Instituído nesta edição, o Prêmio João Batista Vilanova Artigas é um reconhecimento público do Instituto de Arquitetos do Brasil / Departamento São Paulo a ações, práticas, políticas e programas de caráter público e/ou privado que venham a melhorar a qualidade de vida em nossas cidades bem como, a valorização das boas práticas em arquitetura por parte das empresas (públicas ou privadas) contratantes e, ainda, iniciativas de caráter exemplar das Escolas e Faculdades de Arquitetura no sentido de aperfeiçoamento do ensino em arquitetura e urbanismo.
A proposta é instituir um selo de qualidade, aprovação e destaque dos arquitetos do Estado de São Paulo, representados pelo Departamento de São Paulo do IAB, a ações que valorizem a contratação dos profissionais de arquitetura e sua produção, bem como, incrementem a qualidade do espaço (em escala urbana ou regional) em nosso Estado e, também, a melhoria da qualidade do ensino em nosso Estado.
Não cabe, portanto, inscrição de concorrentes.
Esta modalidade, por exemplo, poderia ter sido conferida à administração Marta Suplicy, no Município de São Paulo, pelo projeto dos CEUs – Centros de Educação Unificados, por enfrentar a demanda de escolas, na Cidade de São Paulo, de forma corajosa, criando grandes e belas escolas que contribuíram para a reurbanização de recantos sofridos da periferia e, principalmente, valorizaram o corpo técnico estável da prefeitura escolhendo um bom projeto dos arquitetos da EDIF, tendo os colegas Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza à frente.
O projeto Cidade Limpa, da administração Gilberto Kassab, que, também, numa ação corajosa, mudou a paisagem de nossa cidade contrariando fortes interesses econômicos e que, foi premiado, inclusive, na Alemanha, servindo de paradigma para ações de outras prefeituras, como por exemplo, a da Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro!
A eleição do Prêmio João Batista Vilanova Artigas 2012 enfrentou a difícil tarefa de escolher seu premiado entre várias iniciativas de grande valor para o desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo como formas de conhecimento que são indispensáveis à ação inteligente sobre as cidades.
Foram destacadas três ações:
1. A atuação da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Município de São Paulo, na gestão do Secretário Carlos Augusto Calil, professor da ECA USP, promovendo a construção, restauração e programação dos edifícios municipais dedicados à cultura tais como: a construção da Praça das Artes incluindo o restauro do Conservatório Municipal, o restauro do conjunto da Casa da Marquesa, Beco do Pinto e Casa nº 1 (Museu da Imagem) e da Chácara Lane, restauro e readequação da Biblioteca Mário de Andrade (e seu anexo) e do Pavilhão das Culturas Brasileiras (antiga sede da Prodam, último edifício do parque Ibirapuera a ser destinado à cultura), Centro Cultural Cidade Tiradentes, restauro do Teatro Municipal, reforma de várias bibliotecas distritais (e implantação de bibliotecas temáticas) e restauro dos principais teatros de periferia, entre eles, o Flávio Império;
2. No plano federal, fundação da EPL – Empresa de Planejamento e Logística pelo Governo da República, para desenvolvimento de projetos de infraestrutura, notadamente de ampliação e recuperação da malha ferroviária do país. Ação esta que, inverte de forma corajosa, a mão da política de injeção de recursos na economia, antes, baseada na captação de recursos através do estímulo ao crédito e redução de impostos, estimulando a compra pelos cidadãos de bens de consumo (linha branca e automóveis) e, agora, com a criação da EPL, o governo assume seu papel de protagonista do crescimento econômico e geração de empregos investindo grandes somas de recursos no crescimento da economia e investimentos do País, além de, redirecionar o foco da política de transportes do carro individual para o transporte coletivo! Como, amplamente divulgada nas redes sociais, a frase de um colega arquiteto: “nação avançada não é aquela em que os pobres dirigem seus carros particulares mas, sim, aquela em que os ricos utilizam o transporte público!”
3. Em sua edição inaugural, o Instituto de Arquitetos do Brasil / Departamento São Paulo decidiu conferir o prêmio João Batista Vilanova Artigas à política habitacional desenvolvida pela Superintendência de Habitação Popular / HABI, da Secretaria Municipal da Habitação da Prefeitura de São Paulo, na gestão 2005/2012 da superintendente e também secretária adjunta, arquiteta Elisabete França. Política esta que mudou o paradigma arquitetônico e urbanístico para a produção da habitação social em São Paulo.
Essa ação conceituou a habitação no sentido amplo do termo, como habitat, promovendo-a sempre como parte integrante e fundamental da construção da cidade que desejamos, tanto na reurbanização de áreas precariamente urbanizadas (cerca de 200) como na construção de novos conjuntos de moradias atendendo um universo de 200 mil famílias. Além disso, foi criado o Plano Municipal de Habitação (2009-2024), as diretrizes para projetos, os planos urbanísticos, a metodologia do trabalho social (que funciona em colaboração com as redes sociais de cada bairro).
Para isso, a Superintendência de Habitação Popular / HABI desenvolveu variadas e frutíferas frentes de discussão sobre a questão da habitação social, como inúmeros fóruns, muitos com a participação popular, cooperações com diferentes escolas de arquitetura paulistas – Mackenzie, Belas Artes e Escola da Cidade – e internacionais – Harvard, Columbia, UCLA, London Architecture e ETH de Zurique –, além de institutos de pesquisa nacionais e internacionais, divulgando nossa arquitetura em exposições internacionais de porte, como as Bienais de Veneza, Quito e Roterdã e em publicações exclusivas.
Envolvendo mais de sessenta diferentes equipes de arquitetura, contratados diretamente ou através do concurso Renova SP, logrou desenvolver inúmeros projetos de alta qualidade arquitetônica e urbana, atestada em diversos prêmios no Brasil e no exterior ao longo desses últimos anos.
Neste sentido, entendemos ser esta ação desenvolvida nos últimos dois anos a mais adequada a receber esta distinção do IAB/SP, que leva o nome de João Batista Vilanova Artigas, que, em sua atuação como arquiteto, político e professor, sintetizou este olhar com a frase: “a felicidade de um povo se mede pela beleza de suas cidades”.
nota
NE
O presente texto é uma versão revisada da ata do Prêmio João Batista Vilanova Artigas 2012 outorgado à arquiteta Elisabete França pela Diretoria Gestão 2012/2013 do Instituto de Arquitetos do Brasil / Departamento de São Paulo, presidida pelo Arquiteto José Armênio de Brito Cruz. A ata original foi redigida no dia 06 de novembro de 2012 e a comissão organizadora da premiação IAB/SP 2012 foi constituída pelos arquitetos Débora Frazatto, Roberto Portugal Albuquerque e Pedro Mendes da Rocha (coordenador).