Entrevista com Maria Lúcia Petersen
Érico Costa & Luciana Andrade
Desde o fim do século XIX, as camadas mais pobres da população, sem opção de moradia próxima a seu local de trabalho, passaram a se aglomerar nas encostas de morros ou a beira de rios, locais sem infra-estrutura para a habitação. Assim surgiram as primeiras favelas e sua dependência econômica, política e social com os bairros do entorno.
A partir dos anos 50, definiu-se uma primeira etapa para a solução do que se considerava um “problema”: as remoções. No entanto, com o passar do tempo, as remoções se mostraram enviáveis devido aos altos custos do empreendimento e partiu-se então para uma alternativa mais democrática aonde se concederia às favelas um mínimo de infraestrutura urbana. É neste contexto que são criados os projetos de Urbanização Comunitária/Mutirão Remunerado e posteriormente o mundialmente reconhecido Favela-Bairro.
De 1994 a 2000 a arquiteta Maria Lúcia Petersen – conhecida como Lu Petersen –, então gerente de projetos da Secretaria Municipal de Habitação, coordenou a implantação do Programa Favela-Bairro que ganhou novos desdobramentos em suas políticas vindo a dar origem ao projeto experimental Célula Urbana.
Junto com o arquiteto Dietmar Starke, Lu Petersen idealizou esta experiência inovadora onde, através da interação cultural, tecnológica e econômica com o entorno urbano, são gerados processos auto-sustentáveis para o desenvolvimento da área.