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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Rodrigo Queiroz, professor da FAU USP, comenta as representações de São Jorge e o Dragão em duas pinturas de Paolo Ucello.

how to quote

QUEIROZ, Rodrigo. Os dragões de Paolo Uccello. Drops, São Paulo, ano 23, n. 188.02, Vitruvius, maio 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/23.188/8787>.



O dia de São Jorge me vez lembrar do pintor italiano Paolo Uccello. Ousaria dizer que São Jorge está para Uccello assim como São Francisco está para Giotto. Com uma produção notabilizada pelas obras realizadas entre as décadas de 1440 e 1460, Uccello é um típico artista do Quattrocento e, não a toa, se dedicou ao estudo da perspectiva.

Para alguns autores, os dragões de Uccello são as figuras que melhor expressam seus estudos perspectivos, que também aparecem no desenho de objetos isolados. A "assinatura" dos dragões de Uccello são os círculos que o artista coloca nos gomos das asas desse animal mitológico. Na versão imediatamente anterior à mais consagrada, Uccello representa o dragão como uma figura vista de um lado só, sendo assim só conseguimos ver uma das suas asas, que se apresenta quase que inscrita em um plano vertical. Consequentemente, os círculos na asa aparecem verdadeiramente como círculos perfeitos.

Já na pintura mais conhecida de Uccello sobre São Jorge e o dragão, notem que as asas não se encontram planificadas (como na pintura anterior), mas em planos oblíquos. E esse é o ponto. Os círculos, antes representados em projeção ortogonal, agora são representados em perspectiva. Nossa mente sabe que são círculos (agora aros ou anéis), mas nosso olho vê figuras de traçados elípticos e de amplitude variada, uma para cada gomo da asa.

Acredita-se que essa seja a primeira pintura na qual aparecem círculos pintados em perspectiva. Notem que não são representados sobre um mero plano convergente, mas sobre planos de obliquidade variável, quase orgânica (afinal, estamos vendo a asa de um dragão e não o plano vertical de uma parede ou plano horizontal de um piso ou de um teto em perspectiva).

Esses segredos entrevistos nas obras daqueles que se dispuseram a trazer para o plano a profundidade do mundo (mesmo quando esse mundo é uma imagem ficcional) é mesmo fascinante, pelo menos para mim.

nota

NE – texto publicado originalmente na página Facebook do autor.

sobre o autor

Rodrigo Queiroz é arquiteto (FAU Mackenzie, 1998), licenciado em Artes (Febasp, 2001), mestre (ECA USP, 2003), doutor (FAU USP, 2007) e professor livre-docente do Departamento de Projeto da FAU USP. Curador de exposições de arquitetura moderna, tais como “Ibirapuera: modernidades sobrepostas” (Oca, 2014/2015), “Le Corbusier, América do Sul, 1929” (CEUMA, 2012), “Brasília: an utopia come true”, (Trienal de Milão, 2010) e “Coleção Niemeyer” (MAC USP, 2007/2008).

 

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