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drops ISSN 2175-6716

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A exposição “Terra”, curada por Gabriela de Matos e Paulo Tavares, instalada no Pavilhão do Brasil, ganhou o Leão de Ouro pela melhor “participação nacional” na 18a Mostra Internazionale di Architettura da Biennale Architettura 2023.

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GRANDE, Nuno. Contradições ideológicas na Bienal de Veneza. Exposição brasileira “Terra” ganha o Leão de Ouro na mostra de arquitetura. Drops, São Paulo, ano 23, n. 188.04, Vitruvius, maio 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/23.188/8814>.



É interessante o modo como o Modernismo (do europeu ao brasileiro) vem sendo interpretado ao longo do último século.

De movimento de vanguarda (em 1922, em São Paulo), olhado como grande gesto inovador e libertador, também do passado colonial, torna-se, na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, em símbolo do colonialismo, do paternalismo e do extrativismo liderado pelas elites brancas na África e no Brasil.

A exposição “Terra”, curada por Gabriela de Matos e Paulo Tavares no Pavilhão do Brasil da Bienal de Veneza, procura precisamente realizar essa desconstrução simbólica, usando Brasília como exemplo.

Não deixa também de ser irônico que, no espaço de uma semana, enquanto em Veneza se desmonta essa simbologia do Moderno brasileiro, em Portugal se celebre a obra heroica de Paulo Mendes da Rocha, em uma exposição a inaugurar na Casa da Arquitectura, em Matosinhos.

Contradições ideológicas dos tempos em que vivemos.

nota

NA – A exposição “Terra”, instalada no Pavilhão do Brasil, ganhou o Leão de Ouro pela melhor “participação nacional” na 18a Mostra Internazionale di Architettura da Biennale Architettura 2023, que acontece em Veneza de 20 maio a 26 de novembro de 2023, com o tema geral “Laboratório do futuro”. Exposição Terra/Earth. Comissário: José Olympio da Veiga Pereira, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Curadores: Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Participantes: Ana Flávia Magalhães Pinto, Ayrson Heráclito e Day Rodrigues, com a colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva; Fissura collective; Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Juliana Vicente; Mbya-Guarani povos indígenas; Tukano, Arawak e Maku povos indígenas; Alaká Weavers (Ilê Axé Opô Afonjá); Thierry Oussou; Vídeo nas Aldeias. Giardini Napoleonici di Castello, Pavilhão do Brasil, Veneza, Itália.

sobre o autor

Nuno Grande, nascido em Luanda, é arquiteto (Universidade do Porto, 1992), doutor em arquitetura (Universidade de Coimbra, 2009) e professor associado do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Organizou exposições sobre Arquitectura Portuguesa em Portugal, Brasil, Itália e França, dentre elas a 15ª Bienal de Arquitectura de Veneza, em 2016.

Pavilhão do Brasil, exposição Terra, curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares, 18a Mostra Internazionale di Architettura da Biennale Architettura 2023
Foto Rafa Jacinto [Fundação Bienal de São Paulo]

 

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188.04 exposição
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