Antônio Agenor de Melo Barbosa: Ao longo da sua carreira quais os projetos que o senhor considera os mais importantes? Poderia nos falar um pouco sobre o contexto geral em que cada um deles foi desenvolvido?
Fernando Chacel: Eu tenho um grande apreço por todas as intervenções que fiz na Barra da Tijuca, mas eu ainda tenho muito por fazer, de forma que quero olhar para frente e quem sabe o meu principal projeto ainda não está por fazer? Eu penso um pouco assim. Eu tenho uma grande preocupação de olhar em volta e poder ver que, com toda esta experiência que já acumulei, eu não parei. Ainda tenho muito por fazer e isto é que me anima. Tenho esta consciência, sem nenhum tipo de cabotinismo eu te falo isto. Eu sinto isto dentro de mim talvez porque eu tenha um certo grau de volubilidade em relação aos projetos que, à medida que eles vão se realizando eu já estou pensando no próximo. E o pessoal aqui do escritório até reclama muito comigo dizendo: “Pois você gostava tanto deste projeto agora que está quase pronto não está mais preocupado com ele?”
AAMB: As intervenções paisagísticas são obras que necessitam de manutenção constante. Em que condições de manutenção e de preservação se encontram as suas principais obras? O senhor costuma acompanhá-las depois de prontas ou deixa a cargo do cliente ou do poder público? Costuma reclamar com as autoridades a respeito da manutenção de suas obras?
FC: Ao contrário da obra arquitetônica em que findada a obra o edifício terá que resistir ao tempo, a obra do paisagista é diferente, pois você não concebe um projeto para que ele resista ao tempo, mas para que ele se realize no tempo. E isto é muito complicado aqui no Brasil por diversas razões. As condições de manutenção por conta disto são fundamentais. Mas em geral as minhas obras não estão em boas condições de preservação e de manutenção. Obviamente eu estou me referindo às obras públicas, pois o que já fiz em áreas privadas me parece que estão em melhores condições.