Estimados amigos:
A carta anexa é suficientemente clara quanto ao problema e os objetivos que se perseguem ao enviá-la à Presidência da República de Panamá. Solicitamos que a façam circular entre suas redes de amigos e colegas.
Quem quiser subscrevê-la, deve enviá-la ao seguinte endereço eletrônico: ofasin@presidencia.gob.pa
Lembro a todos que devem colocar nome e país dos signatários.
Um abraço,Carlos Morales Hendry
Diretor, ISTHMUS
carta
Excelentíssima Senhora Presidenta
Mireya Moscoso
República do Panamá
"Excelentíssima Senhora Presidenta:
É de nosso conhecimento que a reversão da antiga Zona do Canal de Panamá, além do canal propriamente dito, inclui numerosas instalações e conjuntos urbanos bem planejados. As construções compreendem residências, barracas, bares, hospitais, hotéis e um sem número de edificações para diversos usos. Grande parte destas instalações conforma extensas instalações urbanísticas, onde a coerência das edificações, sua resposta ao clima, o respeito pelo entorno natural e as generosas zonas livres os destacam como importante exemplo de arquitetura tropical e como uma das mais extensas e acertadas expressões da Cidade Jardim.
Por outro lado, também somos conhecedores que desde o momento da devolução da antiga Zona do Canal, tem se tornado evidente um acelerado processo que, caso continue, pode se prognosticar a desaparição de um dos mais maiores complexos urbanos e arquitetônicos da América Latina, processo que se reflete na demolição, no abandono e deterioração de centenas de edificações, na desfiguração daquelas que são colocadas à venda, nas interdições de fluxos que anulam o conceito de Cidade Jardim, e no surgimento de novas construções e desenvolvimentos urbanísticos que desconhecem os mais elementares conceitos do contexto que as rodeia e afetam seriamente um ecossistema respeitado por todas as intervenções anteriores.
Os esforços de algumas poucas pessoas e entidades oficiais se vêem subvertidos pelos interesses econômicos e as pressões alheias à valoração deste patrimônio. A possibilidade de resgatar e dar novos usos a importantes edificações hoje abandonadas, respeitando seu caráter e identidade, se anula frente à construção de novas instalações governamentais e a aparição de investimentos e desenvolvimentos habitacionais, comerciais e turísticos que desconhecem o valor e importância do existente.
Diante do ocorrido e do risco de desaparição de um patrimônio que transcende os limites da nacionalidade, a comunidade internacional de arquitetos manifesta sua preocupação e apela a sua Excelência como Presidenta da República de Panamá, às entidades nacionais e internacionais vinculadas à defesa do patrimônio arquitetônico e urbanístico, e aos grupos conservacionistas, para que não se economizem esforços na defesa e conservação de um legado cuja importância é de caráter mundial e o qual poderia, para honra e orgulho de Panamá, ser considerado como patrimônio da humanidade."
notas
[publicação: julho 2002]
Carlos Morais Hendry, Panamá