Esta coleção de estampas busca oferecer um panorama do pensamento e do ofício num locus de trabalho específico, a Casa da Gravura, um espaço situado no bairro da Pampulha, e fora do campus da Universidade Federal de Minas Gerais. Este atelier é destinado especificamente às práticas da Xilogravura, Serigrafia, Litografia e Gravura em metal, além da disciplina específica de Impressão, compondo assim o ideário de uma escola gráfica.
Para esta mostra apresentam-se obras que ilustram uma linha de pensamento e uma postura ética da gravação e impressão em gravura em metal. Tal alinhavo afirma-se por uma recorrência de pesquisas técnicas e da relação destas com as imagens que acabam por se consolidar em poéticas. Desta forma, uma maneira de gravar aflorou, como resultado de certas afinidades e procedimentos.
Em paralelo às atividades didáticas, neste espaço desenvolvem-se pesquisas, inclusive de professores e de ex-professores da UFMG, além de muitos alunos e ex-alunos que frequentam e debatem sua produção em paralelo ao currículo institucional. Tal procedimento, que mescla ensino e prática de atelier, confere um caráter dinâmico a este espaço de trabalho, um ambiente onde se mesclam fazer e pensar.
O que se destaca neste cenário é a tradição da gravura, mantida pelo respeito à certas forças vitais alheias às facilidades e modismos. No contexto das Belas Artes, o desenho, o repertório histórico e o conhecimento técnico da arte de gravar e imprimir, apresentam-se como um desafio num quadro de possibilidades de imensa riqueza.
Para compor esta mostra panorâmica foram convidados alguns artistas, já sabendo das limitações de toda seleção, mas procurando manter um recorte representativo desta maneira de fazer gravura. São eles: Maria do Céu Diel, Afrânio do Prado Ornelas, Paulo Pardini, George Rembrandt Gutlich, Thomaz Carvalho Lima, Alê Fonseca, Julia Mello, Daniel Pizani, Manasés Cavalcanti e Felipe Florencio.
Pelas estampas aqui presentes pode-se averiguar um testemunho da vida das imagens engendradas sobre as pranchas de cobre, de imagens que despertam como formas de deleite, de pensamento, mas sobretudo dão testemunho da força e do apelo das gravuras em metal.
notas
NE – Texto curatorial da exposição O estado da arte no ofício – gravura em metal no atelier da UFMG, curadoria de George Gutlich, Galeria Graphias Casa da Gravura, São Paulo, de 15 de setembro a 27 de outubro de 2018. Gravuras de Afrânio Ângelo do Prado Ornelas, Alê Fonseca, Daniel Pizani, Felipe Florêncio, George Rembrandt Gutlich, Julia Mello, Manassés Muniz Cavalcanti, Maria do Céu Diel, Paulo Pardini, Thomaz Carvalho Lima.
sobre o autor
George Rembrandt Gutlich (São José dos Campos, 1968) é pós-doutor pela Universidade de Lisboa, doutor pela Unicamp. Professor adjunto de gravura em metal da Escola de Belas Artes da UFMG. Artista gravador atuante desde os anos 1980. Sua formação está ligada a Marcello Grassmann e Claudio Mubarac e Evandro Carlos Jardim, além do próprio pai, Johann Gutlich. Premiado no ultimo salão de arte contemporânea de Santo André (2017) e homenageado com exposição retrospectiva no Museu da Xilogravura de Campos do Jordão e com o premio Artista do Ano – 2018.