Rosana Soares Bertocco Parisi e Ana Cristina Villaça: O que o senhor pensa sobre a pesquisa acadêmica e sobre o papel da Universidade na sociedade? Recomenda algum encaminhamento para os países em desenvolvimento?
Paul Oliver: Penso que existem muitos caminhos a serem percorridos, pois em alguns países em desenvolvimento não existem universidades, e por isso não conseguem identificar seus problemas, e se o fazem, é de maneira muito incipiente. Outros países podem desistir, ou nunca realmente se engajar nestas questões. Existe muito campo para as especializações, mas isto custa dinheiro e necessita de preparo e treinamento adequados. Fico irritado com o fato de muitas nações não estarem enfrentando estas questões e nem as prósperas nações ocidentais confrontarem estes problemas. Mas existem muitos problemas na transferência das idéias ocidentais para outras sociedades. Algumas delas cresceram com a urbanização, mas nem todas elas – já que muitas querem recuperar sua identidade coletiva e sua cultura, porque a assimilação dos modos e valores ocidentais pode conduzir a grandes populações desorientadas, sem uma identidade própria...
Mas vocês sabem que isso nunca é incluído nas discussões governamentais, políticos nunca se referem a este aspecto, o tema nunca aparece no rádio ou televisão – Estou irritado com isto.
RSB/ACV: O senhor acha que o problema está fora de controle ou ainda pode ser reparado?
PO: Eu penso que o primeiro passo é confrontar os problemas. Vocês sabem, os governos devem considerá-los de maneira adequada…
RSB/ACV: Se dar conta do que está acontecendo?
PO: Exatamente. E considerar qual ação é a correta. No meu ponto de vista está ficando muito tarde... De fato, está na hora de se tornar ativamente engajado. De alguma forma, o que eu receio é que em muitos casos tentamos evitar e impusemos um tipo de “habitação em massa” pensando em culturas em todo o mundo. Então, me desespero com a perda de tempo, energia e recursos, e ultimamente, de vidas.