Rosana Soares Bertocco Parisi e Ana Cristina Villaça: Primeiramente, gostaríamos de saber sobre a sua carreira profissional, e por quanto tempo o senhor vem pesquisando a arquitetura vernacular. Quais são os motivos que o levaram a essa pesquisa?
Paul Oliver: Eu venho pesquisando “virtualmente” por toda a minha vida. Durante a 2ª Guerra, meu pai, que era arquiteto e trabalhava em casa, foi convocado para um “escritório de guerra”. Ele tinha que projetar novos edifícios, especialmente em lugares que foram bombardeados. Ele desenvolveu tecnologias de pré-fabricação para edifícios como solução rápida para os estragos causados pelos bombardeios. Como eu era um jovem estudante de artes, eu o ajudava com os desenhos dos locais afetados e com a extensão do dano. Então, eu me envolvi com as questões habitacionais desde cedo. Apesar de a minha carreira ter sido variada, comecei como artista e depois, como historiador de artes, até me tornar guia/palestrante público (public lecturer) na National Gallery e também na Tate Gallery em Londres por alguns anos, antes de ser admitido, em 1960, na Architectural Association para ministrar um curso de História. Mais tarde, fui Diretor da A.A. Graduate School. Mas sempre tive este interesse ligado à criatividade, cultura popular, artes, música e construções de diferentes culturas. Assim, viajei bastante para proferir palestras, lecionar e realizar pesquisas sobre estes temas em muitos países.
RSB/ACV: Fale-nos sobre a relação entre sua pesquisa e a arquitetura vernacular.
PO: Antes de tudo devo dizer que o objetivo de minha pesquisa é mais cultural que estrutural. Tenho interesse em povos indígenas e sua diversidade cultural. Ao estudar seus edifícios, tenho que entender os sistemas estruturais, mas como existem muitos projetos e muitas culturas, tento compreender a complexidade da cultura em relação com a produção estética, o que é fundamental para mim. Compreender somente os edifícios, mas não as suas motivações, os valores que as pessoas têm ao criá-los, não é, em minha opinião, compreendê-los realmente em sua totalidade.