A idéia de utilização de “ecotrilhas” como limitadores do crescimento horizontal da Rocinha surgiu no Concurso de Idéias para Urbanização da Rocinha, quando propusemos que a favela fosse delimitada por um “anel viário”, apelido pomposo dado pela mídia para nossa proposta de cercar a comunidade, quando a topografia permitisse, com um caminho que além de definir os limites de expansão servisse de alguma forma aos moradores, facilitando sua circulação na comunidade.
Mais recentemente com a proposta do governo de utilizar muros de três metros e cercas vivas cheias de espinhos para a mesma finalidade, fomos procurados por uma delegação da Rocinha para apresentar uma alternativa que servisse não só para a Rocinha, mas também para as demais favelas.
Meu trabalho se limitou a colocar no papel o que me foi solicitado. Se a proposta tem alguma criatividade ela deve ser creditada aos meus clientes, que sabiam exatamente o que queriam.
A solução que apresentamos – e que, segundo a imprensa, fez o Governador recuar de sua decisão – é a de marcarmos os limites de expansão das comunidades com uma mureta de apenas sessenta centímetros de altura sobre a qual fixamos, alem de um corrimão para os portadores de necessidades especiais, postes de oito em oito metros para iluminar o caminho e que sempre acompanharão a mureta, com no mínimo um metro e meio de largura.
Quando for possível, aproveitando os espaços conquistados com a implantação do caminho e da mureta propomos ainda que sejam instalados brinquedos, aparelhos de ginástica, mesinhas e toda sorte de equipamentos de lazer que sirvam a comunidade.
Se assim for feito acredito que a Mata Atlântica fique protegida, bem como as crianças que não correrão o risco de cair do muro e quebrar a cabeça na tentativa de pegar uma manga na floresta que sempre serviu de palco para suas brincadeiras.
sobre o autor
Luiz Carlos de Menezes Toledo, arquiteto, mestre e doutor pelo PROARQ-UFRJ, professor da Faculdade de Engenharia da UERJ, diretor da Mayerhofer & Toledo Arquitetura, vencedor dos concursos Rio Cidade 1 – Méier (1993), Rio Cidade 2 – Irajá (1997), Projeto de Ambiente Mobiliário Urbano Baixada Viva (1997), Centro de Convenções da Área do Teleporto (2002) e de Elaboração do Plano Diretor de Urbanização da Rocinha (2006). Recebeu do IAB-RJ o título de Arquiteto do Ano em 2009.
Luiz Carlos de Menezes Toledo, Rio de Janeiro RJ Brasil