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drops ISSN 2175-6716

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Texto curatorial de Catherine Otondo sobre a exposição “Paulo Mendes da Rocha & L’Architecture Moderne au Brésil”, em exibição na Maison d´Architecture de Genebra, Pavillon Sicli, 23 de Maio a 28 de junho de 2018.

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OTONDO, Catherine. O olhar de Paulo Mendes da Rocha. Exposição na Maison d’Architecture de Genebra. Drops, São Paulo, ano 18, n. 129.07, Vitruvius, jun. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/18.129/7050>.



Dentro da proposta apresentada pela Maison d’Architecture para este ano de comemorações – 10 ans 10 regards –, apresentamos a obra de Paulo Mendes da Rocha, arquiteto brasileiro, a partir da exposição do seu discurso.

Assim, esta é uma exposição de ideias.

Para Paulo Mendes da Rocha arquitetura é uma forma de conhecimento que inventa os espaços a partir da ideia fundamental da transformação dos território em lugares habitáveis e compartilhados, ou seja, as cidade.

As cidades representam talvez a maior conquista dos homens sobre o planeta. Elas nascem pelo desejo fundamental da instalação da vida sobre o território, que se faz possível pela transformação da natureza, entendida não como paisagem mas como um conjunto de fenômenos: cursos d’agua, movimento de terra, disposição das pedras, geração de energia, que bem arranjados permitem que sobrevivamos, bem ou mal, neste mundo cada vez mais urbano.

Assim os edifícios construídos por ele são ações sobre o espaço que modificam o sentido original do lugar; não são objetos autorreferentes e sim instrumentos da construção de cidade, “como as pedras são para as catedrais”.

Quando o edifício é pensado isoladamente, diz Paulo, não atinge sua liberdade arquitetônica, ao contrario representa certa incompreensão, ou incapacidade de compreender os horizontes mais amplos do fazer arquitetônico.

Horizontes largos que permitem pensar em uma nova configuração de ocupação para o território das Américas, não mais atrelada a ocupação desastrosa do colonialismo, mas a partir de um pensamento que tem na geografia sua matriz. Horizontes que repudiam a ideia de um mundo dividido entre o meu e o seu, o privado e o público.

Para realizar seus projetos o arquiteto desenha o lugar revertendo seu sentido original para uma proposição completamente nova. O programa de necessidades, a matéria, a norma, os limites do lote, são apenas dados do problema e não a sua razão de ser. Agindo assim o apresenta pela sua colocação, e não sua solução.

As obras expostas aqui, requerem o olhar daquele que se intriga com o feito do outro, não podem ser lidas rapidamente com imediatismo, de quem apenas olha coisas, pois se apresentam, não por uma estética particular, mas um modo de pensar.

O estimulo, ao fazer a curadoria desta mostra, é tornar evidente esta relação entre pensar e fazer, apresentando a equivalência do discurso à tangibilidade do espaço construído.

Para isso tivemos o cuidado de redesenhar alguns projetos, expandindo os limites do desenho estrito do edifício para seu contexto urbano, mais amplo, a qual por vezes é chave da ação projetual do arquiteto.

Cada projeto é uma oportunidade de reflexão ampla: uma casa, como a Millan, não é apenas o abrigo de uma família, mas um discurso sobre a propriedade privada na cidade. Um museu como a Pinacoteca, é uma reflexão sobre como um edifico pode – e de fato o faz – articular lugares distintos da cidade, a estação de trem o parque, e a avenida.

No mundo contemporâneo onde a arquitetura flerta com a pirotecnia e o entretenimento, a obra de Paulo Mendes da Rocha apresenta um modo distinto de ver e fazer projetos; daquele que não está em busca de algum estilo estético ou qualquer linguagem, mas sim de um modo oportuno e consciente de ocupar o planeta, que é tão pequeno e frágil. No seu fazer arquitetônico, há uma dimensão ampla e generosa, onde cabe imaginar uma cidade para todos. Aqui, arquitetura está próxima da sua razão de existir enquanto arte e técnica, porque trata da construção do amparo da vida, na disposição dos espaços de encontro, da escola, do transporte, do cuidado com o equilíbrio do meio ambiente, na ocupação inteligente do território.

Ideias oportunas para nossos tempos, não utópicas, mais de esperança, daquele que vê na arquitetura a possibilidade de criar lugares livres e belos, justos e porque não, comoventes.

notas

NE – Texto curatorial da exposição Paulo Mendes da Rocha & L’Architecture Moderne au Brésil. Curadoria de Catherine Otondo (Base Urbana) e projeto expográfico de Beatriz Marques, Guilherme Pianca e Nilton Suenaga (Sabiá Arquitetos e Pianca+Urano). Maison d´Architecture de Genebra, Pavillon Sicli, 23 de maio a 28 de junho de 2018.

sobre a autora

Catherine Otondo é arquiteta e doutora em arquitetura (FAU USP, 1993 e 2013) e professora na FAU Mackenzie.

Exposição Paulo Mendes da Rocha & L’Architecture Moderne au Brésil, cartaz de divulgação, curadoria de Catherine Otondo, Maison d´Architecture de Genebra, 2018
Imagem divulgação

 

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