A exposição “Da mão à máquina” na 4ª Bienal Brasileira de Design que acontece no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, é uma demonstração da maturidade possível diante das tecnologias emergentes, em contraposição à corrida atabalhoada que ocorre diante dos nossos olhos.
Os avanços tecnológicos conseguem, sem dúvida, gerar frisson e fortalecer a sensação que tudo ainda está por ser inventado, e que são fundados novos modos de vida e novos seres-humanos a cada lançamento. É como se a cada novo aparelho, um novo mundo fosse possível, inventado naquele instante. Desconhecido e estranhamente “intuitivo”. O que causa perplexidade é a ingenuidade que envolve muitos discursos acerca das tecnologias emergentes.
Vale ressaltar que a expressão “tecnologias emergentes”, também é muito pertinente, pois amanhã serão outras, e adivinhe se estaremos experimentando seus limites?! É esse o “X” da questão: as tecnologias evoluem a ritmo acelerado, então qual é a novidade?
No caso da exposição “Da mão à máquina”, a história e o futuro caminham lado a lado. A memória e a mudança são companheiras, e não há ingenuidade no trato das possibilidades que as tecnologias emergentes apresentam, e nem por isso a exposição deixa de ser instigante e sedutora.
É possível arriscar dizer que é exatamente nesse respeito e maturidade que a exposição ganha os visitantes. Ela ajuda a fomentar uma cultura de curiosidade pelas tecnologias, mas respaldada em valores e saberes tradicionais.
Sem ser ingenuamente romântico (não esquecer as atrocidades contra o meio ambiente e comunidades locais que ocorrem no estado, devido à mineração), é possível afirmar que Minas Gerais tem muito a ensinar sobre respeito à memória e produção de valores culturais contemporâneos.
E só para concluir: a exposição pode ser registrada pelos visitantes que levarem seus “apetrechos” tecnológicos.
nota
1
Exposição “Da mão à máquina”, 4ª Bienal Brasileira de Design. Curadoria de Maria Helena Estrada. Palácio das Artes (Fundação Clóvis Salgado), de 20 de setembro a 31 de outubro de 2012.
sobre os autores
Rodrigo Luiz Minot Gutierrez é arquiteto, formado do Centro Universitário Moura Lacerda em Ribeirão Preto-SP, estudante da especialização em cultura e arte barroca pelo Instituto de Filosofia e Artes (IFAC) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), professor da Universidade de Uberaba (Uniube) e do Senac-SP.
Karyne Louise é estudante de arquitetura na Universidade de Uberaba (Uniube).