Build up, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, Atrás do porto tem uma cidade, Fruto proibido, Entradas e bandeiras, Rita Lee (Mania de você), Rita Lee (Lança perfume), Saúde, Rita Lee e Roberto de Carvalho, Baila comigo, Flerte fatal, Rita Lee (Todas as mulheres do mundo), Santa Rita de Sampa, A marca da zorra, Acústico MTV, e vou parando por aqui… Esses são alguns dos discos da minha coleção, que listo agora de memória.
Sem falar nos livros, artigos e entrevistas guardados de jornais, revistas, fanzines. Também incontáveis shows, aqui em Vitória, no Rio de Janeiro, em Curitiba — na Pedreira Paulo Leminsky, com todo mundo cantando o refrão: “Quero o essencial da vida/ quero ser normal, em Curitiba!” Ali, Rita abriu para ninguém menos que o camaleão David Bowie.
Li, vi e ouvi muitas entrevistas dela, e destaco apenas uma neste texto, tão somente porque o seu agradecimento final me marcou muito. Da sala da entrevista, via-se o centro da grande capital paulista, e Rita Lee agradeceu à Bruna Lombardi, virou-se para as janelas e disse: “Obrigada, São Paulo!”
“Obrigada, Rita!” — É o que São Paulo certamente respondeu. Obrigada, Rita, eu agradeço agora! Obrigada, muito obrigada, por tanta diversão, tanto ensejo para pensar e repensar, reformular coisas e mundos, presentes, passados, futuros. Mais, ainda, muito obrigada por me fazer viajar por tantas cidades.
Uma cidade de noite tranquila — “Quando a lua apareceu/ ninguém sonhava mais do que eu”, cantou você, “Tal como quem, absorto/ entre as ideias goza um tépido conforto”, diria Baudelaire.
Várias cidades míticas… “Atlântida/ Reino perdido/ de ouro e prata/ misteriosa cidade” […] Desde o Oiapoque/ até Nova York se sabe/ que o mundo é dos que sonham/ que toda lenda é pura verdade” […] “Suspenderam os jardins da Babilônia” […] “Bagdá/Jardim de Alá/ Bahamelahaulahaime”…
Receba o meu beijo, Rita. Sei que você seguirá por muitas delas, como tão bem cantou, em sua sábia música Meio fio:
“Mas sigo meu destino
Num yellow submarino
Acendo a luz
Que me conduz
E os deuses me convidam…
Para dançar
No meio fio
Entre o que tenho
E o que tenho que perder
Pois se sou só, eu só
Flutuando no vazio
Vou dando voz ao ar
Que receber”
sobre a autora
Eliane Lordello é arquiteta e urbanista (Ufes, 1991), mestre em Arquitetura (UFRJ, 2003) e doutora em Desenvolvimento Urbano na área de Conservação Integrada do Patrimônio Histórico (UFPE, 2008). Servidora pública municipal há trinta anos, atualmente trabalha na Coordenação de Revitalização Urbana da Secretaria Municipal de Desenvolvimento da cidade. Colaboradora e integrante do Corpo Editorial do periódico Arquitextos, publica neste portal desde o ano de 2004.