A família de João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) doou desenhos do arquiteto para o acervo de arquitetura latino-americana do Museu Nacional de Arte Moderna do Centro Pompidou. Os trabalhos chegaram a Paris nesta semana.
Foram escolhidas para compor a coleção e figurar no catálogo da instituição as seguintes obras: Edifício Louveira (São Paulo SP, 1946/1948); Casa Baeta (São Paulo SP, 1956); Vestiários do São Paulo Futebol Clube (São Paulo SP, 1960); Garagem de barcos do Santa Paula Iate Clube (São Paulo SP, 1961); Faculdade de Arquitetura e Urbanismo USP (São Paulo SP, 1961/1969); Casa Elza Berquó (São Paulo SP, 1967) e Estação Rodoviária de Jaú (Jaú SP, 1973).
O conjunto de desenhos doados tem um interesse particular. Foi uma seleção feita pelo próprio Artigas, entre seus cerca de 700 projetos, para uma pequena exposição didática que ele mesmo organizou nos anos 1980. São 31 desenhos à mão livre de tamanhos variados realizados especialmente para a mostra.
Foi doado também o anteprojeto para a Rodoviária de Jaú, que contém um desenho à mão livre da implantação do edifício, feito em caneta hidrocor e seis pranchas de desenhos técnicos do edifício.
Sobre Vilanova Artigas
Admiro os poetas.
O que eles dizem com duas palavras
a gente tem que exprimir com milhares de tijolos.
O arquiteto João Batista Vilanova Artigas, nasceu em Curitiba PR, em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo e se formou arquiteto na Escola Politécnica da USP, em 1937. Foi fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1948, na qual liderou, mais tarde em 1962, um movimento para a reforma de ensino que influenciou outras faculdades de arquitetura no Brasil inteiro. Foi membro do Partido Comunista e militante de movimentos populares e, por isso, perseguido pela ditadura militar, tendo sido cassado em 1969 por força do AI-5. Sua obra foi duas vezes premiada internacionalmente (Prêmio Jean Tschumi, 1972; e Prêmio Auguste Perret, 1985, este póstumo). A arquitetura que produziu foi reconhecida, por alguns críticos, como uma verdadeira "escola", a chamada "Escola Paulista". Dentre os 700 projetos que produziu durante sua carreira, destacam-se: Edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos; Passarelas Urbanas; escolas públicas; Estádio do Morumbi; clubes; sindicatos; edifícios de apartamentos e casas.
nota
NE
A incorporação de originais de Vilanova Artigas no Musée National d’Art Moderne – Centre Création Industrielle do Centro Pompidou faz parte de projeto de montagem de acervo de arquitetos brasileiros, que já conta com originais de Paulo Mendes da Rocha, Décio Tozzi, João Walter Toscano, Oswaldo Bratke, Marcos Acayaba, Brasil Arquitetura e Bacco Arquitetos. O projeto é coordenado pela arquiteta Valentina Moimas e teve como resultado uma exposição individual de Paulo Mendes da Rocha (2011) e, em breve, uma coletiva (2013). Sobre o acervo, ver:
GUERRA, Helena. Visite chez Paulo Mendes da Rocha. Cais das Artes, Vitória, Brasil, 2006. Projetos, São Paulo, n. 11.127.05, Vitruvius, ago. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.127/3990>.
MOIMAS, Valentina. Paulo Archias Mendes da Rocha (1928, Vitória ES Brasil). Drops, São Paulo, n. 11.043.02, Vitruvius, mar. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.043/3820>.
sobre a autora
Laura Artigas (diretora e roteirista) é jornalista formada pela PUC-SP, estudou roteiro de cinema em Buenos Aires, onde frequentou o curso “Escribir Cine”, ministrado pelo premiado diretor Juan José Campanella e pela roteirista Aída Bortnik. Atua no mercado audiovisual desde 2007. Foi roteirista do programa GNT Fashion/ Canal GNT, story producer no reality show “Perdidos na Tribo”/ Band, entre outros projetos para TV e internet.