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drops ISSN 2175-6716

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O projeto Amnésias Topográficas, iniciado em 2003, é retomado e desta vez busca explorar a dificuldade de se fotografar uma palafita, estrutura de concreto jamais visitada por alguém

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TEIXEIRA, Carlos M. Amnésias Topográficas 4. Drops, São Paulo, ano 13, n. 059.06, Vitruvius, ago. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.059/4451>.



Amnésias Topográficas, um projeto multidisciplinar de ocupações efêmeras de vazios urbanos iniciado em 2003 (1) foi retomado este ano a partir de um convite para expô-lo como parte de “Segue-se Ver o que Quisesse”, uma exposição de fotografias. Mas invés de buscar uma terceira colaboração com mais um grupo de teatro, Amnésias Topográficas 4 explora a dificuldade de fotografar uma palafita. Pois nem todas as palafitas são abertas, daí a ideia de continuar este projeto com a visita a um vazio de uma escuridão absoluta e radicalmente apartado da cidade.

A palafita fechada é uma tipologia mais rara e ocorre porque certas construtoras decidiram por não expor estes vazios escancaradamente, selando a estrutura de concreto com alvenaria. Infelizmente, o resultado é ainda mais catastrófico que o das palafitas abertas; ambas sendo um ruído estrondoso que só provoca a indiferença de uma cidade surda.

Mas ao menos a palafita fechada encontra uma analogia na história da fotografia, cujos primórdios é a camera obscura usada como espaço hermético escuro onde era projetada uma imagem ótica. Antes do advento da fotografia, a camera obscura era um dispositivo usado por pintores e amadores como instrumento para registrar uma imagem de forma precisa. Enquanto a palafita aberta continua à espera de qualquer outra ativação como o foram AT 1 e AT 2, a condição de escuridão da palafita fechada parece estar à espera não de um evento, mas sim da revelação de um espaço em princípio não fotografável (já que por ser uma camera obscura ela é destituída de luz, matéria prima da foto(luz) -grafia(escrita)). É como se a da palafita fechada fosse uma arquitetura cuja ambição maior é jamais ser fotografada ou sequer visitada, uma tipologia que rechaça qualquer evento, um espaço construído com o propósito explícito de nunca ser ocupado ou fotografado e onde, precisamente por todas essas resistências, a ausência da energia da luz (fótons) talvez pudesse ser compensada com a revelação de qualquer surpresa.

Amnésias Topográficas 4
Foto Carlos Moreira Teixeira

Mas, além de se prestar como objeto dessa convergência forçada entre a tipologia da camera obscura e a arquitetura de arquitetos obtusos, será que a palafita fechada é lugar para se procurar capins – essas plantas indesejadas onipresentes nos vazios da cidade? Seria possível encontrar qualquer tipo de vegetação neste breu? Existe qualquer possibilidade de vida nestes que são os mais fantásticos e mais ignorados espaços de Belo Horizonte? Sabendo que capins crescem onde menos se espera, a exploração do negrume da palafita fechada passa pela esperança de lá encontrarmos qualquer mato que desafie a equação da fotossíntese, o que evidenciaria um lado surpreendente do aspecto fotofóbico daqueles espaços.

Foi então nesta estrutura de concreto jamais visitada por alguém – nem mesmo pelos moradores do prédio que sustenta – e onde nunca houve qualquer evento que o projeto Amnésias Topográficas (= eventos efêmeros, = artes cênicas) foi retomado. O resultado são as seis fotos em formato grande apresentadas em Segue-se ver o que Quisesse (2), exposição de fotografias com curadoria do fotógrafo suíço Joerg Bader da qual participaram 39 artistas e fotógrafos.

notas

1
Ver: TEIXEIRA, Carlos Moreira; GANZ, Louise Marie. Urbanismo efêmero em amnésias topográficas. Arquitextos, São Paulo, 03.036.05, Vitruvius, maio 2003 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.036/685 >; TEIXEIRA, Carlos Moreira; GANZ, Louise Marie. Amnésias Topográficas. Palafitas e pilotis de Belo Horizonte. Drops, São Paulo, 05.009.09, Vitruvius, nov. 2004 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/05.009/1637>.

2
Exposição Segue-se ver o que Quisesse. Palácio das Artes, Belo Horizonte, maio-julho de 2012.

sobre o autor

Carlos Moreira Teixeira é arquiteto pela EA-UFMG e mestre em urbanismo pela Architectural Association. Publicou os livros História do Vazio em BH (Cosac Naify), Espaços Colaterais (Instituto Cidades Criativas) e é sócio do escritório Vazio S/A.

 

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