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drops ISSN 2175-6716

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Uma viela sanitária na Barra Funda, um tanto abandonada, poderia ser uma oportunidade para um projeto de revitalização urbana, valorizando o local com beleza e funcionalidade

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MIGUEL, Iracema; ALVARENGA, Vera Maria Leme. A viela da Barra Funda. Drops, São Paulo, ano 12, n. 049.03, Vitruvius, out. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/12.049/4036>.


Viela na Barra Funda
Foto divulgação


Urbanista que somos, enquanto caminhamos, imaginamos como requalificar os espaços urbanos tão maltratados da cidade. Invejamos Paris que teve Haussman, que além de abrir artérias estratégicas na cidade, teve a preocupação de projetar beleza urbana.

São Paulo raramente teve governante que se ocupou de melhorar o conforto e a estética urbana visando o bem público.

Atravessamos diariamente um espaço existente em área nobre da cidade, que apesar de incansavelmente utilizado pelos munícipes, é ignorado pelo poder público: trata-se de viela localizada em frente ao parque da Água Branca que liga a Avenida Francisco Matarazzo à Praça onde se localiza o Terminal Barra Funda.

Consta nos mapas da cidade como viela sanitária. Não tem nome, não tem iluminação pública e até pouco tempo atrás ainda poderia ser uma promessa de beleza. É tortuosa e seu leito tem largura irregular de no máximo5 metros. Serve aos usuários do terminal acessar o morro de Perdizes e vice-versa. É sempre cheia de gente indo e vindo.

Apesar de seu uso intenso, quando a iluminação externa dos prédios vizinhos não esta funcionando, a viela fica às escuras.

Os carros transitam por ela por pura teimosia, dando a impressão de estarem em lugar proibido. Na falta da viela a alternativa para o trafego de veículos é um trajeto bem maior, uma volta de cerca de dois quilômetros que aumenta o percurso em quase meia hora nos dias de trânsito carregado.

De um lado existe o prédio de uma antiga fábrica, em tijolos aparentes, com iluminações tipo sheds e belíssima chaminé muito alta, também de tijolos de barro. Nessa construção, típica da ocupação original da região, imaginamos um mercado com lojinhas de conveniência e bares abertos para a viela, cobertos com toldos.Serviria para a população comprar suas pequenas necessidades diárias. Mas no momento, fecharam a fachada defronte à viela com chapas metálicas, acentuando aos usuários a sensação de confinamento e precariedade.

Do outro lado, o antigo galpão enorme – que já foi shopping, supermercado e salão de festas e convenções – está sendo reformado, desalojando tradicional bando de papagaios que lá habita há muito tempo.

No entorno e na Praça do Terminal os usos dos terrenos públicos e também os privados não são controlados e quando monitorados não são bem utilizados.

Por exemplo, a fábrica antiga serve de garagem para motos e automóveis e construção ao lado, abriga garagem para caminhões de transportes de valores, uso esse, fácil de atrair assaltantes que põem em risco os transeuntes.

A Praça (parte pertencente ao Memorial da América Latina) no momento está cercada com arames e o pouco espaço livre tomado por barracas privadas, que vendem produtos duvidosos. Aliás, esta é uma equivocada e nefasta política da Prefeitura de São Paulo que não resolvendo o problema dos sem tetos, gradeia nossos “espaços livres de uso público”.

Os dois gigantescos prédios da Uninove com fachada para a Praça atraem milhares de estudantes nos horários de pico, inundando os acessos do metrô, a própria Praça e seus arredores. O Campus da universidade é a Praça pública e sua infraestrutura é configurada por camelôs, e ao que parece, nunca houve preocupação com o impacto de sua instalação na vizinhança.

Os vários projetos da Prefeitura para a região da Barra Funda ignoraram a viela. Existe projeto de parque linear na rua paralela, que não resolveria o acesso à praça do terminal.

Também a Operação Urbana da Água Branca, que poderia ser um instrumento poderoso para a requalificação urbana da região, do seu sistema viário e até mesmo dos vários terrenos e galpões que restaram de outras épocas, não resulta em benefícios concretos para a população.

Voltando aos nossos projetos mentais, imaginem a beleza de uma via tipo um boulevard, que privilegiasse os pedestres, finalizando numa passarela ou passagem de nível, que fizesse a ligação entre a praça do terminal e do próprio Memorial da América Latina com o outro lado da Avenida Francisco Matarazzo: o agradável Parque  da Água Branca.

Entretanto, para nós, cidadãos, resta a sensação de que ficamos sempre com as sobras dos espaços entre os prédios, das praças gradeadas, das ruas entupidas de carros, freqüentando calçadas esburacadas e vielas abandonadas. Às vezes pensamos que trilhas rurais são mais confortáveis que as calçadas urbanas.

O mais deplorável é que com tanto espaço no local, não existe um planejamento de uso dos espaços privados e públicos que favoreça a população.

O antigo uso fabril da Barra Funda não demandava a abertura de ruas, pois os quarteirões eram formados por grandes lotes industriais.

Quem não se lembra das Indústrias Matarazzo com suas grandes chaminés no horizonte?

A requalificação dessa viela forneceria ao bairro, atualmente em total mudança de uso, um necessário espaço público de qualidade.

 A reforma do barracão de eventos nos alertou que a oportunidade da PM de alargar e qualificar o espaço em breve se perderá. A possibilidade de tornar a Viela e a Praça úteis, seguras e confortáveis à centenas de milhares de usuários diários, está se esvaindo.

Nossa observação de urbanistas ao longo do tempo, nos faz concluir que espaços e construções públicos e semipúblicos projetados com generosidade para seus usuários, fornecem a estrada de volta ao poder público, sendo protegidos e preservados pela população.

sobre as autoras

Iracema Miguel e Vera Maria Leme Alvarenga são arquitetas e urbanistas e diretoras do SASP – Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo.

Viela na Barra Funda
Foto divulgação

Viela na Barra Funda
Foto divulgação

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