Abilio Guerra: Quais as ações iniciais para o restauro do hotel?
Luiz Guinle: Em 1998 tivemos aprovado um primeiro projeto de restauro, cujo proponente foi o Instituto José Bonifácio da UFRJ. Na época tínhamos uma visão muito limitada do que é o mercado de patrocinadores de projetos com incentivos fiscais e ficamos longe de conseguir qualquer investidor. Obtivemos, contudo, uma pequena verba do IPHAN, apenas suficiente para instalar um quadro de disjuntores elétricos e revisar minimamente a rede elétrica.
Terminado o último prazo de prorrogação do projeto aprovado, começamos em 2002 um novo projeto. Dessa vez, melhor assessorados, decidimos criar o Instituto César Guinle que passou a ser o proponente perante o MinC e passamos a nos envolver pessoalmente no esforço de captação de recursos. Nesse momento já contávamos com o Conselho Curador do Instituto com sete membros, alguns dos quais com experiências específicas de projetos culturais, para realizar um planejamento realista de busca de empresas potencialmente investidoras com incentivos fiscais. No entanto, o resultado foi negativo e frustrante. No BNDES desqualificaram o projeto, alegando não poder patrocinar o restauro de um hotel por ser um empreendimento comercial e ignorando, apesar da documentação fornecida, o fato de o Instituto, cessionário detentor de toda eventual renda, ser uma sociedade de fins não lucrativos. Um empresário recusou-se a analisar o projeto segundo disse por orientação de seu contador, que julgava arriscado o envolvimento da empresa com incentivos fiscais.
O projeto atual teve o início em 2006 com a contratação da Gesto Arquitetura, encarregada do projeto técnico de restauro, da Formarte, empresa dedicada a projetos culturais e captação de recursos e da Concrejato, empresa construtora do grupo Concremat, cuja parceria com a Formarte foi responsável por diversos restauros como o da Catedral da Sé em São Paulo e o do Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro.
AG: Qual o projeto atual de restauro?
Luiz Guinle: O projeto intitulado "Restauração do Park Hotel – 1ª Etapa” foi aprovado pelo Ministério da Cultura em abril deste ano sob o número Pronac 073395, com um valor autorizado para captação de R$ 1.525.268,78. Está previsto para custear obras emergenciais como a nova reforma do telhado, descupinização e renovação da rede elétrica além de, essencialmente, a revisão da estrutura, a recuperação de pisos, esquadrias, caixilhos e forros e da rede hidráulica. A 2ª etapa, a ser submetida futuramente ao MinC, compreenderá a restauração dos móveis, a cargo do Projeto Profissionalizando o Futuro de Arnaldo Danemberg, bem como a atualização das instalações e aquisição de equipamentos hoteleiros.
Nossa preocupação não se restringiu ao restauro da obra de Lúcio Costa e estendeu-se à questão de sua sustentação futura. Com esse objetivo o Instituto César Guinle firmou um convênio com a Associação Casa de Lúcio Costa e com a Associação de Ensino de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (Escola da Cidade) onde esta será responsável pela administração dos procedimentos para promover a presença contínua de professores e alunos de arquitetura, brasileiros e estrangeiros, para a hospedagem e estudo da obra de Lúcio Costa no Park Hotel.
Estamos também, desde já, buscando soluções para a operação do hotel. Uma alternativa está sendo negociada com o SENAC, com vistas à criação de uma escola hoteleira e de gastronomia que atenderia a hóspedes de lazer bem como aos previstos no convênio aqui mencionado. Em reunião de apresentação do Projeto Park Hotel para angariar patrocínio, a Petrobrás manifestou-se muito interessada nessa alternativa SENAC devido à repercussão que traria para a comunidade local.