Do ponto de vista da engenharia, nós temos duas referências quando tratamos de estátuas de grandes dimensões. No Brasil é a estátua do Cristo Redentor que encanta o mundo pelo seu significado, sendo o Brasil um país de predominância católica, e pela localização, o morro do Corcovado, de onde se avista toda a Baía de Guanabara. Nos Estados Unidos é a estátua da Liberdade a que mais fascina pela beleza e pelo simbolismo da chama da liberdade iluminando o mundo.
Essas obras ultrapassam a fronteira da escultura e assumem a fabulosa dimensão da engenharia integrada à arte. Não se comparam às esculturas monumentais da Ilha da Páscoa, às estátuas de Buda ou a das faces dos presidentes americanos esculpidas no Monte Rushmore, em Dakota do Sul.
Essas estátuas são sempre desafiadoras e avançam no estado da arte do mundo em que se inserem. A estátua da Liberdade representou um marco da engenharia européia do final do século XIX, com prevalência das estruturas metálicas e o acentuado reflexo na engenharia norte-americana.
A estátua da Liberdade foi um presente do governo francês aos Estados Unidos, tendo sido escolhido para fazer o cálculo estrutural o mesmo engenheiro Gustave Eiffel, que construiu a torre Eiffel de Paris. Toda a ossatura interna da estátua da Liberdade foi constituída de aço e a representação artística feita em bronze, concebida pelo escultor alsaciano Frédéric Auguste Bartholdi. Essa era a cultura que dominava a engenharia daquela época, a das estruturas metálicas. A estátua tem 47 metros de altura e foi inaugurada em outubro 1886.
A estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tornou-se um dos símbolos da cidade maravilhosa, situada no pico do Corcovado. Toda construída em concreto armado, ela mede 30 metros de altura e pesa 1.145 toneladas, tendo sido inaugurada em outubro de 1931. O Brasil ainda não dominava a tecnologia capaz de edificar uma obra com aquelas características e por isso ela foi executada na França e as partes desmontadas foram transportadas para o local da construção. Essa obra transformou-se em um marco da engenharia no Brasil.
Outras estátuas de grandes dimensões foram construídas no Brasil. A de Padre Cícero, em Juazeiro (CE), mede 27 metros de altura; a de Frei Damião, em Guarabira (PB), mede 22 metros. Agora, é inaugurada a de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz (RN), com 50 metros de altura.
A estátua de Santa Rita de Cássia é mais um desafio alcançado pela engenharia brasileira. Essa é uma obra a ser incluída no Guiness Book como a estátua católica mais alta do mundo. A estátua, com altura equivalente a um prédio de 17 andares, pesa mais de duas mil toneladas de concreto distribuídos em delgadas paredes de oito centímetros de espessura, uma magnífica conquista da engenharia.
O engenheiro Brito já está habituado a grandes desafios. Recentemente, ele executou o cálculo estrutural e a própria obra do Domus Hall, na cobertura do Manaíra Shopping, em João Pessoa. Ele conseguiu a façanha de construir uma casa de espetáculos com um vão livre 64 metros e a coberta com a forma atípica de uma onda, totalizando 6.500m² de área sem nenhuma coluna interna, com capacidade para abrigar 12 mil pessoas.
Os seus cálculos iniciam em rabiscos que lembram os de Oscar Niemeyer ou Leonardo da Vinci. Tendo iniciado a sua vida profissional nos anos 60, quando usava a régua de cálculo como instrumento básico de trabalho e hoje, apesar de dispor de moderno centro de computação, ele não perdeu a sua linha filosófica que encontra na sentença de Felix Cardelach a síntese de seu pensamento: “As estruturas não são o fruto de um cálculo, senão a plasmação física de uma intuição artística, previamente escrita em fórmulas algébricas.”
ficha técnica
Escultura original: Arquiteto Alexandre Azedo
Cálculo estrutural: Escala – Escritório de Cálculos Estruturais Ltda. Eng. Argemiro Brito da Franca e Engª. Georgina Franca Diniz
Memorial Santa Rita: Arquiteta Adriana Alves
Construtora: A. Gaspar Eng. Manuel Gaspar e Engª. Catarina Issa.
imagens
Fotomontagens com a escultura de Santa Rita em diferentes contextos, por Reginaldo Marinho.
sobre o autor
Reginaldo Marinho, pesquisador premiado com medalhas de ouro em exposições tecnológicas com projetos na área de Engenharia Civil. Prêmios conferidos em Genebra e Londres. Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.
Reginaldo Marinho, João Pessoa PB Brasil