Sérgio Hespanha e Federico Calabrese: O que diria sobre a arquitetura e o urbanismo que se encontra no Brasil (para não dizer que sejam ‘brasileiros’; se quiser, fale desta questão de uma identidade da arquitetura brasileira para o senhor)? O que acha de Brasília?
Benaminio Servino: Fascina-me muito a experiência da cidade de fundação. Interessa-me verificar cada vez o aparato plástico e a distância que ele tem da cidade histórica que cresce sobre si mesma.
SH/FC: Comentaria as manifestações (4) que recentemente ocorreram nas ruas de cidades brasileiras e as relacionaria com o espaço urbano e a arquitetura? (teríamos da ‘cidade que se rebela’ algo que possa repercutir na arquitetura e no urbanismo?) Vê possíveis correlações entre esta rebeldia e uma democratização da beleza? A ‘cidade que se rebela’ pode repercutir na arquitetura e no urbanismo?
BS: Os sinais de sofrimento social não podem ser transcurados.
A beleza e a democracia são construídas no equilíbrio. [A estética do desequilíbrio reflete o desequilíbrio econômico e social].
SH/FC: Conhece a obra de Lina Bo Bardi? Seus desenhos? Pode falar dela e especificamente acerca de possíveis correlações com sua maneira de projetar e sua visão da arquitetura?
BS: Eu conheço algumas obras de Lina Bo Bardi. De algumas eu gosto muito. A tal ponto que alimentaram meu repertório de signos.
nota
4
Entre junho e julho de 2013, inicialmente protestando contra o aumento da tarifa de transporte público, estas manifestações ganham corpo, disseminando–se por várias cidades brasileiras, principalmente na forma de passeatas. Estes protestos passaram então a incluir outras demandas, na medida em que houve repressão e a inclusão de diversos interesses e interessados, referindo a gastos públicos em eventos esportivos internacionais, a má qualidade dos serviços públicos (saúde e educação, principalmente) e a indignação com a corrupção no exercício da política representativa.