidos cruzeiros no Nilo, que levam os visitantes a diversos sítios arqueológicos (em Luxor, Esna, Edfu, Kom Ombo e Assuã); de modo que o turista não tenha contato direto com o interior do país. Desse modo, a experiência do visitante favorece uma visão estetizada do Egito Antigo; blindando-o, em alguma medida, da realidade atual.
A construção de grandes museus se tornou um fator chave para a promoção do turismo cultural hoje em dia, visando à requalificação de zonas obsoletas ou degradadas. A arquitetura de performance (42) apresenta o potencial de se converter em um símbolo da cidade, tornando-se um elemento distintivo na era da globalização. Com efeito, o museu Guggenheim de Bilbao tornou-se um caso paradigmático para a compreensão da midiatização estetizada da arquitetura na atualidade. Conforme apontou o crítico Hal Foster, “depois dessa obra, a arquitetura não foi mais a mesma, e vivemos a cada novo projeto do gênero uma espécie de ‘efeito Bilbao’, no qual cada cidade procura construir um espetáculo de magnitude similar, com o objetivo de atrair novos fluxos de capital” (43). O chamado “efeito Bilbao” visa à implantação de ícones da arquitetura contemporânea voltados à promoção internacional das cidades nos circuitos do turismo globalizado. Podemos considerar o GME como um herdeiro do legado dos Grand Projects, consolidados em finais do século 20 (44).
Por outro lado, tem se reforçado a crítica à implantação de projetos espetaculares — pontuada por diversos autores como Anthony Vidler (45), Otília Arantes, Carlos Vainer, Ermínia Maricato (46), Mariana Bonates (47), dentre outros. A bibliografia de referência aponta que os megaprojetos arquitetônicos frequentemente catalisam a assinatura de grandes negócios imobiliários, muitas vezes conectados a demolições injustificadas e ao fenômeno da gentrificação. Os projetos por vezes envolvem proporções exageradas, elevadas (im)previsões orçamentárias, articulando-se a processos morosos que empurram as obras, às vezes, por décadas a fio; estando suscetíveis aos impactos de crises político-econômicas em escala global. A própria construção do GME já leva quase vinte anos e enfrentou eventos significativos, que contribuíram para os sucessivos atrasos das obras, como a Primavera Árabe (48) e a pandemia de Covid-19.
No caso do GME, porém, é importante relativizar o papel de âncora da regeneração urbana da região, tendo em vista que “o GME chegou tarde à transformação do planalto de Gizé” (49); já repleto de hotéis de luxo e empreendimentos imobiliários comerciais por conta da proximidade das pirâmides. Do ponto de vista social, o GME gerou mais de dez mil empregos diretos desde o início do projeto (50). Estima-se que as oportunidades indiretas ultrapassem esse número em dez vezes (51). A inauguração completa do museu abrirá cerca de duas mil vagas de emprego, para além das novas oportunidades em estabelecimentos que devem entrar em funcionamento nas proximidades (52). Por outro lado, a valorização imobiliária da região pode dificultar a permanência das populações de baixa renda residentes nos arredores (53). Como pontua a mais recente definição de museu apresentada pelo Conselho Internacional de Museus — Icom (54), é fundamental a inclusão das comunidades para o pensamento dos museus na atualidade. Na visão de Azza S.Attia, Mona T. Hussein e Noha S. Shaer, “o GME deve ser encarado como uma oportunidade de melhoria da qualidade de vida da população e dos grupos que residem no bairro e não uma causa de transformações sociais negativas” (55).
Ao sul do sítio arqueológico, estão situados conjuntos habitacionais e residências autoconstruídas; e é recorrente o assédio aos visitantes por vendedores ambulantes, guias de turismo e taxistas (56). Desde 2011, o governo egípcio empreendeu um pacote de medidas para melhorar a experiência turística no complexo, que acabou resultando na privatização de espaços públicos no planalto. Entre 2002 e 2007, foi erguido um muro de concreto de 200km que cerca o complexo funerário, separando-o da região de Nazlet el-Semman; equipado com portões eletrônicos, câmeras de vigilância e equipamentos de detecção de explosivos (57). Tais ações de controle dos espaços públicos, favorecendo a compressão tempo-espacial associada à hiper vigilância (58), podem ser compreendidas em função do complexo contexto político e econômico atravessado pelo país com a Primavera Árabe (59) e, também, como resposta aos recentes episódios de terrorismo que impactaram negativamente o turismo no país, cuja receita caiu quase 80% desde 2010 (60). Em 2017, houve uma série de atentados contra igrejas no delta do Nilo e, em 2019, uma explosão contra um ônibus de turismo nas imediações do GME (61). A sensação de insegurança acaba servindo de justificativa para a privatização de espaços públicos, visando a preservar a imagem de sítios patrimoniais passíveis de capitalização.
Ademais, cercando o sítio arqueológico de Gizé, foi delimitada uma área de estacionamento para veículos elétricos que conduzem os visitantes diretamente aos monumentos. De maneira análoga, pretende-se implantar um sistema de transporte de veículos elétricos entre o GME e o complexo de Gizé (62). Essa ação integra o plano de ampliação da infraestrutura turística de acesso ao complexo conhecido como Novo Platô da Pirâmide, que contempla a criação de uma passagem com mais de dois quilômetros de extensão, atualmente em construção (63), para conectar o GME diretamente ao complexo funerário (64). Esses episódios fazem recordar o conceito de “gated communities”, ancoradas nas noções de proteção e vigilância, visando à criação de “enclaves de classe seguros, onde se vive entre iguais, distante dos outros considerados suspeitos ou perigosos” (65). Observa-se a aceleração dos fluxos em torno dos monumentos, contribuindo para a conversão de lugares em não-lugares (66) associados ao consumo cultural estetizado. Segundo analisa Nick Leech, “a Necrópole de Gizé sempre foi um local onde os turistas realizavam suas fantasias. Mas agora, cercada e protegida por portões e monitorada por sistemas de segurança de última geração, está se tornando um lugar onde muitos egípcios locais parecem não apenas indesejados, mas totalmente excedentes aos requisitos” (67).
A espetacularização midiática do Egito antigo na atualidade: shows e traslados monumentais
A inauguração completa do GME deve estimular o reaquecimento do setor turístico no país. Durante a pandemia de Covid-19, o governo egípcio investiu não apenas nas obras do megaprojeto, mas também na promoção internacional da cultura egípcia. Uma das ações mais significativas foi o extravagante traslado de 22 múmias reais do Museu Egípcio do Cairo para o Museu da Civilização Egípcia, em Fustat. Desistindo de uma possível transferência discreta das múmias, o governo egípcio optou por encarar o evento como uma oportunidade de marketing internacional (68). O desfile ocorreu em veículos personalizados, contendo cápsulas revestidas com nitrogênio para garantir a preservação das múmias (69), cuja estética evocava as antigas barcaças funerárias (70). O evento foi batizado de Golden Mummies Parade e se tornou um espetáculo internacional de grandes proporções.
A espetacularização do patrimônio pode ser vislumbrada, também, nos shows de luz e som oferecidos em diversos sítios arqueológicos — como o Templo de Karnak (Luxor) e as Pirâmides de Gizé. Os shows dramatizam a história do Egito Antigo na superfície dos monumentos, ampliando a capacidade de capitalização do bem cultural. A experiência estética monumental, ancorada no hiper estímulo visual, assume protagonismo ao ampliar a visibilidade do patrimônio egípcio na atualidade.
Essas ações podem se alinhar ao processo de midiatização da cultura egípcia, a nível internacional, que vinha sendo empreendido pelo pesquisador Zahi Hawass (71). O conhecido arqueólogo pop contribuiu para a divulgação internacional de símbolos da cultura egípcia ao incentivar a produção de documentários pelo Discovery Channel e de programas como Chasing Mummies (72). Algumas dessas parcerias, inclusive, foram lançadas para financiar escavações em sítios arqueológicos do país. A midiatização de descobertas arqueológicas no Egito também pode ser considerada ação de promoção do turismo internacional. Segundo Hawass, “cada nova descoberta é publicidade gratuita para o Egito e sua indústria de viagens” (73). Para alguns especialistas, porém, tais notícias configuram “manobras publicitárias com implicações mais políticas e econômicas do que científicas” (74).
As coleções do GME: deslocamento e repatriação de acervos
O GME pretende exibir um impressionante acervo, composto por cerca de 150 mil itens. Dentre os objetos interesse, destaca-se a colossal estátua do faraó Ramsés II, de 83 toneladas e onze metros de altura, exibida no átrio do museu (75). Entretanto, o principal destaque do acervo é a exibição de aproximadamente 5,4 mil peças do tesouro de Tutankhamon (sendo que 60% desses objetos nunca foram expostos ao público). De acordo com o Ministro de Turismo e Antiguidades, Khaled El Enany, “o salão Rei Tutankhamon rivalizará com as exibições nos maiores e melhores museus do mundo” (76). O museu deve expor, inclusive, a máscara mortuária e os féretros de Tutankhamon, transferidos do Museu Egípcio do Cairo (77). Foi cogitado realizar uma procissão nacional para o traslado da máscara dourada e sarcófago de Tutankhamon para o GME, mas a ideia acabou sendo abandonada (78). Para reunir o acervo do faraó em um único lugar, objetos de diversas instituições do país têm sido gradualmente enviados para o GME (79). De acordo com o egiptólogo Ahmed Rabie Mohamed, “as carruagens de Tutankhamon já foram levadas do Museu de Luxor para o Grande Museu, e 36 caixões que encontramos também foram levados para o museu” (80).
Uma grande polêmica se instaurou acerca da possível transferência para o GME da múmia de Tutankhamon, da tumba KV 62 — local em que foi encontrada pelo egiptólogo britânico Howard Carter em 1922, no Vale dos Reis (81). Essa questão levanta um tema caro à preservação cultural, levantado por Quatremère de Quincy no século 18, que problematiza o deslocamento de obras de arte de seus lugares originais — exceto por justificativa de preservação (82). O transporte da múmia de Tutankhamon para o GME, além de ocasionar a descontextualização da obra, ainda acarretaria preocupações para turismo cultural em Luxor. Na visão do egiptólogo Ahmed Rabie Mohamed, “todo mundo que vem ao Vale dos Reis quer ver a múmia e algumas pessoas esperam ver a máscara mortuária aqui, os sarcófagos e o ouro. […] Traga mais para Luxor, não tire de Luxor” (83).
Como vemos, o traslado de objetos gera “uma preocupação com o potencial de regressão cultural se os museus começarem a dividir seus acervos” (84); podendo reduzir o interesse pela visitação de outros sítios históricos egípcios. Outro ponto de atenção é o excessivo deslocamento de recursos para a obra do GME em detrimento do investimento em outros sítios arqueológicos e museus egípcios. Porém, como pontua o major-general Atef Moftah, diretor do GME, “o GME tem a mesma escala e teatralidade de outros projetos arqueológicos recentes patrocinados pelo governo egípcio, incluindo a reabertura da a venida das Esfinges, em Luxor, e a inauguração de novos e importantes espaços museológicos em Sharm el-Sheik, Cairo, Hurghada, entre outros” (85).
Apesar das disputas por investimentos culturais em todo o Egito, a presença de um megamuseu no país pode colaborar para o reposicionamento do país na recuperação de artefatos levados ilegalmente para o exterior. A arquitetura contemporânea impactante atesta a capacidade do Egito de preservar seus acervos patrimoniais (86); já que um dos principais argumentos mobilizados por instituições europeias para a não devolução de acervos é a falta de infraestrutura do país para armazenamento, exibição e estudo de suas próprias coleções.
A excelência do GME, como afirma a Unesco, “não apresenta um obstáculo para receber artefatos sensíveis e frágeis, muito pelo contrário, elas foram projetadas e preparadas para abrigar e preservar os bens culturais egípcios em específico” (87). Com efeito, desde 2014, estima-se que 27 mil objetos tenham sido recuperados pelos egípcios (88). Apesar disso, persistem as reincidentes negativas sobre a devolução de alguns objetos de valor inestimável, tais como a Pedra de Roseta (atualmente exibida no Museu Britânico). Dentre os objetos citados como de interesse para retorno ao Egito, conforme divulgado no evento Cooperação Internacional para a Proteção e Repatriação do Patrimônio Cultural (2010), podemos citar: Busto de Nerfititi, Pedra de Roseta, Estátua de Hemiunu, Busto de Ankhaf, Estátua de Ramsés II Sentado e Zodíaco de Dendera (89). Até o momento, essas peças permanecem afastadas de seu território original.
O denotado interesse pela preservação patrimonial se confronta com a retomada de obras controversas que tem sido empreendidas pelo governo egípcio, a exemplo da polêmica construção de um par de rodovias no Platô das Pirâmides, que deve possuir oito faixas de largura (90). A rodovia do Norte cruzará o deserto a apenas 2,5km de distância do complexo de Gizé, e a rodovia do Sul passará entre a Pirâmide Escalonada e a Pirâmide Vermelha. Tais intervenções têm sido vistas com grande preocupação por conservadores, arqueólogos e egiptólogos pelo risco de comprometimento da integridade do planalto ao promover a pavimentação de sítios arqueológicos ainda inexplorados; podendo gerar poluição, produzir lixo e expor áreas repletas de tesouros arqueológicos à pilhagem (91). De acordo com Said Zulficar, representante da Unesco (92), a construção das estradas justificaria uma possível retirada do Complexo das Pirâmides da Lista do Patrimônio da Humanidade (93).
Considerações finais
O presente artigo pretendeu esmiuçar o contexto de implementação de uma das maiores obras da arquitetura museal recente, o GME, analisando a relação estabelecida entre arquitetura contemporânea e estetização do consumo cultural na atualidade. Ao desenvolver como partido projetual o tema das pirâmides, o projeto de Heneghan Peng contribui para a criação de um novo ícone representativo da cultura egípcia no capitalismo global. A mega arquitetura museal se insere em um contexto de espetacularização midiática do patrimônio egípcio, que tem envolvido a criação de shows de luzes em sítios arqueológicos e traslados faraônicos de múmias em cortejos divulgados internacionalmente. A infraestrutura de excelência pode contribuir para os pedidos de repatriação de acervos egípcios. Do ponto de vista urbanístico, o GME reforça um contexto já consolidado de exploração econômica do turismo cultural na região das pirâmides, que tem sido acompanhado da valorização de seus arredores. Em contrapartida, a pauperização do entorno do Platô de Gizé, o cercamento de sítios arqueológicos e a emergência de obras controversas (que colocam em risco a integridade do patrimônio histórico) demonstram incongruências acerca da excessiva estetização do consumo cultural na contemporaneidade, que por vezes acaba por mascarar situações alarmantes do ponto de vista político, ambiental e sociocultural.
notas
1
LIPOVESTKY, Gilles; SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo, Companhia das Letras, 2016.
2
ROSA, Paula. Em 2023, atividade turística deve movimentar US$ 9,5 trilhões na economia mundial, indica estudo da WTTC. Portal GOV.BR, Brasília, 28 abr. 2023 <https://bit.ly/4arXbAf>.
3
Fenômeno caracterizado por “grandes exposições temporárias, que levaram muitos conservadores de museus americanos a aceitá-las, em razão do grande aporte que elas produziam em termos de público e de finanças” e que posteriormente foram sendo empregadas em diferentes países. MAIRESSE, François. Comunicação, mediação e marketing. Museologia & Interdisciplinaridade, v. 1V, n. 7, out./nov. 2015, p. 64.
4
LIPOVESTKY, Gilles; SERROY, Jean. Op. cit.
5
The Grand Egyptian Museum: one of the biggest cultural openings of 2020. The Stylemate, Graz,
5 mar. 2020 <https://bit.ly/48onsO4>. Tradução das autoras.
6
SOUZA, Luís Paulo. O novo templo dos faraós. Revista Veja, São Paulo, 9 abr. 2023.
7
The Grand Egyptian Museum: one of the biggest cultural openings of 2020 (op. cit.).
8
PORTAL VITRUVIUS. The International Architecture competition for the Grand Egyptian Museum. Projetos, São Paulo, ano 03, n. 030.01, Vitruvius, jun. 2003 <https://bit.ly/48pnxRr>.
9
LUPO, Bianca Manzon; COSTA, Karine Lima da. Tumba, templo e pirâmide: arquitetura e repatriação no Grande Museu Egípcio. Anais do Museu Paulista, v. 30, São Paulo, 2022.
10
Estátua colossal de Ramsés II instalada no futuro museu do Cairo. Isto É, São Paulo, 25 jan. 2018 <https://bit.ly/3trggBQ>.
11
SOUZA, Luís Paulo. Op. cit.
12
Idem, ibidem.
13
YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre, Bookman, 2001.
14
LAPUENTE, Rafael Saraiva. A imprensa como fonte: apontamentos teórico-metodológicos iniciais acerca da utilização do periódico impresso na pesquisa histórica. Revista de História Bilros, v. 4, n. 6, Fortaleza, UECE, jan./jun. 2016, p. 11–29.
15
OLIVEIRA, Melissa. O fenômeno turístico e suas implicações na cidade de Ouro Preto. 2º Encontro Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade, Campinas, 26 a 29 mai. 2004.
16
SILBERBERG, Ted. Cf. MACHADO, Danielle Cristina; PIRES, Mario Jorge. Turismo e patrimônio cultural imaterial: a capoeira em Salvador — BA. In COSTA, Everaldo Batista; BRUSADIN, Leandro Benedini; PIRES, Maria do Carmo. Valor patrimonial e turismo: limiar entre história, território e poder. São Paulo, Outras Expressões, 2012, p. 245.
17
COSTA, Everaldo; BRUSADIN, Leandro; PIRES, Maria. Op. cit.
18
ALVES, Kerley. Notas sobre a relação espaço-identidade no turismo. In COSTA, Everaldo; BRUSADIN, Leandro; PIRES, Maria. Op. cit., p. 231–244.
19
MONTANER, Josep; MUXÍ, Zaida. O turismo e a tematização das cidades. In Arquitetura e política: ensaios para mundos alternativos. São Paulo, Gustavo Gili, 2014, p. 143–155.
20
MUSTAFA, Mairna. Cultural Heritage: a tourism product of Egypt under Risk. Journal of Environmental Management and Tourism, Asers Publishing, v. XII, 2021.
21
SOUSA, Thais. Egito reestrutura setor de turismo para mundo pós-covid. Agência de Notícias Brasil-Árabe, São Paulo, 6 abr. 2021.
22
DADOS MUNDIAIS. Turismo no Egito, s.d. <https://shorturl.at/moAJ9>.
23
GYZA PYRAMIDS. Pyramids of Giza Opening Hours & Closing Hours. s.d. Disponível em: https://shorturl.at/fkvZ6. Acesso em: 02 jun. 2023.
24
Egito quer atrair 30 milhões de turistas até 2028. Monitor Mercantil, Rio de Janeiro, 27 jan. 2023 <https://bit.ly/4au4gAa>.
25
MONEIM, Walid; SHAFIK, Zeinab; MANSOUR, Yasser. The Grand Museum of Egypt and the Challenge of Susteinability. The First Conference of Sustainable Architectural and Urban Development, Cairo, Department of Architecture, Faculty of Engineering — Cairo University, 26 fev, 2004 <https://bit.ly/47azmKu>.
26
Idem, ibidem.
27
Idem, ibidem.
28
PRESSE, Franco. Crescimento urbano da capital do Egito ameaça as pirâmides de Gizé. Folha de São Paulo, São Paulo, 7 jun. 2020.
29
HEMEDA, Sayed; SONBO, Alghreeb. Sustentability problems of the Giza Pyramids. Heritage Science, v. 8, 2020 <https://bit.ly/4885Q9h>.
30
CARMO, Mayara. Mudança climática ameaça as pirâmides de Gizé. Portal Vida no Egito, 2 jan. 2023 <https://bit.ly/481HbmS>.
31
MONEIM, Walid; SHAFIK, Zeinab; MANSOUR, Yasser. Op. cit.
32
EGYPT TODAY. The story behind the pyramid wall design of Grand Egyptian Museum. Egypt Today, Giza, 22 ago. 2020 <https://bit.ly/3TzKxJr>.
33
SOUZA, Luís Paulo. Op. cit.
34
EL-ASHMOUNI, Marwa & SALAMA, Ashraf. Contemporary architecture of Cairo (1990–2020): mutational plurality of “ISMS”, decolonialism, and cosmopolitanism. Open House International, v. 45, n. 1/2, p. 121–142 <https://bit.ly/3TAtc35>.
35
O júri do concurso foi composto pelos arquitetos Abada Galal (Egito), Gae Aulenti (Itália), Jong Soung Kim (Coréia do Sul), Salah Zaki Said (Egito) e Ana Maria Zaharíade (Romênia); pelos egiptólogos Sergio Donadoni (Itália) e Gaballa Gaballa (Egito) e pela museóloga Françoise Cachin (França).
36
LUPO, Bianca Manzon; COSTA, Karine Lima da. Op. cit.
37
BONATES, Mariana. El Guggenheim y mucho más: urbanismo monumental e arquitetura de grife em Bilbao. Revista Pós, São Paulo, FAU USP, v. 16, n. 26, 2009 <https://bit.ly/481I5jg>.
38
ATTIA, Azza S.; HUSSEIN, Mona T.; SHAER, Noha S. E. The Grand Egyptian Museum: implications for sustainability. IJTHS, vol. 1, n. 2, 2021
39
Atualmente, o metrô mais próximo do sítio arqueológico de Gizé está localizado a mais de 10km de distância.
40
DESCOBRIR EGIPTO VIAGENS. Aeroporto Internacional Sphinx no Cairo inicia as operações. 19 jan. 2019.
41
MONTANER, Josep; MUXÍ, Zaida. Op. cit.
42
SPERLING, David. As arquiteturas de museus contemporâneos como agentes no sistema da arte. Periódico permanente, v. 1, 2012.
43
FOSTER, Hal. Design and crime (and other diatribes). Londres, Verso, 2002.
44
LUPO, Bianca M.; MAIA, Aline de S. The Great Egyptian Museum. Contemporary architecture as an argument for the repatriation of collections. Conference Grand Projects: Urban legacies of the late 20th century, Lisboa, ISCTE, 2021 <https://bit.ly/48sURXI>.
45
VIDLER, Anthony. Architecture between spectacle and use. New Haven, Yale University Press, 2008.
46
VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis, Vozes, 2013.
47
BONATES, Mariana. Op. cit.
48
Trata-se de um conjunto de manifestações populares em países da África e Oriente Médio, contra a corrupção, altas taxas de desemprego e autoritarismo político.
49
LEECH, Nick. Between old norms and current trends lies the Grand Egyptian Museum. Syndication Bureau, 29 mai. 2018.
50
ATTIA, Azza S.; HUSSEIN, Mona T.; SHAER, Noha S. E. Op. cit.
51
Idem, ibidem.
52
Idem, ibidem.
53
Idem, ibidem.
54
Icom aprova nova definição de museu. Icom Brasil <https://bit.ly/3v9NaaI>.
55
ATTIA, Azza S.; HUSSEIN, Mona T.; SHAER, Noha S. E. Op. cit.
56
COSTA, Karine. Caminhos para a descolonização dos museus: a questão da repatriação das Antiguidades Egípcias. Tese de doutorado. Florianópolis, PPGH UFSC, 2019.
57
EFE. Egito fecha pirâmides com muro de vigilância. G1, São Paulo, 9 mai. 2007 <https://bit.ly/481LRZY>.
58
HARVEY, David. Condição pós-moderna. Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo, Loyola, 2014.
59
CRAVEIRO, Rodrigo. Sonho de democracia deu lugar a regime militar opressivo. Correio Braziliense, Brasília, 11 fev. 2018 <https://bit.ly/3RwcPSC>.
60
JOHNSON, Steve. Egito perde 80% do turismo desde 2010 e é país com pior perda na década. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 mar. 2017 <https://bit.ly/47b3OnN>.
61
Ao menos 12 feridos em um atentado no Egito contra um ônibus de turistas. El País, Cairo, 19 mai. 2019 <https://bit.ly/48a2Tp0>.
62
Idem, ibidem.
63
MUELLER, Tom. Egypt´s new £889 million museum is fit for a pharaoh. National Geographic, Washington D.C, 19 out. 2022 <https://bit.ly/48sYk8G>.
64
Pyramids Plateau development project to be opened in late 2019. Egypt Today, Gizé, 4 mai. 2019 <https://bit.ly/485pp1X>.
65
LIPOVESTKY, Gilles; SERROY, Jean. Op. cit., p. 205.
66
AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas, Papirus, 1993.
67
LEECH, Nick. Between old norms and current trends lies the Grand Egyptian Museum. Syndication Bureau, Abu Dhabi, 29 mai. 2018 <https://bit.ly/4awa785>. Tradução das autoras.
68
Egito faz desfile público com 22 múmias que vão para novo museu. G1, São Paulo, 3 abr. 2021 <https://bit.ly/48mdwoR>.
69
Egito faz parada pública com múmias do século 16 a.C. que serão transferidas de museu. G1, São Paulo, 3 abr. 2021 <https://bit.ly/3NEbfwF>.
70
MUELLER, Tom. Op. cit.
71
Zahi Hawass atuou como diretor do complexo das pirâmides de Gizé e Saqqara e como Secretário Geral do Conselho Supremo de Antiguidades (atual Ministério do Estado das Antiguidades) durante o governo de Hosni Mubarak.
72
COSTA, Karine. Op. cit.
73
MUELLER, Tom. Op. cit.
74
AFP. Duas oficinas de embalsamamento descobertas no Egito na necrópole de Saqqara. Exame, São Paulo, 27 mai. 2023 <https://bit.ly/474Jpk1>.
75
EL SAWY, Nada. Most King Tutankhamun displays ready at Grand Egyptian Museum. The National, Abu Dhabi, 8 jun. 2021 <https://bit.ly/48vP0RL>.
76
Idem, ibidem.
77
JAMILLE, Márcia. Grande Museu Egípcio recebe o maior santuário do faraó Tutankhamon. Arqueologia Egípcia, Aracaju, 7 ago. 2022 <https://bit.ly/3v9fxWB>.
78
EL SAWY, Nada. Op. cit.
79
Idem, ibidem.
80
RAVELI, Nicoli. Mudança de local da múmia de Tutankhamon provoca polêmica no Egito. Aventuras na História, São Paulo, 7 mar. 2020.
81
CARMO, Mayara. A múmia de Tutankhamon será exibida no Grande Museu Egípcio? Portal Vida no Egito, 19 out. 2020 <https://bit.ly/4awLaK0>.
82
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo, Estação Liberdade, 2001.
83
RAVELI, Nicoli. Op. cit.
84
GILMOUR, Claire. Pedra de Roseta: um novo museu está reativando os apelos para devolver o artefato ao Egito. Interesse Nacional, São Paulo, 10 dez. 2022.
85
Um museu digno de faraós e muito mais. National Geographic Portugal, Lisboa, 5 jun. 2023.
86
LUPO, Bianca Manzon; COSTA, Karine Lima da. Op. cit.
87
Dossiê Grande Museu Egípcio. Unesco <https://bit.ly/41vfVuE>.
88
SOUZA, Luís Paulo. Op. cit.
89
LUPO, Bianca Manzon; COSTA, Karine Lima da. Op. cit.
90
Egypt cuts highways across pyramids plateau, alarming conservationists. The Guardian, Londres, 15 set. 2020 <https://bit.ly/3RvIqDL>.
91
Idem, ibidem.
92
MITCH, Rose. The Problem of Power and the Politics of Landscape: Stopping the Greater Cairo Ring Road. Transactions of the Institute of British Geographers, v. 32, n. 4, 2007, p. 460–476.
93
SCHOON, Nicholas. Egypt threatened over roads ‘vandalism’ near pyramids. The Independent, Londres, 19 dez. 1994 <https://bit.ly/3GTclRq>.
sobre os autores
Bianca Manzon Lupo é docente nos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo na UMC e na Uninove. Doutora e mestre em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela USP. Especialista em Museologia, Colecionismo e Curadoria pela Febasp e arquiteta e urbanista graduada pela FAU USP com passagem pelo Politecnico di Milano.
Aline de Souza Maia é pós-graduanda em Master BIM Specialist; Desenvolvimento de Projetos em BIM — BIM Manager e Gerenciamento de Obras e Tecnologia da Construção pela Univírtua. Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela UMC, técnica em Edificações pela Etec Presidente Vargas e em Administração pela Etec Ferraz de Vasconcelos.
Karine Lima da Costa é professora do curso de Museologia da UFSC. Licenciada, bacharela e mestra em História pela PUC RS, doutora em História pela UFSC e bacharela em Museologia pela UFRGS.