
Praça das Artes, acesso Rua Conselheiro Crispiniano, São Paulo. Arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcos Cartum
Foto Equipe FAU Mackenzie
Foto Nelson Kon
Alunos FAU Mackenzie: Quais foram os principais desafios enfrentados durante o processo de criação do projeto da Praça das Artes?
Marcos Cartum: Em primeiro lugar foi o da escolha do local e o de convencer os Secretários e o Prefeito de que o projeto não deveria ser apenas o de um edifício para abrigar os anexos do Teatro Municipal, mas também ser um indutor de requalificação urbanística da quadra e de seu entorno, contribuindo para a reversão da decadência da área central da cidade. Outro desafio foi o de vencer as resistências da burocracia para viabilizar um projeto de grande magnitude e que atravessou várias gestões, e, até mesmo, enfrentar a visão um tanto conservadora dos técnicos do patrimônio histórico.
AFM: O projeto da Praça das Artes tem algumas semelhanças visuais com o Sesc Pompeia, você se inspirou nele para projetar a praça? Qual foi a inspiração por trás do design das fachadas dos edifícios?
MC: A referência do trabalho de Lina Bo Bardi e do brutalismo é muito forte em minha geração. A linguagem, com a qual me identifico bastante, do trabalho dos meus colegas Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, com quem divido a autoria do projeto, também influenciou. Na verdade, antes da questão estética e do concreto aparente, os dois projetos se assemelham devido a alguns aspectos comuns de concepção urbanística. Ambos aproveitam edifícios antigos e reorganizam a quadra em que estão inseridos com edifícios interligados, dando primazia ao espaço livre de circulação e convívio (é um orgulho que o conjunto com cerca de trinta mil metros quadrados de área construída tenha nome de praça).

Praça das Artes, abertura em sala de ensaio, São Paulo. Arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcos Cartum
Foto Equipe FAU Mackenzie
As fachadas, com o jogo de pequenas aberturas, traduzem as funções dos ambientes destinados a ensaios e ensino de música e dança – espaços que requerem grande isolamento acústico e, portanto, bastante fechados, quase como se fossem estúdios de gravação. Conceitualmente, teve também um papel importante na concepção o diálogo em contraponto entre a radical abertura do térreo e os blocos monolíticos, assim como o contraste entre o novo e o que foi preservado.
AFM: Qual sua opinião e participação na escolha das cores dos edifícios dentro da praça?
MC: Tudo foi definido em conjunto com os colegas, as cores marcam a diferença entre os blocos que têm funções distintas. Procuramos “esquentar” o concreto coma pigmentação: o amarelo nos blocos que abrigam os artistas e alunos – o que resultou em um cinza com tonalidade “craft” – e o vermelho na torre central, onde estão os ambientes administrativos, a circulação vertical, a infraestrutura e que faz a articulação com os blocos.
AFM: Quais foram os materiais e técnicas utilizados na construção?
MC: Destaca-se o concreto aparente com a estrutura nas laterais, garantido o térreo livre, sem pilares.

Praça das Artes, rampas de articulação entre blocos, São Paulo. Arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcos Cartum
Foto Equipe FAU Mackenzie