NS: O senhor é professor da Universidade de Columbia desde 1972 e já teve experiência como docente na Universidade de Princeton, tendo lecionado em outras escolas dos Estados Unidos também. O que está o senhor ensinando em suas aulas na Universidade de Columbia (6) atualmente?
KF: Conforme indiquei anteriormente, atualmente estou envolvido em ministrar um seminário com arquitetos não eurocêntricas. No último semestre realizei um seminário sobre o construtivismo na Europa entre 1915-1938, que abrange a evolução dessa sensibilidade na Rússia, Holanda e Tchecoslováquia. Darei as minhas tradicionais aulas sobre o movimento moderno no semestre de primavera, que abrange mais ou menos de 1920 até 1960. De vez em quando, também dou um curso estruturado sobre o tema da tectônica, onde a principal leitura é meu livro Studies in Tectonic Culture.
NS: Desde que o senhor começou até hoje, como mudou basicamente o ensino nos Estados Unidos? Me refiro a como os cursos estão estruturados, como se propõe o projeto arquitetônico, quanto tempo dura o curso, etc. É possível distinguir linhas de pensamento nas principais escolas do país? Quais são essas linhas, se é que existem?
KF: O principal programa acadêmico na Faculdade de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia é o programa de três anos de Arquiteto com grau de Master. Embora ainda esteja lecionando na GSAPP (Graduate School of Archhitecture, Planning and Preservation), tenho que confessar que perdi o contato com o currículo geral do programa de graduação, particularmente no que diz respeito à instrução de estudos. Quando eu era o diretor da Escola, pouco antes da nomeação de Bernard Tschumi como reitor há uns vinte anos atrás, o currículo de três anos era mais ou menos tipologicamente baseado, especialmente no segundo e terceiro anos, partindo de um estudo sobre habitação no segundo semestre do segundo ano e em um prédio público na primavera, seguido por um estádio no primeiro semestre do terceiro ano. Tschumi seria um dos primeiros reitores no país a introduzir estudos de desenho digital, em seus chamados "estudos sem papel", que, ironicamente, como você pode imaginar, aumentaram ainda mais o consumo de papel. No entanto, a introdução da era digital facilitou o desenvolvimento da moda deconstrutivista na arquitetura e inclusive a subseqüente influência da subcultura "bolha", de Greg Lynn. A produção de estudos em Columbia está começando a se recuperar destas modas formalistas, mas é difícil saber como a formação do arquiteto americano se desenvolverá, principalmente quando as relações da profissão de arquitetura são tão pouco claras para a sociedade. Numa época totalmente dominada pelo consumismo é difícil chegar a um ambiente cultural significativo. Portanto, é difícil dizer quais são as principais linhas de pensamento nas diferentes escolas em todo o país.
NS: Como está estruturado o curso de Arquitetura da GSAPP? Quão importante é o atelier de projetos de arquitetura? Quais são, em geral, os aspectos básicos incluídos nos atelieres? Refiro-me à importância da teoria da arquitetura, técnicas de construção, ambiente e paisagem, etc.
KF: Talvez a parte mais saudável do currículo, além do ensino de teoria e história do Movimento Moderno (1750 - 1960) em dois cursos sucessivos chamados "básicos", é a instrução tecnológica, incluindo cursos de sustentabilidade e laser, a produção digital. Agora estamos também dando um curso sobre a evolução moderna de 1960 até o presente.
NS: Como o senhor vê o futuro do ensino de arquitetura nos EUA e as oportunidades de trabalho para os arquitetos recém-formados? Como isso reflete-se nas cidades?
KF: Dada a atual recessão económica, as oportunidades de emprego para arquitetos recém-formados tornaram-se extremamente limitadas. Mas neste sentido a verdadeira restrição a longo prazo é o fato de o "estado de bem-estar social", tal e como foi um dia o legado de longo prazo do "New Deal" de Roosevelt, está sendo subversivamente desmontado, e isso, adicionado à má distribuição de riquezas cada vez maior nos EUA, criou uma situação na qual os principais clientes são pessoas físicas de classe média alta ou instituições culturais privadas.
nota
6
Graduate School of Architecture, Planning and Preservation: http://www.arch.columbia.edu/