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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
O arquiteto paisagista José Tabacow conta sobre sua formação e as possibilidades abertas ao trabalhar com Burle Marx. Relata ainda sua atuação enquanto professor e as divisões equivocadas entre paisagismo e urbanismo, paisagem natural e urbana.

english
Landscape architect José Tabacow tells about his training and the new possibilities when working with Burle Marx. He also reports his role as a teacher and the mistaken divisions between landscaping and urbanism, natural and urban landscape.

español
El arquitecto paisajista José Tabacow cuenta sobre su formación y las posibilidades abiertas al trabajar con Burle Marx. Divulga sus actividades como maestro y divisiones equivocadas entre el paisajismo y el urbanismo, paisaje natural y urbano.

how to quote

PIPPI, Luis Guilherme Aita; GABRIEL, Letícia de Castro; NOGUEIRA, Ana Paula. Relatos em arquitetura paisagística. Entrevista com José Tabacow. Entrevista, São Paulo, ano 19, n. 076.02, Vitruvius, nov. 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/19.076/7177>.


Letícia de Castro Gabriel: Em comparação com toda ambiência vivenciada desta época, como os atuais Cursos de Arquitetura e Urbanismo tem trabalhado com arquitetura da paisagem? Como o senhor vê a existência das duas associações de profissionais que atuam no paisagismo, a de arquitetos paisagistas e a de não-arquitetos?

José Tabacow: Não vejo muita diferença. As disciplinas vinculadas a paisagismo tem sido muito modificadas. Hoje em dia, a carga teórica pesa muito, em detrimento da prática do projeto. Já teve um urbanista, numa equipe de trabalho de um projeto lá de Florianópolis, que me propôs: “Olha, você fica com a paisagem natural que eu fico com a paisagem urbana”. Eu não sei o que é isso, sabe, eu não sei essa diferença e como ela pode interessar... e eu disse “Não vou trabalhar assim, porque eu não sei bem como é isso, paisagem pra mim é paisagem e se ela é classificada de um jeito ou de outro, não importa muito. É apenas um rótulo. Um milharal, por exemplo, não se enquadra em nenhuma dessas categorias (risos). Então não é paisagem! Certa vez convidei uma urbanista da universidade pra ir comigo, e com os alunos a Curitiba. A gente visitou dez ou onze parques e, na hora da despedida ela disse assim “Ah, foi muito bom ter visto a visão de um paisagista”! Os parques, pra mim, são puro paisagismo.

Na época do escritório, quem quizesse fazer um projeto de parque, chamava um paisagista, não chamava urbanista não. Não sou absolutamente corporativo, pelo contrário, eu acho que paisagismo é uma coisa de atriubuição ainda indefinida, não tem nenhum curso superior que tenha se consolidado, então pra mim, agrônomo pode fazer paisagismo tanto quanto arquiteto. Eu acho que pra resolver essa questão haveria que propor um curso superior de paisagismo como já houve uma proposta do Aziz Ab'Saber, da USP com o Fernando Chacel que era um dos grandes paisagistas aqui do Brasil e o Luiz Emygdio, que era botânico com grande experiência em paisagismo. Eles fizeram toda uma proposta com a estrutura do curso, as disciplinas, as cargas, tudo estudado, discutido e seria fantástico implantar um curso de paisagismo nesses moldes né.

Mas fora disso tem curso de arquitetura que não tem disciplina de paisagismo, outros cursos como era na Unisul quando entrei, que tinha apenas uma disciplina de dois créditos na quarta fase, quer dizer, os alunos ainda crus, não há tempo e não pode fazer milagre. Eu e outros professores lutamos muito pra aumentar a carga e passar o paisagismo para uma fase mais avançada, um período em que os alunos já teriam maior experiência. Quando conseguimos uma disciplina de oito créditos a ideia era trabalhar parque urbano. Então mudaram o nome da disciplina pra Projeto Urbano da Paisagem, ou algo assim, incluíram conteúdo urbanístico. Eu passei a dar aulas junto com um urbanista, que ficou com a parte mais ou menos urbana e eu fiquei com a parte mais ou menos do paisagismo, porque as duas coisas obviamente têm superposições.

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