Definição
A palavra “Grafite” deriva do vocábulo italiano “graffito”, que significa literalmente “escrita feita com carvão”.
Quanto à técnica do grafite, a mesma pode ser executada de duas maneiras:
- spray art, elaborado com o uso de spray, geralmente de forma mais rápida, utilizando formas e/ou palavras simples;
- stencil art, a partir de moldes com formas recortadas que são dispostas no local desejado (muro, teto, piso) e recebem a tinta spray. A tinta passa pelos orifícios do desenho, o qual é retirado em seguida.
Grafite versus pichação
Grafite representa a arte urbana e tem uma conotação positiva, enquanto a pichação se trata de vandalismo/destruição do espaço público, e caracteriza-se por “poluição visual” (1) de um elemento construtivo (muro, monumento, viaduto, mobiliário urbano etc.), o que impacta diretamente na paisagem urbanizada.
Um passeio por grafites da América Latina
Centros urbanos vêm cada vez mais valorizando o trabalho dos grafiteiros que destacam suas raízes culturais, seus costumes e crenças de forma colorida, viva e turística. Pontos atrativos se formam a partir de enormes painéis, e áreas antes abandonadas ganham vida e o fluxo intenso de pessoas.
Nos trabalhos artísticos de La Paz, na Bolívia, é visível o destaque que se dá a figura da cholita – mulheres indígenas ou mestiças bolivianas que vestem chapéu-coco, pollera (saias plissadas e em camadas), blusas ou chaquetillas e mantas sob os ombros, de macramê, vicunã ou alpaca, às vezes com bordados.
Símbolo de tradição do povo boliviano, as cholitas sentem orgulho de manter a cultura e são figura presente no cotidiano de toda a Bolívia.
Em Caminito, Bairro da Boca, Buenos Aires/Argentina existem inúmeros grafites decorando os antigos armazéns e encantando turistas do mundo inteiro pelo colorido e irreverência dos trabalhos.
Em Cusco/Peru alguns trabalhos expõem os fatos históricos desta cidade, que literalmente respira história da civilização inca. Abaixo, em destaque imenso painel que mostra as batalhas entre os nativos (incas) e o colonizador espanhol.
Em Assunção, capital do Paraguai, a característica marcante na arte urbana tem intrínseca relação com os costumes indígenas, já que grande parte da população tem suas raízes na miscigenação do colonizador europeu com os povos remanescentes, assim como em outros países latino-americanos.
nota
1
NE – a opinião da autora não é seguida pela editoria do portal Vitruvius, que entende que a pichação é uma manifestação legítima de jovens da periferia, conforme é explicitado em algumas matérias publicadas por nós. Contudo, como veículo democrático, o portal abre espaço para os mais variados pontos de vista. Ver sobre o tema:
FILARDO, Pedro. Pichação (pixo). Histórico (tags), práticas e a paisagem urbana. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 187.00, Vitruvius, dez. 2015 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.187/5881>.
JAYO, Martin. Olhai por nóis. Uma falsificação arquitetônica se reveste de verdade. Minha Cidade, São Paulo, ano 18, n. 213.03, Vitruvius, abr. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/18.213/6945>.
LASSALA, Gustavo; GUERRA, Abilio. Cripta Djan Ivson, profissão pichador. “Pixar é crime num país onde roubar é arte”. Entrevista, São Paulo, ano 13, n. 049.04, Vitruvius, mar. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/13.049/4281>.
LASSALA, Gustavo. Cripta Djan, em nome do pixo. Sobre o pichador que virou artista. Drops, São Paulo, ano 17, n. 110.09, Vitruvius, nov. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.110/6299>.
LASSALA, Gustavo. O que a pixação tem a dizer. Drops, São Paulo, ano 14, n. 075.02, Vitruvius, dez. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/14.075/4989>.
sobre a autora
Adriana Idalina Rojas Gutierrez é arquiteta e urbanista. Funcionária pública municipal. Pós-graduada em Gestão da Drenagem Urbana – FAENG/ UFMS. Aficionada por viagens culturais.