Não é fácil apresentar em um trabalho escrito uma pessoa como Kenneth Frampton, nem evitar o uso de clichês como o que acaba de ser usado, ou ainda como o clássico "Kenneth Frampton dispensa apresentações". Também não é uma tarefa simples formular-lhe uma série de questões que não sejam redundantes, para as quais as respostas não estão revelados em sua vasta obra escrita. Assim, a idéia básica usada para desenhar esta entrevista foi tentar satisfazer algumas dúvidas em principio particulares, que refletem algumas preocupações do autor, mas que também poderiam levar à discussão de alguns temas importantes de arquitetura.
Em junho de 2010 comecei os trâmites para passar alguns meses na Universidade de Columbia em Nova York com o intuito de realizar futuros estudos de minha tese de doutorado sobre a obra do arquiteto Gordon Bunshaft (2). Desde o início, decidi que queria ter como orientador de estudos nos EE.UU. ao Prof. Kenneth Frampton, e dia 29 de agosto de 2010 fui para Nova York para um período de três meses. Sua generosidade, grande energia e, obviamente, conhecimento para responder as dúvidas que eu levava aos encontros que tivemos durante esses meses em Columbia também despertaram meu interesse em fazer-lhe as seguintes perguntas, que tratam de permear o entorno do Prof. Frampton, o que pensa sobre a cidade onde vive, a universidade onde é professor titular, suas últimas atividades, alguns dos temas mais recorrentes ao longo de sua carreira, e assim por diante; em suma, seu contexto - intelectual e físico - mais próximo. Finalmente, dia 26 de novembro, sexta-feira - um dia após o feriado de ação de graças (não pude deixar de notar que me recebera durante um dos feriados mais importantes nos EUA) - nos encontramos em um café perto de sua casa para realizar a entrevista e discutir essas questões.
Principalmente por culpa do entrevistado, a abordagem dada a conversa acabou por revelar-se bastante versátil. Com um olhar abrangente e profundo ao mesmo tempo, o professor Frampton expôs seus pontos de vista, trazendo outras de suas referências, que não necessariamente tinham a ver com seu entorno imediato, tornando os tópicos de conversa duplamente interessantes ao partir de temas próximos e acabar por percorrer conteúdos bastante mais amplos no tempo e no espaço.
Entrevistas como esta poderiam ser intermináveis, não fosse pela grande atividade e comprometimento do entrevistado, ocupado dentro e fora da universidade, apesar de invariavelmente disposto a promover e elevar o nível de crítica de arquitetura, sempre que considerar relevantes os temas propostos.
notas
1
Revisão de textos para a versão em Português: Patrícia de Quadros Arrage.
2
Período de estudos realizados em Columbia University in the City of New York entre 01 de Setembro de 2010 e 30 de Novembro de 2010. Financiado e apoiado oficialmente pelo programa Estancias Breves, adscrito à bolsa FPI - Formação de Pessoal Investigador - do Ministério de Ciência e Inovação do Governo da Espanha.