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drops ISSN 2175-6716

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Ethel Leon esclarece caso sobre a relação entre o designer Jorge Zalszupin e a Marcenaria Etel, e comenta a difícil questão da autoria na área do design.

how to quote

LEON, Ethel. Duas Et(h)el, Jorge Zalszupin e Julio Katinsky. Sobre a autoria no design. Drops, São Paulo, ano 22, n. 172.02, Vitruvius, jan. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/22.172/8392>.



Deve ser a segunda ou terceira vez que tento corrigir essa história mal contada. Ethel (eu), Jorge Zalszupin-Etel Carmona. De quebra, Julio Katinsky.

Mais uma vez, a relação Jorge Zalszupin/Marcenaria Etel aparece meio truncada, agora em matéria da revista Piauí (1), da qual, aliás, gosto muito. Alunas e ex-alunos me escrevem a respeito, daí a necessidade de clarear o episódio.

Em 2005 mostrei para Etel Carmona foto da poltrona dinamarquesa de Zalszupin, dizendo-lhe que achava a peça muito apropriada para que ela reproduzisse. Eufórica, ela me respondeu que tinha a peça em sua oficina e que não a fabricara por desconhecer a autoria. Me propus a apresentá-la a Jorge Zalszupin.

Ele morava bem perto do showroom da empresária e eu havia catado sua dispersa papelada ao entrevistá-lo alguns anos antes. O arquiteto me pedira ajuda para expor seu trabalho de artes plásticas e cheguei a entrar em contato com duas galerias, sem êxito. Eu suspeitava que ele teria melhor aceitação como designer de móveis. Apresentei-o a Etel e daí nasceu forte parceria entre os dois. Só isso, saí de cena imediatamente.

Em momento algum afirmei que o designer estava “doentinho”, ou algo do tipo, mesmo porque ele não estava! Quem me conhece sabe que não faz meu gênero.

Episódio 2, omitindo alguns anteriores, desagradáveis, mas que envolvem só a mim. Há alguns anos, Julio Roberto Katinsky, meu orientador de mestrado e mestre, me ligou, pedindo que eu interviesse, pois móveis que ele desenhara no l’Atelier (onde trabalhou, bem jovem) estavam sendo produzidos e comercializados pela Marcenaria Etel, sem sua licença, sem que ele houvesse recebido por isso.

Fui até a loja, conversei com a filha de Etel, expliquei-lhe a situação e novamente saí de cena. Julio Katinsky contratou advogado, os móveis deixaram de ser comercializados, mas ele nunca recebeu um tostão pelas vendas realizadas nem um pedido de desculpas. Nada.

Katinsky tem sua vida profissional muito bem documentada, a mesa que projetou foi publicada na revista Habitat e ele, com sua honestidade intelectual a toda prova, nunca escondeu que se apoiou nas soluções do finlandês llmari Tapiovaara, alcançando, a meu ver, melhor resultado.

Impressionado com o êxito comercial da peça de Julio Katinsky, feita para a inauguração da l’Atelier, Zalszupin passou a produzi-la e, em seguida, lançou seu modelo Pétala (e outra com porta-revistas), que parte do mesmo princípio construtivo.

Recentemente, pessoas ligadas a Julio Katinsky me disseram que suas peças voltaram a ser comercializadas, sem licença, na Etel. Não verifiquei.

É tudo muito curioso: a família Zalszupin acusa várias pessoas de copiá-lo, inclusive a designer Isabela Vecci, que redesenhou um banco seu, explicitando tratar-se de homenagem ao arquiteto.

No entanto, se passarmos os olhos pela produção do l’Atelier, encontraremos várias peças claramente ”inspiradas” (detesto a palavra) em outras. A própria dinamarquesa, e eu disse isso a Jorge Zalszupin, deveria se chamar poltrona Finn, pois é uma reinterpretação da poltrona NV-45, de Finn Juhl, designer dinamarquês.

Sou completamente contrária à postura detetivesca/policial de tratar similaridades no design. Creio ser importante reconhecer referências e, sobretudo, observar as trocas e transferências culturais entre designers de distintas culturas.

Ao mesmo tempo, considero importante saber reconhecer as linhagens, certa genealogia da produção. E garantir licenças e pagamentos autorais quando devidos.

Espero que seja a última vez em que explico essas histórias sempre mal contadas. Mais do que o envolvimento de meu nome, me aborrece ver que a produção de Julio Katinsky é apropriada por terceiros.

Acima, as poltronas Dinamarquesa e NV 45 de Jorge Zalszupin e Finn Juhl; a seguir, as mesas quadradas, de Julio Katinsky e de llmari Tapiovaara. Sim, se alguém reconhece esta peça como de Jorge Zalszupin, ele também produziu uma muito assemelhada.

notas

NE – artigo originalmente publicado na página Facebook da autora.

1
COSTA, Ana Clara. A onda Zalszupin: o boom dos móveis do designer, nascido há cem anos. Piauí, n. 184, jan. 2022 <https://bit.ly/34FL19v>.

sobre a autora

Ethel Leon é pesquisadora e professora na área de história do design brasileiro, e autora dos livros Memórias do design brasileiroIAC – Primeira Escola de Design do BrasilMichel Arnoult, design e utopia – móveis em série para todos Design brasileiro – quem fez, quem faz.

 

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