Auditório lotado, com muitos jovens sentados no chão dos corredores, atentos à fala do mestre.

Com simplicidade, humor e boa dose de irreverência, o mestre explicou seus principais projetos, como a catedral de Brasília, o palácio do Alvorada, a Universidade de Constantine, na Argélia, a sede da Mondadori, na Itália. E anunciou seu novo projeto: o museu da Paz, em Moscou.

Tudo isso, recorrendo a croquis desenhados a mão em folhas de papel branco, em plena era de domínio do Cad. “No Exterior, procurei mostrar não apenas a minha arquitetura mas também o progresso de nossa engenharia”. E lembrou que Le Corbusier, ao subir as rampas do Alvorada, comentou: “aqui tem intenção!”

Entre um desenho e outro, fazia comentários sobre a vida, a arquitetura e a política “O arquiteto, como cidadão, deve participar da luta política”. Aos jovens, advertiu: “ A arquitetura não é tão importante, o que importa é a vida. Mas estamos na prancheta e temos que mudar o mundo através dela!”

“Eu tive a coragem de fazer...Não posso ficar parado. Se não desenho, escrevo ou leio, agora estamos, com um grupo de amigos, discutindo até filosofia”

Ao final, José C. Sussekind, seu engenheiro calculista de tantas obras, comentou”, citando o poeta Ferreira Gullar: “Oscar ensina que a beleza é leve, essa é sua lição”! (aplausos calorosos).

E entre flashes e pedidos de autógrafos, Niemeyer deixa o palco. Conforme já comentou alguém, se fosse um encontro religioso, com certeza, Niemeyer teria sido canonizado.

notas

[publicação: maio 2003]

Tatiana Coura, Rio de Janeiro, Brasil