Em pleno centro histórico do Rio de Janeiro muitas ruas ainda permanecem com as suas dimensões e a sua estrutura física como eram na época colonial.
Naqueles tempos as ruas eram estreitas por diversas razões, dentre outras, pelo fato de a urbanização portuguesa na América ter sido feita à medida em que as necessidades e demandas de expansão da cidade eram exigidas por seus administradores e governantes. É preciso lembrar que havia também uma precariedade de serviços de infra-estrutura urbana e as ruas não eram pavimentadas e sequer tinham meio-fio e um sistema eficiente de escoamento de águas pluviais (se a cidade ainda sofre com as chuvas nos dias de hoje imaginem naquela época!).
Portanto, em muitas ruas da Cidade estas dimensões e escalas das ruas remanescentes da época colonial não suportam a maior praga dos nossos tempos, a saber: o automóvel.
Ruas como a rua da Quitanda, rua da Conceição, rua da Candelária e rua do Rosário não deveriam ser utilizadas por automóveis por que, simplesmente, não foram dimensionadas e planejadas para isto. Esta é uma relação impossível e predatória para a cidade.
Se pensarmos em uma cidade como Ouro Preto, por exemplo, a questão é mais abrangente ainda. Soluções existem e são possíveis mas os governos e a sociedade preferem fechar os olhos para esta questão e a cidade velha recebe cada vez mais automóveis nas suas estreitas ruas, dia a dia , ano a ano, numa equação muito difícil de entender e de explicar racionalmente.
Nas fotos ora apresentadas há o registro desta relação impossível entre o automóvel e as ruas do Rio de Janeiro colonial. O registro, de minha autoria, é do dia 03 de dezembro de 2008 na Ladeira do João Homem, no Morro da Conceição, uma dessas ruas em que, no meu modesto ponto de vista e opinião, deveria ser proibido definitivamente o tráfego de automóveis.
sobre o autor
Antônio Agenor Barbosa, Arquiteto e Urbanista, Professor Universitário.Antônio Agenor Barbosa, Rio de Janeiro RJ Brasil