Érico Costa: Programas novos como o “Célula Urbana” baseiam-se em princípios de auto-sustentabilidade e auto-gestão. Como se pode gerar um comércio interno expressivo que possibilite o aumento da renda dos favelados? Baseia-se em bens de serviço, consumo ou artesanato? Como estariam agrupados? Em cooperativas ou autônomos?
Jozé Cândido de Lacerda: O “Célula Urbana” não é desenvolvido aqui, e sim pela equipe dos arquitetos Lu Petersen e Dietmar Starke e nós só tomamos conhecimento. É claro que a idéia é um pouco de cada coisa do que você falou. A idéia da célula é exatamente a multiplicação. É você criar uma célula auto-sustentável e depois começar a multiplicar essa célula. É uma experiência que eu acho que vai dar certo.
EC: A “Celula Urbana” tem alguma fundamentação científica?
JC - Claro que sim. Tem inclusive a participação da Bauhaus.
EC: Teria que ter um dinheiro inicial grande?
JCL: Não. Se você cria uma célula pequena e cria uma produção sustentável, você começa a “contaminar” as outras até virar uma cadeia.
EC: Elas teriam condição de consumir a própria produção? Se teriam porque já não o fazem hoje?
JCL: Não o fazem porque as comunidades não têm a instrução de fazer. Falta apoio técnico para dizer o que fazer e como fazer.
EC: Sabendo que a remoção das moradias em comunidades faveladas é a última opção das políticas de intervenção em favelas, como garantir que elas não cresçam indefinidamente invadindo áreas de preservação ambiental ou de risco?
JCL: Através da cerca que comentei anteriormente. Quem invadir a área demarcada vai ficar sem água, sem esgoto e terá que ser removido.