Um artista que dispensa apresentações, com mais de meio século de dedicação ao fazer artístico, é a obra que fala e descreve uma trajetória. Mário Cravo é uma presença constante no cotidiano da cidade do Salvador, suas esculturas se destacam em praças, ruas e avenidas. Um mestre inquieto, sempre disposto a novos desafios. A passagem do tempo foi mais um estímulo e não um desânimo para esse trabalhador incansável, como podemos observar nessa exposição com trabalhos recentes.
Suas imagens depositadas na cidade circulam até nos cartões postais. Uma obra marcada pela vontade de experimentar e descobrir, com acertos e desacertos, seguindo vários caminhos, mas sem sair dos limites do campo da arte. Entre uma tendência expressionista e um despojamento cubista, uma passagem pelo universo da arte popular e da cultura afro. Um artista de diversas linguagens e uma produção respeitável, mas acima de tudo generoso e bem humorado com a vida e com a arte. Um inventor de formas movido por um ideal de liberdade diante da criação que não se rendeu ao peso do tempo.
Mais uma exposição de Mário Cravo, novas experimentações, novas coisas realizadas pelo prazer de suar e fazer. Quem disse que é fácil fazer arte? Só o artista sabe o quanto é difícil, muitas vezes doloroso, o processo de transformar uma matéria prima em obra de arte. É a dinâmica da vida. Nas mãos do artista, madeira, ferro, latão, resina, fibra de vidro, os mais diversos materiais se transformam em objetos estéticos. Os recursos técnicos são utilizados para solucionar problemas de ordem plástica e construir uma expressão poética.
nota
NE
O presente artigo é sobre a exposição Mário Cravo. Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador BA.
sobre o autor
Antônio Luiz M. de Andrade (Almandrade) é artista plástico, poeta e arquiteto.